quinta-feira, 21 de março de 2013

A 16 de março ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A taxa de abandono escolar no 3º. Ciclo do ensino básico, de acordo com o “Atlas da Educação”, diminuiu significativamente nos últimos anos, deslocando-se os piores resultados, com certeza também significativamente – e para nós, beirões, de forma muito preocupante – do Norte para o Centro e interior do país. Para além de todas as leituras possíveis, desde o fim do trabalho infantil ditado pela atual crise às rotas de circulação de minorias étnicas na zona da raiana, a nova radiografia de David Justino não deixa de evidenciar, enfim, a importância de se estar mais próximo do Porto (e, naturalmente, de Lisboa), as “metrópoles” que, erradamente, merecem, mais esta do que aquela, a particular atenção da administração central.
Rui Vilar, quem mais havia de ser, é o novo presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra. O anterior líder da Fundação Calouste Gulbenkian foi, obviamente, o escolhido pelos seus pares de entre as dez personalidades externas, sumidades cuja participação naquele órgão, tenho para mim, pela capacidade interventiva legalmente prevista, compromete o natural funcionamento democrático de governação das Escolas.
O governo, em prova provada da sua enorme capacidade de gestão e de coerência executiva, acaba de anunciar que, afinal, já não vai suspender a Fundação Cultural da Universidade de Coimbra e a do Museu da Ciência. Entretanto, a Fundação CEFA – a manutenção do Centro de Estudos e Formação Autárquica terá sido a grande, talvez mesmo única intervenção decisiva do ex-secretário de estado da Administração Local, Paulo Júlio, em favor de Coimbra – é transferida, do mal o menos, para a ANMP, também aqui sediada.
É indesmentível a minha enorme simpatia pelo comércio da baixa coimbrã – mas não, infelizmente, pela maioria dos seus agentes – que resulta, sobretudo, das características, únicas, que lhe são próprias, e do seu enquadramento urbano. A APBC, que, amiúde, se tem empenhado na revitalização daquele magnífico espaço, propõe-nos, agora, na próxima semana, a primeira das férias de Páscoa, a realização de um conjunto de atividades para os mais novos, dos 6 aos 12 anos (dança, fotografia, música, culinária, teatro), assim querendo bem entreter os filhos enquanto os pais ali mercam. Já e ainda sem gente pequena para cuidar, não deixarei, contudo, dando largas ao algum prazer (que poderia ser imenso) que retiro quando lá me desloco, de provar, ideia curiosíssima, uma das muitas miniaturas de folar que serão disponibilizadas por mais de cem estabelecimentos. Boas compras…
As associações comerciais e industriais de Coimbra, Figueira da Foz, Mealhada e Cantanhede assinaram um memorando de constituição do Conselho Empresarial da Região de Coimbra, entidade de que, sob a égide do CEC, se espera natural contributo para o nosso desenvolvimento económico. Seguir-se-ão, dizem, os de Viseu, Aveiro, Beira Interior, Serra da Estrela, Leiria, Oeste e Tejo-Castelo Branco, sempre no quadro territorial das novas Comunidades Intermunicipais. Queira Deus é que com tanto reforço destas não se perca, ainda mais, a ótica regional das Beiras.
Uma luzida embaixada de forças vivas da cidade (custam a deixar estes velhos hábitos…) deslocou-se a Lisboa, ao Palácio de Belém, para, entre vénias e sorrisos – quando o que interessa, mesmo, é garantir o comprometimento do governo na inteira renovação do estádio universitário de Coimbra – assegurar sempre bem-vindo “alto patrocínio”; estão a decorrer, no canal do Metro, na Baixa, escavações arqueológicas, que, de todo, não compreendo, porquanto, afinal, as obras daquele fundamental meio de mobilidade urbana, antigas embora, tiveram início há apenas…uma vintena de anos; ainda a propósito de Fundações, a extinção daquela que protegia a Mata do Buçaco é um verdadeiro crime a exigir de todos nós, cidadãos, um maior empenhamento na defesa e valorização de tão valioso património; e, amanhã, não se esqueçam – lá irei, com certeza – realiza-se no Largo de S. João, no Bairro de Celas, ali bem perto dos HUC, a tradicional Feira dos Lázaros.
António Cabral de Oliveira

