sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A 13 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O salão da igreja de Nossa Senhora de Lurdes vai regressar(?), dizem, aos propósitos(!) iniciais de caráter desportivo, através da sua transformação em mega ginásio. Mas será que a Igreja não tem, antes, outros e mais válidos projetos – que não, naturalmente, estes, os materiais, através de cedência comercial – para dar melhor utilização, nas suas reconhecidas, imensas e cada vez mais exigentes responsabilidades humanas e sociais, ao amplo e polivalente espaço? Deus meu!

Ao fim de décadas de delonga, lá começaram, por fim, obra inquestionavelmente importante, os trabalhos de recuperação do Colégio da Trindade. Entretanto, confuso como estou com as contradições entre o que dizia e agora afirma o magnífico reitor, ou o pormenorizado pelo diretor da faculdade, fico sem perceber se teremos o minguamento do projeto inicial – com a perda da componente europeia, também de tribunal que tornaria a faculdade de Direito...uma escola diferente –, ou se, afinal, haverá TUJE e não apenas uma Casa da Jurisprudência (leia-se mais espaços para gabinetes e aulas). Será que o que era e não podia sequer legalmente ser... já o é outra vez? Ou será tudo, antes, uma questão de tempo, de calendário?

Menos candidaturas como primeira opção; menos alunos colocados; e a quebra em três posições das notas de Medicina no top 10 a nível nacional (de sexta para nona posição), são a meu ver, para já não falar nas Engenharias Civil e do Ambiente, e da Química, três sinais naturalmente preocupantes na leitura dos números da primeira fase de colocações na universidade de Coimbra. Mas isso, se calhar, sou eu, em vez de olhar o que de positivo se alcançou – um orgulho a primeira posição alcançada pela Medicina Dentária –, a apoquentar-me com coisas que não interessam nada...

E pronto. A Cruz de D. Sancho, mandada fazer especificamente para Coimbra, "emprestada" durante um mês e meio ao Machado de Castro (obrigado, ainda assim, pela oportunidade que possibilitou a muitos um olhar atento, a outros dela tomar conhecimento), regressou a Lisboa, ao Museu Nacional de Arte Antiga. Com a cidade de novo distraída, as suas forças vivas – ou mortas? – de tudo alheadas...

Manuel Machado consignou a primeira empreitada para conclusão do Centro de Convenções e Cultural de S. Francisco, empreendimento relevantíssimo que terá, na globalidade, de estar concluído até finais do próximo ano. E fez bem em marcar o ato para aquele "espaço notável e marcante da cidade", como dizia. Se mais não fora para voltarmos a vivenciar, ali, a importância nacional de uma estrutura diferenciadora a nível regional.

Bem aproveitar a centralidade de Coimbra, os equipamentos instalados e a excelência do conhecimento, deveria ser um desígnio irrefragável. Como aconteceu, recentemente, no hospital militar, com o curso de prestação de cuidados de saúde em cenários de combate destinado a forças de segurança e a militares. Um exemplo!

Nenhum dos seis projetos candidatos por entidades de Coimbra a apoios pontuais da direção-geral das Artes – onde se incluam, apenas dois exemplos, a Cena Lusófona e o Festival das Artes – foi acolhido. Falta de qualidade das propostas, ou, antes, a proverbial secundarização a que, por regra, também em matéria de cultura, somos votados?

Mais de uma centena de estudantes prepararam-se para bem receber – esperamos que assim contrariando a infelizmente já habitual vergonha em que, também na nossa academia, se transformou a praxe – os novos caloiros; belíssimas, e com uma força imensa, as fotografias de António Figueiredo – um abraço grande – sobre a problemática da pobreza e da exclusão, contidas numa exposição da Cáritas que vai percorrer a cidade; na Coimbra das rosas – diria hoje, porventura, a Rainha Santa a D. Diniz, abrindo o regaço, “são orquídeas, Senhor”– fui ao jardim botânico, com dificuldade em a descobrir, visitar, uma frustração, a mostra (ou venda, afinal?) daquelas cantadas flores; o Basófias bateu, o que também não é difícil, no fundo; decorrem, esta semana, mágicos, os Encontros Mágicos; e, excelente, a conimbricense Bluepharma  foi (para além dos céticos e maledicentes autóctones!) eleita – aguardemos os resultados agora ao nível europeu – a melhor empresa exportadora nacional nos European Business Award.


