sábado, 14 de novembro de 2015

A 7 de novembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"O que os meus olhos não veem...meus amigos me contam", diz antiga e popular expressão, para logo acrescentar, ainda, que "a minha mente imagina de um jeito três vezes pior". Não sei bem (a reunião foi convenientemente extraordinária, logo fechada aos jornalistas) se terá sido assim mesmo, mas a acreditar no que se ouve e lê, não correu bem, nada bem mesmo, a aprovação, por parte do executivo camarário, das Grandes Opções do Plano e do Orçamento para 2016. E, volto a insistir, é uma pena. Imensa. Em razão dos valores da democracia, sobretudo da Liberdade.

Está aí, para usufruto de todos nós – que não apenas dos que habitamos a urbe – a Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Com um vasto conjunto de ações, chamemos-lhe assim, mais ou menos ao gosto de cada um, sempre discutíveis, contudo inquestionavelmente importantes. Apreciarei melhor, naturalmente, esta ou aquela, posso até sublimar uma e execrar outra. Mas o que releva é ter-se organizado, com padrões de exigência e qualidade, em iniciativa muito válida, a Anozero. Juntando e cotejando o antigo e o moderno, sempre em favor dos nossos, tantos, patrimónios. Aqueles (lembram-se?), os de uma "Cidade de Futuro com História".

A Câmara quer devolver aos seus munícipes uma parte – num total próximo de 1,2 milhões de euros – que resultam da redução para 4,5 dos 5% do todo que lhe cabe da cobrança do IRS. E parece que o poderá fazer sem prejuízo da governação da cidade. Continuo, porém, convencido que tais atenuações, estes sempre tão agradáveis aconchegos às nossas bolsas, deveriam, antes, ter origem na administração central e não no poder local, já tão causticado, em si mesmo, também financeiramente, pelos governos. Mas deve ser um custo da proximidade. Proximidade política, está claro!

O município, a par de alterações junto do Jardim da Manga, entretanto quase concluídas (será, Manuel Machado, que não caberia ali, na calçada larga, sequer uma árvore, arbusto que fosse?), deu início às obras para o aumento da área pedonal na zona da Praça da República, que incluem, designadamente, o alargamento dos passeios vizinhos aos cafés Moçambique e Académico, também do (hoje Chiado) antigo Mandarim. Acho bem. Mas acharia muito melhor se o sequente corte no estacionamento o fosse de forma total...depois de construído (que será feito do projeto?) o parque subterrâneo.

De acordo com a entidade regional, o turismo de Aveiro terá sido o que mais cresceu nos primeiros oito meses do ano. Vantagens, acrescento eu, do ganho em acessibilidades, designadamente da A25, porventura ainda, Pedro Machado, olhando por exemplo para as queixas e críticas da Figueira da Foz, do conforto resultante de estar ali a sede da Turismo Centro de Portugal...

Também para a revista italiana "Spirito diVino" – conclusão a que já tantos de nós tínhamos chegado há muito – vinhos da Bairrada e do Dão (colheitas de Principal Rosé e Grande Reserva, das Colinas de S. Lourenço, ali, Quinta da Falorca e Dom Bella Pinot Noir, aqui) estão, vantagem nossa, entre os melhores do mundo. Parabéns Carlos Dias e Pedro Figueiredo.


Correspondendo a mais uma ação do permanente esforço da Associação representativa dos seus operadores em vista da vivificação daquele equipamento, fui ao Mercado Municipal petiscar uma febra e almoçar um excelente sarrabulho elaborado com alguns dos belíssimos produtos que, incompreensivelmente, apenas poucos vamos comprar ao D. Pedro V; os atuais e antigos repúblicos da Praça terão ultrapassado, por eles próprios, muito bem, as dificuldades ditadas pela ação de despejo da antiga casa; a propósito da próxima deslocalização de Sintra para a República Checa, lembrei-me – e se calhar agora seremos muitos mais – que desde que a retiraram de Coimbra nunca mais comprei, ou comi, bolacha alguma da Triunfo; porque será que, pergunto-me, compradas pelo governo ou em crowdfunding (financiamento colaborativo) todas as obras de pintura entretanto adquiridas são, obviamente em Lisboa, para o Museu Nacional de Arte Antiga?; e gosto, aqui constituída, da ideia de criação de uma IPSS que vai ajudar, em todo o país (passarei a arredondar as contas), a pagar medicamentos aos mais carenciados.

António Cabral de Oliveira

A 31 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Começa hoje a Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Um evento que procura ser, ao longo de dois meses, com uma programação que inclui muitas e diversificadas atividades – estejamos atentos e participativos –, um desafio no panorama cultural da cidade. Na busca da promoção e divulgação do nosso património, por igual, não menos relevante, da integração da atual cultura artística no quotidiano da urbe. Os dados, dizem, estão lançados.

A espada de Dom Afonso Henriques (autêntica ou de Afonso V, contudo simbólica) regressou, apenas por breves momentos, por ocasião da celebração anual do Dia do Exército, ao seu túmulo, em Santa Cruz. De onde, aliás e naturalmente, nunca deveria ter saído. E ao qual deve, desde logo no cumprimento da manifesta vontade do Rei Fundador, ser restituída. Coimbra, quero crer, espera, daquele ramo das Forças Armadas, de quem seja, essa devolução. Na emenda de um erro histórico cometido no já longínquo ano de 1834, mas sempre a tempo – e é tempo – de ser corrigido.

Gostei de ver o executivo autárquico a debater politicamente – e de forma elevada – questões de tributação municipal. A maioria manteve a redução do IRS em detrimento da baixa do IMI para famílias com filhos dependentes, a coligação queria enfim um arranjo entre as duas posições (no mesmo valor), a CPC até defendia ambas. E pronto: quem tem filhos não é beneficiado, quem usufrui de rendimentos maiores paga menos. Justiça social? Valem todas as leituras...

De uma só penada, a autarquia aprovou a concretização de dois projetos com algum significado urbanístico, a Praça das Cortes, em Santa Clara, e a transformação do Largo do Arnado, com uma rotunda. E em ambas, surpreendamo-nos, com a prevista colocação de peças escultóricas. Pode ser que um dia destes, quem sabe, o executivo tome a decisão política, para ser executada de forma obviamente faseada, de erguer estátuas a personalidades relevantes para a cidade, começando por figuras históricas, repito, como D. Sesnando, Afonso Henriques, reis portugueses aqui nascidos, e primeiro Duque de Coimbra, também a quase miríade de homens e mulheres que ao longo dos séculos se distinguiram ainda na política, no conhecimento, nas artes e nas letras, na vida comunitária.

Encartado no DC, volto a encontrar, delicioso, o Almanaque (desanual) do Teatrão, onde se programa, neste nº2, entre textos de valia cultural, fina ironia e adágios saborosos, a atividade para o outinverno. Que vamos, a cidade connosco, procurar seguir.

Para ilustrar uma peça sobre a colocação em venda de quartéis, conventos e fortes por parte do Ministério da Defesa, o Expresso online usava uma (bela) foto de Santa Clara-a-Velha. Azar dos azares, a imagem deveria ter sido, antes, a de Santa Clara-a-Nova. É o que faz a ignorância ou, ao contrário do que aconteceu durante anos, a ausência em Coimbra de um jornalista residente do prestigiado semanário.

É uma colheita de século, a de 2015, cujas vindimas estão concluídas, dizia-me há dias Carlos Lucas, do alto do seu saber e experiência, em opinião absolutamente respeitável, sobre os vinhos que agora se fazem. E era assim, enquanto vamos aguardando os resultados bons que se pressagiam, que nos íamos deliciando, em prova proporcionada pela Hotur Wines, com belíssimas realidades já de hoje. Vínicas, e não só, porque bem acompanhadas de leitão, queijos, enchidos, pão, chocolates...

Talvez por pouco, por ora, Margarida Mano e Calvão da Silva, Coimbra ao poder, são ministros; em jogadas de nem sempre bom futebol, parece que já todos querem, entretanto, eleições urgentes na Académica-OAF; o que terá passado pela cabeça do vereador da CDU quando quis enviar pelo jornalista presente na sessão camarária, não carta a Garcia, mas um exemplar da Constituição ao DC?; justa a homenagem religiosa que a cidade prestou em memória de Ângela Gama, anterior diretora da biblioteca municipal; a Lápis de Memórias regressou à Solum – e como é sempre reconfortante a abertura de uma livraria –, ao Átrio; bem regressada seja, em mais um outono, a Festa do Cinema Francês; e, mesmo sem viaduto, construa-se o IKEA, que logo repararemos o disparate.

António Cabral de Oliveira

A 24 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Um dia destes, sem querer, preguei enorme susto a um grupo de estudantes da Escola de Hotelaria ao sair, de forma inopinada, do carro, na escuríssima, um breu autêntico, Teófilo Braga. Estou, naturalmente, a ficcionar, mas é de facto inadmissível o que se passa com a (não) iluminação daquela artéria, onde, para além dos muitos moradores e de ser um dos principais acessos ao Pólo II da Universidade, se localiza um estabelecimento de ensino frequentado por mais de quatro centenas de alunos. E enquanto nos preparamos já para a mudança da hora, fica reiterado, agora por escrito, convite a Manuel Machado para uma visita noturna ao local. Se, naquele negrume, o conseguir encontrar, está bem de ver...

Exposições, visitas e formações diversas integram a programação do Turismo da Universidade de Coimbra para os meses de outono e inverno. E se acho relevante a tertúlia "Um milhão de turistas...estamos preparados?", gosto, também, outro exemplo, da ideia da visita "Coimbra capital do reino". Ainda, muito em especial, do mote geral adotado: "Coimbra não se explica, sente-se". Nem mais, embora muito e muito do que se sente, quem sente, se explique, afinal, tão facilmente.

O Ministério da Defesa quer vender ou arrendar quase duas centenas de imóveis, de entre os quais, em Coimbra, o Convento de Santa Clara-a-Nova e o Quartel da Graça, na Sofia. Mas estão previstas outras figuras de alienação, como, por exemplo, a permuta. O que, avento, talvez constitua uma boa opção para o município. À troca (para o rancho geral, naturalmente) por um qualquer campo de batatas. E nem seria mau negócio para os decisórios salões de Lisboa. Olhando, digo eu, ao preço a que o Estado ficou com aquele património!

