domingo, 14 de junho de 2015

A 13 de junho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Para além do projeto inicial, o que não nos envergonhará, a todos, pergunto-me, no processo do Metro Mondego?

O Portugal dos Pequenitos celebrou o seu 75º aniversário, designadamente com a inauguração da 'Casa de Chá', outro excelente bule em ferro forjado de Joana Vasconcelos, ainda de uma deliciosa casinha de xisto, em oportunidade que serviu para a Fundação Bissaya Barreto dar a conhecer planos futuros de modernização, também através, muito bem, da construção de novas réplicas de habitações e edifícios nacionais. Contudo, seguro da não incompatibilidade dos projetos, certo da sua viabilização (seguindo-se a metodologia agora alcançada em parceria com a ADXTUR) por parte dos diversos países, continuo, quero continuar a acreditar, como complemento lógico, na Europa dos Pequenitos. Talvez ali não haja espaço, Lúcia Monteiro. Seja, então, noutro, mas próximo, local. Que não faltam, por ali...

Estive em Santa Clara a Nova para ver, pequena mas interessante, promovida pela sua Confraria, a exposição dos Tesouros Espirituais da Rainha Santa, e fui obrigado (sim, o parolíssimo desconchavo ainda lá está!) a olhar de novo – não haverá quem, em nome da cultura e da estética, obrigue a retirar aquela indignidade? – a aberrante mesa de cimento (e seus complementos) colocada no respeitável terreiro do convento.

 Para o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, a conversão do Convento de S. Francisco em Centro de Congressos e Espaço Cultural foi "um investimento correto, capaz de gerar retorno", mas " sem sucesso garantido". Fazendo-me lembrar, vá lá saber-se porquê, o senhor de La Palisse, quase diria que aqui, na 'província', o tal êxito não é, de facto, assegurado. Fosse ele em Lisboa – refiro, entre tantos, apenas dois exemplos, o Centro Cultural de Belém e o Teatro Nacional de S. Carlos – e o governo encarregar-se-ia de encontrar fórmula que permitisse a bonança gestionária...

Aprecio, e muito considero, iniciativas, como aconteceu recentemente em Cantanhede, que procuram sensibilizar para a necessidade, inadiável, de uma gestão florestal sustentável e responsável no nosso país. Se mais não fora, para se combater, números assustadores, essa tenebrosa realidade que é a expansão (nos últimos quinze meses, apenas um exemplo, dos 11.019 hectares arborizados ou rearborizados com capitais privados, 10.046 receberam aquela, economicamente, tão apetecida espécie) da monocultura do eucalipto. Biodiversidade das nossas florestas? Os incêndios que aí estão? O que interessa isso neste tempo, enquadrado por legislação liberalizadora, da preferência pelo material, de privilégio ao imediato? Tudo enquanto a nossa Beira foi passando do castanheiro e carvalho ao pinhal, do eucalipto...ao deserto!

Se o estava já, e muito, fiquei ainda mais expectante quanto aos trabalhos, imprescindíveis, a realizar em Conímbriga tendo em vista, por fim, a escavação do anfiteatro romano, também a ampliação do perímetro arqueológico e a valorização do museu. Um abraço, Nuno Moita.

Fui, num destes fins de tarde, beber um copo ao espaço de Baixa com melhor vista para as colinas da cidade, àquela hora com o casario ainda mais belo graças à luz dourada, coada, com que o pôr de sol abraça Coimbra. É realmente agradabilíssimo – e quanto não o seria ainda com um pouco mais de mobiliário – o terraço do agora renovado Hotel Oslo. Gostarias com certeza, Filipe Ermida.


Provavelmente sem ser o êxito superante reclamado pela organização, tão pouco o insucesso comercial que muitos expositores afirmavam, acabou – viva a festa de 2016 – a (não poderíamos dividi-la em dois?) Feira Cultural; Luís País Antunes, conimbricense, é o primeiro presidente do novo Tribunal Arbitral do Desporto; com os cortes, um dia destes, uma pena, o Teatrão passa a Teatrinho; pouco depois da Gráfica de Coimbra, morreu, o meu pesar, o padre Valentim; Martins Nunes e António Travassos já são 'comendadores', Cristina Robalo Cordeiro sê-lo-á em breve; mais do que qualquer record do Guinness, interessa é a festa do Colégio de Cernache ao reunir 500 cavaquinhos; durante a próxima semana, não o esqueçamos, regressa ao TAGV a Mostra de Teatro Universitário; e hoje vá, por mim, mercar pelo menos uma sardinha assada ou uma fêvera à Feira Medieval.

António Cabral de Oliveira

A 6 de junho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Um dia destes, como se fosse grande novidade e desafio ainda maior, ouvi referir, durante uma sessão sobre museus, a possibilidade de Coimbra vir a ser, no nosso país, a próxima Capital Europeia da Cultura. Estou, como estive em relação a 2012, ano em que foi escolhida Guimarães (e agora já se fala em Évora), inteiramente de acordo. Mas, primeiro – e não esqueçamos que nem um simples quadro recentemente adquirido pelo Estado conseguimos colocar no Machado de Castro –, temos de afirmar peso político, de que, de momento, tão desprovidos andamos. Só então estaremos em condições para dar ao governo, leia-se sobretudo ao primeiro-ministro, as "garantias" de que a cidade é a melhor escolha. Isto se Portugal tiver "condições", e houver ainda tais capitais...

