quinta-feira, 25 de abril de 2013

A 20 de abril ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR    

Coimbra tem o pior, o mais degradado parque habitacional da Região Centro, diz o INE. O que se percebe, atendida a sua maior dimensão. Mas o instituto das estatísticas releva, ainda – mau grado o algum esforço municipal que vemos em parte da Alta da cidade, nomeadamente na antiga Rua das Fangas – uma fraca taxa de reabilitação. E essa incapacidade, essa falta de investimento é que, de todo, já não se compreende...

Entre 31 de maio e 7 de junho Coimbra vai ser – logo a designação irrita – "Capital" Jovem da Segurança Rodoviária. Sete dias?! Mas a preocupação não deveria ser permanente e alargada a todo o país? Sobra-nos, enfim, a pintura do trólei, que ficou apelativa, e a esperança de um dia o município, sobretudo o (também agora) seu parceiro ACP, alcançarem concretizar, no Bolão, a Aldeia do Mundo Automóvel, promessa antiga de Carlos Barbosa que, prolongando a visita ao Portugal dos Pequenitos, permitiria, a nível nacional, a criação de um outro campo de fantasia para os mais novos, onde, a brincar, por entre figuras de bombeiros e polícias, aprendam, afinal, a bem conduzir, a bem cuidar da prevenção. E então teremos, efetivamente, em Coimbra, segurança rodoviária.

Em reunião com autarcas da CIM do Baixo Mondego, a REFER terá admitido a reabertura do ramal ferroviário Figueira-Pampilhosa. Admitido?! Que fique bem claro, em nome do desenvolvimento sustentado da região e do país, que a linha não pode, tem de ser reativada.

Coimbra apela ao Presidente da República para não promulgar a proposta de Decreto que congrega em quatro os atuais 18 sistemas municipais do setor das águas. No estertor final de um processo impensável, a autarquia procura – não acredito que com um mínimo de êxito – evitar mais uma imposição, nova prepotência do central sobre o poder local, que, sem grande controvérsia, fomos, com imensas culpas para o municipalismo, deixando degradar, lamentável e absolutamente, na sua autonomia e dignidade.

A candidatura da Universidade da Coimbra a Património Mundial da Humanidade mostra-se, depois dos aeroportos, numa rede de (no nosso país, não podia deixar de ser!) centros comerciais. Quando pouco mais poderemos fazer, sobretudo em termos de divulgação internacional – junho é já amanhã –, valha-nos, enfim, substantivamente, a efetiva valia dos conteúdos edificados e imateriais do projeto.

Cirurgia pioneira no campo da transplantação renal – parabéns Alfredo Mota – reitera a (ainda) excelência da medicina de Coimbra; a criação de um corredor da alta tecnologia entre Aveiro, Coimbra, Cantanhede e Covilhã (julgo que de norte para sul, do litoral para o interior) foi proposta em conferência do "Expresso" que decorreu na urbe da ria, um projeto que, indo ao encontro das fusões universitárias que o futuro nos parece reservar, reinsere na Região Centro terras que, com tanto receio de influências do Mondego, se deixaram enlaçar pelo Douro; e estão esgotadas as três edições que contratualmente trouxeram a Coimbra a final da Taça da Liga, esperando a cidade – também pelas suas excelentes condições geográficas e em equipamentos – que aquela festa do futebol por aqui se mantenha.

A revista "C" regressou esta semana, com uma periodicidade mensal – sei bem, António Abrantes, um abraço, das dificuldades que afetam a imprensa – que nos poderá levar a pensar, tamanho o espaço temporal entre edições, estarmos perante um título novo sempre que a virmos nos escaparates; e a repartição de finanças da Ladeira do Batista foi assaltada, em prova provada de que os nossos ladrões, bem informados, sabem quem nos leva o dinheiro...