António Cabral de Oliveira

A 6 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Feitas as romarias, as festas, as feiras e as marchas, acabadas as férias, é tempo de Coimbra, a câmara municipal, mas também todos nós, começarmos a olhar, de outra e mais exigente forma, a cidade, a sua governação. Inadiavelmente...

O ministro Poiares Maduro terá dito, na Lousã, que o projeto Metro Mondego é "incomportável" para o país. E (a olhar para os números!) os de Lisboa, Porto e Sul do Tejo, não? Para titular da pasta do "desenvolvimento regional"...não está, convenhamos, nada mal!

Sobre cultura, li, um dia destes (Visão, n. 1119), uma entrevista com o vereador do pelouro do município do Porto. Que diferença, Santo Deus, em objetivo e projetos...

Primeiro, com justificação no maior número de quilómetros – a Europa pagava a metro – desviaram, a sul, os fluxos automóveis construindo a A23. Depois, fundamentados em nada de tecnicamente válido (mas tão somente nos votos ali mais abundantes) afastaram, a norte, o tráfego rodoviário para a inconcebível A25. Agora querem (ou pretenderiam, alguns) truncar a única via, ao centro, com ocupação inteligente do território, a linha da Beira Alta, inventando uma nova ligação ferroviária de Aveiro a Viseu. Entretanto, enquanto Coimbra parece começar a acordar da letargia política que permitiu tais desmandos, tamanhas agressões, a Refer está, muito bem, autorizada a iniciar as obras de modernização das linhas do Norte, Oeste, Douro e Minho, ficando a faltar – porquê?, apetece perguntar – nem mais, a que nos liga a Vilar Formoso.

O antigo Gabinete de Física Experimental da Universidade de Coimbra foi nomeado Sítio Histórico Europeu, único no nosso país, o segundo na Ibéria. Um reconhecimento, enorme, que, afinal – quem não se lembra da Europália? – deverá ser visto como natural. Pena é a "política" museológica da UC. Mas isso deve ser falta, agora, das luzes científicas do século XVIII...

O projeto do Museu Nacional de Machado de Castro, de Gonçalo Byrne, recebeu uma das mais antigas e prestigiadas distinções em arquitetura, o prémio Piranesi/Prix de Rome, pela harmonização do contemporâneo com um edifício histórico com dois mil anos. Pode ser que o galardão – absolutamente fantástico, como dizia Ana Alcoforado, e que sobremodo valoriza também Coimbra – sirva para expurgar, em definitivo, as vozes dos tantos profetas da desgraça que na cidade, de muitos e tão definitivos saberes, sempre se fazem ouvir quando se realiza, ou quer concretizar, seja o que for.

De acordo com o relatório de gestão e contas da Universidade de Coimbra, convenientemente divulgado em tempo de férias, é generalizada e significativa a quebra nas suas atividades – estamos bem, pois! –, designadamente ao nível do Gil Vicente, do palácio de São Marcos, do estádio universitário, do Exploratório, também do Museu da Ciência. O único valor positivo foi o das visitas à universidade, que aumentaram 19%, mas tal (quando as novas são boas...) já o Reitor tinha anunciado.

Depois da queda de uma ramada de pinheiro imponente, na Solum, sobre dois automóveis, o meu maior receio é que a ocorrência venha a acicatar os ânimos daqueles que, incomodados com as árvores, magníficas, em bom tempo plantadas por Mendes Silva, advogam, seja por que razão for, o seu corte. Sem, sequer, como recorrentemente tem acontecido, se cuidar da substituição impreterível.

Estava muito esperançado que o Gin tasting 2014, organizado pela Essência do Vinho, chegasse, por fim, a Coimbra. Afinal, uma pena, ainda não foi este ano (a extensão foi apenas a Lisboa), o que nos obrigará, um dia destes, a uma ida, valha-nos ser na região, até Leiria.

O União de Coimbra vai ser clube satélite do União da Madeira?! A ver se consigo entender...