Leio, no Diário Económico, que a "Autoestrada transmontana vai receber 164 milhões de Bruxelas", e, mesmo ao lado, outro título, "Verbas comunitárias para projetos ferroviários". E ainda bem que assim é. Só pena, aqui pela região de Coimbra, continuarmos a não ver a ligação a Viseu, a cognominada Via dos Duques, também a modernização (e não outra coisa) da Linha da Beira Alta, a reposição em carril, seja lá qual for a forma, do antigo Ramal da Lousã, e a recuperação da Linha do Oeste.

Morreu Aníbal Duarte de Almeida. Mas porque há homens que não nos deixam nunca, o cidadão exemplar que em defesa de projetos comunitários encontrávamos na vida autárquica e nos jornais; o ser humano bom com quem nos cruzámos na Santa Casa da Misericórdia; a pessoa enorme na sua capacidade imensa de se dar aos outros, que se realizava na Casa dos Pobres, continua, interiorizado agora, connosco. Foi, realmente, na sua simplicidade, um dos melhores. Coimbra, como tantas vezes se proclama, mas menos vezes acontece, está, de facto, mais pobre. Até logo, Aníbal.

Lisboa, uma pena, fechou o museu do Regimento de Sapadores Bombeiros. Talvez seja esta a oportunidade para a Liga remoçar os seus esforços de criação do Museu Nacional de Bombeiro. Em Coimbra, como sempre foi aventado. E a que o presidente da Câmara, muito bem, se propõe.

Não consegui, lamentavelmente, acompanhar a jornada com que a autarquia assinalou os dois anos de mandato da atual maioria socialista. Mas, olhando o programa, quer-me parecer, em boa verdade, que também não terei perdido muito...

Parabéns ao Ateneu pelos seus 75 anos de relevante atividade; a água, com o Mondego aqui mesmo ao lado, vai ficar mais cara – obrigado governo da nação – já no próximo ano; reabriu, finalmente com o seu segundo edifício, o Exploratório-Centro de Ciência Viva; por culpa das "águas", mas em nome dos "vinhos", teremos este ano, afinal, em vez de um, dois cortejos da Latada; se muitas e muitas terras tinham já o seu candidato à Presidência da República, Coimbra, agora, ora eis, tem dois: Castanheira Barros e Marisa Matias; e, lembrando sobretudo a recuperação das tradições académicas, a morte de Zé Beto (tratamento que me permitia, mas não a tantos como agora parece) penaliza-me verdadeiramente.


António Cabral de Oliveira

A 17 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Preocupa-me, verdadeiramente, o novo adiamento, agora até 30 de novembro, para a conclusão das obras do Convento de São Francisco. E não importa quais os motivos invocados – é sempre bem fácil fazê-lo –, sequer o facto de a prorrogação ser (também faltava que não o fosse!) graciosa. O que me apoquenta é a repetência, o princípio subjacente à aceitação, esta inevitabilidade de, sempre desorganizados, estarmos condenados a ter de evitar, à última hora, que "a corda parta". Raios nos partam, antes, a nós, por tamanha inépcia!

O consórcio CHUC–HUC  (a nossa mais antiga universidade e o maior hospital nacional, diria, a propósito, Martins Nunes), foi admitido, por unanimidade, na muito exclusiva Aliança M8, em representação de Portugal. Objetivando promover a melhoria da saúde a nível global – designadamente no quadro da investigação e da inovação – a sua entrada é, de facto, o reconhecimento da excelência de Coimbra naquela relevante área. Que todos queremos ver, também e sobretudo, refletida no dia a dia do nosso hospital.

Seguramente por as expectativas serem demasiado elevadas, não achei mais do que agradável – mesmo assim a justificar uma visita atenta – a Feira do Património que decorreu em Santa Clara-a-Velha. Bem sei que estamos apenas na sua terceira edição, e, ainda, que em relação à anterior, em Guimarães, se terá verificado um substantivo aumento de participações e visitantes. Mas foi pena não se ter aproveitado melhor, do ponto de vista expositivo, as enormes vantagens do fabuloso espaço. E aquela ideia peregrina, absoluta surpresa para, diziam-me, quase todos, do encerramento às 20 horas, só lembraria mesmo à empresa organizadora. Contudo, foi uma iniciativa positiva, da qual resultou, designadamente, um bom video mapping (embora, por óbvio, não tão relevante quanto o dos 725 anos da Universidade), que, executado como está, iremos com certeza ver mais vezes, quando as circunstâncias culturais e turísticas o aconselharem, projetado nas paredes no mosteiro.

Muito bom o trabalho jornalístico "Coimbra de A-a-Z", que Andreia Marques Pereira e Diogo Batista editaram no Fugas do jornal Público do passado fim de semana. Bem escrito, com belas fotografias, abrangente nas suas entradas, sem teias de aranha nem preconceitos. E onde os autores, depois da estadia, confessavam, ambos, já no seu regresso a Lisboa, que "viemos com a certeza de que o maior encanto de Coimbra não é só na hora da despedida". Também imensos de nós, ou pelo menos muitos, que fazemos desta a nossa terra, achamos, no dia a dia, o mesmo. Mas sabe sempre bem quando no-lo fazem recordar.

A Câmara Municipal dispõe de uma maquineta, de uso braçal, movida a empurrão, para riscar pavimentos, assegurando assim, do mal o menos, uma capacidade própria no que respeita à execução de tais trabalhos. Pena não ter adquirido já uma viatura que permita uma utilização mais expedita, prática e rápida, que obviasse ao aparato que esta implica, que viabilizasse, com menos meios humanos, uma mais frequente e  perfeita feitura ou reposição de sinalização rodoviária horizontal.

Depois do que fez com os Códices de Santa Cruz, desviando-os para o Porto, terá sido também Alexandre Herculano – sempre ele – mas então para Lisboa, quem levou até a Torre do Tombo o Livro do Apocalipse, iluminado, propriedade do Mosteiro do Lorvão, agora considerado Memória do Mundo pela UNESCO. Momento de orgulho para os penacovenses, diz o seu presidente da Câmara, janela de oportunidade para o turismo religioso (mas a obra não está lá longe, na capital?), nas palavras da vereadora da Cultura, contentemo-nos com um reconhecimento que pode contribuir, de algum modo, mas com certeza pouco, para que Lorvão seja notícia fugaz. Agora para ser colocada, como aliás merece amplamente, nas rotas turísticas nacionais...talvez só quando exigirmos e alcançarmos recuperar o que é nosso!


Morreram, o meu respeito, João José Cardoso e Valdemar Peixoto; amanhã, precavamo-nos, sai às ruas o cortejo da Latada; o "Cantinho do Reis", lá irei um dia destes provar os míscaros, fez, parabéns Zé e Sérgio, 20 anos de bons comeres; as melhores batatas fritas do mundo, tiradas as de minha Mãe, já chegaram a Coimbra, à Parada dos Sabores, ali no Girasolum; estão a decorrer, culturalmente relevantes, os Encontros Internacionais da Guitarra; Varoufakis, que já nem os gregos quiseram, parecendo um acontecimento raro, dá logo à tarde, muito badalada, uma conferência na universidade; e, mesmo que chova, espantemo-nos, hoje, no Parque Manuel Braga, com a sempre divertida Exposição de Espantalhos.

António Cabral de Oliveira

A 10 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

No confronto das (ex) vices reitoras, Margarida ganhou a Helena. E assim – o que, olhando a História recente, também não nos garantia, por muito justificada que seja, qualquer atenção particular – Coimbra terá perdido, dizia-se pelo menos, uma ministra e uma secretária de estado. Veremos, de seguida, o que nos reserva o futuro depois das generalizadas, e tantas, promessas eleitorais lidas e ouvidas.

O secretário de estado da Cultura disse à Orquestra Clássica do Centro que, para não "pôr em causa" a Filarmonia das Beiras, sediada em Aveiro, "não houve, não há e não haverá" qualquer apoio para aquela formação de Coimbra. E aconselhava a "que procure apoio" a nível local – temos todos a responsabilidade de saber encontrar alguma resposta – para vencer as dificuldades, essas que o governo, sobejamente, faz suprir em Lisboa e no Porto, cidades onde só uma das suas orquestras tem mais músicos que as duas da nossa região. Um espanto de equidade!

Leio, a propósito do último naufrágio na Figueira da Foz – cujas operações de socorro foram muito vivamente criticadas pela demora e ineficácia –, que "o comandante regional da Polícia Marítima do Douro (!) assegurou que foram utilizados todos os meios...". Mas lá de tão longe, a partir do Norte, e em boa verdade, avalia e assegura o quê?

São diferenças, assim imensas do ato de fazer cultura. Enquanto o trabalho de criação permite confortos como o charuto numa mão a bebida na outra, o de execução obriga ao uso, nas mãos ambas, que o digam os sapadores bombeiros, da motosserra. Ali, no Antigo Refeitório Crúzio, agora Sala da Cidade, a caminho de voltar a ser, e muito bem, amplo e desafogado espaço. Durante a "reconstrução" de estruturas anteriores, concretizada, em labor de "dimensões faraónicas" – passe o enorme exagero – que Cabrita Reis, em "desconstrução criativa", seja, lá empreendeu em nome da Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, a decorrer de 31 de outubro a 29 de novembro.

Só de janeiro a agosto deste ano o número de turistas que visitaram a Universidade de Coimbra aumentou em 25%, com particular destaque para os franceses, brasileiros e italianos. E nos últimos dois anos, o crescimento foi, notável, na ordem dos quase 50%. E como ficará diferente e melhor a cidade quando, no seu casco histórico, conseguirmos retirar o mais do estacionamento da colina do saber, animar culturalmente a alta, vivificar a baixa.

Com alguma frequência – felizmente diria –, vamos encontrando alunos do Conservatório de Coimbra que fazem ouvir a sua arte em breves (ou nem tanto) intervenções musicais. Como ainda há pouco aconteceu, uma delícia, com um duo de harpa e violoncelo, no ambiente fantástico de Santa Clara-a-Velha. Sorte, imensa, a da nossa cidade, em ter dentro de portas tal escola. A que só falta, agora, garantir uma maior continuidade às interpretações públicas – e porque não também nas nossas festas familiares? – dando oportunidades quer aos alunos, quer, ainda, com tão poucos apoios institucionais, aos instrumentistas entretanto já formados. Ajudando-os a crescer, a sobreviver. Um abraço Manuel Rocha.

