domingo, 31 de janeiro de 2010

Livraria do Mondego - "Nas Montanhas Rochosas"



Tenho vários livros favoritos, mas há um que não resisto mencionar: “Nas Montanhas Rochosas” de Ugo Mioni, com capa de Fernando Lima e tradução de Cassiano Guimarães.
A edição portuguesa é de 1960 (Colégio dos Salesianos, Estoril), com 181 páginas e custava 20$00. Não tenho o livro comigo, mas recolhi estas informações das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian . Segundo António Quadros (não deve ser o ideólogo de Salazar!), que foi quem fez a ficha de leitura, é um livro “muito recomendável”, trata-se de “Aventuras de índios e cow-boys, com muitas peripécias e com uma tradução razoável”.
Com muita pena minha, não encontrei uma imagem da capa da edição portuguesa, mas encontrei a capa duma edição italiana de 1919.
Mas porquê este livro? No meu primeiro ano do Ciclo (actual 5º ano) tive um fantástico professor de Religião e Moral, o Pe. José Ferreira. Este meu professor organizava concursos de anedotas e festivais da canção nas aulas – estávamos, ainda, no regime fascista! -, os vencedores eram eleitos por votação dos alunos. O Padre só era chamado a dar o seu voto de qualidade em caso de empate. Os vencedores eram premiados com bolos de pastelaria que poderiam ser adquiridos no bar da escola (já agora, era a Escola Preparatória Eugénio de Castro que funcionava nas bancadas do Estádio Municipal!). Além destes concursos, o extraordinário professor lia-nos, nas aulas, romances juvenis que ele próprio escolhia. Um dos livros mais marcantes foi, sem dúvida, “Nas Montanhas Rochosas”! Tratava-se das aventuras de um explorador americano, conhecido por Braço Forte graças à sua coragem , valentia e mestria no combate corpo-a- corpo. O leitor transmitia-nos toda a carga dramática e emotiva da narrativa. Lembro-me muito bem de ficarmos gelados e arrepiados com as ameaças terríveis do índio mau que ameaçava matar o nosso herói: “Braço Forte! – lia o nosso professor com a voz trémula de raiva, como quem exorciza o diabo – “Braço Forte vais morrer nas minhas mãos!”. Ou, “Pumba! – levava o nosso herói uma grande cacetada na cabeça!”, e pregava, o Padre, um grande estalo na sua própria cabeça e simulava a sua queda em pleno estrado da sala de aulas!
Nas deliciosas férias de verão seguintes, não é que fui encontrar este livro em casa! Não nas famosas estantes da Olaio da sala (a propósito, a sede da Olaio era em Alvalade, bem perto de minha casa), mas sim na estante dos livros de PL. Li e reli o livro várias vezes.
Curioso é que este Ugo Mioni (1870-1935) tem um livro cujo título é “I Sogni dell Anarchico”. Seria este autor um anarquista? Mas um dos seus livros era recomendado antes do 25 de Abril.
Ao contrário, por exemplo, de Emilio Salgari (o autor de Sandokan) que era um conhecido anarquista. E lido por um Padre nas aulas de Religião e Moral. Grande Padre José Ferreira!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Os Irmãos Karamazoff estão de volta!



Não foi propriamente feliz o retorno oficial aos courts dos manos Karamazoff, pois apesar da boa prestação de ZN (vencendo o seu encontro), JT comprometeu bastante as aspirações da equipa, ao perder o seu jogo de singulares, impedindo assim a conquista do ceptro veterano das planícies. Fica pró ano!
Mas, afinal, qual a origem deste misterioso cognome literário? Tratou-se de mais uma das diabruras de um velho irlandês, infelizmente já desaparecido, que, com o seu jogo venenoso, aterrorizava os neófitos da raquete nos velhos campos de terra lavrada do Universitário (belos tempos!!!), onde também PPL e MPL se iniciaram a modalidade, dando começo a uma tradição que se estendeu à geração seguinte dos PL. Que me lembre (e peço desculpa se falta alguém) Af, JH e MMPL, JCO, PFPL e RFPL, DM e TM e ZG e JM também jogaram (e, felizmente, alguns ainda jogam!) ténis como federados.


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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Estou a sofrer com dois cromos na escola!!!!!!!!!

Pois é... Tenho de desabafar!!!! Ando a sofrer com dois cromos na escola: um deles é meu professor de ciencias da natureza e de matemática, a alcunha dele é "Mago Das Trevas" pois tem um casaco até aos pés e tem um ar muito severo. Quando estamos a falar ( um grande problema na nossa turma ) ele pergunta a uma pessoa : "Quer dizer alguma coisa?" Essa pessoa diz : "Não" E ele responde : "Então cale -se". Também me chama "Dona Elisa" (uma coisa que eu não gosto nada).
O segundo cromo está na nossa turma há um dia, ele vem da Inglaterra portanto acha que é o maior a tudo, principalmente a educação física, mas sinceramente não é lá muito bom.
E pronto!!!!! Já desabafei. Obrigado por este bocadinho.

Bjs. E



P.S: Estejam atentos aos próximos dias porque vou fazer uma reportagem sobre a minha visita a espanha com a escola.