António Cabral de Oliveira

A 13 de abril ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

O possível encerramento do Centro de Saúde Militar de Coimbra (o antigo Hospital Regional nº.2) e do Centro de Tratamento Postal dos CCT, em Taveiro, esteve em análise na reunião semanal do executivo autárquico. A sanha contra as estruturas descentralizadas do Estado, a hiperconcentração de tudo e mais alguma coisa na capital, mantém-se e aprofunda-se no cada vez mais centralista país da Europa. Quando daremos, todos, indispensável murro na mesa, quando seremos nós capazes de, sem distinção de credos partidários, mostrar, no terreno, que há mais Portugal além de Lisboa?...

Entretanto, contrariando o peregrino projeto político dos Programas Operacionais Regionais virem a ser geridos de forma centralizada (também era só o que nos faltava!), o governo terá assumido o compromisso de as Comissões de Coordenação manterem – naturalmente, apetece acrescentar – a administração daqueles fundos comunitários. Sendo talvez um pouquinho má-língua, este terá sido – e, com certeza, não foi – a primeira grande consequência, depois de tanto mal ter deixado feito ao poder local e à regionalização do país, da demasiadamente tardia demissão de Miguel Relvas.

Os Bombeiros Voluntários celebraram, com digna simplicidade, os seus 124 anos, enquanto homenageavam, muito justamente, o benemérito Fernando Simões Ribeiro. Em vésperas, pois, de outra efeméride relevante, e por entre imensas dificuldades – se fosse fácil, eu próprio serviria para a sua administração –, sobra-nos, para além das promessas, a esperança de, para o ano, podermos assinalar o aniversário com o início da concretização, adiada por tantos anos, da renovação, apoiada pelo município, do quartel da Fernão de Magalhães, um equipamento indispensável, necessariamente não megalómano, antes adaptado às necessidades de Coimbra e às circunstâncias do país.

Depois das Noites do Parque, o Baile de Gala e o Chá Dançante, da Queima das Fitas, vão para Santa Clara, para o Convento Novo. Acaba o Japão, alcança-se, assim também em termos de tradições académicas, a cidade das duas margens. Pelo menos enquanto a Serenata e o Cortejo se mantiverem, admitindo um lá, do lado de cá...

Não acho, seguramente limitação minha, a mínima graça às Confrarias Gastronómicas que, em imensidão inacreditável, se derramam, em respeitável defesa seja de que manjar for, pelos quatro cantos do Portugal inteiro. Mas uma coisa tem de magnífico a nova irmandade de Almalaguês, dedicada, creio, aos negalhos, que adotou, como traje, o despretensioso, mas delicioso, saco do picotilho. Um exemplo no meio das enchapeladas extravagâncias que por aí campeiam.

O próximo Congresso Nacional do PS, que as estruturas locais queriam se realizasse em Coimbra, não vai decorrer na cidade por, dizem, falta (?!) de pavilhão suficiente. Mas – continuamos guardados para coisas menores (embora significativas) –, aqui se celebrará, nos Olivais, o 40º aniversário daquele Partido. Perdemos o debate sobre o futuro, ganhamos, voltamos a ganhar, simbólico, um olhar para o passado...

O Rali de Portugal, tudo o indicia, vai regressar ao centro do país, muito concretamente a Arganil, terras que se tornaram míticas para aquela modalidade desportiva. Relevantíssimo para a Região das Beiras, eis, pois, um acontecimento que importa acarinhar e, efetivamente, apoiar com o melhor do nosso entusiasmo e capacidades.

João Mesquita, que em dia triste e prematuro nos deixou – apesar de, com o seu o seu olhar questionador, sempre cofiando o bigode, continuar connosco – foi, com justeza inteira, evocado na FLUC, que recordou o cidadão exemplar e o profissional probo que tanto se interessou por esta cidade e suas instituições e, lembrei-o ali especialmente, deu contributo decisivo, fundamental mesmo, enquanto presidente do Sindicato dos Jornalistas, para a criação daquele que é o mais evidente sinal de modernidade da Universidade de Coimbra: a criação, na Faculdade de Letras, do curso de Jornalismo.