Foi um Manuel Alegre emocionado – ainda há, felizmente, cidadãos que sentem Coimbra de maneira assim muito especial – que recebeu, "a mais importante na minha vida", a Medalha de Ouro do município. E para todos nos darmos bem conta da forma particular com que acolheu a distinção, o seu autor fez entrega à cidade – "a quem pertence desde sempre e para sempre", diria – do manuscrito original da Trova do Vento Que Passa. Em boa hora encontrado pelo poeta, ocasionalmente, dois meses atrás. Gostei, gostámos todos, da agradável e valiosa surpresa. Obrigado, Manuel Alegre.

O presidente da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz disse, cheio de razão, não se compreender que a Universidade de Coimbra, ao longo dos seus 725 anos, "ainda não tenha considerado suficientemente apetecível a biodiversidade única do estuário do rio Mondego e a costa da Figueira para criar um pólo marítimo de excelência nesta cidade, e se reduza a recolher amostras para colocarem apresentações de power point e teses". Pertinentes palavras. Não será, de facto, mais do que tempo de as ouvir?

O ranking da Bloom Consulting, que nos consolida no quinto lugar entre os municípios portugueses (e não cidades, leia-se bem) deve ser olhado como um instrumento de trabalho para a definição de prioridades políticas autárquicas, para o alcançar de lugar outrossim consentâneo com a realidade. Mais do que ser o melhor município da Beira, deve interessar-nos, sobremodo, que Coimbra se empenhe e trabalhe para atingir, sempre, aquela que é a sua posição natural no quadro nacional: ser a melhor. Ultrapassando, sabemos, os constrangimentos estruturais, as dificuldades criadas administrativamente, os propósitos de esvaziamento em que os sucessivos governos centrais têm apostado. Mas também, reconheçamos, vencendo a fraqueza – nossa – das suas gentes!

A Fundação Francisco Manuel dos Santos, na sua magnífica ação em favor da sustentação do desenvolvimento nacional, juntou-se ao Diário de Noticias para, através da oferta de livros de sua edição, garantir "mais cultura e informação" aos portugueses. E fizeram bem. Pena circunscreverem-se, sempre o mesmo, à mesma Lisboa. E não trazerem a iniciativa, por exemplo, igualmente a Coimbra, onde, em simultâneo, decorria a nossa Feira do Livro. É que aqui também há cidadãos – desde logo a administradora da FFMS, Maria Manuel Leitão Marques –, também leitores do DN. Talvez para o ano...

Com receios estultos quanto a Coimbra, e por culpa dos políticos que temos, primeiro foi Aveiro a ver-se quase transformada no território suburbano que hoje é em relação ao Porto. Perante tamanha adulação pela urbe do Norte por parte de responsáveis autárquicos – a nova linha ferroviária, agora o turismo –, tememos bem, enquanto beirão, que um dia destes seja Viseu que, pelas mesmas razões, lhe venha a seguir as pisadas.

Com dignidade, mas sem o luzimento que a efeméride amplamente justificava e merecia – nem ministra, comandante-geral, sequer o presidente da câmara –, a GNR comemorou o centenário da sua presença em Coimbra; a Casa dos Pobres festejou os 80 anos enquanto homenageava, parabéns para ambos, Aníbal Duarte de Almeida; o "mendigo Basílius", ator benfazejo, foi justamente distinguido pela cidade; os espumantes da Bairrada em Coimbra voltaram a ter o (agradável) esperado êxito; foi excelente a resposta da região ao Banco Alimentar; e parece que este ano não se realiza, pode lá ser!, a Festa da Sardinha, na Figueira da Foz.


António Cabral de Oliveira

A 30 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A "Conversas no Convento", iniciativa que decorreu em S. Francisco (cuja última empreitada, sem perdão, inflacionei ao absurdo na anterior crónica), espero tenha sido o passo primeiro de uma caminhada premente na definição da estratégia, gestão e programação do novo equipamento. Mas tem de servir, sobretudo, para todos nos convencermos, pertençamos nós a que 'quinta' pertencermos, de que a cidade vai ser capaz de alcançar o êxito cultural, económico e social em que se funda a ideia da criação, em Coimbra, do excelente Centro de Convenções e Espaço Cultural. Contra ventos e marés, contra o conforto dos interesses instalados...

A Universidade de Coimbra, ora eis uma bela ideia, manifestou ao Comité Olímpico de Portugal o seu interesse em acolher – para o que disponibiliza instalações – o Tribunal Arbitral do Desporto. Fazendo-o em parceria com a Câmara Municipal e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, esperemos que a proposta, prestígio não nos falta, ganhe, indispensavelmente, peso político.

O Diário de Coimbra, em dia celebrador de efeméride relevante, e em justa apreciação, atribuiu – permitindo também a laureados alguns deliciosos momentos de acerto de anteriores contas – os seus Prémios 85 Anos, enquanto distinguia, com justeza redobrada, a carreira de Rui Alarcão.

Não quero sequer tentar compreender – é assunto que aliás nunca percebi muito bem – o que se passa com o orquidário do Jardim Botânico, que, de acordo com o que leio, irá ser deslocado em 70% para os Açores, porventura o restante para Lisboa. Só sei, melhor diria lembro, o que se escreveu, há dois anos, em tempo de declarações de muitos anos de contrato, sobre o então ridente projeto, afinal de tão pouca dura. Depois de transferido Paulo Trincão para a margem esquerda, eis, agora, as flores a serem despachadas (ou a ordem dos verbos deverá ser a inversa?) para o Faial. E vivam as rosas, as da Rainha Santa, que essas, sem sombra de negócio, são nossas...

