sábado, 14 de novembro de 2015

A 7 de novembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"O que os meus olhos não veem...meus amigos me contam", diz antiga e popular expressão, para logo acrescentar, ainda, que "a minha mente imagina de um jeito três vezes pior". Não sei bem (a reunião foi convenientemente extraordinária, logo fechada aos jornalistas) se terá sido assim mesmo, mas a acreditar no que se ouve e lê, não correu bem, nada bem mesmo, a aprovação, por parte do executivo camarário, das Grandes Opções do Plano e do Orçamento para 2016. E, volto a insistir, é uma pena. Imensa. Em razão dos valores da democracia, sobretudo da Liberdade.

Está aí, para usufruto de todos nós – que não apenas dos que habitamos a urbe – a Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Com um vasto conjunto de ações, chamemos-lhe assim, mais ou menos ao gosto de cada um, sempre discutíveis, contudo inquestionavelmente importantes. Apreciarei melhor, naturalmente, esta ou aquela, posso até sublimar uma e execrar outra. Mas o que releva é ter-se organizado, com padrões de exigência e qualidade, em iniciativa muito válida, a Anozero. Juntando e cotejando o antigo e o moderno, sempre em favor dos nossos, tantos, patrimónios. Aqueles (lembram-se?), os de uma "Cidade de Futuro com História".

A Câmara quer devolver aos seus munícipes uma parte – num total próximo de 1,2 milhões de euros – que resultam da redução para 4,5 dos 5% do todo que lhe cabe da cobrança do IRS. E parece que o poderá fazer sem prejuízo da governação da cidade. Continuo, porém, convencido que tais atenuações, estes sempre tão agradáveis aconchegos às nossas bolsas, deveriam, antes, ter origem na administração central e não no poder local, já tão causticado, em si mesmo, também financeiramente, pelos governos. Mas deve ser um custo da proximidade. Proximidade política, está claro!

O município, a par de alterações junto do Jardim da Manga, entretanto quase concluídas (será, Manuel Machado, que não caberia ali, na calçada larga, sequer uma árvore, arbusto que fosse?), deu início às obras para o aumento da área pedonal na zona da Praça da República, que incluem, designadamente, o alargamento dos passeios vizinhos aos cafés Moçambique e Académico, também do (hoje Chiado) antigo Mandarim. Acho bem. Mas acharia muito melhor se o sequente corte no estacionamento o fosse de forma total...depois de construído (que será feito do projeto?) o parque subterrâneo.

De acordo com a entidade regional, o turismo de Aveiro terá sido o que mais cresceu nos primeiros oito meses do ano. Vantagens, acrescento eu, do ganho em acessibilidades, designadamente da A25, porventura ainda, Pedro Machado, olhando por exemplo para as queixas e críticas da Figueira da Foz, do conforto resultante de estar ali a sede da Turismo Centro de Portugal...

Também para a revista italiana "Spirito diVino" – conclusão a que já tantos de nós tínhamos chegado há muito – vinhos da Bairrada e do Dão (colheitas de Principal Rosé e Grande Reserva, das Colinas de S. Lourenço, ali, Quinta da Falorca e Dom Bella Pinot Noir, aqui) estão, vantagem nossa, entre os melhores do mundo. Parabéns Carlos Dias e Pedro Figueiredo.


Correspondendo a mais uma ação do permanente esforço da Associação representativa dos seus operadores em vista da vivificação daquele equipamento, fui ao Mercado Municipal petiscar uma febra e almoçar um excelente sarrabulho elaborado com alguns dos belíssimos produtos que, incompreensivelmente, apenas poucos vamos comprar ao D. Pedro V; os atuais e antigos repúblicos da Praça terão ultrapassado, por eles próprios, muito bem, as dificuldades ditadas pela ação de despejo da antiga casa; a propósito da próxima deslocalização de Sintra para a República Checa, lembrei-me – e se calhar agora seremos muitos mais – que desde que a retiraram de Coimbra nunca mais comprei, ou comi, bolacha alguma da Triunfo; porque será que, pergunto-me, compradas pelo governo ou em crowdfunding (financiamento colaborativo) todas as obras de pintura entretanto adquiridas são, obviamente em Lisboa, para o Museu Nacional de Arte Antiga?; e gosto, aqui constituída, da ideia de criação de uma IPSS que vai ajudar, em todo o país (passarei a arredondar as contas), a pagar medicamentos aos mais carenciados.

António Cabral de Oliveira

A 31 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Começa hoje a Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Um evento que procura ser, ao longo de dois meses, com uma programação que inclui muitas e diversificadas atividades – estejamos atentos e participativos –, um desafio no panorama cultural da cidade. Na busca da promoção e divulgação do nosso património, por igual, não menos relevante, da integração da atual cultura artística no quotidiano da urbe. Os dados, dizem, estão lançados.