A 9 de março ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Está aí, pujante, plena de diversificadas atividades – que incluem, sem ser exaustivo, música, teatro, dança, exposições, cinema, desporto, literatura, fotografia, tertúlias – a XV Semana Cultural da Universidade de Coimbra, conjunto magnífico que, este ano sob o mote “Ser de Água”, se estende, ao longo de dois meses, até 1 de maio próximo. E perante tal e tanta programação (guardem e sigam o suplemento gráfico profusamente distribuído), só nos resta escolher e participar. Também aqueles que persistem em dizer que em termos de cultura não acontece nada de relevante na cidade, ou, então, dela não têm notícia. Da minha parte, singela colaboração esta, considerem-se, pois, informados…

Com ou sem pedido de demissão, as notícias veiculadas sobre o diretor do Hospital Pediátrico de Coimbra não significam outra coisa senão a existência, naquela unidade de saúde de referência, de problemas que alguns querem negar, outros pretendem aprofundar. Perspetivas, ambas sempre lamentáveis quando olhamos os verdadeiros interesses da comunidade!

Sinal evidentíssimo das carências económicas provocadas pela crise que parece nunca mais ter fim – mas ainda da relevância do cada vez mais delapidado poder local, que não me canso de enaltecer –, a Câmara Municipal criou, também ela, agora para aquisição de medicamentos, um mecanismo de apoio a cidadãos em dificuldades inesperadas.

Li um anúncio/edital onde se dá conta do processo de expropriação de terrenos para a segunda fase do Parque Tecnológico. Acho bem. Mas achava melhor que se apressassem, quem de direito, em ter o atual, vasto e tão deserto espaço, completo de unidades que contribuam para garantir desenvolvimento e futuro a Coimbra.

Depois das críticas, a saudação devida pela posição assumida pelo Conselho de Veteranos quando deliberou um conjunto de alterações ao Código da Praxe que procuram, em substância, a sua dignificação, a retoma de valores fundamentais de que nunca nos deveríamos ter desviado. Coimbra não é uma qualquer academia, as suas responsabilidades éticas e históricas são imensas, a preservação de costumes de antanho implica posturas e atitudes que têm de afirmar, indispensavelmente, uma forma distinta de estar, de integrar a mais antiga Universidade portuguesa. E, pelo exemplo, que excelente forma, esta, da tradição celebrar os 723 anos dos Estudos Gerais.

Justíssima a atribuição, por unanimidade, da Medalha de Ouro de Mérito Cultural com que a Câmara Municipal quis distinguir a Escola da Noite, companhia que há vinte anos nos vem assegurando, entre outras muitas ações, imensa e qualificada atividade teatral. Para os poucos, que tanto fazem – e permitam um abraço especial para o António Barros – os meus parabéns. E vamos ao teatro…

Confesso que não gosto nada de matemática – duvido mesmo que o problema tenha residido apenas em maus professores! – mas, assinalando o início, esta semana, do Ano Internacional da Matemática no Planeta Terra, quero deixar sublinhado, com alguma inveja nesta minha evidente incapacidade, o enorme contributo, agora cada vez mais e mais necessário, prestado por aquela ciência – o meu respeito –, na efetiva resolução de problemas globais.