Livraria do Mondego - em resposta a JT




Quando estou deprimido, pego nas Jóias de Castafiore, quando me sinto o melhor do Mundo, nas 7 Bolas de Cristal. Quando penso em Goa (portanto, este é um álbum muito usado nos últimos tempos!) não dispenso Os Charutos do Faraó, e quando mergulho nos problemas da Macau dos do século XIX, percorro as páginas do Lótus Azul. Antes de partir para qualquer destino Europeu, não dispenso uma releitura do Dossier Tournesol. Para mim, a Escócia (que não conheço) será sempre a terra inóspita da Ilha Negra, e os monges budistas do Nepal serão merecedores (pelo menos numa primeira aproximação!) da minha mais sincera simpatia. Um eclipse lembra-me invariavelmente as desaparecidas civilizações da América Latina, os ditadores que por aquelas bandas puluraram serão, a meu ver, e instintivamente, sempre refracções de Generais Alcazares e Tapiocas, e gosto de acreditar que nas selvas daquelas terras ainda se encontrarão muitos fétiches arumbayas, com a orelha quebrada e cheios de mistérios. Os japoneses são piores que os chineses? Provavelmente não - mas o sr. Mitsuhirato e os seus comparsas criaram em mim alguma aversão pelos nipónicos (e correspondente simpatia pelos chineses), que por vezes difícil de superar. Há problemas com os árabes radicados na Europa? Ah! Se lessem o Caranguejo das Tenazes de Ouro, perceberiam melhor! O preço do barril do petróleo aumenta e as guerras na Arábia em torno do Ouro Negro não cessam? Será tudo culpa dos xeques - mesmo que tenhamos de suportar os seus insuportáveis Abdalahs mimados - ou algum Dr. Muller andará envolvido na contenda? Os índios são intrinsecamente bons, mas os brancos cobiçosos é que os irritam, nos PALOPs as imagens de Coco e do missionário simpático mas duro dificilmente me abandonarão, e Carvão no porão será sempre sinónimo do mais repugnante dos tráficos! Quando olho para a lua, imagino aquela que o foguetão vermelho e branco explorou e, a meio de um projecto científico, por vezes sinto-me num universo paralelo ao da Estrela Misteriosa. E, quando tenho de fazer uma viagem que não me apetece, penso nos muitos portugueses que, nas páginas dos álbuns, palmilharam o mundo: desde o inevitável Oliveira da Figueira ao correspondente lisboeta em NY, não esquecendo o ilustre Professor Santos, da UC!


Tintim - digam o que disserem do personagem, da obra e do seu autor (que é gay, que é fascista, que é colonialista, que é irreal, que não muda de roupa, que não envelhece, que oprime os desgraçadinhos, que não tem namorada, que é um sonso tótó, etc, etc, etc) é o meu herói. Em inúmeros momentos da minha vida (e eu lembro-me do Tintim desde sempre) relembro personagens, paisagens, gags. Por exemplo: quando estive em Goa, lembrei-me terrivelmente de Tintim e de alguns dos personagens dos seus álbuns. Mais: em alguns casos, a estranheza que eventualmente senti perante alguns locais e algumas pessoas foi muito mitigada pela tintinofilia.




De alguma forma, não concebo a minha maneira de estar sem um Tintim à mão - e tudo isso começou na célebre Livraria a que JT faz menção no seu magnífico post! Pobres JT, ZN (este um grande responsável pelo meu gosto pela BD e pela minha tintinofilia) e outros tios, que massacrei para me traduzirem os Tintins em francês, vezes e vezes sem conta! E pobre Mãe, também, que também mos releu repetidamente, e me comprou a versão brasileira (a única disponível no magro mercado português nos early 80's), à qual hoje ainda recorro com enorme frequência, apesar do mau estado de alguns (de muitos, na verdade) dos seus volumes!




Foi na Livraria PL que - e eis a razão da ilustração deste post - aprendi a importância do estudo das papeladas velhas, que hoje tão caro me é! Quando, nos restos do Licorne, Tintim descobriu uma arca repleta de manuscritos, a decepção geral foi imensa . No entanto, o paciente Professor Tournesol (ou Girassol, como preferirem) levou os papéis para a sua cabine. Enquanto, no exterior, os demais iam queimando as suas esperanças de encontrarem o famoso tesouro, Tournesol estudava os papéis. Quando, desalentados, retornaram à Bélgica, Tournesol continuou o seu labor. Após a chegada, prossegiu, sem hesitar. Até que, num belo dia, fez-se luz! O segredo dos Três Irmãos Unidos, dos Três Licornes Juntos e da Cruz da Águia estavam, afinal, nos ditos manuscritos! Tintim demandou ilhotas desabitadas e palmilhou o fundo do mar, mas o tesouro estava em Moulinsart - como explicavam os papéis!


No AHU, sinto-me um pouco Tournesol. Quando acabar a tese (já falta pouco!), chegarei a Moulinsart! Na bagagem, levarei decerto os velhos Tintins PL! E àqueles que quiser impressionar com a minha sabedoria, perguntarei: Quem é a Águia de Patmos? ;)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Livraria do Mondego, nº 1 - Jean Marie Severin, o maior extremo esquerdo de todos os tempos!



Aí está o prometido. O Grande Desafio de Chris Landier é, sem sombra de dúvida, o livro mais importante da minha vida. Com tradução de António Gonçalves, a edição portuguesa foi publicada na Colecção Marabu Junior (sim, a que tinha milhares de livros do Bob Morane) pela Editora Ulisseia. Li-o pela primeira vez teria talvez dez anos e nunca mais me esqueço do que se passou quando o acabei. «Gostei muito, mas ó Manaca, qual é o grande desafio de que fala o título?» Aquela que não gostava de ser confundida com o antigo defesa central do Sporting dessa vez não me pregou uma estalada (guardou-a para depois, numa tarde - certamente ventosa - da Costa Nova em que me deixou simultaneamente calado e de boca aberta!!!), mas comentou: «Ó burro, não vês que o grande desafio não se jogou em nenhum campo de futebol?!»
Não tinha visto, mas fui ler sem custo o livro outra vez e desde aí nunca mais parei de o reler até hoje. A dada altura, muitos livros foram doados pela gestão PL a uma biblioteca da paróquia que não sei se chegou alguma vez a funcionar e nesse lote foi, para grande fúria minha, Le Grand Match. Perdi-o de vista até que...
bastantes anos mais tarde, descobri um outro exemplar da mesma edição - tenho a certeza disso porque há uma gralha na impressão do livro que coincide nos 2 exemplares!!! - numa Feira de Antiguidades em Évora. Quase saltei de euforia e felizmente não confessei ao feirante que estava disposto a dar uma fortuna por aquela preciosidade literária que, assim, arrebatei por míseros 100 escudos!
De que trata o livro? Como todas as obras primas, é impossível resumir. Só mesmo lendo é que se pode ficar a conhecer a sério todas as inesquecíveis personagens deste livro fabuloso e que em seguida vou enumerar. A começar, Jean Marie Séverin, jovem professor de liceu e talentoso extremo esquerdo do Sporting de Metz (nome fictício), o herói que vai viver quase kierkegaardianamente a angústia da escolha. Sim, Blé, já percebi que o grande desafio é esse mesmo.

Depois, os amigos Stanis Kariev e sobretudo Brick Ferrier. A família de Jeannot: os pais e os seus dois fantásticos irmãos André e Godefroid. Os companheiros de equipa: Closset, Morel, Jose Sterckx e Théo Sergent. Enfim, os mestres Pierre Delorme e Messieur Gillard.