Quase uma contradição, desclassificado nas suas funções, lamentavelmente, o Seminário Maior de Coimbra, congratulemo-nos, tem iniciado o processo de...classificação pela Direção Geral do Património Cultural!

Decorre, este fim de semana, no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, relevante e imperdível, a Feira do Património de Coimbra, que tem como país convidado os Emirados Árabes Unidos e integra vasta e diversificada programação; em sensibilização contra a cegueira, a estátua do "mata frades", no Largo da Portagem, vai estar – é bem feito, dirão, mauzinhos, uns tantos –, de olhos vendados; gostei das exposições de pintura de Luís Durdil e Helena Dias, no Edifício Chiado, e de João Teixeira, na Casa Municipal da Cultura; na senda da limpeza de mamarrachos, chegou, bem, a hora de deitar abaixo (para um recanto ajardinado?), as bombas de gasolina que existiram na Bernardo de Albuquerque; e Coimbra, ora eis, é vice campeã nacional de, imagine-se, matraquilhos..

António Cabral de Oliveira

A 3 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

De vez em quando lembro-me do projeto das turbo rotundas, parceria da FCTUC e da Câmara, que, visando "a diminuição de acidentes, mais fluidez, maior segurança e melhorias ambientais" se prometia, o início das primeiras obras na rotunda do Bolão, junto da estação velha, para os idos de fevereiro... de há três anos. Mais do que a incapacidade realizadora, a constatação de como o tempo passa é tudo quanto posso comentar! Sobretudo quando não acredito que Manuel Machado tenha deixado de gostar de rotundas. Turbo, ainda por cima...

Parece que a solução de trajeto proposta para a reposição de uma linha de elétricos históricos (a ligar a Alegria à rotunda das Lages!) é "suscetível de aperfeiçoamentos". Ainda bem. Pode ser que assim, torno a insistir, o projeto, cuja bondade, em termos de ideia, ninguém contesta, seja aprimorado através da sua transferência para o único circuito possível: o anel de ligação Praça da República - Universidade, através da António Vieira, e descendo pelos Arcos do Jardim. A servir, assim sim, lembre-se uma outra vez, a população residente, os estudantes, o turismo, a cidade enfim. E viabilizando, não despiciendo, a retirada, depois do sucesso alcançado no Pátio das Escolas, da esmagadora maioria, ali na colina do saber, do insuportável estacionamento automóvel.

Houve quem se afirmasse radiante com a aprovação europeia de estudos (para quê?) sobre essa absoluta inviabilidade técnica – não que não seja possível, já que o dinheiro e a engenharia hoje tudo conseguem –, também enorme injustiça para os territórios agora servidos pela linha da Beira Alta, que seria uma nova ligação ferroviária entre Aveiro e Viseu, renovando-se, a partir daí, então já serviria, o atual corredor. Com as infraestruturas de que atualmente dispomos, e as limitações económicas e financeiras do país, só podem estar a brincar connosco. Politicamente, claro.

Leio que começaram as obras do Centro Operacional do Norte do 112, que fica sediado no Porto para servir nove distritos acima de Coimbra. Antes que depois não saibam sequer onde é a rua de onde demandamos socorro – e já não digo que confundam Penacova com Penamacor – o melhor, deixo conselho, é que cada um de nós vá memorizando os números de telefone dos bombeiros e os próprios dos serviços de emergência das nossas terras. Por causa de dúvidas futuras, diria...

Há no nosso país 15 museus nacionais, chamemos-lhe assim, tutelados pela Direção-Geral do Património Cultural. Um no Porto, outro em Coimbra e em Conímbriga, agora, também um em Viseu e em Mafra. Em Lisboa, dez! A sul, nenhum. Centralismo em Portugal? Na cultura, pelo menos, por Deus, não. Como se prova à saciedade...

Tirando Lisboa (1.836 € m2), com mais dois ou três municípios ao seu derredor, e o Porto (1.326 €), Coimbra, de acordo com um estudo ancorado em dados do INE, surge como a zona mais cara do continente para aquisição de casa. Uma posição de que, significativa embora, não nos deveremos vangloriar pela dificuldades acrescidas que representa em termos de fixação, bem necessária, de novas populações.

Já que o estado das tropas é o que se sabe – quando ainda há pouco mantivemos exércitos em três frentes de combate, temos hoje dificuldades, imensas, até para mandar meia dúzia de soldados para um qualquer palco de conflito –, valha-nos, ao menos, o turismo militar que Pedro Machado (que agora, felizmente em "ano de ouro", comemorou profusamente o seu dia) quer fomentar aqui ao Centro.


Carlos Robalo Cordeiro será o novo (e primeiro português) presidente da respeitada Sociedade Europeia Respiratória; dois anos(!!) depois de uma derrocada, a autarquia de Penacova lá adjudicou as obras de recuperação da EM 535; já sabíamos, de anteriores beberes, da predileção de Mário Sérgio Nuno pelos vinhos brancos, culto que agora se reforça depois de uma ida à Parada dos Sabores, no Girasolum, onde provei, entre outros Bageiras, o muito respeitável Avô Fausto; curiosa a exposição de esquissos de onze arquitetos ligados ao Norte e Centro na belíssima Santa Clara-a-Velha; e, não se esqueça, este fim de semana – empanturremo-nos, afinal um dia não são dias, de bolos –, da Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra.

António Cabral de Oliveira

A 26 de setembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Esta cidade tem, de facto, pormenores curiosíssimos. Como aquele do importante nó rodoviário de Trouxemil, no encontro do IC2 com o IP3, não ser iluminado, enquanto, ali mesmo ao lado, contrastante, se mostra tão abundante a luz jorrada sobre a singela saída para Souselas e, não despiciendo, está bem de ver, para os restaurantes de leitão. Talvez seja tempo de o alumiar, digo eu, de dar também cumprimento ao projeto da Estradas de Portugal, creio que do tempo de José Gomes, de, como então aconteceu até Taveiro, levantar candeeiros em direção à Estação Velha. De preferência a LED...

Com o projeto agora aprovado pelo executivo municipal, começa a ver-se (deixem-me sonhar se fazem favor!) o princípio da regeneração dos muros do rio e da valorização, inadiável, das suas margens, por igual, quero crer, da dragagem do leito. Para todos, passeios do Mondego afora, ainda melhor podermos usufruir do nosso Bazófias.

Proteger, conservar e difundir o património das coleções e museus universitários é o grande propósito de declaração que a Universidade de Coimbra ratificou com as suas congéneres (Virgínia, Alcalá, Central da Venezuela e Nacional Autónoma do México) também classificadas como Património da Humanidade. Em boa hora, sobretudo se constituir contributo efetivo para o integral desenvolvimento, de uma vez por todas, ali no Colégio de Jesus, do Museu da Ciência.

O governo anunciou, neste tempo pré-eleitoral, apesar do seu projeto não estar sequer concluído, a requalificação da estrada nacional 342, que serve Arganil, Coja e Avó. Muitíssimo bem, julgo, tal a necessidade. Entretanto, a abertura do concurso público, essa fica para fevereiro, lá para depois das eleições. Sempre, e com todos, o mesmo!

A Festa das Latas, divulga-se com renovado entusiasmo, vai decorrer de 14 a 18 de outubro próximo. Assim bem cedo, logo no despontar do novo ano letivo, para que o caloirame, designadamente, se vá habituando à ideia de que nesta singular academia há muito mais para fazer do que...fazer pouco ou nada em termos de estudo, de bom aproveitamento escolar!

Foi com enorme mágoa – ali dei aulas de jornalismo durante cerca de quinze anos e integrei os corpos sociais da Cooperativa de Ensino de Coimbra – que li a notícia, que julgava impossível, do encerramento do tradicionalíssimo Colégio de S. Pedro. Neste triste findar de triste verão, aquelas portas fechadas são uma lamentável e inadmissível perda para a cidade, para a nossa memória coletiva.

O governo já confirmou a preferência pela Base Aérea do Montijo como aeroporto complementar à Portela. Assim se passando a justificar (difícil que a coisa estava!), entre outras benfeitorias, estou seguro, mais uma ponte na zona de Lisboa. Mas já agora, que estão com a mão na massa, antes de se irem embora, mesmo que regressem, e da generalização das aeronaves de descolagem e aterragem vertical, importar-se-iam de considerar, também, a hipótese de Monte Real como infraestrutura aeroportuária, não complementar mas única, para a região Centro? Nós, os beirões, agradeceríamos.

Camionetas no "Ramal", e é se queremos, diz a CCDR; na relatividade do ranking – refere-se apenas a internamentos – o Universitário de Coimbra, que já foi primeiro, é, para a Escola Nacional de Saúde Pública, o terceiro melhor hospital do país; surpreendente, ou talvez não, o desabrido abandono de Carlos Cidade da reunião camarária, (de) que só Manuel Machado, não (se) quis (a)perceber; morreram, as minhas homenagens, Ludwig Scheidl, também, depois de tantos fados, Mário Pais; o Reitor não substitui vices, mas vão fazer muita falta; havia tempo que não ia à Cerca de São Bernardo – e como gosto sempre de ali tornar – ver, para todos o meu aplauso, a Escola da Noite (que bem, Maria João Robalo), agora com "a canoa", do galego Pazó; e creiamos que Nossa Senhora de Fátima, cuja imagem peregrina está entre nós, ajude a cidade na resolução dos seus problemas.


António Cabral de Oliveira

A 19 de setembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Com a chegada dos caloiros, e face às novas interpretações do que chamam praxe, a quase barbárie voltou à cidade. E é ver, uma outra vez, o conjunto de indignidades, as tormentas por que passam aqueles a quem deveriam ser dadas, antes, civilizadamente, as boas vindas. Em caloroso acolhimento por estarem a estudar em Coimbra. Entretanto, com tais leituras das "tradições", definitivamente intoleráveis, alguém, universidade e politécnico, sobretudo estruturas académicas, tem de tomar as rédeas da situação para por termo a tão alarve incivilidade.