António Cabral de Oliveira




A 26 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O novo Mapa Judiciário – e já nem falo no polémico encerramento e desclassificação de tantos tribunais de comarca – retira o distrito de Aveiro (até os responsáveis políticos locais, uma excecional exceção, afirmaram discordância) da Relação de Coimbra. O entendimento do território que este governo, sobretudo o ministério da Justiça, (não) tem – e expressa – é, de facto, um espanto de incoerência. Desde logo quando a Mealhada, nossa vizinha e parceira da Comunidade Intermunicipal...passa para o Porto. Melhor, Paula Teixeira da Cruz, seria impossível!

Em trabalho jornalístico sobre exportações que, no Centro, já utilizam o comboio até Paris, leio, numa entrevista ao credível Expresso, que "as linhas ferroviárias existentes servem-nos perfeitamente". E, também, que "a única limitação na circulação de comboios entre Portugal e Espanha é a incompatibilidade das redes elétricas ferroviárias dos dois países". Porque quem o afirma é um empresário do setor, pode ser que agora alguns políticos regionais se comecem a preocupar, antes, com o que é de facto essencial e não com interesses e protagonismos locais. Para, também aqui pela Beira, conseguirmos ir a algum lado...

Uma pretensa "macrorregião do Noroeste" (?!) passou a ligar os municípios de Braga, Guimarães, Porto e Aveiro, respetivas universidades e também empresas, no que se diz ser uma "marca internacional" com competências em projetos de investigação, investimento e comunicação. Região Norte, Região Centro, isso é o quê?

Depois de ouvir Rui Alarcão na moderação de um debate com os reitores das Escolas de Coimbra e de Alcalá, fiquei com a absoluta convicção de que, afinal, todos – mas todos – os dirigentes máximos de uma universidade, qualquer ela seja, têm direito ao título de Magnífico. Ainda bem que os diretores das nossas secundárias (antigos liceus) já são isso mesmo e não reitores: é que, com tamanha "democratização", poderíamos correr o risco de...

O executivo camarário aprovou por unanimidade o estudo prévio para a transformação da igreja do convento de S. Francisco (era, enorme, depois da Sé Nova, o segundo maior templo de Coimbra) em complementar Centro de Artes. Uma ideia excelente que, depois das vicissitudes ditadas pela incompreensível cedência à diocese, quer assim ganhar, por fim, capacidade de execução por caminhos que se auguram com menos escolhos do que os da obra vizinha.

A Câmara Municipal mostrava-se, um dia destes, muito satisfeita com a aquisição de duas novas varredoras mecânicas. Por mim, confesso que gostei francamente mais de encontrar, há pouco tempo, em plena baixinha – aliás à semelhança da brigada da junta de freguesia dos Olivais – uma senhora, funcionária não interessa de que entidade, equipada com uma simples vassoura e um não menos singelo carrinho de mão, a fazer assim personalizada recolha de detritos, que a todo o momento persistimos em lançar para o chão. E o bom resultado, exemplar, era bem evidente naquelas antigas ruelas...

As mais das micro e pequenas empresas (a maior parte do nosso tecido "produtivo"), li, não têm ligação à internet. E concluo, até eu, quase leigo nestas coisas das tecnologias de informação, que, assim, em termos do tão badalado empreendedorismo, vamos longe...

E é na certeza – surjam os projetos e a vontade de os executar – de que haverá dinheiro para o património, mas também reconfortada com alguns momentos sublimes do Festival das Artes (este ano dedicado ao tema), que a crónica volta a banhos. Até setembro, boas férias.


António Cabral de Oliveira

A 19 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A presidente da CCDRC, em entrevista ao JN, independentemente do que o jornal quer sugerir através de títulos e chamadas (mas isso são outras estórias de outros jornalismos), defende, em relação à ferrovia para Espanha, a atual linha quando diz que "se a manutenção e a qualificação o permitir, não estamos em condições de fazer (...) novas". Entretanto, e para além dos pareceres conhecidos que apontam para a continuidade do atual corredor, o secretário de Estado dos Transportes terá referido, em Viseu, que "trata-se agora (!) de discutir a alternativa (?) técnica, se temos uma modernização da linha da Beira Alta se uma ligação nova". E, enquanto garantia que a cidade, muito bem, será servida por comboio – um ramal a partir de Nelas ou Mangualde? –, anunciava, ainda, o início das obras de transformação do IP 3 em autoestrada já em 2015. Como pretensa contrapartida, esta, de nova cedência, sempre em prejuízo de Coimbra, às forças nortistas?