Já se sabia que Coimbra – depois de muitos filhos e alguns netos de empreendedores de nome inteiro – quase não tem empresários. Parece, agora, que também não tem, sequer, nem um que tome a liderança do seu Clube...
 
António Cabral de Oliveira

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A 6 de abril ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Neste ano em que já nem a tradição se fez respeitar (depois de carnaval molhado não festejámos, agora, no terreiro), fui, feito citadino - brinco, porque desde há muito vamos ali almoçar, no domingo - passar a Páscoa à terra. E pude, assim, aperceber-me bem do lamentável estado de conservação (?!) da Estrada da Beira que, recorrendo a antigo aforismo popular, em muitos dos seus troços não se distingue já da beira da estrada. Redobrada razão têm, assim, deputados socialistas quando, confrontados com o anúncio de novas ligações rodoviárias em regiões com taxas de execução do PNR praticamente de 100 por cento, perguntam ao governo quando vão ser construídos os diversos itinerários (os IC 6, 7 e 37) projetados - e sempre adiados - para levar progresso e qualidade de vida a terras da Beira profunda, da Serra da Estrela.

A acreditar em tudo o que se noticia - e às vezes é difícil, mesmo muito difícil - terão sido roubadas duas pistolas, imagine-se, do interior do próprio Comando de Coimbra da PSP. Num tempo em que também se deu a conhecer o aumento da criminalidade no distrito, o que nos vale, para além do que por aí vai, são as palavras, a convicção do máximo responsável policial quando assevera que, comparativamente, Coimbra é um paraíso em termos de segurança. Pois ainda bem, porque se o não fosse...
 
Paulo Júlio foi homenageado durante um jantar do PSD em reconhecimento, dizem, pelo "seu desempenho nas funções de Secretário de Estado". Só não percebo porque é que haveria eu de me lembrar, agora, que sorrio sempre que ouço alguém dizer que a ausência de personalidades de Coimbra nos governos nos prejudica!

A água de Coimbra é a melhor do país, de acordo com um estudo da Proteste que efetuou análises nas redes públicas de 42 autarquias. Parabéns, pois, à empresa municipal - um abraço, Marcelo Nuno - que gere o abastecimento da água que, com indesmentível qualidade, brota das nossas torneiras. Entretanto, como curiosidade, refira-se, também na nossa região (mas porquê, se vizinhas?) que Montemor-o-Velho se destaca pelo baixo preço da água, em contraste com a Figueira da Foz que tem o tarifário mais caro.

O Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, que reclama ser o mais antigo da Europa, está a comemorar a relevantíssima efeméride do seu 75º. aniversário. As celebrações tiveram início com a estreia do "projeto H", no Teatro da Cerca, onde está sediada a Escola da Noite - companhia que, aliás, teve a sua origem no TEUC - e prolongam-se por todo o ano, constituindo- se, com certeza, em oportunidade soberana para, a partir delas, todos manifestarmos o nosso apreço e reconhecimento por uma instituição, enorme, que honra sobremodo Coimbra.

Ao longo do último fim de semana, a Direção Regional de Cultura do Centro promoveu uma venda solidária, nos seus museus (que, boa nova, vão passar a estar abertos à hora de almoço), de edições próprias de cultura, arte e música cujos proventos revertem, integralmente, para a Cáritas Diocesana de cada zona onde se inserem aqueles equipamentos; enquanto, em Coimbra, a GNR teve a feliz iniciativa de abastecer dezenas de instituições de solidariedade social com as suas laranjas da Quinta da Lapa dos Esteios, ali mesmo colhidas por funcionários e utentes. Bonitas formas, ambas, de bem-fazer.