A espada de Dom Afonso Henriques (autêntica ou de Afonso V, contudo simbólica) regressou, apenas por breves momentos, por ocasião da celebração anual do Dia do Exército, ao seu túmulo, em Santa Cruz. De onde, aliás e naturalmente, nunca deveria ter saído. E ao qual deve, desde logo no cumprimento da manifesta vontade do Rei Fundador, ser restituída. Coimbra, quero crer, espera, daquele ramo das Forças Armadas, de quem seja, essa devolução. Na emenda de um erro histórico cometido no já longínquo ano de 1834, mas sempre a tempo – e é tempo – de ser corrigido.

Gostei de ver o executivo autárquico a debater politicamente – e de forma elevada – questões de tributação municipal. A maioria manteve a redução do IRS em detrimento da baixa do IMI para famílias com filhos dependentes, a coligação queria enfim um arranjo entre as duas posições (no mesmo valor), a CPC até defendia ambas. E pronto: quem tem filhos não é beneficiado, quem usufrui de rendimentos maiores paga menos. Justiça social? Valem todas as leituras...

De uma só penada, a autarquia aprovou a concretização de dois projetos com algum significado urbanístico, a Praça das Cortes, em Santa Clara, e a transformação do Largo do Arnado, com uma rotunda. E em ambas, surpreendamo-nos, com a prevista colocação de peças escultóricas. Pode ser que um dia destes, quem sabe, o executivo tome a decisão política, para ser executada de forma obviamente faseada, de erguer estátuas a personalidades relevantes para a cidade, começando por figuras históricas, repito, como D. Sesnando, Afonso Henriques, reis portugueses aqui nascidos, e primeiro Duque de Coimbra, também a quase miríade de homens e mulheres que ao longo dos séculos se distinguiram ainda na política, no conhecimento, nas artes e nas letras, na vida comunitária.

Encartado no DC, volto a encontrar, delicioso, o Almanaque (desanual) do Teatrão, onde se programa, neste nº2, entre textos de valia cultural, fina ironia e adágios saborosos, a atividade para o outinverno. Que vamos, a cidade connosco, procurar seguir.

Para ilustrar uma peça sobre a colocação em venda de quartéis, conventos e fortes por parte do Ministério da Defesa, o Expresso online usava uma (bela) foto de Santa Clara-a-Velha. Azar dos azares, a imagem deveria ter sido, antes, a de Santa Clara-a-Nova. É o que faz a ignorância ou, ao contrário do que aconteceu durante anos, a ausência em Coimbra de um jornalista residente do prestigiado semanário.

É uma colheita de século, a de 2015, cujas vindimas estão concluídas, dizia-me há dias Carlos Lucas, do alto do seu saber e experiência, em opinião absolutamente respeitável, sobre os vinhos que agora se fazem. E era assim, enquanto vamos aguardando os resultados bons que se pressagiam, que nos íamos deliciando, em prova proporcionada pela Hotur Wines, com belíssimas realidades já de hoje. Vínicas, e não só, porque bem acompanhadas de leitão, queijos, enchidos, pão, chocolates...

Talvez por pouco, por ora, Margarida Mano e Calvão da Silva, Coimbra ao poder, são ministros; em jogadas de nem sempre bom futebol, parece que já todos querem, entretanto, eleições urgentes na Académica-OAF; o que terá passado pela cabeça do vereador da CDU quando quis enviar pelo jornalista presente na sessão camarária, não carta a Garcia, mas um exemplar da Constituição ao DC?; justa a homenagem religiosa que a cidade prestou em memória de Ângela Gama, anterior diretora da biblioteca municipal; a Lápis de Memórias regressou à Solum – e como é sempre reconfortante a abertura de uma livraria –, ao Átrio; bem regressada seja, em mais um outono, a Festa do Cinema Francês; e, mesmo sem viaduto, construa-se o IKEA, que logo repararemos o disparate.

António Cabral de Oliveira

A 24 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Um dia destes, sem querer, preguei enorme susto a um grupo de estudantes da Escola de Hotelaria ao sair, de forma inopinada, do carro, na escuríssima, um breu autêntico, Teófilo Braga. Estou, naturalmente, a ficcionar, mas é de facto inadmissível o que se passa com a (não) iluminação daquela artéria, onde, para além dos muitos moradores e de ser um dos principais acessos ao Pólo II da Universidade, se localiza um estabelecimento de ensino frequentado por mais de quatro centenas de alunos. E enquanto nos preparamos já para a mudança da hora, fica reiterado, agora por escrito, convite a Manuel Machado para uma visita noturna ao local. Se, naquele negrume, o conseguir encontrar, está bem de ver...

Exposições, visitas e formações diversas integram a programação do Turismo da Universidade de Coimbra para os meses de outono e inverno. E se acho relevante a tertúlia "Um milhão de turistas...estamos preparados?", gosto, também, outro exemplo, da ideia da visita "Coimbra capital do reino". Ainda, muito em especial, do mote geral adotado: "Coimbra não se explica, sente-se". Nem mais, embora muito e muito do que se sente, quem sente, se explique, afinal, tão facilmente.