Assim, de uma só assentada, ficou a saber-se que, em Coimbra, os sites da câmara e dos hotéis ignoram a, discursivamente, tão propalada classificação da UNESCO; que a região Centro, pouco competitiva, sem estratégia e sem identidade turística (alô Pedro Machado), está na cauda do ranking hoteleiro nacional; e que – para protocolos, acordos e outros salamaleques temos nós jeito – a universidade recebeu a cerimónia de criação, valha ela o que valer, da Rede Património Mundial em Portugal.

É uma original singularidade aquela que se passa com as obras públicas em terras mondeguinas: ou não se constrói nada, ou as poucas que são executadas – vejam-se o nó de Soure da A1 e a ponte do Cabouco, na estrada da Beira – não entram, para além das reiteradas promessas, em utilização...

Houve, com certeza, razões muito ponderosas e intrincadas para demorar tanto, meses atrás de meses, a abertura do arruamento entre a Oficina Municipal de Teatro e o quartel dos Bombeiros Sapadores. E nem a "dimensão " da obra e a "complexidade" dos trabalhos – sempre são coisa de cem metros e, poderia julgar-se, uma orografia difícil em solo granítico! – justificam a delonga. De qualquer jeito, embora ainda sem os passeios concluídos, a cidade, assim paciente, mas sem querer chegar até ao próximo, agradece o empenhamento do anterior e do atual executivo...

O Rali de Portugal volta ao Norte em 2015, sendo que não é ainda para o ano que, contudo, regressa aos troços da Beira, à mítica Arganil, território, afinal, fundador da prova. Diz-se que, por causa da FIA, tal não é possível agora, porventura apenas de 2016. E eu a pensar, afinal maledicente, que era tudo, "desportivamente", uma questão de dinheiro...

O pátio do Machado de Castro, para além do arrendamento previsto há muito para algumas atividades sociais de caráter particular, mantém-se, aliás na sequência do que sempre tão calorosamente defendeu a sua diretora, como indispensável ponto de encontro entre a cidade e a instituição. Aberto e disponível, o belíssimo espaço aí está, felizmente, para simples desfrute nosso, para acolher manifestações culturais ou comunitárias.

Neste tempo de lamentável incremento dos incêndios florestais, em que é pedido esforço tamanho a esse exército da paz, assalta-me a mente, agora, por contraste, aquela Associação "Humanitária" de Bombeiros "Voluntários" onde, não interessa qual nem quando, em dia não longínquo, se entrou em greve "a qualquer serviço de socorro" por alegado incumprimento salarial! Lembrar-me eu dos tempos em que, os que podíamos, até as botas pagávamos...

Substantiva e de grande pertinência – olhando o futuro de Coimbra – a quase "carta aberta" que José António Bandeirinha dirigiu ao presidente da Câmara Municipal; curiosa a ideia do Clube dos Tipos, que procura dinamizar a tipografia clássica; do Festival das Artes, imperdível em acompanhamento diário, destaco, hoje, especialmente pelo seu significado, o concerto na Sala dos Capelos; a Pilsener da Praxis, parabéns Baptistas, foi a melhor em festival de cerveja artesanal; o agora rapper Boaventura Sousa Santos promoveu na cidade importante colóquio internacional que congregou mais de 600 investigadores; e a Assembleia Municipal, na sua imensa relevância política, reuniu.


António Cabral de Oliveira

A 12 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Perante o incompreensível alheamento da cidade, e ao contrário da vereadora da Cultura, estive no Machado de Castro, no passado sábado, para, na sequência da muito meritória (mas no caso insuficiente) iniciativa "Tesouros Partilhados", acolher – temporariamente e por empréstimo, imaginem! –, a rica e belíssima Cruz de D. Sancho I, também para tentar encontrar resposta para a questão, com que fui repetidamente confrontado aquando do último Dia dos Museus, sobre a localização, ali no MNMC, da peça. E porque continuo insuficientemente esclarecido, pergunto ainda: se, há exatamente 800 anos, o nosso segundo rei mandou fazer aquela alfaia litúrgica, declarada, concreta e especificamente para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, alguém me poderá explicar porque está ela no Museu de Arte Antiga, em Lisboa?