Como boa literatura para rapazes dos tempos do pós-Guerra, parece que quase não há presença do elemento feminino, mas até aqui o Grande Desafio marca a sua diferença. Se repararmos bem, há a aparição, fugaz mas decisiva, da misteriosa Suzanne, uma «bonita rapariga, alta, delgada [com] um sorriso calmo e olhos sonhadores» que, misteriosamente, abandona a sala para ir buscar as chávenas de chá, numa cena onde é possível desvendar uma dimensão levemente erótica.

Dirão os mais apressados, mas, afinal, é um livro sobre futebol. Claro que sim, mas é especialmente sobre a amizade e a existência humana. Ensinou-me mais sobre ética e liberdade do que todas as páginas de Aristóteles, Kant e Sartre juntas, embora se pressinta alguma influência existencialista deste último. Mas, claro, isso só descobri muitos anos depois.

Devo confessar que, em certos momentos mais complicados da minha vida, lembro-me de Severin e de que como gostava de um dia chegar aos calcanhares das suas chuteiras. Dentro e fora do campo.
Que mais se pode pedir a um livro?

Livraria do Mondego ou Da minha rua vê-se uma livraria?



Inauguro hoje uma nova secção do blog Maré Cheia que espero venha contrariar um velho costume meu. Não sei se recordam os visitantes menos novos (os outros talvez não saibam e, valha a verdade, trata-se de douta ignorância) destas paragens que durante muito tempo produzi talvez a maior série de primeiros números de periódicos (gosto desta palavra...) PL de que há memória. Ou melhor, de que felizmente não há memória. A dada altura, chegou mesmo a ser difícil encontrar novos títulos para as minhas aventuras jornalísticas.

A única desonrosa excepção foi um pasquim chamado o Guia (e o conteúdo ainda era bem pior do que o título deixa supor...) e no qual eu exercia uma insidiosa chantagem sobre a mais nova dos dez, dizendo mais ou menos isto: «Tx, de duas, uma. Ou eu sou o chefe de redacção e tu a directora, mas só publicas n'o Guia aquilo que eu deixar. Ou, segunda hipótese, eu sou o director e se não estiver de acordo contigo despeço-te do lugar de chefe de redacção!!!». Como vêem, era um jornalista bastante democrático. O Zé Manel Fernandes ao pé de mim era um menino de coro... Mas mudemos de tema, não sem antes dizer que os blogs (sim, porque eu escrevo em 2!!! Cf. perfil...) correspondem a uma espécie de pulsão jornalística que, desde o fecho d'o Guia, estava recalcada. (E ainda bem, já ouço as vozes de alguns...)


Pois bem, dizia eu, não quero que esta nova secção se fique pela primeira edição, como aconteceu com a quase generalidade dos meus projectos editoriais. Contudo, a verdade é que, antes mesmo de começar, já mudei de título que esteve para ser outro. Tinha pensado em Da minha rua vê-se uma livraria, pois esta é uma das imagens que mais falta me faz quando chego à rotunda da Lomba do Chão do Bispo e não vejo uma sala de 2º andar cheia de livros. É óbvio que livraria tem aqui o significado tradicional de biblioteca, como quando se fala, por exemplo, da librairie de Montaigne. Aliás, os ingleses ainda usam o termo correspondente nessa acepção.


Mas voltando à minha rua, a Humberto Delgado (vivi lá rigorosamente metade da minha vida...). Sempre que por ela passo, imagino que a livraria ainda lá está. Não, não estou a dizer que os livros não tiveram o melhor destino que poderiam ter. Claro que tiveram. E estou certo que foram ajudar a construir outras livrarias, porventura até mais luminosas do que a que se via da minha rua.


Porquê, então, mudar o nome desta rubrica? Por esse motivo mesmo, gostaria de guardar aquela livraria na minha memória e não vejo como poderia ilustrar com uma imagem o título Da minha rua vê-se uma livraria.


Decidi, por isso, mudar e julgo que a espantosa fotografia que consegui googlar justifica o novo nome. Esta Livraria do Mondego fazia e, de certo modo, ainda faz parte de um percurso essencial na história dos PL. Sempre que RPL ia a Nelas (que saudades daqueles caixotes de bolacha de água e sal...), passava pela Livraria e explicava pacientemente a quem o acompanhava o significado do termo. É também em homenagem a este ilustre PL - grande leitor do Simenon e que acompanhava os trajectos do Comissário Maigret através de um mapa de Paris, comportamento que sempre achei extraordinário!!! - que escolhi o nome de Livraria do Mondego.


Perguntarão os leitores impacientes: em que consiste esta nova rubrica de Maré Cheia?


Será uma espécie de Os Livros da Minha Vida em que os colaboradores deste blog poderão apresentar e explicar os motivos para a importância que eles tiveram na suas existências pessoais.


Proponho como regra - que admitirá as excepções justificadas por cada um - que esses Livros tenham, pelo menos, passado pelo 31, 6º E ou pelo 9, 2º E da artéria do General Sem Medo (atenção, esta última frase não é para levar à letra). Será, assim, uma tentativa de reconstruir virtualmente a Livraria que se via da minha rua. Ou melhor, que continuo a ver da minha rua. Vou interromper este texto porque ele está a ficar bastante piegas. Mas por pouco tempo, pois...


... dentro de momentos o leitor poderá ler o nº 1 de Livraria do Mondego. Rigorosamente a não perder!!!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A(s) baía(s)... e eu!


Roubámos a ideia dos títulos das consagradas obras de MNL (ainda disponíveis na net, pelo módico preço de 3,75 euros) para a emprestarmos à mais recente "produção" familiar - a qual é tão recente, tão recente... que ainda não foi publicamente apresentada!

Amanhã, pelas 14.30 (como o evento terá lugar no DArq, é preciso dar uma horita de folga...), MAGGIE apresentará a sua tese - para, assim, alcançar o almejado grau e, munida do diploma, partir para a Europa (ou para o Brasil? Já ninguém sabe!).

Sabemos de antemão que se trata de um trabalho profundo, em que passado e futuro se mesclam. E tinha de assim ser, ou não estivesse em causa a mítica baía de Angra. Todos os terceirenses que, alcandorados do jardim dos Corte-Real (depois dos Monjardino, agora da CMA...), das torres da Misericórdia, dos panos da muralha da fortaleza de S. Filipe, ou, mesmo, da sua amada Memória, fitam as águas daquela apertada baía conseguem ainda ver, entre os iates dos seus conterrâneos mais afortunados (a propósito, o maior é o do progenitor da autora - mas não houve interesses baixos envolvidos na escolha do tema do projecto, esclareça-se!) os galeões de uma Goa que se vai desvanecendo nas brumas. E todos imaginam - mesmo que se saiba que a nua verdade não é bem essa - o solo dessa baía pejado de marfins indianos, de caixinhas do Guzerate, de porcelanas da China, de xarões de Macau...e de ouro, muitas barras de ouro!