Os diários da nossa terra, congratulemo-nos, deram início à edição semanal de páginas sobre a candidatura da Universidade a Património da Humanidade, iniciativa que em muito poderá contribuir para tornar universal uma mensagem que permanece, ainda, demasiado particular; e, no dia 1 de abril - em que a comunicação social dá guarida a habitual mentira - dei comigo, talvez por precaução, a não acreditar em nenhuma das notícias que lia ou ouvia: receio exagerado, ou apenas antevisão do que nos poderá acontecer em futuro não longínquo com a proliferação de novos suportes, sobretudo com a crise que afeta os meios jornalísticos tradicionais?

A direção da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Coimbra, que tinha sido afastada, alegadamente por má gestão, pela respetiva Caixa Central, foi agora louvada, a nível local, julgo que por boa gestão. Confuso? Não, apenas Portugal, o nosso país, no seu melhor...

António Cabral de Oliveira

A 30 de março ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR    
O Ramal da Pampilhosa, que faz a ligação com a Figueira da Foz, na Linha da Beira Alta – ou, pelo andar da carruagem, na ex Linha, nem sei –, está já a ser desmantelado, com a retirada dos carris. E é imenso o sentimento de revolta que me invade perante a menoridade, a insensatez de quem detém (mas como é possível?!) a capacidade de tal decisão, absolutamente lesiva dos mais efetivos interesses da região e do país. Quando, noutras zonas, a ligação ferroviária a portos é, e bem, investimento prioritário, aqui retira-se o que os antigos, também bem, construíram. Inadmissível…

As devolutas instalações do extinto Governo Civil mostram duas placas que conflituam, julgo, entre si. E se é legítimo aos proprietários do edifício anunciar o seu propósito de arrendamento, já a que identifica (ainda?!) a antiga representação governamental deveria ter sido, há muito, retirada. Para não parecer, aos passantes, que, puro engano, é o MAI – e não desconhecendo ninguém as dificuldades por que passa o Estado que temos, há que manter, contudo, um mínimo de dignidade – a querer trespassar o belo imóvel. Façam, pois, o favor!

Porventura para mitigar o opróbrio do aumento do preço da água, Assunção Cristas esteve em Coimbra onde, finalmente, se assinou um acordo de parceria que viabilizará – esperemos que agora de forma mais lesta, não para as calendas gregas – o desassoreamento do rio Mondego. Entretanto, outra belíssima notícia, a ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento Território (pronto, lá vai ficar outra vez enorme a croniqueta) esteve ainda em Montemor-o-Velho para, é verdade, adjudicar empreitada – cuja conclusão tanto demora, mas de novo se promete – da Obra de Fomento Hidroagrícola.
Nada correu bem na apresentação, no emblemático Café Santa Cruz, do livro “A Cidade e o Turismo”, da equipa liderada por Carlos Fortuna. Desde logo, pela ausência dos responsáveis pelas entidades turísticas regional e municipal, também das escolas que se ocupam do ensino de tão relevantes matérias para o desenvolvimento de Coimbra. Depois, pelas prestações, muito aquém das expetativas, dos sábios convidados para aprofundarem – criteriosamente, supunha – a obra. Enfim, no meio de tamanhas insuficiências (a pressa, as vaidades), valha-nos, porém essencial, a sistematização, o valor intrínseco, o conteúdo do trabalho editado.
Visitei, e gostei de visitar, no Parque Verde da cidade, a segunda edição da Feira da Floresta, iniciativa muito válida que ali fez congregar, para além de muito público, estudiosos, instituições e empresas de uma das fileiras mais relevantes, seguramente, para a nossa economia e desenvolvimento. E visitei, também com todo o aprazimento, o Centro Hípico do Choupal – estrutura magnífica a merecer, para além dos esforços da sociedade civil, uma muito maior atenção por parte das entidades oficiais –, onde, ao longo do fim de semana, centenas de jovens disputaram provas diversas, sempre com o cavalo, tão benquisto na região mondeguina, como figura central.
Ainda desportivamente, enquanto celebramos a realização da Maratona BTT Cidade de Coimbra – nunca tinha visto tanta bicicleta nem tantos maratonistas tão cheios de lama (aquilo não é sujidade, com certeza) –, importa saudar, desde já, a possível criação, na urbe, do Centro de Alta Competição de Natação, assim dando a melhor utilização ao magnífico complexo de piscinas com que estamos dotados.
Depois da consolidação da Semana do Cinema Francês, a cidade volta a integrar, excelente, o roteiro da “Festa do Cinema Italiano”, com a exibição de doze filmes, nos primeiros dias de abril, no TAGV; no Gil Vicente, na Oficina Municipal e na Cerca de S. Bernardo celebrou-se, em prova de indesmentível vitalidade, o Dia Mundial do Teatro; e Coimbra vai ser sede – são estas iniciativas que nos distinguem – de um prémio literário, de poesia, de âmbito nacional, instituído sob a égide de Natália Correia, conforme anunciou o também poeta António Vilhena (um abraço) que tem vindo a dinamizar a “Tertúlia Memória e Literatura”, mensalmente, no belíssimo espaço “BE Poetry”, na Rua do Corvo.