Na cerimónia celebradora do Dia do Município, gostei do discurso, rigoroso e abrangente, de Manuel Machado; aplaudi de ambas as mãos, relevantes, os protocolos ratificados com a APPACDM e a Escola Nacional de Bombeiros; e cansou-me a repetição, outra vez, de anúncios e atos sobre a abertura da mata do Botânico. Em paralelo, fiquei com a certeza de que a exposição fotográfica "Coimbra vista por Varela Pécurto" – um abraço de enorme respeito e amizade –, ali, na em boa hora recuperada Sala da Cidade, ou em qualquer outro local de semelhante dignidade, merece, deve poder ser vista...e admirada por todos nós, não apenas até 13 de setembro, mas permanentemente. Para, assim olhando o passado, melhor construirmos o futuro!

Observo a infografia que ilustra uma peça jornalística sobre a vaga de deslocalizações, para o nosso país, de serviços e centros de inovação de multinacionais – que já criaram mais de 10 mil postos de trabalho – e, quanto a centros de serviços partilhados, conto um no Fundão, Tomar e Elvas; dois em Braga, Viseu e Évora; quatro no Porto; e 22 em Lisboa. Coimbra...não consta. Significativamente!

PSD, CDS e PCP (que persiste no comboio) votaram contra um projeto que apontava para a finalização do Metro Mondego, o que nos leva a ficar gratos a quem, na AR, nomeadamente os deputados do círculo, defende, destarte, com ou sem declaração de voto, os desígnios partidários e não os do país real que os elegeu. Enquanto isso, o secretário de Estado dos Transportes garantia que não haverá nem um euro para o metro de Lisboa se não houver igual aposta no do Porto, o que, face a tanta preocupação de igualdade no tratamento, de equidade, obriga a outro agradecimento de Coimbra...agora pela marginalização permanente!

Fui amesendar, neste entretanto, a três restaurantes, de grande simplicidade, onde, em todos eles, sem exceção – Adega da Portela, Sereia do Mondego e D. Elvira – e para além de algumas limitações em termos de espaço e de serviço, me foram apresentadas muito boas refeições, de inatacável qualidade quanto a produtos e confeção. E, a propósito da habitual lengalenga de que não há bons restaurantes em Coimbra – também certo do quanto bem se refeiçoará em tantas casas da nossa cidade – , dei comigo a pensar se a divergência de opiniões será devida a limitação minha, ou, pela inversa, à elevadíssima exigência de outros palatos. Ou, porventura mais certo, à pouca ou nenhuma frequência de tais estabelecimentos por parte dos muitos que, generalizadamente, os criticam...

Ao invés de tantos de nós, que só lhe apontamos defeitos, sete publicações italianas e alemãs, evidencia-o estudo da Cision, destacaram Coimbra, o seu património construído e gastronómico, enquanto destino turístico.

Por uma vez, o presidente do município de Viseu tem razão: a linha da Beira Alta não é alternativa à ligação a Espanha - ela é, e bem, a ligação ferroviária a Espanha; a AAC, sejamos sérios, parece recear que o aumento de 2,14 euros por ano (dois finos, três bicas?) no valor da propina afaste novos alunos da universidade; Ana Alcoforado foi, naturalmente, reconduzida no cargo de diretora do Museu Machado de Castro; morreu Delgado Domingos, os meus respeitos, que tanto se bateu contra a opção nuclear e a coincineração; uma empresa de Coimbra amplia para 14 – pena não incluir, uma atençãozinha, a nossa cidade – a sua oferta de guias turísticos para telefones inteligentes; sei bem que é um simplicíssimo pormenor, mas tenho pena que nem todos os autocarros dos transportes urbanos ostentem, nestes dias festivos, o singelo par de bandeirolas com as cores nacionais e da cidade; e, participada e respeitosamente, a imagem da Rainha Santa, em procissão, regressou, por três dias, ao centro histórico da urbe de que é padroeira.