Mantinha a expetativa de um dia destes conseguir confirmar, em plena sessão camarária, que a vereadora social democrata Paula Alves, algumas vezes substituta, afinal...falava! Foi esta semana.

"Mini-Lisboa (tudo de bom, mas sem a intensidade de uma grande metrópole)", a "Oxford ou Cambridge de Portugal", foi assim que – enquanto asseverava que não podia ter escolhido "uma cidade mais agradável para visitar" –, que o cronista Rick Steves viu Coimbra nas páginas do jornal Toronto Sun. Colorida, espaço convidativo, o labirinto das ruas estreitas e pequenas tascas, o esplendor do mercado e os rostos das suas vendedeiras, a universidade e a biblioteca, o museu Machado de Castro e o fado são, sucessivamente, relevados pelo jornalista. Em razão do orgulho da cidade, valham-nos, por uma vez mais, aos que a habitamos, sempre tão vaziamente críticos, as considerações de quem nos visita...

A Altice deu início, tal como aqui tinha receado, ao processo de alienação de ativos que não são fundamentais para a oferta de serviços de telecomunicações, designadamente a PT Inovação, em Aveiro, e o Centro de Dados, na Covilhã. Pessimismo? Porventura. Realista, com certeza. Desafortunadamente para a Beira!

A Fundação Bissaya Barreto lembrou, bem, em colóquio, o extraordinário e multidimensional legado do seu patrono; para que nem todos o esqueçam, o Clube da Comunicação Social de Coimbra vem promovendo, justamente, as Jornadas Mendes Silva; Fernando Catroga, as minhas homenagens, deu a sua última lição na faculdade de Letras; os Bombeiros Voluntários de Brasmefes, parabéns, vão receber, por unanimidade e aclamação, a Medalha de Ouro do município; o escritor e ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa, venceu o Prémio Miguel Torga; Castanheira Barros, entre mais jornalistas do que apoiantes, apresentou-se como candidato à Presidência da República; estão aí, cidade fora, o Jazz ao Centro, no Parque Manuel Braga, a Feira Cultural; e Luís de Matos, ele que cursou na escola superior agrária, a orientar, hoje, inserida no ciclo "7 séculos, 7 personalidades e 7 histórias", a visita à universidade, é, com certeza…magia.


António Cabral de Oliveira

A 23 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Quando as capitais dos distritos se limitarem a ser meras "Lojas do Cidadão", os municípios ficarem reduzidos a pouco mais do que "Espaços do Cidadão", e as freguesias forem apenas, também do "cidadão", balcões – tudo, seguramente, sempre em favor do acesso rápido e generalizado aos serviços da administração pública e não, cruzes canhoto, enquanto medida para centralizarmos ainda mais – , talvez olhemos, então, com certeza perplexos, para Lisboa, cidade-país. E, depois das inúmeras festas que alegremente fizemos Portugal fora, choremos, muito por culpa de tanta negligência nossa, amargas lágrimas de...crocodilo. Sobre o leite derramado!

Estão consignados os trabalhos – desfazer o nó górdio lhe chamava, com propriedade, Manuel Machado – de conclusão, finalmente, do (também a extensão do nome dá bem conta da dimensão da obra magnífica) Centro de Congressos e Espaço Cultural de S. Francisco. No valor de quase oito mil milhões de euros, a empreitada tem de estar concluída dentro de 150 dias, data em que – com ou sem celebração, antes, ali, como desafiava o presidente, do 5 de outubro, dia da implantação da República em 1910, também da Fundação de Portugal em 1143 – lá estarei para franquear, com inusitado aprazimento, portas de futuro da cidade, região e do país.

A centralização está de tal forma enquistada no nosso pensamento que até dirigentes políticos e económicos de Poiares e da serra da Lousã – a propósito de uma nova ligação rodoviária de Penacova à A13, pela margem esquerda do Mondego, ideia já preconizada e entretanto abandonada pelo presidente de Viseu, e que, espero, em tempo possa vir a ser construída – defendem, logo eles, vizinhos e tão umbilicalmente (digamos apenas assim) ligados à cidade, que, hoje em dia, para muitos, Coimbra...é um ponto de passagem!

Carlos Cidade pagou, de forma voluntária, 1500 euros ao Estado, suspendendo assim um processo-crime que tinha pendente por ter substituído trabalhadores da recolha de lixo durante uma greve. "Cumpri a minha obrigação ao pagar. E a cidade, nos quatro dias da greve, esteve limpa", diria. Saiu-lhe caro. Mas gostei de ouvir, e anoto, a preocupação maior, afinal, do autarca: servir Coimbra e a sua população. Muito bem.

O escultor Alves André, entre nós já muito representado – busto de Cabral Antunes, na Sereia, a tricana e a guitarra, em Almedina, a Irmã Lúcia, junto ao Carmelo –, dizia, há dias, em entrevista, que lhe falta ainda criar uma grande peça na nossa urbe. Não sei se estaria a pensar na estátua equestre que Coimbra deve a D. Afonso Henriques, Rei Fundador que fez a cidade capital do reino, e aqui quis ser sepultado. Mas eu estou. E quanto gostaria que Manuel Machado e a municipalidade me acompanhassem nestas cogitações.

"Não tem sido fácil", reconhecia a vereadora Carina Gomes sobre a concretização desse projeto antigo (porque será que outras cidades, também com instituições de diferentes regimes e diversas tutelas conseguem e nós não?) que é a criação, em Coimbra, de um bilhete turístico único. Mas parece que a coisa, agora, vai. Tem de ir, diria eu. Com todos, ou apenas aqueles que o desejarem...