Neste tempo, também com a eleição do Papa Francisco, de renovada esperança para todos, uma Santa ou Feliz Páscoa.
António Cabral de Oliveira

A 23 de março ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Cidadão enorme na sua imensa estatura cultural e de erudição, também inigualável em capacidade de bem-fazer, Aníbal Pinto de Castro foi homenageado pela Câmara Municipal de Coimbra, Universidade, Santa Casa da Misericórdia, Confraria da Rainha Santa e Casa da Infância Elísio de Moura com a inauguração de um busto que fica a perpetuar, no Claustro do Colégio da Sapiência, a memória de uma vida, riquíssima, de professor e humanista. E a comunidade, reconhecida, revê-se e associa-se, por inteiro, a um muito, muito justo preito.
Quando o Exército se propõe vender (parte) do antigo Quartel-general da ex-Região Militar do Centro, talvez esta seja a oportunidade para ali se instalar – até pelo significado do local, o primeira a deixar-nos – um museu de memórias dos tantos serviços descentralizados do Estado que entretanto Coimbra perdeu. Enquanto isso, o ministério da Economia diz-se empenhado num plano sustentado de relançamento da construção e imobiliário que, evidentemente com verbas do QREN, se ancora na reabilitação urbana. A ver vamos se é desta que a SRU coimbrã consegue, por fim, concretizar o seu primeiro projeto…
Tem tanto de curioso quanto de vasto o pertinente “Mal Dito, Festival de Poesia”, iniciativa que, até amanhã, tem feito, nesta sua primeira edição, brotar versos em cada esquina da cidade. E que bem nos tem sabido ouvir dizer alguns dos nossos poetas, ver outros assinalados em muro recordatório, olhar comboios ou pombos correio que levam poemas consigo, percorrer feira do livro que lhes é dedicada, enfim, participar, na “Lápis de Memória”, a fundamental “Tributo à Poesia”. O meu, o de quase todos nós…
Por entre chuva e temperaturas baixas – para não dizermos frio –, chegou, tristonha, a primavera. Para além de simbólica plantação de árvores na Sereia, válida iniciativa da municipalidade, valha-nos, se tanto for o caso para nos aquecer a alma, a noticiada vinda, dentro de um ano – aprofundaremos, entretanto, em que condições – de uma, garantem, absolutamente magnífica coleção de 10 mil orquídeas para o Jardim Botânico (cedência por 30 anos, por parte de dois jardineiro/colecionadores finlandeses que passam a residir na cidade) e que fará com que aquele excelente espaço verde fique dotado com um dos maiores orquidários da europa. Só nos fica a faltar, e estou a lembrar-me do de Miguel Albuquerque, na Madeira, um jardim, nesta cidade, vá lá saber-se porquê, exclusivamente dedicado às rosas…
Cumprindo, afinal, antiga tradição e desiderato moderno, a Universidade de Coimbra – que, muito bem, tem já a funcionar, no antigo espaço dos CTT, a Casa da Lusofonia – é, com cerca de dois mil alunos, a preferida dos estudantes brasileiros quando se propõem estudar fora do seu país. Entretanto, o embaixador da China, também significativo e relevante, veio até nós elogiar as Escolas.
Para o jornal britânico “The Guardian”, aí está uma notícia que nos importa, o “Fado ao Centro” é, em Coimbra, um dos quinze locais a visitar em Portugal. A jornalista Joanne O’Connor, porventura enternecida pelas serenatas que os estudantes faziam às suas amadas – só no passado? – nota viver-se ali, no Quebra-Costas, acentuada pela tradição própria da cidade, quando comparada com Lisboa, uma experiência bem mais intimista e autêntica.