António Cabral de Oliveira

A 5 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Em vez de se preocuparem com a defesa da indispensável e urgente requalificação da via em terras de Espanha, impressiona a capacidade de resiliência dos responsáveis políticos do chamado Eixo da A25 quanto ao seu projeto de uma nova ligação ferroviária a norte do traçado inicial da linha da Beira Alta. Que o país quer, e bem, modernizar no seu todo. Assente em iguais pressupostos de desenvolvimento, abandonando os territórios hoje servidos, nem o sobrecusto de obra nova demove quem, a caminho das "metrópoles", persiste em tudo querer afastar de Coimbra. Pobre Região Centro, centro de nada...

Foi com alguma angústia que percorri, no passado domingo, pela primeira vez sem o renque central de plátanos, a Emídio Navarro. Isto apesar de, detivesse eu essa capacidade, poder também deliberar...exatamente no mesmo sentido. Falta agora concretizar, e de forma célere, desafogada alameda, obviamente ladeada de árvores, amplos passeios, boa iluminação, enfim uma artéria que, entre a rotunda do Parque Verde e a Estação Nova, dignifique aquele já nobre espaço urbano. E, de preferência, por fim, com o alinhamento do hotel Avenida!

Uns, lembrando porventura a expansão, foram, muito bem, celebrar os seus 800 anos junto do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Eu, provavelmente sozinho no propósito, visitei o local fundador, a Universidade de Coimbra. Sempre com o futuro Museu da Língua Portuguesa, aqui, no pensamento.

Atento na última crónica (DC. 24-06-14) de Jorge Cravo – que muito respeito enquanto cultor da Canção de Coimbra – e gela-se-me a alma. Queira Deus que, de facto, e finalmente, os depositários dos poderes locais, ao lê-la, acordem. E, sem desculpas ou subterfúgios, enfrentem, com decisão, o trabalho, as contrariedades que os caminhos, todos e sempre, apresentam.

A propósito da avaliação das unidades de investigação portuguesas, anoto a relevância, ainda, da universidade de Coimbra. E, sem perder a ideia exigente da uma permanente procura do "excecional" – só alcançável com muita dedicação e empenhamento –, quedo-me, apesar de sobressaltado com os cortes de financiamentos e os parcos valores no Programa MIT, um pouco mais tranquilo...

Coimbra, depois de Lisboa e Porto, está, indesejavelmente, com 17 mortos no primeiro semestre do ano, no topo da sinistralidade rodoviária. Se, naquelas, os valores podem radicar no volume de tráfego automóvel, aqui (até quando?), só a insuficiente rede de estradas, a secundarização viária a que somos votados, poderá fundamentar tão lamentável realidade. honrarias

A praia de Palheiros e Zorro, junto a Torres do Mondego, ostenta agora quatro distinções: Qualidade de Ouro, Praia Acessível, Praia Saudável e Bandeira Azul. Um outro orgulho coimbrão, mesmo para quem não goste de praias fluviais...

Não tive o privilégio da surpresa. Mas registo a valia da iniciativa dos Antigos Orfeonistas quando decidiram, já pela segunda vez, ir até à Baixa para um "flash mob" (porque não...provocar uma aglomeração instantânea de pessoas?) que terá voltado a deleitar os transeuntes. Assim, sim, cantando, também se promove a cultura, se divulga Coimbra.

A cidade, em festa (ontem, na cerimónia do Dia do Município, a câmara – já nada nem ninguém as merece? –, não outorgou honrarias ou distinções), celebra a sua Padroeira, em ano de procissões, com programação diversificada, que se alonga até 13; o centenário do nascimento de Joaquim Namorado foi, naturalmente, assinalado na urbe; preocupante, parece, o estado – que se exige reversível – a que deixaram chegar o iParque; exemplar a vida da APPACDM de Coimbra, que agradeceu o apoio a uma cidade que lhe está grata há muitos anos; tantas vezes anunciada, agora apresentada, aguardo, expetante, a requalificação (a “maior intervenção em mais de um século” ou "intervenções subtis em sítios precisos e rigorosos"?) do sempre magnífico Jardim Botânico; e, soubesse eu fazê-lo, e correria o risco de poder vir a ser convidado pela flor de distraída conterrânea para, assim se recuperando a tradição, dar um "pé de dança", logo à noite, no Baile da Rosa, ali na praça do Comércio...

António Cabral de Oliveira