O Ministério da Defesa quer vender ou arrendar quase duas centenas de imóveis, de entre os quais, em Coimbra, o Convento de Santa Clara-a-Nova e o Quartel da Graça, na Sofia. Mas estão previstas outras figuras de alienação, como, por exemplo, a permuta. O que, avento, talvez constitua uma boa opção para o município. À troca (para o rancho geral, naturalmente) por um qualquer campo de batatas. E nem seria mau negócio para os decisórios salões de Lisboa. Olhando, digo eu, ao preço a que o Estado ficou com aquele património!

Leio, no Diário Económico, que a "Autoestrada transmontana vai receber 164 milhões de Bruxelas", e, mesmo ao lado, outro título, "Verbas comunitárias para projetos ferroviários". E ainda bem que assim é. Só pena, aqui pela região de Coimbra, continuarmos a não ver a ligação a Viseu, a cognominada Via dos Duques, também a modernização (e não outra coisa) da Linha da Beira Alta, a reposição em carril, seja lá qual for a forma, do antigo Ramal da Lousã, e a recuperação da Linha do Oeste.

Morreu Aníbal Duarte de Almeida. Mas porque há homens que não nos deixam nunca, o cidadão exemplar que em defesa de projetos comunitários encontrávamos na vida autárquica e nos jornais; o ser humano bom com quem nos cruzámos na Santa Casa da Misericórdia; a pessoa enorme na sua capacidade imensa de se dar aos outros, que se realizava na Casa dos Pobres, continua, interiorizado agora, connosco. Foi, realmente, na sua simplicidade, um dos melhores. Coimbra, como tantas vezes se proclama, mas menos vezes acontece, está, de facto, mais pobre. Até logo, Aníbal.

Lisboa, uma pena, fechou o museu do Regimento de Sapadores Bombeiros. Talvez seja esta a oportunidade para a Liga remoçar os seus esforços de criação do Museu Nacional de Bombeiro. Em Coimbra, como sempre foi aventado. E a que o presidente da Câmara, muito bem, se propõe.

Não consegui, lamentavelmente, acompanhar a jornada com que a autarquia assinalou os dois anos de mandato da atual maioria socialista. Mas, olhando o programa, quer-me parecer, em boa verdade, que também não terei perdido muito...

Parabéns ao Ateneu pelos seus 75 anos de relevante atividade; a água, com o Mondego aqui mesmo ao lado, vai ficar mais cara – obrigado governo da nação – já no próximo ano; reabriu, finalmente com o seu segundo edifício, o Exploratório-Centro de Ciência Viva; por culpa das "águas", mas em nome dos "vinhos", teremos este ano, afinal, em vez de um, dois cortejos da Latada; se muitas e muitas terras tinham já o seu candidato à Presidência da República, Coimbra, agora, ora eis, tem dois: Castanheira Barros e Marisa Matias; e, lembrando sobretudo a recuperação das tradições académicas, a morte de Zé Beto (tratamento que me permitia, mas não a tantos como agora parece) penaliza-me verdadeiramente.


António Cabral de Oliveira

A 17 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Preocupa-me, verdadeiramente, o novo adiamento, agora até 30 de novembro, para a conclusão das obras do Convento de São Francisco. E não importa quais os motivos invocados – é sempre bem fácil fazê-lo –, sequer o facto de a prorrogação ser (também faltava que não o fosse!) graciosa. O que me apoquenta é a repetência, o princípio subjacente à aceitação, esta inevitabilidade de, sempre desorganizados, estarmos condenados a ter de evitar, à última hora, que "a corda parta". Raios nos partam, antes, a nós, por tamanha inépcia!

O consórcio CHUC–HUC  (a nossa mais antiga universidade e o maior hospital nacional, diria, a propósito, Martins Nunes), foi admitido, por unanimidade, na muito exclusiva Aliança M8, em representação de Portugal. Objetivando promover a melhoria da saúde a nível global – designadamente no quadro da investigação e da inovação – a sua entrada é, de facto, o reconhecimento da excelência de Coimbra naquela relevante área. Que todos queremos ver, também e sobretudo, refletida no dia a dia do nosso hospital.

Seguramente por as expectativas serem demasiado elevadas, não achei mais do que agradável – mesmo assim a justificar uma visita atenta – a Feira do Património que decorreu em Santa Clara-a-Velha. Bem sei que estamos apenas na sua terceira edição, e, ainda, que em relação à anterior, em Guimarães, se terá verificado um substantivo aumento de participações e visitantes. Mas foi pena não se ter aproveitado melhor, do ponto de vista expositivo, as enormes vantagens do fabuloso espaço. E aquela ideia peregrina, absoluta surpresa para, diziam-me, quase todos, do encerramento às 20 horas, só lembraria mesmo à empresa organizadora. Contudo, foi uma iniciativa positiva, da qual resultou, designadamente, um bom video mapping (embora, por óbvio, não tão relevante quanto o dos 725 anos da Universidade), que, executado como está, iremos com certeza ver mais vezes, quando as circunstâncias culturais e turísticas o aconselharem, projetado nas paredes no mosteiro.