Parece que alguns autarcas social-democratas tiveram dificuldade em se conformar com a decisão do ministro Poiares Maduro de não encabeçar a lista de Coimbra da coligação PSD/CDS às próximas legislativas. Pelo "trabalho desenvolvido", diziam, por "uma lógica de grande diálogo, proximidade e atenção aos problemas e especificidades da região". E deve ser seguramente por isso, tenho para mim, pela intervenção direta do ministro do "Desenvolvimento" Regional, que, para além do atual "revigoramento" da instituição municipal, temos já "resolvidas" todas as grandes questões com que nos vimos debatendo desde há anos. Sem deixar saudade (o que fez, em boa verdade, por estas terras?), regressará a Florença, à vida académica. De onde, se calhar, nunca deveria ter saído. Felicidades, pois.

Uma auditoria solicitada pela Agência de Promoção da Baixa de Coimbra fez – e ainda bem que, afinal, era eu que andava enganado! –, uma avaliação positiva do setor. Contudo, aconselhava horários pós-laborais; a abertura aos fins de semana; a atualização e modernização da imagem e de alguns conceitos de negócio. E ainda (daqui a pouco a culpa do desaire económico e da decrepitude não é dos comerciantes, é antes do município) defendia como pontos de melhoria uma maior oferta de estacionamento(?), mais caixotes de lixo e ecopontos, e intervenções em espaços visivelmente degradados. Enfim...

De acordo com um estudo recente da Turismo Centro de Portugal – agora eleita, parabéns Pedro Machado, como a melhor região nacional –, Coimbra é, por enorme maioria, naturalmente, a cidade mais identificada quando se fala do território beirão. O que também acontece quanto aos pontos de atração, a Universidade, e nas tradições e costumes, com a Queima das Fitas. Sabendo-se bem que estes trabalhos valem o que valem – e, não raro, muito pouco –, dá, de novo, para questionar, a propósito, sobretudo por tamanhas evidências também turísticas, porque não está, então, a sede daquela estrutura regional em Coimbra? Onde, por óbvio, devia ter permanecido, acrescente-se.

Coimbra, diz-se generalizadamente, é uma terra que cuida mal das suas memórias. Talvez também por isso gosto de pensar (presunção e água benta...) que a croniqueta poderá, de algum jeito, ficar a retratar, em letra de forma, guardando-a, relativa a determinado espaço de tempo, um pouco da vida da cidade. Mas o que não deixará, com certeza, de se constituir em repositório excelente do muito que por aqui acontece é o trabalho fotográfico e em vídeo que Diniz Alves vem produzindo no âmbito – agora, felizmente, num olhar um pouco mais alargado, para além da vida autárquica –, de uma sua colaboração com o município. Técnica, estética e documentalmente relevantes. Já hoje, com certeza. Mas sobretudo para as gerações vindouras. Um abraço, pois.

Para aí uns trezentos anos depois – permita-se o exagero após tão longa demora – , veio finalmente abaixo a ruína que estrangulava a ligação da rua das Parreiras com a Bernardo de Albuquerque; a Águas de Coimbra continua a ser – mas até quando depois das mexidas ditadas pela "corte" lisboeta? – empresa líder na satisfação do cliente; a nossa cidade, valham-nos personalidades como Duarte Nuno Vieira, será sede da Academia de Medicina Legal e Ciências Forenses dos PALOP; e, que mal pergunte, e à atenção do Gil Vicente, a Festa do Cinema Chinês, que está a decorrer em Lisboa, não poderia, em caminhos de descentralização cultural (à semelhança da francesa, aprazada para os dias 6 a 10 de outubro), ter uma extensão a Coimbra?

António Cabral de Oliveira

A 12 de setembro ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, condenado, à míngua de tempo, a ser aprovado à pressa, passou, na câmara municipal, sem dificuldades de maior, mas com muitas reticências. Composto por decisões acertadas, contradições e erros (o que, reconheça-se, terá sempre), a discussão de tão relevante documento político, que, enquanto instrumento de trabalho, agora apenas começou, tem de mostrar, em espírito de efetiva abertura e verdadeiro entendimento democrático, que todos os eleitos estão ali – essa uma indeclinável exigência e superior obrigação –, para servir a cidade e as populações. Sem teimosias essencialmente pessoais ou posturas apenas partidárias. Para que se concretize o sonho comum de uma Coimbra maior e melhor.

Depois de longa demora, lá foi anunciada a adjudicação da empreitada de modernização do troço Alfarelos-Pampilhosa, da linha do Norte. O que me leva a perguntar sobre a afinal não incluída terceira via que o relatório do Grupo de Trabalho para as Infraestruturas de Valor Acrescentado referia para aquela zona de Coimbra, e que se destina(va?) – indispensável, dizem os sábios –, a reforçar  a capacidade de resposta ao traçado ferroviário mais congestionado do país, com valores de tráfego próximos dos 200 (!) comboios por dia. E das duas uma: ou aqueles senhores, ao estudarem o problema, não se deram conta de que o projeto em questão não é em Lisboa, ou então, ironizemos, o governo está à espera de construir, primeiro, a nova estação...

O uso do belíssimo edifício do antigo Quartel-General da Região Militar para funções ligadas à magistratura, acho perfeito. Quanto ao processo de reabilitação do Palácio da Justiça e sua ampliação para o terreno da antiga recolha dos elétricos – e única opção que interessa à cidade – o melhor, calejados como estamos, é aguardar. Pelo já "desencadeado reajustamento do projeto e execução da obra", sobretudo pelo perpassar destes tempos eleitorais...

A coligação PSD/CDS apresentou na – nestas alturas sempre muito lembrada – Pampilhosa da Serra o seu programa distrital para as próximas legislativas, onde, designadamente, se defendem políticas de proximidade, a promoção do interior desertificado, o sistema de mobilidade do Mondego, a ligação da A13 com a autoestrada Coimbra-Viseu. Para "se corrigirem os erros de governos anteriores", dizem. Mas não os integraram, tão repetidamente? Se foram, e ainda são, governo, porque não o fizeram já? Do que me lembro, e não estarei enganado, é de centralização, de abandono, de obras interrompidas, adiadas ou suspensas!

Na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior, os números da engenharia civil em Coimbra – com 12 colocados e 93 vagas sobrantes – são uma autêntica vergonha, sobretudo quando os comparamos com os resultados do Porto, onde não sobraram lugares, e do Técnico de Lisboa, com quase todos preenchidos. E se estas escolas conseguiram superar a crise, que no ano passado foi global, o que se passa, afinal, temos de questionar, connosco?

Autarcas do interior do distrito de Coimbra movimentam-se para que o que chamam de novo IP3 seja um itinerário complementar que, a partir de Ceira , percorra, pela margem esquerda do Mondego, o município de Vila Nova de Poiares até ao Porto da Raiva. Acho bem que se batam – eu também com eles – para se alcançar, por igual, a construção desse justo desiderato. Mas, entretanto, façam o favor de deixar correr, em perfil de autoestrada, o projeto da Via dos Duques (que é outra e diversa coisa) delineada pelo IP, que peca, sobretudo, e nesse sentido tem de ser alterado, já o escrevi e reitero, por não passar pela Mealhada e fletir, depois, para Mortágua até encontrar, junto de Santa Comba Dão, o IC12.

Com a morte de Miguel Pignatelli Queiroz, Amigo excelso, desaparece o rosto visível da instituição monárquica em Coimbra; a qualidade da oftalmologia coimbrã, nomeadamente a praticada por António Travassos, no Centro Cirúrgico, é um orgulho para todos nós; bem-vindos a Coimbra aqueles que escolheram a antiga universidade – que viu preenchidas logo na primeira fase quase todas as vagas disponibilizadas – para prosseguirem os seus estudos; e estão aí, de novo, feiticeiros, com 135 espetáculos de 20 magos oriundos de dez países, os Encontros Mágicos.

António Cabral de Oliveira

sábado, 12 de setembro de 2015

A 5 de setembro ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Faça-se", terão dito, cansados de tanto esperar, os presidentes das câmaras de Coimbra e de Viseu aquando da apresentação do corredor de ligação em autoestrada entre as duas cidades. E eu com eles. Salvaguardando embora, acrescento de minha parte, quando olho sobretudo os interesses da região, a indispensável passagem pela Mealhada – assim fechando a circular regional externa – e (deixem lá a duplicação do IP3 entre a Aguieira e Santa Comba) por Mortágua, bem como a união da " Via dos Duques" a partir de Nelas. Passando o IC37 a ligar Mangualde a Seia.

Não, senhores do governo. O que a cidade quer não são obras de manutenção do, como bem diz Manuel Machado, atual apeadeiro. O que Coimbra exige é, finalmente, moderna e fomentadora de desenvolvimento, uma nova estação ferroviária. Mas porque, entretanto, se persiste (este e, afinal, todos os executivos centrais) em não se investir por aqui, talvez seja tempo, mais do que tempo de assumirmos, com coragem, decisões sempre desagradáveis. É que, se calhar, isto já só lá vai, mesmo, pondo o país a ver os comboios...a não passar!

O ministro da Saúde, justíssimo, veio medalhar com ouro – um abraço Manuel António – também o IPO de Coimbra. E aproveitou para referir relevantes investimentos, na cidade, no sector que tutela, desde novos e indispensáveis equipamentos médicos à modernização de fundamentais unidades de tratamento de ar do CHUC, da expansão do Centro de Oncologia à dotação dos primeiros 4,5 milhões de euros para a nova maternidade. Benditos tempos eleitorais, estes...

Anteriormente, foi o sítio UNIPLACES a considerar Coimbra como a segunda melhor cidade universitária europeia para visitar durante as férias, depois de Salamanca, e antes de Pádua, Nottingham, Lovaina, Bamberg, Maastrich e Rennes, enquanto sublinhava a nossa História, o Património Mundial, a beleza dos edifícios universitários, a Biblioteca Joanina, as catedrais – a Sé Nova e a Velha – e o Jardim Botânico. Agora, o European Best Destinations a revelar as "pérolas escondidas da Europa 2015", de entre as quais Coimbra, nomeadamente pela sua "mística muito especial". Soubéssemos nós – não é verdade Pedro Machado? – bem aproveitar…

Admitindo-o embora, nunca quis acreditar que mais um pequeno incidente de um comboio de mercadorias na linha da Beira Alta servisse de pretexto para os arautos de sempre, Aveiro e Viseu, mas também, imagine-se, associações empresariais do Porto e do Minho!, viessem (ao que se desce, Deus meu), julgar assim "comprovada" a necessidade de um novo corredor ferroviário entre as duas cidades beirãs. E eu a pensar que o indispensável era, são, inadiáveis e urgentes, as já estudadas e profundas obras de modernização do atual traçado.