Com assinalável dinamismo, a Quinta das Lágrimas trouxe à sua iniciativa “Quintas na Quinta” a figura de José Augusto França, enquanto a Fundação Inês de Castro entregava a Maria do Rosário Pedreira o seu Prémio Literário 2012 e distinguia Almeida Faria com o Tributo de Consagração; muito bem a Expo Clássicos, que reuniu, num dos pisos de estacionamento do Dolce Vita, um curioso conjunto de deliciosas “velharias” auto, máquinas moderníssimas, peças avulsas, e ampla oferta de miniaturas; e uma palavra final de regozijo em relação à posição que a municipalidade vem reiterando para, sem cedências, afirmar ao governo que, cansados de prepotência centralista, na água de Coimbra, nem mais, ainda mandamos nós.
António Cabral de Oliveira

domingo, 10 de março de 2013

A 2 de março ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Em nota jubilosa assinada pelo Magnífico Reitor, a UC, envaidecida, dava conta de um aumento de verbas (do QREN) para financiamento europeu de projetos de investigação científica, “sucesso” ali muito saudado mas que, lê-se ainda, “só foi concedido por a Universidade ter desistido de montante equivalente de projetos de construção civil”. Afinal, grande coisa, está tudo esclarecido, tira-se daqui para se transferir (e não obter novo) para ali, assim se alimentando o conjuntural (em boa verdade, salários) em detrimento do estruturante. E lá se vai, corrijam-me se erro, apenas um exemplo, a concretização do grande museu, capaz de, pelo desenvolvimento do turismo, criar bem mais do que os 60 postos de trabalho que se referem. Critérios que, enfim, para a universidade podem conter vantagem, mas que, para a univercidade, são, com certeza, um manifesto prejuízo.
Na sequência de Planos Especiais de Emergência para fogos florestais, para o centro urbano, para vagas de frio, os serviços municipais têm praticamente concluído – parabéns, José Belo –, o de cheias e inundações, instrumento de socorro de fundamental importância sobretudo quando nos lembramos que a própria Casa Municipal de Proteção Civil de Coimbra, o quartel dos Sapadores Bombeiros, centro nevrálgico do sistema, está, ela própria, em leito de cheia…
Depois do Conselho Fiscal da AAC ter proposto, em “Directiva”, a proibição da comunicação social fazer a cobertura jornalística dos trabalhos da última Assembleia Magna – começam bem, estes meninos, em termos de valores da Liberdade –, o máximo órgão da Academia coimbrã não viabilizou, felizmente, tão estapafúrdio propósito. Entretanto, um espanto, agora em termos de participação democrática, as duas posições dominantes em termos de deliberação foram aprovadas por maiorias de, imagine-se, 87 e 83 votos. Significativo, absolutamente significativo…
“As bibliotecas continuam a ser um dos principais critérios de diferenciação das boas universidades”. Sábias palavras, estas, do director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Casa dos Livros que, relevou também, “presta um serviço insubstituível” às Escolas. Queira Deus é que a palavras (tão) sensatas não façam os responsáveis, todos, orelhas moucas!
Investigadores da Universidade e da Escola Superior Agrária de Coimbra desenvolveram um agora premiado dispositivo para detetar precocemente a doença do nemátode, assim alcançando, dois em um, as vantagens da aferição de capacidade científica e de ajuda, porventura fundamental, à preservação do pinheiro bravo, espécie definitivamente ameaçada pela eucaliptização do país; e, a par, por fim, de uma acção nos aeroportos portugueses promovida pela respectiva Comissão, a Candidatura da Universidade de Coimbra a Património da Humanidade é tema central do pavilhão da cidade na Bolsa de Turismo de Lisboa, uma aposta, certíssima, que evidencia (continuo preocupado) como deveria ter sido – e não está ainda a ser – a campanha de promoção e de mediatização de uma iniciativa definitivamente fundamental para as escolas, cidade e região.
Sem querer meter o bedelho onde não sou chamado, constato que Aveiro, que a propósito de tudo e de nada se mostra absolutamente relutante a Coimbra e à Região Centro, continua a acolher-se, candidamente diria, nos braços da capital do Norte, como agora de novo acontece com a assinatura de um acordo da sua Comunidade Intermunicipal com o Porto Canal; por entre a maledicência comum, é gratificante ouvir Filipe Albuquerque falar sobre Coimbra, cidade fantástica onde é maravilhoso viver, diz, e a que retorna sempre, logo após os, agora acrescento eu, repetido êxitos alcançados no automobilismo; e a revista de bordo da TAP trata, com algum desenvolvimento, o tema “Coimbra, a Sábia”, fazendo-o globalmente bem, com promoção da cidade e da região, mas, sobretudo, aguçando a vontade para visita a uma urbe – sem aeroporto, embora – indispensável para se ficar a conhecer o país.
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 1 de março de 2013