Muito bom o trabalho jornalístico "Coimbra de A-a-Z", que Andreia Marques Pereira e Diogo Batista editaram no Fugas do jornal Público do passado fim de semana. Bem escrito, com belas fotografias, abrangente nas suas entradas, sem teias de aranha nem preconceitos. E onde os autores, depois da estadia, confessavam, ambos, já no seu regresso a Lisboa, que "viemos com a certeza de que o maior encanto de Coimbra não é só na hora da despedida". Também imensos de nós, ou pelo menos muitos, que fazemos desta a nossa terra, achamos, no dia a dia, o mesmo. Mas sabe sempre bem quando no-lo fazem recordar.

A Câmara Municipal dispõe de uma maquineta, de uso braçal, movida a empurrão, para riscar pavimentos, assegurando assim, do mal o menos, uma capacidade própria no que respeita à execução de tais trabalhos. Pena não ter adquirido já uma viatura que permita uma utilização mais expedita, prática e rápida, que obviasse ao aparato que esta implica, que viabilizasse, com menos meios humanos, uma mais frequente e  perfeita feitura ou reposição de sinalização rodoviária horizontal.

Depois do que fez com os Códices de Santa Cruz, desviando-os para o Porto, terá sido também Alexandre Herculano – sempre ele – mas então para Lisboa, quem levou até a Torre do Tombo o Livro do Apocalipse, iluminado, propriedade do Mosteiro do Lorvão, agora considerado Memória do Mundo pela UNESCO. Momento de orgulho para os penacovenses, diz o seu presidente da Câmara, janela de oportunidade para o turismo religioso (mas a obra não está lá longe, na capital?), nas palavras da vereadora da Cultura, contentemo-nos com um reconhecimento que pode contribuir, de algum modo, mas com certeza pouco, para que Lorvão seja notícia fugaz. Agora para ser colocada, como aliás merece amplamente, nas rotas turísticas nacionais...talvez só quando exigirmos e alcançarmos recuperar o que é nosso!


Morreram, o meu respeito, João José Cardoso e Valdemar Peixoto; amanhã, precavamo-nos, sai às ruas o cortejo da Latada; o "Cantinho do Reis", lá irei um dia destes provar os míscaros, fez, parabéns Zé e Sérgio, 20 anos de bons comeres; as melhores batatas fritas do mundo, tiradas as de minha Mãe, já chegaram a Coimbra, à Parada dos Sabores, ali no Girasolum; estão a decorrer, culturalmente relevantes, os Encontros Internacionais da Guitarra; Varoufakis, que já nem os gregos quiseram, parecendo um acontecimento raro, dá logo à tarde, muito badalada, uma conferência na universidade; e, mesmo que chova, espantemo-nos, hoje, no Parque Manuel Braga, com a sempre divertida Exposição de Espantalhos.

António Cabral de Oliveira

A 10 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

No confronto das (ex) vices reitoras, Margarida ganhou a Helena. E assim – o que, olhando a História recente, também não nos garantia, por muito justificada que seja, qualquer atenção particular – Coimbra terá perdido, dizia-se pelo menos, uma ministra e uma secretária de estado. Veremos, de seguida, o que nos reserva o futuro depois das generalizadas, e tantas, promessas eleitorais lidas e ouvidas.

O secretário de estado da Cultura disse à Orquestra Clássica do Centro que, para não "pôr em causa" a Filarmonia das Beiras, sediada em Aveiro, "não houve, não há e não haverá" qualquer apoio para aquela formação de Coimbra. E aconselhava a "que procure apoio" a nível local – temos todos a responsabilidade de saber encontrar alguma resposta – para vencer as dificuldades, essas que o governo, sobejamente, faz suprir em Lisboa e no Porto, cidades onde só uma das suas orquestras tem mais músicos que as duas da nossa região. Um espanto de equidade!

Leio, a propósito do último naufrágio na Figueira da Foz – cujas operações de socorro foram muito vivamente criticadas pela demora e ineficácia –, que "o comandante regional da Polícia Marítima do Douro (!) assegurou que foram utilizados todos os meios...". Mas lá de tão longe, a partir do Norte, e em boa verdade, avalia e assegura o quê?

São diferenças, assim imensas do ato de fazer cultura. Enquanto o trabalho de criação permite confortos como o charuto numa mão a bebida na outra, o de execução obriga ao uso, nas mãos ambas, que o digam os sapadores bombeiros, da motosserra. Ali, no Antigo Refeitório Crúzio, agora Sala da Cidade, a caminho de voltar a ser, e muito bem, amplo e desafogado espaço. Durante a "reconstrução" de estruturas anteriores, concretizada, em labor de "dimensões faraónicas" – passe o enorme exagero – que Cabrita Reis, em "desconstrução criativa", seja, lá empreendeu em nome da Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, a decorrer de 31 de outubro a 29 de novembro.