Porventura com programação excessiva – sobrará tempo ou oportunidade para folhear, passar sequer os olhos pelas letras deste ou daquele autor? – foi anunciada uma grande iniciativa cultural, de 30 de maio a 7 de junho, no parque Manuel Braga, com artesanato, gastronomia, artes plásticas e performativas, indústrias criativas, música e, ainda…feira do livro.

A Noite e o Dia dos Museus foram – uma pena não o ter sido também no nacional Machado de Castro, com os funcionários em greve às horas extraordinárias – uma participada festa na cidade; em terra, dizem, sem vida empresarial, a Coimbra Genomics foi distinguida como a segunda maior promessa europeia de entre as PME's na área das soluções eletrónicas para os cuidados de saúde; mais de um mês depois da data da sua fundação (7 de abril de 1889), os Bombeiros Voluntários de Coimbra lá celebraram, parabéns, 126 anos de vida; a Académica, um abraço José Viterbo, bem no declinar do campeonato – até quando este permanente sofrimento? – garantiu a permanência na primeira liga; e, por ocasião do seu 85º aniversário, celebremos, hoje, tantas vezes criticado, mas cada vez mais e mais indispensável, o "Diário de Coimbra".


António Cabral de Oliveira

A 16 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Pouco valorizados, para não dizer nada prezados, Coimbra dispõe de um amplo e muito rico conjunto de claustros. De Celas aos tantos dos edifícios da Universidade, da Sé Velha a Santa Cruz, dos Colégios da Rua da Sofia aos dos Conventos Velho e Novo da Santa Clara, serão mais de vinte, conto por alto, aquelas estruturas arquitetónicas. Uma verdadeira rota que nunca soubemos bem aproveitar de um ponto de vista cultural, eventualmente, até, em circuitos turísticos que nos levassem, aqui, surpreendidos por breve peça teatral, a uma bebida refrescante; ali, beberricando uma bica, entre dois acordes musicais, a um tempo de contemplação da nossa riqueza patrimonial; acolá, a uma especialidade gastronómica, talvez apenas um dos nossos deliciosos doces conventuais; mais além, entrecortado, quem sabe, por momento de bailado, ao jardim recuperador de conceitos de beleza que a azáfama do dia-a-dia nos impede de olhar. Mas, caio em mim, tudo isto será, porventura, pedir demasiado numa cidade, também falando de claustros, com excessivas "quintas"...

A possível – e, julgo, desejável – passagem da Silva Gaio para a faculdade de Ciências do Desporto não deixa de provocar algum constrangimento a pais e professores da atual escola. É natural. Mas quando é a própria diretora a dizer que o estabelecimento de ensino apenas alberga cerca de 200 de um total dos dois mil alunos para que tem capacidade, quando são conhecidas as disponibilidades em instalações face ao decréscimo de alunos do básico e secundário, e quando as instalações se localizam mesmo ao lado do estádio universitário, tudo indica o quê?

Não conheço senão as linhas gerais do projeto do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento, a instalar, desejavelmente, no antigo hospital pediátrico. Sei é que os terrenos cedidos para a ampliação daquele estabelecimento de saúde são pertença da câmara, e deviam ter já revertido, depois da transferência da unidade para os novos e modernos espaços, ao seu destino inicial: zona verde. A Quinta de Voimararães ficará mais aprazível, a cidade agradecerá. Muito.

Um cidadão fez cerca de 50 quilómetros em sentido inverso na A13, no troço entre Tomar e Coimbra. Situação, impensável, em grande parte só possível pelo pouco movimento rodoviário que aquela autoestrada apresenta hoje em dia. É também por isso – tornar-se afinal menos perigosa pelas longas distâncias em que pode ser percorrida em contramão – que urge a sua conclusão de Ceira até ao IP3, cerca de Souselas (e, ao contrário do que por aí se alvitra, em perfil de via dupla) para ver ampliados, com certeza, os fluxos de trânsito que assim impediriam, em tal extensão, tamanho insólito.

Sempre que penso em rotários, a imagem dominante – eventualmente errada, admito-o – era (e em boa parte ainda é) a de uns jantares mais ou menos tertulianos. Contudo, e neste tempo em que as atenções sobre aquele espaço verde estão mais centradas em novas ligações universidade/Baixa, impressionou-me muito favoravelmente uma ação, entretanto concluída, que aqueles companheiros, assim se tratam, concretizaram, em tantas manhãs de domingo: os trabalhos, voluntários – e talvez por isso mesmo mais empenhados – de limpeza e valorização da mata do Jardim Botânico. E que foi, de facto, uma marcante iniciativa de cidadania, exemplo do quanto poderíamos fazer em favor do interesse comunitário. Se quiséssemos.

A problemática do apoio camarário à esterilização dos urbanos felinos é, antes, um saco de gatos de outras e mais antigas questões nunca resolvidas ali para os lados da Sofia; os bancários, também eles, ainda sindicalmente agregados por regiões, defendem que o que é nacional é bom; culturalmente, o cavaquinho, comprove-o no antigo refeitório crúzio, pode também ser, para além de instrumento musical, suporte de intervenção plástica; os Dolce Vita faliram e foram ou estão à venda (em breve será o de Coimbra), sempre sem interferência, garantem, no desenvolvimento e gestão diária; gostei da ideia da torre da universidade ser iluminada, a cada noite da Queima, com a cor das diversas faculdades; e no dia de cortejo – por fim, para a generalidade da comunicação social dita nacional, o enfoque noticioso dos poucos que mais ou menos brevemente se lhe referiram já não foi tanto o excesso de álcool –, a cidade quase transbordou com muitos milhares a reiterarem a certeza de que a tradição ainda é o que era.

