sábado, 2 de abril de 2016

A 21 de novembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Língua portuguesa, uma língua de futuro" é, na sua cidade fundadora, o título, desde logo significativo, do congresso que encerra, de 2 a 4 de dezembro próximo, as celebrações dos 725 anos da Universidade de Coimbra. E que, também com algum significado, pré-inaugura, junto ao Mondego das "serenas" e "doces e claras águas" que Camões cantou, o Centro de Convenções e Espaço Cultural. Mas o que hoje deixo relevada é a enorme esperança – quase diria expetativa – que, quem de direito, anuncie, por coerência, a criação, aqui, na primeira capital do antigo reino, do Museu Nacional da Língua Portuguesa. Porventura em Santa Clara-a-Nova ou no edifício do Seminário Maior, onde seja. Talvez com um núcleo inicial ali mesmo, no Convento de São Francisco. Em Coimbra, indispensavelmente.

Já há, na autoestrada, e muito bem, uma placa que sinaliza a aproximação a Lorvão. Ao contrário do que continua a acontecer com a (não) informação sobre Coimbra Património da Humanidade. Mas, enfim, também se compreende. É que o mosteiro do vizinho município de Penacova será do ano de 878, a classificação da Universidade, Alta e Sofia...só de há pouco mais de dois anos. Temos, pois, tempo!

Dos residentes na Região Centro, 69% estão – mesmo mais do que antes – satisfeitos com a sua vida, diz o barómetro promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento. A par do natural regozijo de Ana Abrunhosa, duas interrogações, contudo, nos assaltam: seremos, os beirões, pouco exigentes, ou o nosso permanente "vamos indo" é atavismo de que ainda não nos livrámos também neste belíssimo território? Por mim, acredito absolutamente, a resposta está na qualidade, no bem-estar de que, por aqui, de facto, usufruímos.

A Comunidade Intermunicipal de Coimbra quer promover o espírito empresarial (nos seus 19 municípios) através de iniciativas em rede que garantam suportes à dinamização de incentivos, de estímulo e apoio ao empreendedorismo qualificado e criativo. Que, olhando o nosso tecido económico, reconheça-se, bem precisos são. Queira Deus, contudo, que não seja, quase um milhão de euros, dinheiro deitado à rua...ou dado a outros desperdícios!

Parece que o comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação terá ficado surpreendido com a realidade que encontrou no Biocant. Não sendo de esperar que Carlos Moedas conhecesse todos os parques de ciência, o que sejam, da Europa inteira, já o mesmo não diria e relação aos do seu país. Talvez se Cantanhede fosse em Lisboa ou no Porto...

Gostei de ler, dias atrás, em justa homenagem do DC, a última crónica que Aníbal Duarte de Almeida tinha enviado, antes do seu passamento, para o jornal de que era colaborador desde há 70 anos. E que, depois de recortada, vou guardar. Não para lembrar o velho Amigo, antes para não esquecer o título " Coimbra e os seus escritores", que a encima. E, a propósito, reafirmar a incapacidade da cidade em fazer valer sequer a sua História, dedicando-lhes, por exemplo, um jardim. A tantos, quase todos eles, os nossos mais notáveis homens das letras, que calcorrearam estas velhas ruas. Com os seus bustos, os livros numa pequena biblioteca temática, ainda, porventura, como agora parece usar-se, um centro interpretação de tão relevantes vidas e obras.

Coimbra quer ser a melhor universidade de língua portuguesa do mundo, disse, cheio de otimismo, mas também de razão, o vice-reitor Luís Filipe Meneses; a delegação da Cruz Vermelha, magnífico exemplo de cidadania, tem 21 novos voluntários; serão apenas duas (sinal de crise na participação democrática?) as listas candidatas às eleições na Associação Académica; o embaixador dos EUA visitou a cidade e, com certeza informado das declarações de Moedas, elogiou a tecnologia aqui produzida; a nossa Queima das Fitas continua a ser, pois claro, o melhor festival académico; na Assembleia Municipal, a abstenção da CDU lá viabilizou o Orçamento e as Grandes Opções para 2016; e Coimbra é uma das cidades que no próximo dia 29 vai integrar a Marcha Mundial do Clima – marchemos, pois – para exigir aos políticos, reunidos na Conferência de Paris, decisões concretas.

António Cabral de Oliveira

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