Por isso, "mexer" na baía da Heróica Angra é assunto delicado. Cada pedra que se move fere susceptibilidades, cada muro derrubado cria inimizades, cada parede levantada gera polémica! Angra vê-se na baía como gosta de imaginar ter sido no passado. E esse sentimento não se vence, e tem de se ter sempre em conta.

Por isso, Henrique Braz, Francisco Ernesto, Vieira da Silva, Luís Ataíde, Antonieta Reis Leite, entre outros, foram consultados para se obter um enquadramento histórico adequado. Em paralelo, o Museu de AH, por intermédido de FPL, forneceu preciosos elementos de trabalho.

E, feito este apanhado da evolução do espaço, MAGGIE apresentou a sua proposta. Audaciosa, inovadora, rompendo os estreitos limites da baía (embora a estreiteza dos limites mais difícil de bater seja talvez a dos terceirenses), a aprendiz de arquitecta quer dar um outro enquadramento à sua cidade.

Não avançamos pormenores - afinal, trata-se ainda de um trabalho inédito!

Esperamos que MAGGIE depois nos descreva o projecto e seus detalhes - e que coloque aqui algumas das belíssimas imagens que captou, ou uma foto da sua maqueta!

Por enquanto, fica aqui uma palavra de incentivo: FORÇA MAGGIE!

Esperemos que o projecto vá em frente, e que a baía de Angra continue a pulsar, sendo um dos centros nevrálgicos da urbe! E que esteja tão viva em 2010, com a proposta de MAGGIE, como no século XVIII, quando o muitas vezes tio da autora, José Joaquim PL, capitão-governador de Damão, nela fez escala ao regressar do longínquo Estado da Índia! :)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Uma receita muito especial

Sim! Por estranho que pareça, hoje falarei (eu, que sou o nabo culinário que todos conhecem!) de ... cozinha!
Há já umas semana, uns dias antes do Natal, uma amiga -cozinheira de mérito, autora de um blog da especialidade muito cotado (e gabado pelo... Pedro Rolo Duarte!) e grande admiradora de MNL (de quem foi catecúmena e, mais tarde, catequista ajudante) - disse-me que queria publicar no seu concorrido espaço web uma receita da autoria da autora de "Os outros... e eu", da qual tinha fotocópia. Seria uma homenagem à autora - apressou-se a explicar - e ao seu famoso arroz-doce. E queria fazê-lo naquela altura precisamente por ser a época natalícia. A receita, alegava, era em verso. Eu, que nada sabia sobre o assunto, fiquei à espera do post.

E ele lá saiu, pontualmente, em pleno Natal. TPL (com quem entretanto falei sobre o assunto) já me tinha mostrado a versejada receita, mas foi engraçado e agradável vê-la no blog de um não-PL, para além de ter sido interessante ler alguns dos comments (feitos também sobre a autora, e não somente em torno da receita) aí deixados. Segue o link, para consulta dos interessados:

http://paracozinhar.blogspot.com/2009/12/arroz-doce.html

Mais recentemente, a tal minha amiga deu-me conta de um novo desenvolvimento na questão: aparentemente, uma leitora brasileira tinha gostado tanto da receita que a colocara (indicando o nome da autora, naturalmente) no seu respectivo blog. Ei-lo:

http://sabores.odisseias.net/single.php?id=2726

E é realmente curioso que tenha conhecido algum sucesso em terras de Vera Cruz, esta receita que todos associamos à neta da mítica Avó Joaninha - que de lá veio, com os seus filhos de nomes diferentes e o anel dos 15 anos, trazendo para esta terra os sons, as histórias e uma certa maneira de ser "luso-tropical" que teria encantado o quadrado Gilberto Freyre! ;)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

PLs de outrora - 1 vez por semana, a biografia light de um antepassado


VI) A Mana e os Carvalhos


Ainda hoje - e a realidade actual é uma ténue sombra das dinâmicas de outrora - paira sobre a Risca-Silva a nebulosa dos "Primos Carvalho". Quantos são? Muitos! De onde provêm? Sobretudo (porque ainda há ainda mais um par de ramos, mas já mais distantes) de dois casamentos celebrados entre primos em duas gerações consecutivas. Confuso? Certamente. E a isto há que somar o facto de cada casal ter gerado numerosa prole - que, por sua vez, se foi multiplicando. Mathias de Carvalho, Carvalho Mathias, Mathias de Carvalho Pedroso de Lima, Monteiros Madeira de Carvalho, Beleza de Carvalho, ou simplesmente Carvalho .... todos provindo de um mesmo tronco!

O primeiro destes casamentos foi o de José Joaquim de Carvalho ("Sénior", como por vezes aparece nos papéis notariais poiarenses, ou, em família, o "Tio Carvalho velho") com a sua prima Maria de Jesus P.L.. Esta era a única irmã do Capitalista Mathias P.L., tendo herdado o nome e apelido da progenitora de ambos.

Nada parecia indicar que Mª de Jesus viesse a casar. Dobrados os 35, eram raríssimos os casos de mulheres que acalentassem tal esperança. Herdeira de alguns bens, podia viver (ainda que sempre agrilhoada ao espartilho legal que a Direito de então impunha às mulheres) com relativo desafogo no pacato meio onde nascera. O primo, José Joaquim de Carvalho - muito próximo de Mathias P.L. (como que desde cedo enveredou numa série de aventuras comerciais que se vieram a revelar extremamente lucrativas) - era presença regular na Casa da Risca-Silva.

Não se sabe se intencionalmente, e sem se saber se o enlace estava sequer projectado, certo é que os dois casam, um tanto à pressa e já tardiamente. E é certo, também, que alguns (não os da praxe) meses volvidos nascia o primeiro dos vários filhos do casal.

É provavelmente após casar que Mª de Jesus se instala na morada familiar herdada pelo marido - um casarão não muito afastado da Casa da Risca-Silva que, por se achar implantado no meio da localidade, se dizia estar em pleno "lugar". Por esta razão, os Tios Carvalho ficaram sendo também conhecidos como "os Tios do Lugar" - designação que foi "herdada" pelos seus filhos solteiros.

