sexta-feira, 14 de março de 2014

A 8 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Não sei, naturalmente, o quê. Mas sei que a Câmara Municipal e os seus órgãos técnicos têm, sem questão, de tentar resolver os sérios problemas de trânsito que, de passagem, sobretudo nas horas de ponta, tanto dificultam a vida na Solum, que já foi, recorde-se, em termos de bem-estar, uma zona residencial de Coimbra com muito melhor qualidade. Apostar no metro? Desviar fluxos de tráfego? Ampliar a circular interna? Semaforizar e desnivelar rotundas? Não tenho de saber. Mas quero saber como intenta a autarquia minorar um problema que ultrapassa, já, os limites do razoável...

Manuel Machado fez lindamente em promover uma visita ao Convento de S. Francisco. Para ali todos nos podermos aperceber e sentir – fiquei com a ideia de que muitos, mesmo entre os decisores da cidade, só agora tiveram, verdadeiramente, um efetivo contacto com a obra – a dimensão e relevância daquele empreendimento municipal. A exigir, também a todos, e quando estamos a apenas dois pequenos passos da sua inadiável conclusão, uma atitude responsável, empenhada e ética, sem outros interesses que não sejam, exclusivamente, os do desenvolvimento da cidade.

A Universidade de Coimbra pretende subir a percentagem de estudantes estrangeiros para os 20% nos próximos anos. Ainda bem que, de acordo com o reitor, tal estratégia procura não só "colmatar o subfinanciamento", mas também "reforçar a qualidade e o cosmopolitismo científico e intelectual". Desta feita, gosto de o saber, a grande preocupação não será só o dinheiro...

Absolutamente esclarecida e esclarecedora, ao que leio, a intervenção do presidente da CP durante uma conferência no Casino da Figueira da Foz. Sobretudo – um abraço Manuel Queiró – quando advoga, naturalmente, nos antípodas da ficção científica, não novos projetos, antes a modernização da linha da Beira Alta...

Primeiro foram os historiadores, conservadores e restauradores profissionais, depois estruturas do ministério da Cultura, mais recentemente o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, todos a verberarem, entretanto, o "restauro" – que até a mim parece muito mau – das 13 imagens do Santuário de Nossa Senhora das Preces, na beirã Aldeia das Dez. Se o trabalho foi efetuado já em 2007, apetece perguntar o que andaram a fazer todas aquelas personalidades e entidades, antes, durante e depois da intervenção "criminosa, danosa e prejudicial para o património". O espaço de sete anos decorrido desde então é demasiado tempo sobre o que nunca deveria ter acontecido. Tamanho alheamento (e essa displicência e incúria é o que mais me inquieta) não augura, para o futuro, nada de bom...

Leio e quedo-me estupefacto. Então não é que Fernando Serrasqueiro, ainda deputado, anterior governante, não tem o dislate, agora, de vir defender, em artigo de opinião, que na nossa região, para ser coerente, homogénea e diferente do resto do país, urge promover-se uma articulação e ligação entre os principais centros urbanos e, mais, que a coesão interna, sob pena de as suas franjas serem atraídas pelo Douro e pelo Tejo, só se fortalecerá com ligações rápidas de e para Coimbra! Com uma assim tão clarividente noção da realidade territorial, apetece perguntar o que tem andado o albicastrense, como nós também beirão, e enquanto político ativo, a fazer.

Pastéis de Santa Clara, manjar branco, barriga de freira, crúzios, arrufadas e cavacas, estes os bolos escolhidos pelas seis pastelarias que integram, uma prazerosa tentação, "Os caminhos da Baixa – o património doceiro de Coimbra", iniciativa de inquestionável interesse cultural e turístico (esperemos também comercial), a que, gulosamente, importa nos sacrifiquemos...

Com uma programação desafiante tem início, esta semana, a não perder, o ciclo primaveril das "Quintas no Conservatório"; João Ataíde, sem surpresa, é o novo presidente da CIM Região de Coimbra; recuso-me a acreditar que o herbário da universidade – com 800 mil plantas – possa vir a fechar portas se não se encontrar, neste país com tanto desemprego, quem renda, a dois dias da aposentação, a sua única (!) funcionária; o Instituto de Medicina Legal garante, também era só o que faltava, que a sua sede permanecerá em Coimbra; enquanto Pedro Machado preside à nova Associação Nacional de Turismo, Pedro Ribeiro, parabéns para ambos, é coordenador de informação da estrutura regional da rádio e televisão públicas; a Académica, que belíssima sensação para todos nós, os seus apaniguados, garantiu, já, a permanência; e, no seu dia, uma saudação, hoje, muito especial, para as mulheres.