A 23 de fevereiro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Um belo documento, uma escorreita carta de intenções, esta a melhor síntese para a apresentação do projeto político a que se propõe – a fazer-me lembrar recente e falhada experiência, outra, na cidade – o Movimento Cidadãos por Coimbra. Perfeitíssimo nos seus desígnios, exigente nos modelos de execução, como seria hoje diferente a vida no município, nos partidos, nas instituições se a maioria de nós quisesse levar as ideias – cidadania, pluralidade, heterogeneidade, cultura, inteligência, equidade, afetividade, transparência, sustentabilidade, memória, ousadia – a todas as partes. Ideias que, afinal, tantos defendemos, embora, está visto, sem suficiente empenhamento, há muito, muito tempo…
Obras na Fernão de Magalhães melhoraram a imagem da Rodoviária, concordo. Mas alguém me diz como e onde posso parar, por instantes que seja, para pegar ou largar passageiros? Ou pretende-se que vamos todos de táxi, único meio de transporte contemplado nas alterações? A força – ou o receio dos responsáveis políticos – de determinados sectores de atividade, designadamente os taxistas, é, de facto, impressionante!
Um dia destes, bem em frente das Matemáticas, um grupo de estudantes, de capa e batina, submetia outros a, julgo, uma qualquer “forma” de praxe (é o quê, aquilo?), obrigando-os a permanecerem de joelhos, curvados sobre si mesmos, e com a cabeça no chão. Perante o gáudio animalesco de uns quantos, assim indignos de usarem o traje da mais antiga academia do país, era vê-los, uma alarvidade, espelho de absoluta indignidade humana, em atitude definitivamente repulsiva mesmo para os mais tradicionalistas, sobretudo aqueles que, nos idos de 80, mas não para estes despautérios, lutámos pelo regresso das tradições académicas. Uma vergonha a que urge pôr cobro.
Por dificuldades na transferência da Faculdade de Desporto para a Silva Gaio – mas, meu Deus, quando o paradigma do governo é fechar e fechar, será assim tão difícil um acordo? – a Câmara Municipal anulou o concurso para construção do arruamento projetado para nascente do velhinho pavilhão do Universitário, voltando a João das Regras a ter, de novo, os dois sentidos de trânsito. Assim se adiando o que antevíamos já (este nosso hábito de ainda sonharmos) como magnífico passeio público no Rossio de Santa Clara. Uma pena…
Seguramente para “celebrar” a chegada próxima da primavera, vai a eito, na Solum, o corte de árvores, algumas vetustas, com certeza ditado por razões de “segurança” de pessoas e bens. Aguardamos, agora, os trabalhos de plantação de novos exemplares que, também com a colaboração dos serviços camarários, os condóminos dos prédios adjacentes irão, não duvido, promover, talvez mesmo, quem sabe, executar, em exemplo de urbana civilidade, com as suas próprias mãos.
A Cimpor reservou-nos, para esta semana, duas notícias, uma boa, a comunicação do encerramento, em breve, da fábrica de cal hidráulica que tem vindo a dilacerar o Cabo Mondego, outra má, o anúncio da dispensa de 150 trabalhadores, designadamente ali, mas também, receio, em Souselas, os mais lançados para a pré-reforma, outros, sempre lamentável, no desemprego; parece que, finalmente – mesmo assim, ver para crer – o rio Mondego vai ser desassoreado da Portela ao açude-ponte; e ferroviários bloquearam, por razões de “esvaziamento de direito”, um alfa pendular na Estação Velha – tivéssemos nós, a comunidade inteira, assumido, tantas vezes quantas as necessárias, tão drástica atitude, e já teríamos hoje, sem questão, aquele apeadeiro iníquo e vergonhoso transformado em estação digna…
Por falta de renovação de contratos com os respetivos médicos, diversas consultas de especialidade foram canceladas no (que resta) do Hospital – ou centro de saúde, o que seja – Militar de Coimbra, em atitude, mais uma vez, que fica a lesar cidadãos desta zona do país; trabalhadores de uma empresa que alegadamente teria contratado com a Refer o levantamento de carris no Ramal Figueira-Pampilhosa foram surpreendidos pela GNR, importando, agora, a ser verdade, que os responsáveis pelo furto recoloquem, no imediato, a via férrea, não vá dar-se o caso da majestática CP querer aproveitar-se do erro, da ilegal situação; e a anterior Diretora Regional de Educação do Centro passou a delegada regional da DREC – seja lá isso o que for – a fazer-me lembrar voz popular que, sucintamente, fala em passar de… Enfim, outras formas de promover a regionalização, a administração de proximidade!
António Cabral de Oliveira