António Cabral de Oliveira

A 9 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Leio que o reitor da UC terá garantido, acho muito bem, que na recuperação do estádio universitário "não haverá luxos". E asseverava, ele que sempre foi, dizia, "dos que mais gritou contra o despesismo", que "só por cima do meu cadáver" tal poderia acontecer. Tudo para, depois "transformadas numa espécie de subúrbio industrial abandonado", não se fazerem infraestruturas que "passados uns anos, ficarão às moscas". E é perante tamanha visão de futuro, tal confiança nos desafios, tanta capacidade empreendedora, que ficamos à espera que o programa dê, pelo menos, para – com indispensável ambição e exigência –, modernizar a decrepitude, construir o indispensável, erradicar os mamarrachos entretanto permitidos. Sem luxos, com certeza, obviamente também sem moscas...

A fotografia de um acidente cerca de Oliveira do Hospital mostra à evidência, aos olhos de todos, o estado de degradação a que se deixou chegar a Estrada da Beira. Perante responsáveis nacionais e regionais incapazes, sem vergonha na cara, também eu acredito que só com medidas radicais de protesto como a preconizada pelo presidente daquele município – a minha solidariedade inteira, José Carlos Alexandrino –, de "bloqueio" da EN17, se poderão desembaraçar as obras de reparação que deviam ter tido início, pelo menos, no ano passado. E não quero agora falar, sequer, nesse paralelo atentado ao desenvolvimento que é a não construção dos IC 6 e 7.

Não digo que não haja outras. Mas as novas luminárias que consigo encontrar são as do pequeno conjunto inicial em frente do edifício central do polo II da universidade, também as da artéria entre a linha da Lousã e a nova escola da Solum. Isto quando me deparo já, cito de memória, apenas alguns exemplos aqui ao lado, com ampla iluminação LED em Leiria, Cantanhede, Montemor-o-Velho e Tábua. E enquanto também a Pampilhosa da Serra tremeluz graças ao díodo emissor de luz. O que será feito – volto a perguntar – daquele projeto comunitário que queria tornar Coimbra, já em 2015, logo este ano, a primeira cidade do mundo integralmente coberta com o moderno (e muito mais económico) sistema?

Fui, não sem alguma nostalgia, confesso, beber um fino ao antigo Mandarim – agora Chiado –, em boa hora retornado à sua antiga vocação, e aproveitei para subir, sem saudade, à Antero de Quental, até ao novo "The Luggage Hostel & Suites", bela unidade hoteleira, de gente jovem e dinâmica, muito bem instalada em edifício, finalmente, com digna utilização.

A Figueira da Foz recebeu anteontem o navio de cruzeiro Corinthian, para uma estada de dez horas, que trouxe, também a Coimbra e Conímbriga, uma centena de turistas. O último a fazer ali escala foi em 2010, o primeiro em 1990. Para além dos dichotes políticos locais para que temos tanta queda (os "figueirinhas em extinção" e "cidades perdidas" enquanto novos segmentos turísticos), são lapsos de tempo muito grandes, contra nós, região de turismo, não é verdade Pedro Machado?...

Ao contrário do que diz o rifão, quase fiquei "com vinho na boca" enquanto lia, todos com colheitas excelentes, a lista dos 41 produtores que integram a primeira fase da Rota do Dão. Obrigado pela qualidade hoje em absoluto recuperada, o meu bem-haja por me permitirem poder continuar a dizer ser este, também em termos vitivinícolas, o território da minha preferência. Inquestionavelmente.

Primeiro foram os revestimentos e acabamentos tradicionais dos prédios, agora – a tese de doutoramento, Pedro Providência, parece ter pano para mangas! – as cores utilizadas, tudo mal, considera, na reabilitação do centro histórico; porventura para se tornar mais global, a mais antiga universidade consorcia-se com a mais nova, a Aberta, diz-se que para expandir o ensino à distância; porque será que andam mosquitos por cordas no Instituto de Medicina Legal?, perguntar-se-ão os mais distraídos; a UC figura entre a elite das universidades mundiais em 10 das 36 áreas analisadas, sendo que Direito é mesmo a única faculdade portuguesa a integrar o ranking "QS by Subject"; foi bonita a Festa da Flor; está anunciado, sempre com muita qualidade, o programa do imperdível Jazz ao Centro, que decorre entre 28 e 31 próximos em oito espaços da cidade; abre hoje, em Santo António dos Olivais, peregrinemos pois, a tradicional Romaria do Espírito Santo; e, bem-vinda, está aí – saibam divertir-se – a Queima das Fitas.


António Cabral de Oliveira

A 2 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Tinha por impensável tanto desconhecimento, tamanhas hesitações, tais incongruências. De facto, a imagem de Passos Coelho quando respondia – obrigado Fernando Moura – a questões de jornalistas, em Coimbra, sobre problemas como o IP3, a Base de Monte Real, o Metro Mondego, é inadmissível. A dificuldade em se expressar, a clara vontade de nada aqui construir, a manifestação de desinteresse político nos projetos, foi, de todo, e em definitivo, chocante. Sem se perceber muito bem o que veio cá fazer, tudo se resume, afinal, a um "não fechar de portas", se os privados quiserem fazer; também (e não sei porquê, fiquei com a ideia de sobretudo) ao "não alimentar nenhuma expetativa". Ouve-se e não se acredita. Obrigado, senhor primeiro-ministro...