Só de janeiro a agosto deste ano o número de turistas que visitaram a Universidade de Coimbra aumentou em 25%, com particular destaque para os franceses, brasileiros e italianos. E nos últimos dois anos, o crescimento foi, notável, na ordem dos quase 50%. E como ficará diferente e melhor a cidade quando, no seu casco histórico, conseguirmos retirar o mais do estacionamento da colina do saber, animar culturalmente a alta, vivificar a baixa.

Com alguma frequência – felizmente diria –, vamos encontrando alunos do Conservatório de Coimbra que fazem ouvir a sua arte em breves (ou nem tanto) intervenções musicais. Como ainda há pouco aconteceu, uma delícia, com um duo de harpa e violoncelo, no ambiente fantástico de Santa Clara-a-Velha. Sorte, imensa, a da nossa cidade, em ter dentro de portas tal escola. A que só falta, agora, garantir uma maior continuidade às interpretações públicas – e porque não também nas nossas festas familiares? – dando oportunidades quer aos alunos, quer, ainda, com tão poucos apoios institucionais, aos instrumentistas entretanto já formados. Ajudando-os a crescer, a sobreviver. Um abraço Manuel Rocha.

Quase uma contradição, desclassificado nas suas funções, lamentavelmente, o Seminário Maior de Coimbra, congratulemo-nos, tem iniciado o processo de...classificação pela Direção Geral do Património Cultural!

Decorre, este fim de semana, no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, relevante e imperdível, a Feira do Património de Coimbra, que tem como país convidado os Emirados Árabes Unidos e integra vasta e diversificada programação; em sensibilização contra a cegueira, a estátua do "mata frades", no Largo da Portagem, vai estar – é bem feito, dirão, mauzinhos, uns tantos –, de olhos vendados; gostei das exposições de pintura de Luís Durdil e Helena Dias, no Edifício Chiado, e de João Teixeira, na Casa Municipal da Cultura; na senda da limpeza de mamarrachos, chegou, bem, a hora de deitar abaixo (para um recanto ajardinado?), as bombas de gasolina que existiram na Bernardo de Albuquerque; e Coimbra, ora eis, é vice campeã nacional de, imagine-se, matraquilhos..

António Cabral de Oliveira

A 3 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

De vez em quando lembro-me do projeto das turbo rotundas, parceria da FCTUC e da Câmara, que, visando "a diminuição de acidentes, mais fluidez, maior segurança e melhorias ambientais" se prometia, o início das primeiras obras na rotunda do Bolão, junto da estação velha, para os idos de fevereiro... de há três anos. Mais do que a incapacidade realizadora, a constatação de como o tempo passa é tudo quanto posso comentar! Sobretudo quando não acredito que Manuel Machado tenha deixado de gostar de rotundas. Turbo, ainda por cima...

Parece que a solução de trajeto proposta para a reposição de uma linha de elétricos históricos (a ligar a Alegria à rotunda das Lages!) é "suscetível de aperfeiçoamentos". Ainda bem. Pode ser que assim, torno a insistir, o projeto, cuja bondade, em termos de ideia, ninguém contesta, seja aprimorado através da sua transferência para o único circuito possível: o anel de ligação Praça da República - Universidade, através da António Vieira, e descendo pelos Arcos do Jardim. A servir, assim sim, lembre-se uma outra vez, a população residente, os estudantes, o turismo, a cidade enfim. E viabilizando, não despiciendo, a retirada, depois do sucesso alcançado no Pátio das Escolas, da esmagadora maioria, ali na colina do saber, do insuportável estacionamento automóvel.

Houve quem se afirmasse radiante com a aprovação europeia de estudos (para quê?) sobre essa absoluta inviabilidade técnica – não que não seja possível, já que o dinheiro e a engenharia hoje tudo conseguem –, também enorme injustiça para os territórios agora servidos pela linha da Beira Alta, que seria uma nova ligação ferroviária entre Aveiro e Viseu, renovando-se, a partir daí, então já serviria, o atual corredor. Com as infraestruturas de que atualmente dispomos, e as limitações económicas e financeiras do país, só podem estar a brincar connosco. Politicamente, claro.

Leio que começaram as obras do Centro Operacional do Norte do 112, que fica sediado no Porto para servir nove distritos acima de Coimbra. Antes que depois não saibam sequer onde é a rua de onde demandamos socorro – e já não digo que confundam Penacova com Penamacor – o melhor, deixo conselho, é que cada um de nós vá memorizando os números de telefone dos bombeiros e os próprios dos serviços de emergência das nossas terras. Por causa de dúvidas futuras, diria...