O Centro de Cirurgia Cardiotorácica do CHUC – considerado o melhor serviço do país, assim contribuindo, decisivamente, para a excelência da medicina em Coimbra, está a celebrar, parabéns Manuel Antunes, 25 anos de atividade. A ESEC-TV, mais nova, comemorou o décimo aniversário – o prazer com que semanalmente a encontro, na RTP 2, às quartas-feiras –, efeméride que serve para, em abraço ao Francisco Amaral, felicitar toda a sua jovem equipa. Fazer dela a televisão de Coimbra? E porque não?
António Cabral de Oliveira
 

sábado, 13 de abril de 2013



Olá PL´s!!

Tenho um novo desafio pela frente, um programa de uma rádio recente de cá sobre nutrição!
Ando a pensar em nomes mas ainda não cheguei a nenhuma decisão, pelo que, a sugestão da prima Joana, vinha pedir-vos se tivessem alguma ideia, estou aberta a sugestões :)

Tenho que enviar o nome até esta 2ª feira, 15 de Abril!!
Obrigada desde já e continuação de Excelente Fim de Semana!!:)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

«Comer como gente grande»

A nossa dietista PL, no passado dia 7 de Abril, deu uma entrevista ao DI (Diário Insular) e eu aproveito para a disponibilizar por aqui para todos verem. :)

Parabéns prima!!


Comer como gente grande
 CATARINA PEDROSO DE LIMA

É dietista por vocação e não se imagina a fazer outra coisa. Catarina Pedroso
Lima desenvolve, na Terceira, um trabalho de nutricoaching, que vê na
motivação a sua base de sucesso. A dietista falou a DI sobre nutrição infantil e
lembra que a boa alimentação dos mais novos pode mesmo ser associada a
melhores níveis de rendimento escolar.


Nas suas consultas de nutrição tem vindo a desenvolver um trabalho de nutricoaching. O que é que este conceito implica?
 
Tirei um curso de especialização nessa área.
Trata-se de uma vertente do coaching que me despertou interesse. Desde que terminei o curso, tenho vindo a dar consultas de nutrição e a motivação é sempre o grande problema. A desistência das consultas de nutrição, por exemplo, continua a persistir. Através de uma pesquisa, deparei-me com o conceito de "nutricoaching" que passa pela transformação da consulta de nutrição, insistindo na motivação através de exercícios. Na consulta de nutrição, estamos mais formatados para dizer às pessoas aquilo que elas têm de fazer, o que têm de comer; ali há um trabalho de parceria. O utente e o profissional, em conjunto, encontram as soluções para o problema. A abordagem nas sessões de nutricoaching é mais voltada para a vertente psicológica e motivacional, e não tanto para as questões nutricionais e de dietoterapia.


E como é que funcionam estes exercícios de motivação? Quais são as suas dicas?