O pouco que se sabe acerca de Mª de Jesus P.L. prende-se com a sua maneira de ser, que pouco diferia da dos seus irmãos rapazes. Amando - intensamente, e com igual fervor - a religião e o capital, foi piíssima paroquiana e protectora da Capela das Necessidades e, juntamente com o marido, riquíssima proprietária em Poiares.

Extremamente ciosa dos seus bens e parca no consumo dos rendimentos que deles auferia, dando vida ao mote de vida do seu querido mano Mathias (todavia ainda um pouco mais pio e mais rico, sendo, por isso, um exemplo familiar) - "quem guarda, acha" - também não escapou a ser considerada sumítica. Sumítica? Poupadinha? Não será tudo uma questão de ponto de vista? Mª de Jesus P.L. certamente acharia que sim.

sábado, 16 de janeiro de 2010

De volta à Escola Agrícola...

A pretexto de um jogo a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de Rugby (a segunda competição mais importante do calendário oficial da Federação Portuguesa de Rugby),

alguns PLS voltaram às instalações de um lugar mítico do imaginário da família: a famosa Quinta do Bispo, em Bencanta, também em tempos conhecida por ERAC. O resultado do jogo não é importante, mas é favor reparar no nº 13 dos visitantes alentejanos. Para quem quiser saber mais incidências do prélio, pode consultar a crónica do jogo em http://www.crevora.net/catalog/show.php?id=7792.
Dito isto, merecem registo alguns outros pormenores.
1) A ausência dos conhecidos beatles (assim designados por RPL em virtude das suas fartas melenas) no galinheiro.

2) A janela do antigo gabinete daquele que também era conhecido por Little Souls.

3) A lamentável inflação de edifícios e de automóveis, crescentemente visíveis a cada visita que faço à Escola, facto que muito desagradaria a Senhor Engenheiro, que sempre pugnou para que a ERAC fosse antes de mais uma quinta agrícola. Enfim, (tristes) sinais dos tempos!
































quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

28.01.2010

Venho por este meio comunicar à comunidade PL que está presente na blogoesfera que dia 28 de Janeiro de 2010 (hora ainda a determinar) no departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra irei apresentar/defender a minha Dissertação - Duas baías, um projecto: Ideias para a requalificação da frente marítima de Angra do Heroísmo.

Mais detalhes em breve. :)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Outros Lagartos derrotados na cidade da Torre das Cabaças











Excelente post, ZN!No entanto, importa fazer uma pequeníssima (mas fundamental) correcção historiográfica. O adversário da Briosa nesse jogo em Santarém não foi o União – clube que, durante alguns anos, mereceu a minha ligeira simpatia até por causa do singular nome do seu recinto de jogo, o mítico campo Chã das Padeiras (já voltarei ao assunto…) – mas, sim, os Leões escalabitanos. De acordo com o inestimável livro de João Mesquita e João Santana Académica. A História do Futebol (Almedina, 2007) - monumental obra de 715 pgs e que deveria ser de leitura obrigatória entre os jovens PLs que gostam de futebol, pois talvez assim voltassem a ter bom gosto clubístico - nesse prélio, disputado no Campo Alfredo Aguiar a 9 de Março de 1969, pelas 15 horas, a Briosa apresentou a seguinte formação. Na baliza, Viegas. Depois, Curado (aluno de RPL, julgo eu), Carlos Alhinho (caboverdiano recentemente falecido que, depois desta célebre passagem pela AAC, baixou de nível, jogando por clubes de menor nomeada como os lampiões, os dragões e os lagartos e que, na história PL, se destaca sobretudo por ser o irmão mais velho do Alexandre, colega de turma de MPL no Liceu D.Duarte), Vieira Nunes, Gervásio (também já falecido e que foi colega de PPL na Faculdade de Direito), Rui Rodrigues (que posteriormente veio a ser dono de uma farmácia em… Santarém, se não me engano!), Nene (o malogrado avançado moçambicano que morreu tragicamente em acidente de viação numa estrada, a que liga Coimbra e Figueira, onde tempos antes RPL também sofrera um acidente, embora bastante menos grave, como é óbvio), Vitor Campos, substituído por Agostinho aos 65 minutos, Crispim (outro aluno de RPL, este tenho a certeza) e que foi substituído por Peres aos 72 m, Manuel António e o “capitão” Rocha, grande amigo de ZG e JM. Treinava a equipa, João Maló. Golos da Briosa apontados por Jaime (na pp baliza, 19m), Manuel António (38, 53 e 84), Vitor Campos (47) e Rui Rodrigues (68). Pelos locais, marcou o médio Medeiros, aos 76m. Em suma também estes “lagartos” foram derrotados – e desta vez sem o recurso a influências exógenas! – pelos estudantes em Santarém. Arbitrou o jogo, a contar para os 1/16 de final da Taça, o Sr. João Gomes (do Porto), auxiliado pelos Srs. Fernando Alberto e Tomás Matos. A Académica chegou à final da competição, tendo sido derrotada, após prolongamento, por 2-1, no que é considerado o maior comício de oposição ao Estado Novo que alguma vez se fez (Cf., por exemplo, SERRADO, Ricardo, O Jogo de Salazar. A Política e o Futebol no Estado Novo, Lisboa, Casa das Letras, 2009, pp. 171-197). Eusébio, como se sabe, revelou na altura a sua grande insensibilidade política. O nosso querido Little Souls e MPL assistiram à partida, pelo que peço ao ex-edil eborense que evoque, em futuro post, essa memorável jornada no Jamor. (Cf. a propósito http://www.youtube.com/watch?v=0tXOha0dq1o)


Lembro-me que, anos mais tarde, mais concretamente no dia 1 de Junho de 1980, a minha (ténue) simpatia pelo União de Santarém se extinguiu para sempre, pois esta equipa veio jogar ao Calhabé tendo imposto um nulo à Académica (ou melhor, na altura, por motivos sobejamente conhecidos, eu era adepto do ... Clube Académico de Coimbra, ou seja, CAC), o que quase nos ia custando o regresso à 1ª Divisão. Os meus conterrâneos fartaram-se de fazer anti-jogo e eu passei a desprezá-los furiosamente. Já na primeira volta, no Chã das Padeiras (tinha de escrever este nome outra vez…), a Briosa tinha empatado a um golo. Felizmente na semana seguinte ganhámos 1-0 ao Grupo Desportivo "Os Nazarenos" (inesquecível golo de cabeça do brasileiro Eldon, o meu jogador preferido nessa altura e mais tarde grande amigo do nosso primo PRF, hoje importante figura da imprensa pink) e lá voltámos à 1ª Divisão.