Há no nosso país 15 museus nacionais, chamemos-lhe assim, tutelados pela Direção-Geral do Património Cultural. Um no Porto, outro em Coimbra e em Conímbriga, agora, também um em Viseu e em Mafra. Em Lisboa, dez! A sul, nenhum. Centralismo em Portugal? Na cultura, pelo menos, por Deus, não. Como se prova à saciedade...

Tirando Lisboa (1.836 € m2), com mais dois ou três municípios ao seu derredor, e o Porto (1.326 €), Coimbra, de acordo com um estudo ancorado em dados do INE, surge como a zona mais cara do continente para aquisição de casa. Uma posição de que, significativa embora, não nos deveremos vangloriar pela dificuldades acrescidas que representa em termos de fixação, bem necessária, de novas populações.

Já que o estado das tropas é o que se sabe – quando ainda há pouco mantivemos exércitos em três frentes de combate, temos hoje dificuldades, imensas, até para mandar meia dúzia de soldados para um qualquer palco de conflito –, valha-nos, ao menos, o turismo militar que Pedro Machado (que agora, felizmente em "ano de ouro", comemorou profusamente o seu dia) quer fomentar aqui ao Centro.


Carlos Robalo Cordeiro será o novo (e primeiro português) presidente da respeitada Sociedade Europeia Respiratória; dois anos(!!) depois de uma derrocada, a autarquia de Penacova lá adjudicou as obras de recuperação da EM 535; já sabíamos, de anteriores beberes, da predileção de Mário Sérgio Nuno pelos vinhos brancos, culto que agora se reforça depois de uma ida à Parada dos Sabores, no Girasolum, onde provei, entre outros Bageiras, o muito respeitável Avô Fausto; curiosa a exposição de esquissos de onze arquitetos ligados ao Norte e Centro na belíssima Santa Clara-a-Velha; e, não se esqueça, este fim de semana – empanturremo-nos, afinal um dia não são dias, de bolos –, da Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra.

António Cabral de Oliveira

A 26 de setembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Esta cidade tem, de facto, pormenores curiosíssimos. Como aquele do importante nó rodoviário de Trouxemil, no encontro do IC2 com o IP3, não ser iluminado, enquanto, ali mesmo ao lado, contrastante, se mostra tão abundante a luz jorrada sobre a singela saída para Souselas e, não despiciendo, está bem de ver, para os restaurantes de leitão. Talvez seja tempo de o alumiar, digo eu, de dar também cumprimento ao projeto da Estradas de Portugal, creio que do tempo de José Gomes, de, como então aconteceu até Taveiro, levantar candeeiros em direção à Estação Velha. De preferência a LED...

Com o projeto agora aprovado pelo executivo municipal, começa a ver-se (deixem-me sonhar se fazem favor!) o princípio da regeneração dos muros do rio e da valorização, inadiável, das suas margens, por igual, quero crer, da dragagem do leito. Para todos, passeios do Mondego afora, ainda melhor podermos usufruir do nosso Bazófias.

Proteger, conservar e difundir o património das coleções e museus universitários é o grande propósito de declaração que a Universidade de Coimbra ratificou com as suas congéneres (Virgínia, Alcalá, Central da Venezuela e Nacional Autónoma do México) também classificadas como Património da Humanidade. Em boa hora, sobretudo se constituir contributo efetivo para o integral desenvolvimento, de uma vez por todas, ali no Colégio de Jesus, do Museu da Ciência.

O governo anunciou, neste tempo pré-eleitoral, apesar do seu projeto não estar sequer concluído, a requalificação da estrada nacional 342, que serve Arganil, Coja e Avó. Muitíssimo bem, julgo, tal a necessidade. Entretanto, a abertura do concurso público, essa fica para fevereiro, lá para depois das eleições. Sempre, e com todos, o mesmo!

A Festa das Latas, divulga-se com renovado entusiasmo, vai decorrer de 14 a 18 de outubro próximo. Assim bem cedo, logo no despontar do novo ano letivo, para que o caloirame, designadamente, se vá habituando à ideia de que nesta singular academia há muito mais para fazer do que...fazer pouco ou nada em termos de estudo, de bom aproveitamento escolar!

Foi com enorme mágoa – ali dei aulas de jornalismo durante cerca de quinze anos e integrei os corpos sociais da Cooperativa de Ensino de Coimbra – que li a notícia, que julgava impossível, do encerramento do tradicionalíssimo Colégio de S. Pedro. Neste triste findar de triste verão, aquelas portas fechadas são uma lamentável e inadmissível perda para a cidade, para a nossa memória coletiva.

O governo já confirmou a preferência pela Base Aérea do Montijo como aeroporto complementar à Portela. Assim se passando a justificar (difícil que a coisa estava!), entre outras benfeitorias, estou seguro, mais uma ponte na zona de Lisboa. Mas já agora, que estão com a mão na massa, antes de se irem embora, mesmo que regressem, e da generalização das aeronaves de descolagem e aterragem vertical, importar-se-iam de considerar, também, a hipótese de Monte Real como infraestrutura aeroportuária, não complementar mas única, para a região Centro? Nós, os beirões, agradeceríamos.

