sábado, 2 de abril de 2016

A 9 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Olham-se as capas do Diário de Coimbra (que um guardador de memórias me fez chegar eletronicamente), percorrem-se as páginas dos anuários editados em papel pelos jornais locais, e ficamos com uma imagem do pouco que de verdadeiramente relevante aconteceu nas nossas terras. E, em contraposição, do tanto a que aspiramos e, num outro ano, ficou ainda por realizar na cidade, no município, na região. Quanta mais ambição e trabalho, empenhamento e qualidade, a todos se nos exige!

Primeiro foi Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, nos idos de 2007, a querer fazer um museu da Língua Portuguesa, agregado ao Mar, naturalmente (para a administração central) em Lisboa. Mais recentemente, na semana passada, é Matosinhos a projetar, dizem que para uma das suas abandonadas fábricas de conservas, um museu da Língua Portuguesa, mas agora afiliado à Diáspora. Entretanto, em Coimbra, mau grado a sua natural apetência – não foi este, afinal, o berço do nosso idioma, não é ela, como dizia Adriana Calcanhotto, o nosso Templo da Língua? – todos, da Câmara Municipal à Universidade, continuam, distraidíssimos, ocupados, com certeza, com outros e mais dilatados propósitos. Enquanto persevero na ideia de que faz inteiro sentido querermos, aqui, o Museu da Língua Portuguesa. Associado, naturalmente, e apenas, ao português...

Sem honra nem glória – leia-se sem uma única obra materializada – foi extinta, tenha sido ela o que quer que fosse, a Sociedade de Reabilitação Urbana de Coimbra. Como já havia sido a de Viseu, como acontecerá com a do Porto, dentro de cinco anos, mas só depois de concluído o acordo que assinou com o governo para um financiamento de um milhão de euros anuais durante meia década. Naquelas cidades, li nos jornais, houve proveitos para ambas. Entre nós, nada, além, julgo, de projetos no papel. Um triste fim depois de anos de decadência e letargia só comparável à letargia e decadência da Baixa que a SRU se propunha recuperar no seu património construído.

O compromisso estará cumprido, as obras concluídas no Convento de S. Francisco. Vamos, pois, deixar secar as tintas, como disse Manuel Machado, para, por fim, ali, celebrarmos a primavera. Uma promessa, espero bem, para, desta feita, ser concretizada.

Quase quatro mil alunos de 80 países estudam na Universidade de Coimbra. Os mais são do Brasil, seguidos da Itália, Espanha, China e Angola. Muito bom. Mas os objetivos apontam para que aqueles estudantes representem 20% do total, o que implicará um crescimento para os seis mil escolares. Isto enquanto aqui trabalham, em regime de mobilidade, 300 investigadores estrangeiros. As potencialidades, tantas, do antigo Estudo Geral!

A herança dos bens da Assembleia Distrital pela Comunidade Intermunicipal continua a gerar um impasse que poderá levar, agora sem diretor, ao fim da certificação (e dos voos) do aeródromo Bissaya Barreto. Bem sabemos como são estas coisas da política e da jurisprudência. Mas garantem-me que as dificuldades existentes – um campo de aviação, como dizíamos antigamente, construído em quatro pinhais – serão facilmente ultrapassáveis do ponto de vista do direito. Desde que os homens queiram, ou quisessem, obviamente...

Ainda sabemos ser justos: Aníbal Duarte de Almeida e Jorge Lemos ficam perpetuados na toponímia de S. Martinho do Bispo; voltou a cumprir-se, obrigado Brigada de Intervenção, o tradicional concerto de Ano Novo pela Banda Sinfónica do Exército; em vaga socialista que varreu o país inteiro, foi demitido o Delegado Regional do IEFP; a loja do cidadão poderá trazer vantagens, porventura até mútuas, mas gostava, também por razões de proximidade institucional, de ir tratar dos assuntos comerciais à sede da Águas de Coimbra; na cidade agora a ver melhor as longínquas estrelas, o presidente da Câmara lá tem mais um adjunto; e, entretanto mais modesta, a capital universal da chanfana, Poiares, ambiciona ver aquela especialidade tradicional...reconhecida pela Europa.

António Cabral de Oliveira

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