Sobre o debate público que trouxe o estádio universitário, de novo, para o centro das nossas preocupações, sobram algumas, poucas, certezas: a indispensabilidade e urgência das obras de reabilitação; a imperiosa necessidade, face aos elevados custos do projeto, de integrar a estrutura na cidade; especialmente o tempo e os fundos europeus que se perderam, por inépcia ou incapacidade de se dar sequência ao que vem dos antecessores.

O preço de um T2 em Coimbra será o mesmo do Porto, e quase o dobro do de Braga. Mais caros, só em Cascais, Funchal e Lisboa. Para sermos, indispensavelmente, uma cidade maior, urge, em absoluto, também, a adoção de políticas que viabilizem a oferta de habitação a preços mais módicos. Incluindo, com certeza, programas de reabilitação urbana. Concretizando, por fim, os estudos (que, pelo tempo, devem ser imensos), da SRU...

Depois de o fazer em relação a Manuel Alegre, o executivo deliberou atribuir a Medalha de Ouro do município, também muito bem, à Polícia de Segurança Pública. Lembrando a tristeza do ano passado, em que nem no Dia a Cidade foi outorgada qualquer distinção (cheguei a recear que por ausência de personalidade ou instituição quem a merecesse), tudo ficará, assim, compensado. Em prova, evidente, de haver ainda quem lute pela urbe, de que a câmara sabe reconhecer mérito aos que, de facto, o têm.

Primeiro foi o Exploratório e o Botânico, agora o Museu da Ciência. Por decisão reitoral, Carlota Simões substitui Paulo Gama na direção. Pode ser, hoje quero ser otimista, que o Magnífico (mas não só ele), finalmente, se tenha dado conta, por inteiro, da importância de ter uma grande unidade museológica, com dimensão internacional, que mostre a História – e o futuro – da Universidade de Coimbra.

A atribuição, acertada, por parte do município, de 500 mil euros a instituições culturais – para além dos contratos plurianuais já assinados – mostra, em essência, a riqueza e a grande atividade de um setor que, distraídos ou maledicentes, mas lamentavelmente não poucos, dizem não ter expressão na cidade. Onde, contudo, temos de ser, também aí – menos atenção a festas e mais à cultura, diria –, crescentemente exigentes.

Enquanto a Biblioteca Geral da UC recebia, excelente, a "marca Património Europeu", que destaca contributos importantes para a história, cultura e integração europeias, a sua congénere municipal, e bem, celebrava o Dia do Livro permanecendo aberta 24 horas. Não sei porque faço a associação. Não fora a certeza de que o horário que nesta é celebração de efeméride, naquela devia ser de todos os dias.

Nas suas multivalências, Carlos Páscoa é, agora, antes que seja tarde, delegado do Inatel;a liquidação da Empresa de Turismo deu um notório prazer a Carina Gomes, mas quem tem razão é Barbosa de Melo quando afirma que Coimbra tem espaço – e necessidade, acrescento – para uma entidade deste género; tão depressa veio, como se foi, assim naturalmente, a ideia da Capital Europeia da Juventude; Cajó abriu, na Praça do Comércio, a "Conde Galeria"; nem o mau tempo retirou adesão e entusiasmo à Color Run; a cidade volta a receber, de 5 a 7 de maio, no Gil Vicente, a Festa do Cinema Italiano; hoje, entre flores e plantas, passeie pela Baixa; e parece que vem aí, quase nem quero acreditar, a sinalização, urbana e nas principais vias de acesso, da Coimbra Património Mundial.

António Cabral de Oliveira

A 25 de abril ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Tem de haver" uma solução para "um parque judiciário digno da cidade", disse, e quero também crer que sim, o presidente do Conselho Superior da Magistratura. Mas no que já não consigo acreditar tanto é na certeza de António Henriques Gaspar de que Coimbra "merece mais do que aquilo que tem". Não pela afirmação em si. Obviamente. Antes porque o histórico da nossa democracia me diz que, antes de nós, havemos de ter mais e melhores de tais instalações físicas em Lisboa, em Lisboa e em Lisboa, depois no Porto e no Porto, ainda – afinal onde estão os votos? – em Braga e Aveiro...

Congratulei-me, absolutamente, com o "encontro oficial dos Presidentes das Câmaras Municipais de Coimbra e Viseu", que, segundo a letra do comunicado final, "lança uma nova ponte na história da cooperação das duas (seja lá isso o que for) cidades-região". Fazendo-me lembrar Fernando Ruas, é bom, de facto, ver outra vez o presidente da urbe de Viriato a querer – duplicando o IP3 – uma ligação em autoestrada direta a Coimbra. E não a norte ou a sul, como vinha defendendo, nunca para aqui. Tudo, com certeza, fundado nos superiores interesses da Beira, não em eventual receio, de Almeida Henriques, de ficar a ver futura ligação passar ao largo da sua terra. Algo que nós, por cá, em favor da coerência territorial da região e das nossas afinidades com Viseu, de todo não desejamos...e os viseenses, julgo, nunca lhe perdoariam.

Ao princípio era o Metro. Agora, a olhar para a última assembleia geral, o nada. E continuamos a endeusar quem, no "desenvolvimento regional", garante ser aquele um projeto insustentável. Cidade diferente, esta.

Trinta e cinco anos depois – é obra! – parece que os trabalhos de emparcelamento e regadio do Baixo Mondego (apenas, ainda, dê-se tempo ao tempo, do vale central) estarão quase concluídos. Entretanto, precavido, seguro de bem compreenderem o porquê, peço desculpa pelo recurso, ainda, ao condicional.