BRIOOOOSA!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Uma história curiosa…

Também tenho um bilhete do Avô Caetano (AC) dirigido à MNL, mas este com mais significado para mim uma vez que está datado de 7/06/1961 (5 dias depois de eu ter nascido!).
Já não sei quem me deu este bilhete, mas penso que foi a própria MNL.
No entanto, há uma história curiosa associada a este bilhete, segundo contava MNL.
RPL estava interessado em concorrer para subdirector duma escola escalabitana, mas havia um concorrente fortíssimo, um tal eng.º Lagarto que era assistente universitário e senhor dum óptimo curriculum. Para além disso, tinha uma cunha dum secretário de estado ou, mesmo, dum ministro de Salazar – uma importante carta de recomendação que nunca terá chegado ao seu destino. Valeu-nos, na altura, um amigo de AC que se encontrava no lugar certo e que discretamente conservou a famosa carta fechada numa gaveta. Claro que o candidato com apelido de réptil telefonava todos os dias para o amigo de AC para saber se a dita carta já teria chegado. “Ainda não, estes correios funcionam cada vez pior, ou então a carta ainda não terá sido expedida pelo Ministério” – desculpava-se o amigo.
Se a tal carta tivesse chegado em tempo útil provavelmente JT não seria escalabitano (podem não acreditar, mas ele chegou a ter um barrete de campino!). Eu nunca teria aprendido a andar de bicicleta na pista de atletismo que circundava o campo de rugby (graças à paciência de um famoso arquitecto de Évora). Nunca teríamos conhecidos os Franqueiras, a Sr.ª Noémia, o Sr. Cardantas (da vacaria), o Sr. Aníbal (conduzia a carroça dos legumes até ao mercado de Santarém), o Sr. Guerra (o jardineiro), o Sr. José Boieiro, o Sr. João das Picas (o enfermeiro de serviço com a dolorosa penicilina), o Sr. António (o motorista da carrinha da escola) e o famosíssimo Dioguete! Também não teríamos conhecido a Foz do Arelho da forma que conhecemos!
Enfim, uma história curiosa – demasiado importante para os PL para ser apenas “estória”! – e decisiva para a epopeia PL!
Para rematar, lembrei-me agora dum episódio que fica bem para finalizar o post. Uma vez, depois da missa dominical, encontrámos no Café Central (ou terá sido na Bijou?) alguns jogadores da Académica de Coimbra (creio que o Gervásio, os manos Campos e o Rocha), antes dum jogo contra o União de Santarém (a Briosa esmagou por 6 a 1!). A MNL desafiou o “menino mais bonito do Cortiço” a pedir uns autógrafos aos briosos académicos para um verdadeiro aficionado academista (que até tinha uma saca de guardanapo bordada com uma sugestiva frase: “A Académica é a melhor do mundo!”). Inexplicavelmente, agora torce por um clube de bairro que se dá pelo nome de Sport Lisboa e Benfica!!!





quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Luis dos... Reys!



































































O Plitólogo mais prolixo de Maré Cheia está hoje de parabéns. De facto, aquele que, com inteira propriedade, se deveria ter chamado Luís dos Reis - e que, ainda hoje, não se percebe porque o não foi... - é alguém que não precisa de ser apresentado aos leitores deste blog. Não é, por isso, fácil escrever um post original (sobretudo depois do magnífico elaborado pelo padrinho ZN e a quem concedemos a honra de inaugurar esta série de homenagens a LCO!) dedicado a alguém que, muito precocemente, se designou a si próprio como uma estátua erótica (teria por volta de 6 anos ou menos ainda?). É o que acontece a quem começa demasiado cedo a ler livros de arte greco-romana. Apresentemos algumas imagens e em especial alguns documentos historiográficos em homenagem ao primeiro representante de uma extraordinária geração de PL's (embora, para tios e pais cotas, bastante incompreensível. Por exemplo, como é possível apreciar-se um suposto intelectual que chama à figura cultural mais referida neste blog - aqui está mais uma menção! - um simples filósofo de província? Por acaso, o visado - que, como é evidente, não é o autor deste post, ó ZN! - até gostou do epíteto, mas, mesmo assim...).
Vamos, então, ao essencial. E comecemos por elementos para uma futura fotobiografia. Depois de uma chapa recente, no mítico Hotel do Facho, regressemos atrás na História e voltemos aos primeiros anos de LCO. O que têm em comum essas três fotos? Todas elas foram tiradas no célebre 6º esquerdo do 31 da Humberto Delgado: duas na varanda. Será a da esquerda aquela de que falava ZN no seu texto? Na da direita, consta também a mana Ni e um adolescente acnídeo que, como de costume, está ali a fazer de emplastro. Esse ex-adolescente (ex, excepto em questões epidérmicas...) também tentou enveredar desde cedo por essa área científica - a plitologia - em que LCO mais tarde se veio a especializar. Podemos ver, de resto, a imagem que ilustra esses infrutíferos esforços, constituindo parte de um dossier dedicado aos dez e onde aparecem os 3 mais velhos, com principal destaque para TPL, a Mãe do aniversariante e a quem endereço também os parabéns, extensivos como é óbvio ao Pai, o Grande ACO (atrás, mas como sempre presente, na foto inicial). Data do documento da autoria de JT: 1976. Não, está visto que não era por estas bandas que a plitologia iria ter, no futuro, pela mão do hoje aniversariante, o brilhantismo que veio a alcançar: cf. excelentes estudos genealógicos (por exemplo, em Raízes & Memórias, nº 25, ) e as já renomadas planetariamente biografias light. Contudo, também LCO não nasceu plitólogo, tendo usado como cobaia o presente escriba com alguns ensaios ainda algo imperfeitos (vão aí 2 exemplos dos muitos que foram feitos!). Porém, em 2003, é já mais visível o seu talento retratista. De qualquer modo estes três documentos comprovam a notável evolução plitológica do homenageado que tem uma rara característica entre os membros da sua geração PL: é também um excelso cultor da epistolografia. Por isso, aqui vai a reprodução de duas cartas: uma do próprio que acompanhava precioso material bibliográfico solicitado pelo Tio (e nisso o Luisinho também revela um dos seus maiores atributos: a infinita generosidade!) e a outra um documento cinquentenário de um afamado publicista, também conhecido por Sílvio Luso e que foi sem dúvida um dos mais famosos Reis de Torres Novas, endereçada à sua Filha e nossa QUERIDA (chega, ZN? Ou preciso de ir ler todos os livros da Alice Vieira como expiação pelo mau gosto da minha lamentável 'piada' vampiresca?) Talinha. Não conhecias esta preciosidade, pois não, LCO?
Finalmente, devo dizer, adoptando agora um registo mais pessoal, que o Luís é, para além de tudo o resto, o Godfather de ZG, a quem desesperadamente procura há longos anos fomentar o gosto pela BD, através do envio de excelentes livros - cujo Pai do destinatário muito aproveita... - e também de obras de sua autoria (cf. imagem de uma figura terceirense, desenhada aquando de uma das suas muito apreciadas férias açorianas). Mas a verdade é que, tal como LCO e o desporto nunca se deram bem (desde a raquete muito pouco usada e que lhe foi oferecida pelos tios tenistas até às famosas fugas para a casa de banho do Safari...), também o seu afilhado prefere as emoções do rugby à literatura, como se comprova nas fotografias de uma célebre meia-final do Campeonato da Europa em que, qual Nuno Álvares Pereira dos relvados, converteu um decisivo pontapé contra os nuestros hermanos... E, de facto, quem um dia poderia imaginar que LCO se viria a interessar pelo desporto da oval? Ninguém? Isso não é verdade, pois recordo-me muito bem do episódio que a seguir vou relatar. Estando eu e TPL na esplanada do Café Piolho, à Solum, na companhia de LCO, criança ainda de colo e que estava no seu carrinho de bébe, eis que surge um antigo internacional de rugby da Académica, o qual depois de cumprimentar com um aperto de mão (ou melhor, de dedo) o nosso homenageado comentou, algo combalido: «Com esta força toda, vai ser com certeza jogador de rugby!». Enganou-se redondamente, claro. Mas não tanto (nem uma geração...) como afinal se poderia pensar.
Um grande Abraço de Parabéns ao Grande Luís que nasceu no Dia dos Reis!!!