Em ato de absoluta indigência mental, estudantes de Coimbra, trajando capa e batina, solicitam, a troco de postais ou fotografias, o que seja, dinheiro a turistas. Não sei se (ainda ou já) é proibida a mendicidade no nosso país. Mas este esmolar, que justamente tanto incomoda a Universidade quanto a maioria de todos nós, não pode continuar a ser permitido.

O PS, enquanto não é governo, apresentou em Viseu, e a Beira agradece, um "Compromisso pelo Centro"; muito bem a alteração das passadeiras nas ruas Carolina Michaellis e Egas Moniz, na Solum, agora semaforizadas e mais seguras; o fogo a rondar – mas quem se surpreende com o 'ordenamento' florestal que por aí temos no arrabalde? – outra vez a cidade; o livro é, belíssima escolha, o tema da próxima edição da Semana Cultural da UC; sempre a tempo, parabéns a Ana Alcoforado pelo aumento em cerca de 40% do número de visitantes do Machado de Castro no primeiro semestre do ano; no quadro da notável melhoria daquele espaço verde, a gestão do Centro de Lazer do Choupal passa a ser assegurada pelo Clube de Tenis; e o Conservatório de Música, em perfeito aproveitamento de sinergias regionais, vai abrir, assim cumprindo responsabilidades suas, um pólo na Sertã.


António Cabral de Oliveira

A 1 de agosto ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A linha do Vouga, no troço entre Águeda e Sernada, está a sofrer trabalhos de renovação com os carris e agulhas retirados do ramal da Lousã. Se calhar, sejamos irónicos, ainda vão retirar material e equipamento do Metro Sul do Tejo – parece que muito pouco utilizado – para o metropolitano rápido de superfície do Mondego, o que seja, na ligação de Serpins a Coimbra, também no percurso urbano para os hospitais. Naquilo que – se, entretanto, Passos Coelho não viesse trazer, outra vez, a "novidade" da hipótese das camionetas elétricas! – quase poderíamos chamar de uma política de transportes terrestres, diria..."interfluvial".

No primeiro semestre do ano foram constituídas 21.094 novas empresas, mais 11,9% do que em igual período de 2014. Lisboa (28%), Porto (18,5%), Braga (8,2%), Setúbal (6,2%) e Aveiro (5,9%), ocupam os primeiros lugares do ranking nacional. Contudo, de todas elas, apenas Aveiro subiu face aos valores anteriores, enquanto, paralelamente, cresciam Leiria, com mais 0,5 pontos percentuais e agora com 4,3%, e Coimbra, que aumentou 0,2 pontos para se fixar nos 3,5%. É pouco? Seguramente. Contudo, uma esperança.

De acordo com o município, a Feira Cultural proporcionou "uma grande satisfação a visitantes e expositores", assim confirmando “a boa aposta da CMC quando optou por concentrar, num mesmo certame, as anteriores feiras do livro e do artesanato, complementando-as com mais expressões culturais e eventos". E ainda bem que, em favor da cidade, assim é. Pese embora a minha diversa opinião, e a de todos os tantos expositores que ouvi, porém só eu, queixarem-se. Mas isso, de facto, não interessa nada. O que vale são os inquéritos a que, na melhor tradição portuguesa, a maioria terá respondido, não duvido, sempre simpática, com loas e améns.

Porque a cabeça de lista dos deputados socialistas não é do distrito, "Coimbra manda em Viseu", titulava o Jornal do Centro, semanário daquela cidade. Se se lembrassem, ou soubessem, das ligações de Maria Manuel Leitão Marques – que nasceu em Quelimane, Moçambique – a Alquerubim e à Barra, talvez então já fosse Aveiro "a mandar" em terras de Viriato. Deus nos ajude!

O governo confirma a preferência pela Base Aérea do Montijo como aeroporto complementar à Portela. Assim se passando a justificar (difícil que a coisa estava), entre outras benfeitorias, mais uma ponte na zona de Lisboa. Mas já agora, que estão com a mão na massa, antes de se irem embora, e da generalização das aeronaves de descolagem e aterragem vertical, importar-se-iam de considerar, também, a hipótese de Monte Real como infraestrutura aeroportuária, não complementar mas única, para a região Centro? Nós, os beirões, agradeceríamos. Muito.

O video mapping "Universidade de Coimbra, 725 Anos, uma História de Luz" é um belíssimo produto para mostrar a ancestral UC, de uma outra forma, por igual a estrangeiros, enquanto a mais antiga Escola portuguesa e uma das mais vetustas da Europa. Mas também para aprofundar sentimentos nacionais de orgulho, ainda, imagine-se (não se pode ver de dia), para ajudar a concretizar a velha aspiração...do aumento de pernoita de turistas na cidade.

Terminou, com uma programação, a possível, de grande qualidade – parabéns à equipa organizadora, que prepara já o tema “Pioneiros”, do próximo ano –, o Festival das Artes, que voltou a ter, certeza de futuro, a melhor aceitação por parte do público. E fomos muitos, de facto, os que, a cada dia, seguimos os tambores. E fizemos bem.

A Figueira da Foz, excelente notícia para a região, vai receber, finalmente, um laboratório avançado do polo do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra; José Liberato, jornalista liberal, defensor da liberdade, entrou, outro maçom, na toponímia coimbrã; muito bom o roteiro da 'Evasões', do DN, sobre as duas faces de Coimbra, a cidade antiga e a nova; Horácio Antunes, pela ação desenvolvida enquanto autarca, também já é comendador; e, nas cabeças de lista para as legislativas, porque não há duas sem três, não foi Anabela Rodrigues...foi Margarida Mano!

A crónica vai a banhos. Para merecido descanso, sobretudo de quem a lê. Boas férias, e até setembro.

António Cabral de Oliveira

A 25 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes", concluiria eu sobre os aspetos regionais da entrevista de Passos Coelho a este jornal. Outra promessa de insuficiente solução, para breve, diz, quanto ao Metro Mondego; uma pequena obra – feita por presos – na penitenciária (era uma construída de raiz, lembram-se?); novo adiamento, por exemplo, das instalações para a PJ e GNR; o disparatado albergar de algumas seções do tribunal (para quando o indispensável Campus da Justiça, na rua Figueira da Foz?) no antigo Pediátrico, que julgava destinado ao Centro para o Envelhecimento Ativo e Saudável; sobretudo o ensurdecedor silêncio quanto a projetos como a estação de comboios, regeneração urbana, modernização da estrutura ferroviária regional, conclusão do plano rodoviário da Beira, aeroporto de Monte Real, o anúncio de políticas de desenvolvimento. Mas porque será, Deus meu, que em Coimbra – para além da coincineração – nada se faz, ou faz-se tarde e de forma atamancada? Enfim, adaptando o título de livro de Erich Maria Remarque, ao Centro, nada de novo.

Já começaram a aparecer, finalmente, placas de sinalização rodoviária com a indicação de Coimbra Património Mundial. Agora só falta colocarem outras, junto, que expliquem o símbolo…

Voltemos aos rankings das melhores universidades, de novo ao da CWUR (Center of World University), que, depois de Lisboa (sobe do lugar 278 para o 257) e do Porto, que desce de 290 para 308, coloca Coimbra na terceira posição, com uma subida da posição 545 para a 507. Aveiro, Nova de Lisboa, Minho e Algarve são as restantes nacionais referenciadas, em seriação onde surgem, nos primeiros cinco lugares, as universidades americanas de Harvard, Stanford e MIT (Massachusetts), seguidas das inglesas Cambridge e Oxford, todas não sediadas, Magnífico Reitor, em cidades grandes. Contudo...de excelência, como aspiramos.

Receando que de outras bandas não venha melhor, olho o processo de constituição da lista de candidatos do PS às próximas legislativas, os nomes aprovados pela Federação Distrital de Coimbra, a correção final imposta, e, vá lá saber-se porquê, quedo-me perplexo. E volto a perceber, muito claramente, reforçadamente, as razões pelas quais os partidos estão como estão, o parlamento se desqualifica, a cidade e região continuam a perder influência política.

Julgo lembrar-me de ter ouvido dizer, um dia, que, numa ótica de aprendizagem inovadora e pioneira, se iriam realizar julgamentos na UC, no Colégio da Trindade, assim transformado em tribunal-âncora universitário, judicial e europeu, para o que foi, mesmo, em 2006, estabelecido um acordo com o ministério da Justiça. Afinal, agora, e para tanto foi até ratificado protocolo entre a Faculdade de Direito e o Centro de Estudos Judiciários, limitar-nos-emos, na entretanto apenas Casa da Jurisprudência, à realização de simulações. Mas, se calhar, do mal, o menos!

A Câmara Municipal, a par de alterações cerca do Jardim da Manga, vai aumentar a área pedonal na zona da Praça da República, designadamente através do alargamento dos passeios junto dos cafés Moçambique e Académico, também – hoje Chiado, para quem não saiba – do antigo Mandarim. Acho bem. Mas acharia muito melhor se o sequente corte no estacionamento o fosse de forma total...depois de construído (que será feito do projeto?) o parque subterrâneo.

O enorme – e para mim mesmo surpreendente em termos de grandeza – êxito do vídeo mapping que a universidade promoveu no âmbito das celebrações dos seus 725 anos é a prova provada (parabéns Clara Almeida Santos) da resposta de Coimbra e região a iniciativas de qualidade. Mesmo as de âmbito cultural, acentuo, tão mal tratadas por tantos. E ainda há quem receie a dimensão do Convento de S. Francisco...