A Manutenção Militar, que aqui funcionava desde 1899, vai encerrar a sua delegação em Coimbra – também em todas as restantes cidades onde estava instalada – para ficar aberta apenas, outro fenómeno, no Entroncamento, e, adivinhou...em Lisboa!

O profundíssimo apreço em que tenho o voluntariado ainda genuíno – e a única diferença em relação aos profissionais passa apenas por algumas naturais limitações horárias, nunca por menor exigência e capacidade de desempenho – leva-me a saudar, muito vivamente, os 35 novos elementos que se juntam à família coimbrã da Cruz Vermelha Portuguesa. Hoje, com remoçado dinamismo e uma maior capacidade operacional, a delegação da humanitária entidade bem merece, mobilizemo-nos, o apoio que agora pede à cidade.

O jornal britânico The Guardian escolheu 10 dos melhores locais na Europa onde passar férias com os filhos, sendo um deles, exatamente, o distrito de Coimbra. Depois de o ter feito em relação a praias e ruas, o influente diário, falando concretamente em Tábua, mas publicando uma fotografia da colina do saber, distingue, agora, a nossa zona – inclui, também, o Alentejo –, aconselhando, sempre com o mar e a serra da Estrela tão perto, fazer paddling (chapinhar, remar) no rio Mondego, visitar aldeias em redor, explorar a histórica cidade que acolheu a primeira universidade de Portugal. Um abraço, Pedro Machado.

O executivo municipal aprovou – lê-se em nota de imprensa –, acordos com as freguesias que vão permitir, já não era sem tempo, a (afinal) normal concretização das competências e os montantes para a sua atividade; a anunciada expansão da Idealmed também se fará para a China com a construção, numa primeira fase, de 25 unidades de saúde de elite; gosto do novo merchandising, "Património Mundial", da UC; para não estragar a imagem do primeiro, não fui, sequer, ao segundo programa do Mês da Dança, no Gil Vicente; Paulo Trincão, satisfazendo, parece, todos os mandantes – mas não Victor Gil e sua equipa –, deixa o Botânico e assume a presidência do Exploratório; e hoje, ainda todos os dias, saibamos bem apreciar a Liberdade.


António Cabral de Oliveira

A 18 de abril ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Há agora, parece, dois olhares sobre o Choupal. O que, acusando desvalorização, o PS tem; esse outro, que é também o meu (e entretanto, penso, do PSD), que vê uma notória melhoria no estado geral da sua conservação. E a divergência, quero crer, terá, sobretudo, a ver com o mando, que a atual maioria camarária quer, em nome da cidade, para si. Mas, questiono, quando se reconhece, claramente, um esforço por parte do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas para ter bem cuidado aquele espaço magnífico, e há ainda tanto, mas tanto, a fazer na cidade – novos jardins, como o da Solum; continuação do parque Mondego, na margem direita; expansão do Choupalinho, margem esquerda fora; recuperação desse espaço magnífico que é a tão pouco cuidada Sereia; e plantação de novas árvores, desde logo nas tantas caldeiras vazias – não será muito mais avisado o município exercer, aí, amplamente, a sua vontade política de valorizar o verde, deixando, exigente embora, para as instâncias nacionais a obrigação de permanente valorização da Mata do choupal, também a de Vale de Canas?

O governo, no "imenso" respeito que tem pelo poder local e pela sua autonomia, decretou a fusão dos sistemas de abastecimento de água, por aqui criando o designado Centro Litoral, que abarca Coimbra, Aveiro e Leiria. Perante a quase total contestação dos municípios – que vão, generalizadamente, recorrer aos tribunais – um presidente de câmara, contudo, está feliz: Álvaro Amaro, cuja cidade, a Guarda, fica sede de uma coisa chamada Águas de Lisboa,Vale do Tejo e EPAL, que, percebe-se afinal bem porquê, ocupa metade do território da região Centro. Enfim, "democraticidades", critérios...

A propósito do anúncio de renovação da plateia (470 lugares) do Gil Vicente, com obras marcadas para o período de junho a setembro, fico a perguntar-me como é possível Coimbra não conseguir organizar-se para encontrar formas de custear – e falamos, não mais, de uns 100 mil euros – as restantes 294 cadeiras do balcão. Se a universidade, inacreditável, não disponibiliza as verbas suficientes, se a câmara municipal não desce a terreiro em apoio mais efetivo a uma casa de cultura que, apesar de académica, serve, e de que maneira, há tantos anos, a cidade, que se vendam, então (se todos comprássemos, bastava um euro por cidadão), por exemplo a dez euros, bilhetes simbólicos para espetáculo imaginário.

Na celebração dos seus Dia do Município, enquanto a Pampilhosa da Serra afirmava não desistir da EN344, de ligação a Pedrógão, Tábua exigia a requalificação do IP3. Não posso estar mais de acordo. Mas acho que tenho de oferecer aos autarcas a região – para que quererão eles bons acessos? perguntarão não poucos – um mapa que lhes mostre o quanto longe estão de certas paragens...

O Metro de Lisboa estuda o seu prolongamento até Alcântara, o do Porto quer a expansão da rede (para municípios vizinhos) com fundos comunitários do Portugal 2020. Em Coimbra querem impingir-nos – como se deixássemos! – camionetas para substituir a via férrea da Lousã.

Se a efetiva vontade do governo em descentralizar tivesse, mínima que fosse, correspondência com o número de vezes que o ministro Poiares Maduro vem até nós – sempre aproveita, digo eu, para visitar a santa terrinha! – e quase diríamos que o Terreiro do Paço teria deitado, Tejo fora, finalmente, o centralismo que tanto nos tem prejudicado enquanto país desenvolvido e territorialmente harmonioso.