Em primeiro lugar, quando se vai a uma consulta de nutrição é mesmo preciso querer fazê-lo. Não funciona só porque a família o ou amigo o aconselham. O nutricoaching passa por fazer a pessoa perceber porque é que a dieta ou o plano alimentar - isto é, a mudança - é realmente importante para ela e o que é que pode ganhar com isso. Nas consultas de nutrição também se faz esse trabalho: é mais virado para a informação e o trabalho no psicológico é inerente a essa transmissão de conhecimentos. Mas é muito importante fazer, acima de tudo, com que a pessoa tome consciência da relevância dessa nova dieta: se se sente feliz e o que pode ganhar com a nova mudança. Deve atuar-se ao nível da causa e não da consequência, porque pode acontecer que as pessoas voltem a ter os mesmos problemas. Sucede muito, aliás, termos pessoas que nos dizem ter seguido um plano alimentar durante algum tempo e que, depois, voltam ao que eram antes.
Ou seja, o que despoleta o problema (podem ser motivos emocionais, por exemplo) mantém-se.


Trata-se de uma prática recorrente nos Açores?


Que eu tenha conhecimento não, até porque se trata de um conceito bastante recente. Ao nível nacional, já começa a haver e há até um
site na internet que apresenta uma rede com estes profissionais. A mentora deste projeto, a nutricionista Joana Costa, tem vindo a trabalhar no sentido de incluir este tipo de abordagem nas licenciaturas de nutrição.


Esse trabalho também pode ser desenvolvido com crianças?

 
Não vejo qualquer impedimento, embora tenha trabalhado este conceito na vertente dos adultos.
Do que entende pela sua experiência profissional, o excesso de peso e a obesidade na infância são problemas relevantes nos Açores?
Os Açores são das zonas do país com taxas mais elevadas de obesidade infantil. Penso que as pessoas ainda estão pouco consciencializadas para a questão e ainda há muito a ideia de que a criança tem de comer muito, pois está a crescer e, às vezes, alimentos que não lhe fazem tão bem. As crianças "cheiinhas" ainda são vistas como as crianças com saúde, com bom aspeto. Sem dúvida que a infância é a altura chave para começarmos a incutir hábitos. Depois de adultos, depois desses hábitos já estarem enraizados - e isso vê-se nas consultas de nutrição - é muito mais difícil alterar rotinas e práticas. A cura, mais uma vez, está na prevenção.


Quais são, na sua opinião, os maiores erros que se cometem na alimentação dos mais novos?


Um dos maiores erros tem que ver com o pequeno-almoço. Ainda há muitas crianças que vão para a escola sem tomar esta refeição. Há estudos científicos que indicam que o pequeno-almoço está relacionado com o rendimento escolar: sabe-se que uma boa alimentação, uma boa nutrição, está associada aos níveis de rendimento escolar superiores. E isso ainda acontece muito: ou não tomam o pequeno-almoço ou levam para a escola aqueles snacks mais calóricos. Nas próprias escolas, já se vai tentando fazer um trabalho mais aprofundado de sensibilização, mas tem de ser um trabalho de parceria entre os pais, os estabelecimentos escolares, os dietistas e os nutricionistas. É uma
tarefa que ainda falta fazer no terreno.


Na maioria das escolas da Região ainda não existe um programa fixo que aborde as questões da nutrição. Como é que vê esta questão?


Nas escolas do arquipélago, fazem-se atividades pontuais nos dias mais lembrados, mas isso só é eficaz se for feito de forma contínua. A culinária saudável, por exemplo, é uma boa atividade. As crianças são muito recetivas, uma vez que se trata de uma atividade que implica criatividade e diversão. Há aqueles alimentos que os mais novos às vezes rejeitam, como é o caso dos legumes e da fruta. Pôr mais cor e animação no prato e pô-las a participar nesse processo é bastante benéfico. Os adultos já têm vícios e hábitos, as crianças estão na fase da aprendizagem. O caso da reciclagem é um exemplo disso. Além disso, para aprender tem que haver prazer.


O que é que está a falhar, nos Açores, para termos dados tão preocupantes no que diz respeito à obesidade infantil? Por que é que prevenção nas escolas ainda não é uma aposta clara?