António Cabral de Oliveira

A 1 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Deviam ter vergonha na cara para, pelo menos, não sujeitarem os jovens desempregados – tenham eles doutoramento, ou apenas, como se dizia no meu tempo, a quarta classe – a tais despautérios, a tamanho opróbrio. Se o Centro de Emprego e Formação Profissional de Coimbra não consegue arranjar-lhes trabalho, ao menos não atente contra a sua dignidade (a dignidade humana, sabem o que é?) quando os obriga à frequência de uma "formação" de 25 horas, de muito escassa valia prática, pela qual recebem 28,25 euros. O que significa, porventura, uma remuneração de um euro por hora, acrescido de 3,25 euros, quiçá para os transportes, talvez como contributo para o desgaste da sola dos sapatos, única forma, a apeada, de, com tais valores, chegarem, naqueles 7 dias, ao local da formação! Deus os e nos ajude...

Cheio de razão nos motivos que advoga – e quero cingir-me a apenas esses – o atual presidente da CCDR do Centro não se candidata a novo mandato. Entretanto, pelo meio de desmentidos e de silêncios anuentes, começam a ser conhecidos os nomes dos que, licenciados há pelo menos 12 anos, pretendem, com inteira legitimidade, liderar, por uma forma pretensamente administrativa, uma instância que deveria ser, persisto, política, e democraticamente eleita.

Durante a última visita do secretário de Estado das Infraestruturas e Transportes a Coimbra, parece que o presidente da EP teria explicado que a autoestrada de ligação a Viseu não poderá ser comparticipada por dinheiros europeus já que a Comunidade classifica Portugal (confundindo a parte com o todo) como um país superdesenvolvido nesta área. Perante as dificuldades resultantes da falta de dinheiro do Estado, e a indispensabilidade da construção daquela rodovia, pergunto se não será possível vender uma das AE que abundam, sem tráfego que as justifique, na região de Lisboa, para, com o proveito, se concretizar aquela estrutura e, talvez ainda, se o negócio correr bem, os IC das esquecidas terras da serra da Estrela.

Aí está, em toda a sua aparente plenitude, seja ela o que for, a saga Câmara Municipal/MRG a propósito do convento de S. Francisco (da Ponte, como, bem, Manuel Machado insiste em lhe chamar), da sua transformação em Centro de Convenções. E enquanto ficamos a aguardar os próximos folhetins – que, entre pedido de indemnizações e resolução de contratos, por certo, digo eu, não levarão a nada de jeito –, Coimbra, adiada, continua à espera. A ver a cultura, também o turismo, a passar. Pela ponte, talvez, a caminho de outras mais diligentes paragens...

Para além do resultado concreto da iniciativa – a exposição de fotografias patente nos claustros do Colégio de Santo Agostinho – fica, sobretudo, a riqueza humana, a relação de ternura (não tenhamos medo das palavras) estabelecida entre os jovens universitários e os idosos da Alta envolvidos do Projeto REALidades, em boa hora promovido pelo CEIFAC. Num espaço urbano que se quer mais acolhedor para quem lá vive, a intergeracionalidade e os afetos à volta de uma máquina fotográfica.

O bispo de Aveiro é o novo bispo do Porto. Cidade, esta, que continua, assim, até em termos de igreja, a haurir aquela. Sempre em benefício do Norte, com prejuízo para o Centro. Sobretudo para aquele território – e cultura – que integra (identidades antigas, recordam-se?) a Beira Alta, a Beira Baixa e a Beira Litoral...

Quando a Universidade comemora, parabéns, 724 anos, inicia-se, também hoje, com uma programação rica e imensa, participe, a Semana Cultural; o Quebra, bar histórico de tantas vivências, reabriu, remodelado; incapazes de manter estruturas regionais que nos diferenciem, a AHRESP, para substituir a Associação dos Industriais de Hotelaria e Restauração do Centro, inaugurou, não a sede, mas a sua delegação na cidade; o secretário de Estado do Desporto mostrou-se determinado para, Deus o guarde, angariar verbas do QREN (as únicas de facto existentes) para a renovação do estádio universitário; perdemos, diria naturalmente, para Leiria, do mal o menos uma urbe da região, a final, coisa com certeza insignificante, da Taça da Liga; e o PS organiza, em Coimbra – embora a nossa situação preocupe, também não é caso para tanto –, uma conferência nacional sobre...proteção civil.