Camionetas no "Ramal", e é se queremos, diz a CCDR; na relatividade do ranking – refere-se apenas a internamentos – o Universitário de Coimbra, que já foi primeiro, é, para a Escola Nacional de Saúde Pública, o terceiro melhor hospital do país; surpreendente, ou talvez não, o desabrido abandono de Carlos Cidade da reunião camarária, (de) que só Manuel Machado, não (se) quis (a)perceber; morreram, as minhas homenagens, Ludwig Scheidl, também, depois de tantos fados, Mário Pais; o Reitor não substitui vices, mas vão fazer muita falta; havia tempo que não ia à Cerca de São Bernardo – e como gosto sempre de ali tornar – ver, para todos o meu aplauso, a Escola da Noite (que bem, Maria João Robalo), agora com "a canoa", do galego Pazó; e creiamos que Nossa Senhora de Fátima, cuja imagem peregrina está entre nós, ajude a cidade na resolução dos seus problemas.


António Cabral de Oliveira

A 19 de setembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Com a chegada dos caloiros, e face às novas interpretações do que chamam praxe, a quase barbárie voltou à cidade. E é ver, uma outra vez, o conjunto de indignidades, as tormentas por que passam aqueles a quem deveriam ser dadas, antes, civilizadamente, as boas vindas. Em caloroso acolhimento por estarem a estudar em Coimbra. Entretanto, com tais leituras das "tradições", definitivamente intoleráveis, alguém, universidade e politécnico, sobretudo estruturas académicas, tem de tomar as rédeas da situação para por termo a tão alarve incivilidade.

Parece que alguns autarcas social-democratas tiveram dificuldade em se conformar com a decisão do ministro Poiares Maduro de não encabeçar a lista de Coimbra da coligação PSD/CDS às próximas legislativas. Pelo "trabalho desenvolvido", diziam, por "uma lógica de grande diálogo, proximidade e atenção aos problemas e especificidades da região". E deve ser seguramente por isso, tenho para mim, pela intervenção direta do ministro do "Desenvolvimento" Regional, que, para além do atual "revigoramento" da instituição municipal, temos já "resolvidas" todas as grandes questões com que nos vimos debatendo desde há anos. Sem deixar saudade (o que fez, em boa verdade, por estas terras?), regressará a Florença, à vida académica. De onde, se calhar, nunca deveria ter saído. Felicidades, pois.

Uma auditoria solicitada pela Agência de Promoção da Baixa de Coimbra fez – e ainda bem que, afinal, era eu que andava enganado! –, uma avaliação positiva do setor. Contudo, aconselhava horários pós-laborais; a abertura aos fins de semana; a atualização e modernização da imagem e de alguns conceitos de negócio. E ainda (daqui a pouco a culpa do desaire económico e da decrepitude não é dos comerciantes, é antes do município) defendia como pontos de melhoria uma maior oferta de estacionamento(?), mais caixotes de lixo e ecopontos, e intervenções em espaços visivelmente degradados. Enfim...

De acordo com um estudo recente da Turismo Centro de Portugal – agora eleita, parabéns Pedro Machado, como a melhor região nacional –, Coimbra é, por enorme maioria, naturalmente, a cidade mais identificada quando se fala do território beirão. O que também acontece quanto aos pontos de atração, a Universidade, e nas tradições e costumes, com a Queima das Fitas. Sabendo-se bem que estes trabalhos valem o que valem – e, não raro, muito pouco –, dá, de novo, para questionar, a propósito, sobretudo por tamanhas evidências também turísticas, porque não está, então, a sede daquela estrutura regional em Coimbra? Onde, por óbvio, devia ter permanecido, acrescente-se.

Coimbra, diz-se generalizadamente, é uma terra que cuida mal das suas memórias. Talvez também por isso gosto de pensar (presunção e água benta...) que a croniqueta poderá, de algum jeito, ficar a retratar, em letra de forma, guardando-a, relativa a determinado espaço de tempo, um pouco da vida da cidade. Mas o que não deixará, com certeza, de se constituir em repositório excelente do muito que por aqui acontece é o trabalho fotográfico e em vídeo que Diniz Alves vem produzindo no âmbito – agora, felizmente, num olhar um pouco mais alargado, para além da vida autárquica –, de uma sua colaboração com o município. Técnica, estética e documentalmente relevantes. Já hoje, com certeza. Mas sobretudo para as gerações vindouras. Um abraço, pois.