Parabéns PLITÓLOGO!

Parabéns PLITÓLOGO!
Querias ser egiptólogo e, nas horas vagas, tintinólogo!
Depois Juiz e, nas horas vagas, egiptólogo e tintinólogo.
Agora és um investigador afamado em ciências históricas e jurídicas (a concluir a tese de doutoramento) de Goa e, nas horas vagas, um brilhante plitólogo (com obra vasta já publicada).
Provavelmente ninguém saberá, mas a primeira fotografia que eu tirei (em consciência, não me responsabilizo por outras fotografias que tenha eventualmente tirado antes!) foi ao LCO na varanda do 31. Quis pôr esta fotografia no blog, mas ainda não a encontrei. Encontrei outras que se poderão ver um pouco mais abaixo…
Quando o LCO já era falante, e entrava a correr pelo 31 a dentro, entre nós apostávamos qual seria a primeira palavra que o novíssimo sobrinho/neto diria. Avô? Cuco? Guida? E eu na minha posse de Clint Eastwood (sim, confesso que herdei do Pai o gosto da coboiadas) dizia triunfante: “ Vai dizer Zé!”. E ganhava quase sempre!
Já agora também não resisto em vos lembrar dum episódio marcante pela precocidade de LCO (teria 7 ou 8 anos), durante um casamento brasonado duma prima, um dos nossos primos terá ouvido o LCO a explicar a um surfista terceirense (na altura com 4 ou 5 anos) a diferença entre o estilo gótico flamejante e o barroco! – Ò Rui, eu fiquei de boca aberta e até aprendi umas coisas! – Confessou ele ao Pai/Avô. E ainda bem, senão o episódio ficaria na obscuridade dos bancos da Capela da Universidade.
Um grande abraço de parabéns para o meu sobrinho, afilhado, consultor de história, antiguidades, novidades conimbricenses, do Oriente, de genealogia PL e, sobretudo, um grande amigo!!

PS: As biografias light estão cada vez melhores, mereciam uma publicação em livro!
O “mais referenciado” não será referenciado neste post pois não esteve bem com aquela “piada” dos vampiros… mas ainda vai a tempo de se redimir, ou de se penitenciar (Avés Marias, ou mãos nos joelhos, lavar a língua com sabão – mas há o risco do acordo ortográfico escorregar -, qualquer coisa…).

LCO em posse surrealista.
LCO falando sobre Goa num congresso em Lisboa.


Homenagem ao aniversariante pelo seu reconhecido gosto da BD franco-belga.
(peço desculpa pela imperfeição das montagens, mas falta-me um software adequado aos recortes de imagens!).



terça-feira, 5 de janeiro de 2010





vai estrear esta semana no cinema o filme







baseado num dos livros emblemáticos da minha infância PL

A não perder!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O meu coração é brasileiro....