Condeixa, justíssimo, homenageou Jorge Bento com a Medalha de Honra do Município e a atribuição do nome do anterior presidente da câmara à biblioteca; António Vilhena, para além de filiações partidárias ou de ritos – e acredito sinceramente num bom mandato – será, "secreto", o novo curador da Casa da Escrita, que vai passar a ter, muito bem, uma Sala Eduardo Lourenço; a Região Centro e o alemão Biocon Valley vão trocar experiências na área da economia da saúde; depois de pioneira na utilização dos poluidores e barulhentos tuk tuk, chegaram à cidade, preferíveis, os primeiros daqueles veículos elétricos; e Coimbra (a não faltar, até terça-feira) continua a usufruir, um privilégio, de momentos culturais magníficos no Festival das Artes.

António Cabral de Oliveira

A 18 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O ensino superior em Coimbra tem coisas muito, muito curiosas. Como aquela do Politécnico ter o sonho de vir a ser universidade regional, exatamente o pesadelo que tanto inquieta – transformar-se, à míngua de alunos, numa tal escola – o magnífico reitor da mais antiga Universidade. Só quase faltaria (como se tal fosse possível!!) termos, um dia destes, a Universidade Politécnica da Região de Coimbra. Valha-lhes Deus. A ambos.

O município do Porto e o Governo chegaram a acordo, depois de querelas antigas, sobre um conjunto de medidas reivindicadas, muito bem, pela autarquia, no valor de 40 milhões de euros, envolvendo o pagamento de terrenos do aeroporto (aqui não há), acerto de contas nos transportes urbanos, que por igual temos, e do financiamento – ainda nos próximos cinco anos – da Sociedade de Recuperação Urbana, de que, pelo menos institucionalmente, também dispomos. É o que se chama de força política. Que uns têm, outros não.

Helena Freitas em Coimbra, Maria Manuel Leitão Marques em Viseu, lideram as listas socialistas para as próximas legislativas. A força de duas mulheres (e Anabela Rodrigues, será cabeça de lista do PSD?) de cuja ação política muito espero – e minhas Caras, em nome da Beira, também exigirei – nesta cidade que tantos dizem, atoleimados, vazia de valores. De género, porventura...

A Fundação CEFA foi extinta. O Centro de Estudos e Formação Autárquica, que passa, enquanto instituição, cremos que com vantagem, para a Associação Nacional de Municípios Portugueses, felizmente, não. E continuaremos a ter na cidade, onde foi fundado há 35 anos, ensino e, espero, investigação para, através de uma permanente qualificação dos recursos humanos, se alcançar, sempre, um melhor poder local. Talvez em (desejável) estreita ligação com a Universidade de Coimbra, que teve na sua faculdade de Economia, recorde-se, uma escola pioneira em Portugal em tal sorte de trabalhos de análise científica e aprendizagem.

Assim defensor estrénuo da sua "região", Álvaro Amaro diz que a instalação na Guarda!!! da sede da Águas de Lisboa e Vale do Tejo – de que entretanto foi feito presidente da Assembleia Geral – é sinal de "coragem política" do atual governo. E eu a pensar que tal atitude, de tão indesmentível fachada, era, perante o desvio das águas beirãs para a capital, e face à nova machadada para o desfazer da Região (aqui sem aspas) Centro, era, sublinho, apenas o bolo com que se engana o...

A Infraestruturas de Portugal – estranho nome da empresa pública que fundiu a Estradas de Portugal e a Refer – vai investir nos próximos cinco anos, em pequenas obras de simples manutenção, 414 milhões de euros na ferrovia, sendo que o maior volume, 66.3 milhões, será aplicado na linha da Beira Alta, mas apenas para reparar o carril danificado com os descarrilamentos de 2014. Espantosa é, assim, a afirmação da IP quando diz que esta intervenção (de facto já não há vergonha alguma!), vai "contribuir para aumentar a competividade da economia e das exportações nacionais" . Tanto, tanto, diria eu, que o despropositado projeto de uma nova ligação Aveiro-Viseu, mesmo para os que ainda acreditavam nele, fica definitivamente condenado a isso mesmo: ser uma onerosa, desnecessária e peregrina ideia de afirmação política pessoal de alguns. Os de sempre.

Depois dos corretos Colinas, bairradinos da Idealdrinks, provados no Grande Hotel do Luso, o produtor João Barbosa veio a Coimbra, ao restaurante Várzea Ibérica, pela mão da Hotur Wine, para desobscurecer, com os seus belíssimos Ninfa, os vinhos de terras de Lisboa. Mas porque continuam postergadas, questiono-me, ambas as regiões vinícolas?

A Universidade de Coimbra, sempre recompensador, voltou a subir no ranking Scimago, que avalia desempenhos ao nível da investigação, inovação e visibilidade web; um parque empresarial poderá nascer na antiga Ceres; parabéns Lousã por um dos prémios Município do Ano para a Região Centro; enorme o sunset – porque não lhe chamaremos pôr de sol? – que levou milhares à Figueira da Foz; e está aí, a todo o pano, imperdível nas suas tantas manifestações culturais, o Festival das Artes.´

António Cabral de Oliveira

A 11 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Manuel Machado, cheio de razão, afirma-se deveras preocupado com a constatada – e reiterada – postura governamental contra os projetos para Coimbra. E a cidade, que vê sempre adiados os seus propósitos de desenvolvimento, proteladas as infraestruturas e as políticas de sustentação regional (os equipamentos que não se constroem, a permanente delapidação e esvaziamento dos serviços), acompanha, por óbvia, tamanha apreensão. Temos, pois, indispensavelmente, de trabalhar melhor, de ser mais inflexíveis. Mas estaremos, afinal, não 'fraca gente', disponíveis para mostrar, de forma assumida, empenhada e responsável, o nosso desassossego? Em tempo de nos deixarmos de protestos institucionais e lamúrias vazias, urge adotar outra e mais contundente atitude de exigência. Connosco, seguramente. Com quem nos governa, sobretudo.

Sublime e surpreendente, estupendo e belíssimo, qualquer um destes qualificativos, entre tantos outros possíveis, se adapta, na perfeição e sem exagero, ao espetáculo de vídeo mapping "Universidade de Coimbra, 725 Anos, uma História de Luz" (que, para além de suscetível de ser olhado, ele próprio, como um produto turístico, deveremos poder revisitar pelo menos uma vez por ano), e que levou, impressionante, autêntica avalanche de alegre e participativa gente ao Pátio das Escolas. Não querendo esquecer a participação camarária no evento, o gosto imenso com que, finalmente, Magnífico Reitor, lhe digo: muito bem.

Acabaram as Festas da Cidade. Muito concorridas, com uma programação que cativou. Congratulemo-nos, pois, como dona Constança...com tanta festança.

A publicidade, generosamente derramada nos jornais, diz que, para a Águas de Portugal, "a água une o norte ao sul"; a Norte, ela liga "além do Marão até ao mar"; em Lisboa, vai "da serra à planície, do litoral ao interior". Já ao Centro, sem referências geográficas – e como não se, em favor da capital, nos partiram ao meio, em dois! – a água apenas fica a unir, tanto passado sem futuro...cultura, história e tradição! Depois de mais uma divisão irracional do território, eis as dificuldades (mas o que interessa isso, se o prevalecente são os interesses espúrios e os lucros) até na construção dos anúncios.

É ainda com os últimos jacarandás em flor em tantas ruas e praças de Coimbra que leio existirem em Lisboa, um espanto, mais de 600 mil árvores, com diversos tamanhos, cores e formatos, de 200 espécies diferentes. E, também, que a área verde de Lisboa triplicou nos últimos seis anos, com mais 160 hectares de novos espaços. Mesmo sabendo da enorme diferença em termos de dimensão urbana, olhando as caldeiras vazias e os desprovidos terrenos, quanta emulação, inveja mesmo, Carlos Cidade...

No indispensável "aprofundamento da espiritualidade franciscana", equilibradas as contas "de forma sustentável", quero acreditar, em valor da comunidade toda, na profunda revitalização da Confraria da Rainha Santa, do seu património imaterial, também da imensa herança em bens culturais de que é responsável e guardiã.   

"Bosque sagrado" é, de facto, a designação perfeita para a Mata do Buçaco, que tem, agora apresentado, o plano florestal que vai assegurar, indispensavelmente, a gestão sustentada e a manutenção da biodiversidade daquele excelso parque verde. Que, sendo da Mealhada, é também, saibamos usufruí-lo, de todos nós.

Da reunião camarária desta semana, notícia foi a aprovação, finalmente (assim em tamanha melhoria dos serviços), e sem alteração de uma única vírgula, da ata da anterior sessão plenária do executivo; já me estou a ver pedir, um dia destes, em restaurante da cidade, cheia de qualidade, “uma picheira de água de Coimbra, se faz favor”; está aí, no Choupalinho, vamos aos carrosséis, vamos à sardinha assada, a feira popular; o Café Santa Cruz encerra amanhã a programação do seu 92.º aniversário, parabéns, comemoração que o vem robustecendo enquanto espaço indispensável no panorama cultural de Coimbra; o jazz está de regresso, em boa hora, ao Quebra-Costas; e na próxima quinta-feira, sigamos os bombos, vamos ao Festival das Artes.

António Cabral de Oliveira

A 4 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

No encantamento desta Coimbra, nossa, sejamos todos, orgulhosamente, leão de Ataces ou dragão de Hermerico, para elevarmos, bem alto, no dia em que celebramos o município, a taça que integra, com Cindazunda, quem seja, com as lusas quinas, as armas da cidade.

No Portugal sem dinheiro mas rico em inadmissíveis dificuldades institucionais, neste país da inépcia e das meias tintas, o protocolo assinado entre a universidade e a Silva Gaio de cedência de dois blocos desta escola (com tanta área disponível), para as Ciências do Desporto e Educação Física, é, seguramente, um bom passo no sentido da resolução dos problemas daquela – em espaços tão carenciada – faculdade. E era tudo tão evidente, tão necessariamente fácil, que só surpreende a alongada demora. Não tanto, certamente, por ruídos ou pelas organizações em si mesmas, antes, sempre, por limitações do próprio homem. De alguns, pelo menos.

Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, falando a jornalistas em Estrasburgo sobre o desenvolvimento de Portugal após a adesão à União Europeia, citava, como paradigmas do que é, hoje, "incomparável", as cidades de Lisboa, do Porto e de Coimbra. Ora eis mais uma evidência de que a realidade nacional só é bem – ou pelo menos é-o muito melhor – compreendida quando olhada lá de fora...

O secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde veio um dia destes a Coimbra para anunciar que está já determinado o modelo físico da nova maternidade, inaugurar uma nova USF de Eiras, e voltar a afirmar abertura, com certeza não por ser este um tempo pré-eleitoral, para a construção de raiz de um edifício, no estacionamento da Segurança Social, para o Centro de Saúde da Fernão de Magalhães. E assim, uma no cravo, outra na ferradura, lá vamos, julgam eles, cantando e rindo...

O facto de, no âmbito do "Desenvolvimento Local de Base Comunitária" – instrumento do Portugal 2020 que visa o empreendedorismo e a criação de postos de trabalho –, não ter sido aprovado, na região Centro, uma única candidatura na vertente urbana (das 100 apresentadas só o foram 20 em Lisboa e 4 no Algarve), prefigura-se para Manuel Machado, cheio de razão, como muito estranho. Da minha parte, contudo, olhando o país em que este e os anteriores governos nos transformou, porventura mais sarcástico, não estranho nada. Absolutamente nada...

Depressa me desenganei. Afinal, ao contrário do que li, a parceria com o Santander não é suficiente para renovar todas as cadeiras do Teatro Académico de Gil Vicente. Parece que temos de nos contentar – para além da remodelação de alcatifas e, relevante, de equipamentos técnicos do palco – apenas com o arranjo da plateia. Com o balcão a ficar à espera de melhores dias, ou (olá câmara municipal) de outra resposta da cidade. Uma enorme pena.

Dando a conhecer, através de um outro olhar, um pouco da história da cidade, José Moura Távora (azar para quem não se disponibilizar a uma visita), tem patente, no Dolce Vita, uma exposição de deliciosas miniaturas de alguns dos mais emblemáticos edifícios de Coimbra, poucos já desaparecidos na voragem do tempo. Riquíssimo nos pormenores, feitos de um trabalho imenso em arte, paciência e, também, persistência, o resultado é, simplesmente, uma imperdível maravilha. Ou melhor, uma dúzia delas...

Se em terras de Coimbra, assim "cultas", metade das famílias têm apenas a antiga quarta classe, o que não será no resto do país; nesta cidade onde, errando absolutamente, julgávamos não haver bom ensino de bailado, temos de estar atentos, muito mais atentos, ao que se faz, repetidamente premiado, no Centro Norton de Matos; a Assembleia Municipal chumbou (naturalmente, apetece dizer), o novo tarifário dos resíduos urbanos; aí está, com um museu perpetuador da ligação de Coimbra à cerveja (uma saudade, Carlos Fabião, aqueles finos, com António Simões, na fábrica), perfeita na qualidade cervejeira, a agora mais moderna e ampla Praxis; e, em festa – "o cavalheiro dança?"–, a cidade dançou, noite fora, no Baile da Rosa...

António Cabral de Oliveira

A 27 de junho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Na próxima terça-feira, dia 30 de junho, acaba a "Águas do Mondego", substituída por essa coisa abstrusa designada por "Águas do Centro Litoral". Viva o Poder Central(izador), abaixo o Poder Local Democrático, gritará, para se ouvir em Portugal inteiro, o Terreiro do Paço. Valha-nos, se vier a ser o caso, não a política, antes a Justiça!

Pronto. O reitor da UC voltou ao discurso miserabilista para dizer que o plano de ação desenhado na candidatura à UNESCO da "Universidade, Alta e Sofia", que prevê inúmeras intervenções de reabilitação e novas construções, vai ser "seguramente" revisto "num sentido de maior modéstia". Se nem para o património da mais antiga universidade portuguesa – e uma das mais vetustas de toda a Europa – há dinheiro, haverá para quê? Sejamos reivindicativos, Magnífico, e mais, muito mais exigentes. Pelo menos no pedir.

A Fundação Inês de Castro deu a conhecer, na Quinta das Lágrimas, a programação, de novo com grande qualidade, do 7º. Festival das Artes, este ano uma Festa que decorre de 16 a 28 de julho. E a que a cidade, a exemplo, marcante, do que sucedeu nas anteriores edições, vai, participando massivamente, voltar a chamar seu. Também porque, como bem sublinhava José Miguel Júdice, o é. De facto, e por propósito.

Na permanente delapidação de serviços que incessantemente continua a afetar Coimbra, o Ministério da Saúde tem previsto, agora, já até 31 de julho – pimba, lá vai mais um – a desativação do laboratório de saúde pública. Bem poderia, o MS, deixar de nos atribuir tantas medalhas de ouro, e passar a cuidar, antes, isso sim, de garantir, ao invés de prémios avulsos, a generalizada qualidade na prestação de cuidados...

Seguramente não para compensar a ausência, em 2014, de qualquer distinção maior do município, a câmara, este ano, vai já, todas justíssimas, na atribuição de três medalhas de ouro. Depois de Manuel Alegre e dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes, foi agora aprovada, também por unanimidade e aclamação, a sua outorga à Universidade de Coimbra. E ficou por assinalar, lembro-me assim de repente, por exemplo, coisa nada menor, o centenário da instalação da GNR na cidade...

A União de Freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas promove hoje, para bicicletas, a 1.a Subida Mítica da Ladeira da Rainha Santa. Agora, sejam quais forem os veículos, só falta – dando-lhe assim uso que se veja –, que a JF de Ceira promova, talvez à semelhança da Falperra, a Rampa da A13...

O metro de Lisboa vai chegar, depois da Amadora Este, à Reboleira, prolongamento da linha azul que tem um custo de 8,8 milhões de euros. O do Mondego, de Coimbra, o que seja, continua, sem sair do papel, a ser, di-lo o putativo cabeça de lista do PSD às próximas legislativas, projeto insustentável. Palavras para quê?

Coimbra, com seis designações – coimbrão, conimbricense, conimbrigense, colimbriense, coimbrense e conimbrense –, e Lisboa, com onze, são as cidades portuguesas com mais denominações para os seus habitantes. Coisa de relevâncias antigas, diria...

Como seguramente convém à luta pelos seus ideais políticos, os vereadores social democratas abandonaram (!), não interessam sequer as razões, a reunião do executivo camarário; parece haver já dois grupos interessados na construção da autoestrada Coimbra-Viseu, alternativa ao IP3; mostrando-se na cidade do seu Comando, a Brigada de Intervenção, garbosa, desceu a Coimbra, e a população gostou de ver os meios humanos e materiais que a integram; quando ambicionamos ser a melhor região de turismo, o Centro de Portugal, já não é mau, ganhou o prémio ‘stand’ na BTL; começou a ter resultados (menos uma tonelada em apenas dois meses) a campanha dos serviços sociais da universidade contra o desperdício alimentar; ficaram bem, Manuel Machado, as obras de recuperação e pintura (os tais não pormenores, mas ‘pormaiores’) dos muros e muretes do Jardim dos Patos, em frente ao Botânico; com uma programação "que convida a celebrar a cidade", vêm aí, de 1 a 5 de julho, celebremos pois, as Festas de Coimbra; e a Sociedade de Reabilitação Urbana de Coimbra – e as do Porto e de Viseu, também? – está, como sempre esteve, moribunda.

António Cabral de Oliveira

A 20 de junho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O índice sintético de desenvolvimento regional – que analisa os indicadores competitividade, coesão e qualidade ambiental – referente a 2013, produzido pelo Instituto Nacional de Estatística, e agora dado a conhecer, coloca Coimbra em sexto lugar, depois de Lisboa, Alto Minho, Porto, Aveiro e Leiria. E releva, preocupemo-nos, quando olha os territórios que regrediram, ser a "Região" de Coimbra a que regista, leio e sublinho, o resultado mais negativo. Mas o que interessa isso? Vamos mas é ao acessório, festas e coisas assim, que o fundamental, como concretizar estratégias, dinamizar o tecido empresarial, pôr finalmente o iParque a cumprir de forma integral a sua missão no campo da inovação tecnológica e científica dá muito trabalho!

O turismo, em Coimbra, apesar dos números crescentes (aumento de visitantes em 20% no ano passado), não atingiu ainda, nem pouco mais ou menos, os valores a que, com justeza, pode almejar. A universidade, a saúde, a cultura, o património material e imaterial, são bens em que – não vamos, por favor, exagerar – somos suficientemente ricos. Importa é sabermos aprender com os melhores, fazer a estruturação indispensável, apostar na qualidade, concretizar com exigência. Para que não nos venha a acontecer, no deslumbramento do dinheiro novo, o que, vejamo-lo apenas como figura de retórica, Catarina Portas denunciava há dias, no seu Facebook, quando dizia, sobre a Baixa da capital, na cidade "caça-turistas", que não gostou nada do que viu: uma Lisboa (que não o é seguramente) "tão falsa e tão feia"!

Para celebrar o segundo aniversário da classificação de Coimbra como Património Mundial, vai haver, da Alta à Baixa, "sons da cidade". Pena, muita pena mesmo, é não haver também, dois anos, 24 meses, 104 semanas, 730 dias, 17.520 horas depois, uma placa, uma que fosse, que o indique a quem por aqui passa. Mantenhamos, contudo, a esperança. O momento há de chegar...

Deve ser absolutamente frustrante – é-o com certeza – a continuada ausência de resposta dos comerciantes da Baixa aos empenhados esforços da sua Agência de Promoção. Como ainda agora voltou a acontecer quando apenas uma dúzia dos cerca de 400 respondeu à chamada para discutir o futuro do comércio tradicional da zona histórica da urbe e da própria APBC. Desmotivados, eles? Sem esperança alguma, em definitivo desanimados com tais "empreendedores", ficamos todos nós.

Nas suas caminhadas hegemónicas, o Porto gostaria de exercer a sua direta influência até Coimbra  – muitos por lá consideram que o Norte vem até ao Mondego! –, Lisboa, de se alongar até Leiria, assim abarcando, nos seus interesses turísticos, Fátima. Um festim territorial e administrativo, seria. Ou será?

A Brigada de Intervenção, e nunca é demais sublinhar a relevância da instalação do seu Comando em Coimbra, está a celebrar o nono aniversário – hoje teremos desfile militar e mostra de meios no Parque do Mondego –, efeméride que deverá também servir para, com a nossa presença, lhe tributarmos o reconhecimento da cidade em razão da sempre disponível, empenhada  e prestável ação desenvolvida.