Absolutamente justa e irrefragável a atribuição, por aclamada unanimidade, da Medalha de Ouro da cidade a Manuel Alegre; esteve difícil, muito difícil mesmo (a necessidade voto de qualidade, de um lado, a incoerência entre o discurso e o sufrágio, de outro), a renovação do contrato entre a câmara e uma empresa de comunicação cujos serviços, continuo a pensar, são de todo dispensáveis; o ISCAC quer abrir uma licenciatura em comércio, que, quando olhamos ao nosso redor, tanto bem nos poderá fazer, sobretudo em termos de reciclagem de saberes; depois da candidatura a Capital Europeia da Juventude, Coimbra quer ser, em 2017 – que mais ainda? – também Cidade Europeia do Desporto; ; e hoje, Alberto Martins, a quem a recusaram na crise académica de 69, volta a usar da palavra na iniciativa "7 séculos, 7 personalidades, 7 histórias" da UC.

António Cabral de Oliveira


A 11 de abril ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Os mais dos edis do município de Coimbra, a atentar no que se passou na última reunião do executivo, não estão de acordo com a criação de uma linha de elétrico para Santa Clara, entre a Alegria e as Lages. Designadamente porque – tão evidente! – não vislumbram vantagem em termos de mobilidade, sequer interesse como valor turístico. Mas toda a cidade, quero crer, concordaria com a recuperação, simbólica embora, dos "amarelos". Basta fazê-lo, repito, no sítio certo. Entre a Praça da República e a Universidade, passando pela António Vieira e Arcos do Jardim. E descendo, quiçá, até à estação de recolha, através do Botânico. Pergunte Manuel Machado sobre esta hipótese – que serve a população académica e o turismo, permitindo ainda retirar muito do tráfego e estacionamento na Alta – e pode ser que se surpreenda (e se convença) com as respostas...

O regresso a Coimbra em domingo de Páscoa é sempre o mesmo tormento: uma fila imensa de trânsito, compacta e lentíssima, a tornar o IP3, sobretudo pelos sucessivos estrangulamentos de faixas de rodagem, ainda mais exasperante e perigoso. Fosse eu responsável pela Estradas de Portugal, ou membro do governo, de hoje ou das últimas décadas, e viveria cozido em vergonha. Entretanto, e sem nada ter a ver, seguramente, com a qualidade da nossa rede de estradas, aliás "excelente", Coimbra, di-lo o Relatório Anual de Segurança Interna, é o distrito que em 2014 teve o maior aumento do número de vítimas em acidentes de viação. Surpresa para quem?

Implacáveis, condóminos da Solum prosseguem a sua marcha de derrube sistemático, sem renovação, das árvores que tornavam mais aprazível e civilizado um bairro outrora modelo. Agora, a eito, foi outro pinheiro, magnífico, sem sinal de nemátodo ou diferente maleita. Doentes estarão, isso sim, os moradores, de tal jeito empenhados, parece, em copiar posturas "amazónicas". E a câmara municipal não terá, no caso, nada a dizer?

Os valores do desenvolvimento, ou não, do turismo da região Centro são como as questões em Direito: permitem, sempre, pelo menos, duas leituras. Entretanto, indubitável, a par da "invasão" pascal dos tão bem-vindos vizinhos espanhóis, congratulam-me, imenso, recentes números do INE que afirmam o crescimento de 18% nas dormidas, sobretudo de nacionais, em comparação com janeiro do ano passado.

Gosto, absolutamente, a fazer-me lembrar outra curiosíssima publicação, do "Almanaque (desanual) do Teatrão", através do qual aquela ativa companhia nos dá conta do amplo e diversificado programa para esta "primaverão". De se tirar o chapéu...

O Centro de Portugal, que, julgo, coincide ainda, a traços grossos, com a Beira, é "uma das regiões mais envelhecidas da Europa", conclui, sem qualquer novidade, João Malva, investigador da faculdade de Medicina da UC. Para logo acrescentar, face à perda de população e decréscimo da natalidade, a indispensável urgência de ser incentivada a instalação de empresas para a fixação de jovens. Também acho. Mas então, e depois, Lisboa e o Porto, as grandes "metrópoles", sempre a quererem mais gente, deixavam de crescer, de ser ainda maiores nas suas áreas suburbanas? E dou comigo a pensar, no nosso atavismo centralista, para que queremos nós estas (e tantas outras) conclusões científicas? Para nada, está bem de ver...

Meliço-Silvestre e Cunha Vaz, as minhas homenagens, receberam relevantes e muito justas distinções por parte do ministério da Saúde; oito toneladas de desperdício mensal de alimentos nas cantinas universitárias, julgam bem os SASUC, é realmente demasiado desaproveitamento; o mapa de um anúncio a hotéis na Serra da Estrela mostra ligações a Coimbra apenas através das A1, 23 e 25 (sim, eu sei que o que interessa são as "grandes" cidades), dele não constando – hei de não ir lá – os acessos mais diretos; ao contrário das melhores expetativas, depois de mais de meio ano de justificável paragem nas capturas, o regresso da “sardinha da nossa costa” à lota da Figueira da Foz...fica adiado por mais um mês; e sobre o que ocorreu na escada de peixe do açude-ponte, que levou à morte de dezenas de lampreias e sáveis, será que ninguém é responsabilizado, e todos, na Agência Portuguesa do Ambiente, continuam a ter a classificação de muito bom?


António Cabral de Oliveira