António Cabral de Oliveira

A 22 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Fiquei com a ideia, a crer nas suas declarações públicas, de que a vinda de três governantes – das áreas dos transportes e equipamentos e do desenvolvimento (?) regional – a Coimbra, para participarem em trabalhos sobre as Infraestruras de Elevado Valor Acrescentado e no Conselho Regional, significou absolutamente coisa nenhuma, o vazio. Que não há dinheiro, nada está garantido, que Portugal é o (e não um dos, senhor ministro Poiares Maduro) país mais centralizado da Europa, e outras banalidades quejandas, já nós sabíamos, e sobretudo sentíamos, há muito, aqui na Beira...

Neste tempo de crise, leio que, não interessa quem, serão 15 os candidatos à presidência da CCDR do Centro, e ainda 25 e 26, respetivamente, a cada uma das vice-presidências. Uma farturinha (este o estado da Nação!) quase fazer lembrar um bodo... a distribuir a não pobres!

Pese embora a inteira credibilidade científica que me merece o autor do Diagnóstico Social do Município de Coimbra, Henrique Soares de Albergaria, até me custa a crer nos números divulgados sobre os sem-abrigo na cidade. Será mesmo possível que se encontrem nas nossas ruas 739 (contra os 593 em 2010) cidadãos assim postergados? Não será que se estão a somar os valores de cada uma das equipas que saem em seu auxílio? Seja como for, estamos perante um problema grave que, socialmente, nos deve preocupar. Deveras.

Linhares Furtado, Emanuel Furtado e a vasta equipa da Unidade de Transplantação Hepática do CHUC foram, numa gala essencialmente de emoções, justamente homenageados durante as comemorações dos 20 anos da transplantação pediátrica em Coimbra e, enquanto único centro nacional, no país. A cidade e a região orgulhosas.

Manuel Machado, dias atrás, a propósito da estátua de Bissaya Barreto, junto ao Portugal dos Pequenitos, fez apelo a arquitetos e paisagistas de bom gosto no sentido de darem sugestões para recolocação do monumento. Inteiramente de acordo – há, pelo menos, que encontrar, ali, um espaço, com dimensão adequada, para a escultura ser olhada apenas de frente – aproveito para sugerir que se faça o mesmo em relação ao "piano" da Praça da Canção, levando-o, porventura, para os inexpugnáveis laranjais a montante...

Tenho, de há muito, o maior respeito pelas ações da APPACDM e simpatizo, ainda, com a ideia da casa de chá do jardim da Sereia. Contudo, parece-me que assumir a responsabilidade por todo aquele espaço verde é tarefa imensa que – embora com a valorizadora colaboração daquela entidade – deve permanecer nos serviços da autarquia. Também para que a Associação possa continuar, ali, a afirmar cidadania.  

Compreendo bem o sentimento de indignação que se apossou de tantos dos comerciantes do mercado D. Pedro V com a chegada, pelo correio, de multas aplicadas pela ASAE. Sobretudo em relação a situações como aquela que levou a parca reforma de uma velha vendedeira que, para reforçar com mais 25 tostões os minguados proventos que recebe – e não para se ver deles assim espoliada – ali vai vender, ocasionalmente, três molhadas de grelos e quatro de espigos. Gente muito simples e, para vergonha nossa, ignara, para as quais temos, indispensavelmente, de encontrar soluções legais mais justas.

Um aluno da faculdade de ciências – até parece que podia fazê-lo já que a polícia não o deteve e o reitor viu-se obrigado a emitir despacho específico para proibir a sua entrada na universidade – terá ameaçado colegas com uma caçadeira que levava no carro; deputados do PS (não vale a pena empenharem-se muito porque ela, se e quando for construída, sê-lo-á sempre) querem a autoestrada Coimbra-Viseu portajada; pode ser que a celebração dos 25 anos da eleição de José Manuel Viegas para a AAC seja, nestes tempos conturbados, um exemplo moralizador; a instalação do IKEA em Coimbra, uma boa notícia, tem luz verde da CCDRC; porque se calhar já havia (julgo que já só falta, mesmo, a da batata frita em palito) a congregação dos rojões e da batata, foi agora criada a confraria dos rojões com grelo e da batata à racha; o Teatrão, muito bem, tem estado a promover, em iniciativa que decorre até amanhã, um olhar sobre a arte da representação que se faz no Baixo Mondego; e foi anunciada a programação, entre 1 de março e 1 de maio, da Semana Cultural da Universidade, iniciativa relevante que, para além da mais longa, se quer participada e sempre melhor.


António Cabral de Oliveira