Depois do que, com honestidade, honra lhe seja, ouvi dizer a Obiora sobre a frágil Académica e a pequena Coimbra, sobre a sua nenhuma motivação para aqui jogar, que desempenho se espera do futebolista profissional, o que faz ele entre nós? Da minha parte, o nosso obrigado pela contribuição que deu para mais uma época de sobressalto até à penúltima jornada, e votos de boa viagem de regresso, a Itália, aonde seja.

A Faculdade de Medicina recebeu, justamente, a Medalha de Ouro do Ministério da Saúde; um mar de gente foi à Baixa ver as marchas passar; na sua difícil caminhada para a total valorização, o arroz carolino do Baixo Mondego tem, por fim – lembro Carlos Laranjeira –, o estatuto de Indicação Geográfica Protegida; mesmo se não puder comprar, o que nos acontece a tantos, alegre pelo menos os olhos e o espírito olhando a exposição de desenho e pintura de Suzana Chasse, na Galeria Sete, ali ao fundo da Elísio de Moura; a mata do Buçaco é já, para todos nós, óbvia e absolutamente, monumento nacional; e a universidade, depois de obras, inaugurou (?!) o palácio (?!) Sacadura Botte, agora, mal extinto que foi o Museu Nacional da Ciência e da Técnica, bem entregue à Psicologia e Ciências da Educação.

António Cabral de Oliveira

domingo, 14 de junho de 2015

A 13 de junho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Para além do projeto inicial, o que não nos envergonhará, a todos, pergunto-me, no processo do Metro Mondego?

O Portugal dos Pequenitos celebrou o seu 75º aniversário, designadamente com a inauguração da 'Casa de Chá', outro excelente bule em ferro forjado de Joana Vasconcelos, ainda de uma deliciosa casinha de xisto, em oportunidade que serviu para a Fundação Bissaya Barreto dar a conhecer planos futuros de modernização, também através, muito bem, da construção de novas réplicas de habitações e edifícios nacionais. Contudo, seguro da não incompatibilidade dos projetos, certo da sua viabilização (seguindo-se a metodologia agora alcançada em parceria com a ADXTUR) por parte dos diversos países, continuo, quero continuar a acreditar, como complemento lógico, na Europa dos Pequenitos. Talvez ali não haja espaço, Lúcia Monteiro. Seja, então, noutro, mas próximo, local. Que não faltam, por ali...

Estive em Santa Clara a Nova para ver, pequena mas interessante, promovida pela sua Confraria, a exposição dos Tesouros Espirituais da Rainha Santa, e fui obrigado (sim, o parolíssimo desconchavo ainda lá está!) a olhar de novo – não haverá quem, em nome da cultura e da estética, obrigue a retirar aquela indignidade? – a aberrante mesa de cimento (e seus complementos) colocada no respeitável terreiro do convento.

 Para o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, a conversão do Convento de S. Francisco em Centro de Congressos e Espaço Cultural foi "um investimento correto, capaz de gerar retorno", mas " sem sucesso garantido". Fazendo-me lembrar, vá lá saber-se porquê, o senhor de La Palisse, quase diria que aqui, na 'província', o tal êxito não é, de facto, assegurado. Fosse ele em Lisboa – refiro, entre tantos, apenas dois exemplos, o Centro Cultural de Belém e o Teatro Nacional de S. Carlos – e o governo encarregar-se-ia de encontrar fórmula que permitisse a bonança gestionária...

Aprecio, e muito considero, iniciativas, como aconteceu recentemente em Cantanhede, que procuram sensibilizar para a necessidade, inadiável, de uma gestão florestal sustentável e responsável no nosso país. Se mais não fora, para se combater, números assustadores, essa tenebrosa realidade que é a expansão (nos últimos quinze meses, apenas um exemplo, dos 11.019 hectares arborizados ou rearborizados com capitais privados, 10.046 receberam aquela, economicamente, tão apetecida espécie) da monocultura do eucalipto. Biodiversidade das nossas florestas? Os incêndios que aí estão? O que interessa isso neste tempo, enquadrado por legislação liberalizadora, da preferência pelo material, de privilégio ao imediato? Tudo enquanto a nossa Beira foi passando do castanheiro e carvalho ao pinhal, do eucalipto...ao deserto!

Se o estava já, e muito, fiquei ainda mais expectante quanto aos trabalhos, imprescindíveis, a realizar em Conímbriga tendo em vista, por fim, a escavação do anfiteatro romano, também a ampliação do perímetro arqueológico e a valorização do museu. Um abraço, Nuno Moita.

Fui, num destes fins de tarde, beber um copo ao espaço de Baixa com melhor vista para as colinas da cidade, àquela hora com o casario ainda mais belo graças à luz dourada, coada, com que o pôr de sol abraça Coimbra. É realmente agradabilíssimo – e quanto não o seria ainda com um pouco mais de mobiliário – o terraço do agora renovado Hotel Oslo. Gostarias com certeza, Filipe Ermida.


Provavelmente sem ser o êxito superante reclamado pela organização, tão pouco o insucesso comercial que muitos expositores afirmavam, acabou – viva a festa de 2016 – a (não poderíamos dividi-la em dois?) Feira Cultural; Luís País Antunes, conimbricense, é o primeiro presidente do novo Tribunal Arbitral do Desporto; com os cortes, um dia destes, uma pena, o Teatrão passa a Teatrinho; pouco depois da Gráfica de Coimbra, morreu, o meu pesar, o padre Valentim; Martins Nunes e António Travassos já são 'comendadores', Cristina Robalo Cordeiro sê-lo-á em breve; mais do que qualquer record do Guinness, interessa é a festa do Colégio de Cernache ao reunir 500 cavaquinhos; durante a próxima semana, não o esqueçamos, regressa ao TAGV a Mostra de Teatro Universitário; e hoje vá, por mim, mercar pelo menos uma sardinha assada ou uma fêvera à Feira Medieval.

António Cabral de Oliveira

A 6 de junho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Um dia destes, como se fosse grande novidade e desafio ainda maior, ouvi referir, durante uma sessão sobre museus, a possibilidade de Coimbra vir a ser, no nosso país, a próxima Capital Europeia da Cultura. Estou, como estive em relação a 2012, ano em que foi escolhida Guimarães (e agora já se fala em Évora), inteiramente de acordo. Mas, primeiro – e não esqueçamos que nem um simples quadro recentemente adquirido pelo Estado conseguimos colocar no Machado de Castro –, temos de afirmar peso político, de que, de momento, tão desprovidos andamos. Só então estaremos em condições para dar ao governo, leia-se sobretudo ao primeiro-ministro, as "garantias" de que a cidade é a melhor escolha. Isto se Portugal tiver "condições", e houver ainda tais capitais...

Foi um Manuel Alegre emocionado – ainda há, felizmente, cidadãos que sentem Coimbra de maneira assim muito especial – que recebeu, "a mais importante na minha vida", a Medalha de Ouro do município. E para todos nos darmos bem conta da forma particular com que acolheu a distinção, o seu autor fez entrega à cidade – "a quem pertence desde sempre e para sempre", diria – do manuscrito original da Trova do Vento Que Passa. Em boa hora encontrado pelo poeta, ocasionalmente, dois meses atrás. Gostei, gostámos todos, da agradável e valiosa surpresa. Obrigado, Manuel Alegre.

O presidente da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz disse, cheio de razão, não se compreender que a Universidade de Coimbra, ao longo dos seus 725 anos, "ainda não tenha considerado suficientemente apetecível a biodiversidade única do estuário do rio Mondego e a costa da Figueira para criar um pólo marítimo de excelência nesta cidade, e se reduza a recolher amostras para colocarem apresentações de power point e teses". Pertinentes palavras. Não será, de facto, mais do que tempo de as ouvir?

O ranking da Bloom Consulting, que nos consolida no quinto lugar entre os municípios portugueses (e não cidades, leia-se bem) deve ser olhado como um instrumento de trabalho para a definição de prioridades políticas autárquicas, para o alcançar de lugar outrossim consentâneo com a realidade. Mais do que ser o melhor município da Beira, deve interessar-nos, sobremodo, que Coimbra se empenhe e trabalhe para atingir, sempre, aquela que é a sua posição natural no quadro nacional: ser a melhor. Ultrapassando, sabemos, os constrangimentos estruturais, as dificuldades criadas administrativamente, os propósitos de esvaziamento em que os sucessivos governos centrais têm apostado. Mas também, reconheçamos, vencendo a fraqueza – nossa – das suas gentes!

A Fundação Francisco Manuel dos Santos, na sua magnífica ação em favor da sustentação do desenvolvimento nacional, juntou-se ao Diário de Noticias para, através da oferta de livros de sua edição, garantir "mais cultura e informação" aos portugueses. E fizeram bem. Pena circunscreverem-se, sempre o mesmo, à mesma Lisboa. E não trazerem a iniciativa, por exemplo, igualmente a Coimbra, onde, em simultâneo, decorria a nossa Feira do Livro. É que aqui também há cidadãos – desde logo a administradora da FFMS, Maria Manuel Leitão Marques –, também leitores do DN. Talvez para o ano...

Com receios estultos quanto a Coimbra, e por culpa dos políticos que temos, primeiro foi Aveiro a ver-se quase transformada no território suburbano que hoje é em relação ao Porto. Perante tamanha adulação pela urbe do Norte por parte de responsáveis autárquicos – a nova linha ferroviária, agora o turismo –, tememos bem, enquanto beirão, que um dia destes seja Viseu que, pelas mesmas razões, lhe venha a seguir as pisadas.

Com dignidade, mas sem o luzimento que a efeméride amplamente justificava e merecia – nem ministra, comandante-geral, sequer o presidente da câmara –, a GNR comemorou o centenário da sua presença em Coimbra; a Casa dos Pobres festejou os 80 anos enquanto homenageava, parabéns para ambos, Aníbal Duarte de Almeida; o "mendigo Basílius", ator benfazejo, foi justamente distinguido pela cidade; os espumantes da Bairrada em Coimbra voltaram a ter o (agradável) esperado êxito; foi excelente a resposta da região ao Banco Alimentar; e parece que este ano não se realiza, pode lá ser!, a Festa da Sardinha, na Figueira da Foz.


António Cabral de Oliveira