Não, não é! Isto é apenas para disfarçar! O meu sangue é, sem dúvida, brasileiro, assim como a minha tez morena. Agora o coração não é, nem aprecio a música que canta este verso.
Esta introdução é para voltar ao (des)acordo CPLPiano. O Brasil é gigantesco em relação a Portugal: 190 milhões de falantes contra 10 milhões! Destes 190 milhões, mais de 150 milhões vivem na pobreza absoluta! Não escrevem, nem lêem! Mas contribuem decisivamente para afastar cada vez mais o "português brasileiro" do português! Depois há o problema da educação: um verdadeiro desastre! Um antigo colega meu do primeiro ano do Liceu José Falcão (actual 7º ano) que era brasileiro e tinha ingressado no ensino português no meu primeiro ano de Inglês, embora ele já tivesse tido 3 anos da língua de sua majestade, era uma completa nulidade nesta disciplina (nas outras também! Mas não era burro de todo). Dizia-me ele: "Em três anos só aprendi o verbo "to be" (e mal, diga-se)! Este caso paradigmático diz muito! Muitos anos mais tarde, em conversa com um (outro) colega meu brasileiro sobre o ensino de Inglês no Brasil, disse-lhe em tom de brincadeira: “Tiveste 8 anos de Inglês mas limitaram-se a aprender o verbo “to be”!”. “Como é que sabes?”
Não há acordo que valha para os brasileiros. Eles nunca irão cumprir qualquer acordo!
Os brasileiros cultos falam e escrevem português com muita correcção, só com alguma atenção é que se percebe que são brasileiros. Os livros do Eurico Veríssimo ou do Jorge Amado, por exemplo, lei-os tão bem como os livros portugueses bem escritos. Não precisam de qualquer acordo ortográfico para serem lidos pelos portugueses! Mas eu preciso de legendas para perceber as novelas brasileiras, ou para entender os brasileiros recém-chegados a Portugal. E preciso de grandes doses de tranquilizantes para conseguir ler livros e artigos brasileiros da minha área!!!!
Nem falemos do caso de Angola, ou, pior ainda, de Timor! Uma língua sem escrita não se harmoniza... lembro-me sempre do Crioulo. Em Cabo Verde tentaram adoptar o crioulo como língua nacional (quase não há escrita, embora a percentagem de analfabetos seja inferior a 3%, mas todos falam bem português). Mas o problema é que os crioulos divergem de ilha para ilha, a ponto de o crioulo falado no Fogo não ser entendido pelos caboverdianos de Santiago (a Ilha vizinha).
Os espanhóis vivem uma realidade completamente diferente da nossa! A Espanha é cinco vezes maior do que Portugal. Além disso, a desproporção Portugal - Brasil não se compara à desproporção Espanha - México/Espanha - Argentina. E, ainda, a cereja em cima do bolo: o castelhano tem rivais em Espanha como são os casos do catalão e do galego! Fomentar um acordo ortográfico internacional para o castelhano é, para a Espanha, um problema de soberania nacional. Realidades bem diferentes...
Depois há ainda um problema cultural: os brasileiros não podiam ser mais diferentes dos portugueses! Ainda bem que é assim. Os brasileiros ainda falam português, mas daqui a uns anos ou falamos todos brasileiro, ou eles falam brasileiro e nós português!
Mas venha o acordo...

Três Famosos que faltam na lista da T...

Não, não são conhecidos por fazerem distúrbios nas WC públicas, nem por escreverem os piores livros de críquete, são três famosos PL's nas escadas do Largo do Seminário, em Santarém, no ano de 1966 (quando JT nasceu e o Eusébio chorou!) após uma cerimónia de "Promessa" (neste campo estão mais avançados do que o EL!).
Claro que de todos aqueles nós só conheço três ou quatro (alguns deles só devem ser usados nas rendas de bilros, ou coisa que o valha)... mas, sem ter grande jeito para os nós, confesso que me têm safado nalgumas ocasiões da vida real.
A propósito lanço o desafio para identificarem os três PL’s.

Os nós que JT não aprendeu ...



Ok JT, basta de bater no Baden Powell ...


Que tal aprenderes algumas técnicas de nós?

A propósito de nós, aqui vai uma pergunta:
Quais destas pessoas não foram escuteiros?


D. Ximenes Belo
D. Manuel Clemente
Eduardo Lourenço
John Major
Paul McCartney
George Michael
Sterling Moss
Cliff Richard
Bobby Robson
Neil Armstrong
Jacques Chirac
Richard Gere
Valery Giscard d'Estang
James Stewart
James Lovell
Dr.William C. DeVries
Gerald Ford
Steven Spielberg
John F. Kennedy
Jim Morrison
Bill Gates
Harrison Ford
H. Ross Perot
Rei Carlos XVI Gustavo
Rei Constantino


PLs de outrora - 1 vez por semana, a biografia light de um antepassado

V) O Esquecido
Quando se pergunta a algum dos mais velhos poiarenses (ou a um dos mais velhos primos ou tios) - uns e outros cada vez mais escassos nesta 2ª década do século XXI - quais foram os antigos PL da Risca-Silva, a resposta será, invariavelmente: "O Sr. Capitalista e o seu mano P.e Bernardo, a sua mana D. Maria de Jesus de onde provêm os Carvalho e o mano que morreu novo no Vale de Matouco". Ok, pensa quem ouve a réplica: eram 4.
No entanto, uma pesquisa um pouco mais aprofundada acabará por revelar uma verdade mais estranha: falta um. José Mathias PL, o irmão mais velho do Sr. Capitalista, de quem existem registos até aos (cerca de) 30 anos, jamais é referenciado. Mais: todos os interrogados dirão "José??!! Nunca ouvi. Acho que está enganado, confundiu-se, esse José nunca existiu". No entanto - e a documentação não mente - a realidade é bem diversa. Ora, o que terá acontecido (ou o que terá ele feito?) a este José para nunca ser referido, nunca ter apadrinhado um sobrinho, e ter sido (parece que) quase intencionalmente esquecido? Qual a razão que justifica esta tão estranha "morte social" de um irmão? As hipóteses são muitas, mas os estudiosos da família parecem ser unânimes. Por um lado, quando morreu o pai do velho Capitalista, os irmãos PL decidiram deixar manter a herança deste indivisa (com a excepção de umas propriedades que foram doadas ao P.e Bernardo para este se ordenar). Sendo o mais velho, José Mathias PL ficou encarregado de administrar os bens familiares. Vendo-se na posse de alguns rendimentos, José pôde, assim, dar azo a uma das suas paixões: a vida política. E, realmente, envolveu-se na modestíssima política local, sendo, entre outras coisas, vereador da Câmara. Nada disto teria tido grande importância se o primogénito não tivesse rapidamente descurado as propriedades da família (e ainda por cima de uma família tão ciosa dos seus bens), se tivesse rapidamente individado e rapidamente começasse a alienar património. Um escândalo, e uma ofensa que os manos (ao que parece) não conseguiriam suportar de ânimo leve! Assim, mal atingiram a idade adulta - e talvez para salvar a "Casa da Risca-Silva" (como então era identificada) da bancarrota - o P.e Bernardo e o futuro Capitalista - chamaram a si a gestão do património. Obtiveram os bons resultados que todos conhecemos.
E a verdade é que se Mathias, Bernardo e Maria de Jesus mantiveram e aumentaram muito substancialmente a fortuna familiar, o velho Capitalista ficou (como vários ainda relembram) para sempre com um sentimento de repulsa/ódio/temor por toda e qualquer actividade política.
Terá sido também por isso que o seu filho Armando só ocupou cargos políticos após a sua morte.