É inevitável falar dos constrangimentos económicos. Há falta de apoios e nas escolas há falta de profissionais na área da nutrição. Para fazer um trabalho como deve ser, para que haja o acompanhamento devido, faz todo o sentido contar com mais especialistas na área, até para que se possam realizar atividades com mais frequência, até integradas nos
planos curriculares das escolas. Existem países na Europa que incluem aulas de culinária saudável nos seus planos curriculares.


Um dos mitos que ainda persistem no que diz respeito à obesidade infantil tem que ver com a ideia de que o problema acaba por passar com a idade, o que não é verdade.


Exato. As pessoas pensam que os problemas de obesidade acabam por passar à medida que se vai crescendo, o que não é verdade. Aliás, é na infância que se formam as células adiposas, as células que contêm gordura. Daí, ser uma fase tão determinante.


Que problemas podem, depois, perdurar na vida adulta?

 
Muitos: diabetes, hipertensão arterial e outras patologias cardiovasculares, até mesmo doenças oncológicas e do foro psicológico (falta de autoestima...) A obesidade e o excesso de peso arrastam muitas consequências.


Em termos de dieta, o que é que deve ser tido em conta ao longo das várias fases da vida? Há alimentos mais recomendados que outros em determinadas faixas etárias?

 
A roda dos alimentos é sempre uma referência, mas é óbvio que, consoante as faixas etárias, as necessidades nutricionais são diferentes.
A verdade é que é preciso comer um bocadinho de tudo. Não há alimentos proibidos: o segredo é variar, comer um pouco de tudo nas porções certas. Claro que os legumes, as frutas, os cereais integrais - depois a carne e o peixe - são aqueles que devemos comer em maior quantidade.


Quais são os grandes problemas da gastronomia açoriana - que parecem, aliás, estar associados aos números elevados de doenças como as cardiovasculares?

O grande problema na dieta tradicional dos Açores tem a ver com as gorduras, os açúcares... A parte festiva do arquipélago está sempre associada à comida e, realmente, temos uma gastronomia riquíssima, mas que também tem esses desequilíbrios.


Na sua opinião, a falta de dinheiro está associada ao comer pior?
Ainda existe o mito de que a alimentação saudável, ou que "fazer dieta" é caro. A verdade é que os alimentos de que precisamos mais - e que não são propriamente a carne, nem o peixe, mas os legumes, a fruta, os cereais, as leguminosas, sendo estas últimas muitas vezes esquecidas e muito ricos do ponto de vista proteico e mineral - não são assim tão caros. Muitas vezes os snacks, as bolachas ou os chocolates acabam por ser mais caros. É um mito que persiste.


Por outro lado, sente que as pessoas estão mais sensibilizadas para a necessidade de se alimentarem de forma saudável?
Nota-se uma certa evolução nesse sentido. Na teoria, as pessoas começam a ter mais noções, mas falta chegar à prática, ao incutir ideias.
Falta muita consciencialização e falta essa atuação desde as ideias mais baixas. Tenho tentado apostar nesse sentido, até porque as crianças são um público com que gosto especialmente de trabalhar. Penso que faz todo o sentido: elas são a esperança, são os seres em transformação em quem se pode apostar com mais eficácia. Já colaborei com algumas creches e jardins-de-infância. Na área da culinária, já trabalhei com ateliês de tempos livres e os miúdos gostam porque estão muito envolvidos na aprendizagem.
 

Hoje existe cada vez mais facilidade no acesso à informação, o que faz com que as pessoas façam - ou pensem que fazem - as suas próprias dietas. Acha que o trabalho dos dietistas e dos nutricionistas pode decrescer de importância?

É verdade e pode ser um pouco perigoso. Por causa disso mesmo, acabei por desenvolver uma página no Facebook com o objetivo de partilhar e transmitir o máximo de conhecimento às pessoas. Também disponibilizo alguns serviços para tentar evitar esses problemas.
Tenho tido boa receptividade e as pessoas colocam as suas dúvidas.


ENTREVISTA ORIANA BARCELOS
FOTOGRAFIA ANTÓNIO ARAÚJO


(in www. diarioinsular.com/)