Para aí uns trezentos anos depois – permita-se o exagero após tão longa demora – , veio finalmente abaixo a ruína que estrangulava a ligação da rua das Parreiras com a Bernardo de Albuquerque; a Águas de Coimbra continua a ser – mas até quando depois das mexidas ditadas pela "corte" lisboeta? – empresa líder na satisfação do cliente; a nossa cidade, valham-nos personalidades como Duarte Nuno Vieira, será sede da Academia de Medicina Legal e Ciências Forenses dos PALOP; e, que mal pergunte, e à atenção do Gil Vicente, a Festa do Cinema Chinês, que está a decorrer em Lisboa, não poderia, em caminhos de descentralização cultural (à semelhança da francesa, aprazada para os dias 6 a 10 de outubro), ter uma extensão a Coimbra?

António Cabral de Oliveira

A 12 de setembro ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, condenado, à míngua de tempo, a ser aprovado à pressa, passou, na câmara municipal, sem dificuldades de maior, mas com muitas reticências. Composto por decisões acertadas, contradições e erros (o que, reconheça-se, terá sempre), a discussão de tão relevante documento político, que, enquanto instrumento de trabalho, agora apenas começou, tem de mostrar, em espírito de efetiva abertura e verdadeiro entendimento democrático, que todos os eleitos estão ali – essa uma indeclinável exigência e superior obrigação –, para servir a cidade e as populações. Sem teimosias essencialmente pessoais ou posturas apenas partidárias. Para que se concretize o sonho comum de uma Coimbra maior e melhor.

Depois de longa demora, lá foi anunciada a adjudicação da empreitada de modernização do troço Alfarelos-Pampilhosa, da linha do Norte. O que me leva a perguntar sobre a afinal não incluída terceira via que o relatório do Grupo de Trabalho para as Infraestruturas de Valor Acrescentado referia para aquela zona de Coimbra, e que se destina(va?) – indispensável, dizem os sábios –, a reforçar  a capacidade de resposta ao traçado ferroviário mais congestionado do país, com valores de tráfego próximos dos 200 (!) comboios por dia. E das duas uma: ou aqueles senhores, ao estudarem o problema, não se deram conta de que o projeto em questão não é em Lisboa, ou então, ironizemos, o governo está à espera de construir, primeiro, a nova estação...

O uso do belíssimo edifício do antigo Quartel-General da Região Militar para funções ligadas à magistratura, acho perfeito. Quanto ao processo de reabilitação do Palácio da Justiça e sua ampliação para o terreno da antiga recolha dos elétricos – e única opção que interessa à cidade – o melhor, calejados como estamos, é aguardar. Pelo já "desencadeado reajustamento do projeto e execução da obra", sobretudo pelo perpassar destes tempos eleitorais...

A coligação PSD/CDS apresentou na – nestas alturas sempre muito lembrada – Pampilhosa da Serra o seu programa distrital para as próximas legislativas, onde, designadamente, se defendem políticas de proximidade, a promoção do interior desertificado, o sistema de mobilidade do Mondego, a ligação da A13 com a autoestrada Coimbra-Viseu. Para "se corrigirem os erros de governos anteriores", dizem. Mas não os integraram, tão repetidamente? Se foram, e ainda são, governo, porque não o fizeram já? Do que me lembro, e não estarei enganado, é de centralização, de abandono, de obras interrompidas, adiadas ou suspensas!

Na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior, os números da engenharia civil em Coimbra – com 12 colocados e 93 vagas sobrantes – são uma autêntica vergonha, sobretudo quando os comparamos com os resultados do Porto, onde não sobraram lugares, e do Técnico de Lisboa, com quase todos preenchidos. E se estas escolas conseguiram superar a crise, que no ano passado foi global, o que se passa, afinal, temos de questionar, connosco?

Autarcas do interior do distrito de Coimbra movimentam-se para que o que chamam de novo IP3 seja um itinerário complementar que, a partir de Ceira , percorra, pela margem esquerda do Mondego, o município de Vila Nova de Poiares até ao Porto da Raiva. Acho bem que se batam – eu também com eles – para se alcançar, por igual, a construção desse justo desiderato. Mas, entretanto, façam o favor de deixar correr, em perfil de autoestrada, o projeto da Via dos Duques (que é outra e diversa coisa) delineada pelo IP, que peca, sobretudo, e nesse sentido tem de ser alterado, já o escrevi e reitero, por não passar pela Mealhada e fletir, depois, para Mortágua até encontrar, junto de Santa Comba Dão, o IC12.

Com a morte de Miguel Pignatelli Queiroz, Amigo excelso, desaparece o rosto visível da instituição monárquica em Coimbra; a qualidade da oftalmologia coimbrã, nomeadamente a praticada por António Travassos, no Centro Cirúrgico, é um orgulho para todos nós; bem-vindos a Coimbra aqueles que escolheram a antiga universidade – que viu preenchidas logo na primeira fase quase todas as vagas disponibilizadas – para prosseguirem os seus estudos; e estão aí, de novo, feiticeiros, com 135 espetáculos de 20 magos oriundos de dez países, os Encontros Mágicos.

António Cabral de Oliveira