A 16 de fevereiro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Fui, um dia destes, olhar os estragos causados pela intempérie de janeiro no Jardim Botânico e na Sereia. Constrangido por ver árvores, tantas, que não morreram de pé, dei comigo a pensar se, porventura, a melhor forma de a Câmara Municipal celebrar – as especificidades científicas do Botânico, que aliás deu um bom exemplo na sua reabertura ao público, poderão implicar outras exigências – , este ano, em 21 de março, o Dia Mundial da Floresta, não seria, exatamente, a de convidar a cidade a acompanhá-la na plantação de árvores que venham a substituir, na medida do possível, (essas e muitas outras) aquelas que agora se perderam.
Têm sido inúmeros os acidentes que continuam a ocorrer no troço do IC2 entre Condeixa e Coimbra, decerto também por inadequação, em perfil e traçado, de uma movimentadíssima via cuja última remodelação – para ficar no que está! – demorou, recordam-se seguramente, anos e anos. A exigir urgente, e desta feita rápida, intervenção no sentido de dotar aquele eixo com, no mínimo, duas faixas de rodagem em cada direção.
Em artigo de opinião, definitivamente vulgar, no CM – apenas respeitável em razão do valor inalienável da liberdade – Eduardo Cabrita debruçou-se, a propósito da realização de uma reunião partidária, sobre o que chamou de “O encanto de Coimbra”. Feito de lugares comuns, o alto responsável socialista releva, sempre comparando com o seu contrário, a, passo a citar, sobranceria provinciana, o desmazelo dos homens, as glórias caducas, o fatalismo, a nostalgia alcoólica (?), a ditadura, o sofrimento negro pela académica, a vida cultural pobre, a mediocridade tacanha. Enfim, considerações, intoleráveis de todo o modo, que não estão nada mal para quem “nunca estudou ou viveu em Coimbra”. Pérolas, afinal – que, apesar de tudo, até pelo seu contexto político, não devemos sequer valorizar –, próprias de ignorante da realidade coimbrã, adequadas a quem está mais habituado a vivências…de subúrbio de Lisboa!
Num país onde, ao que isto chegou, se deixa esgotar até a vacina contra a febre tifoide, o ministério da Saúde parece estar a estudar a comparticipação de medicamentos para quem se quer libertar do vício do fumo. Receia-se que o próximo passo seja o de não comparticipar fármacos a quem não deixar de o fazer. Seguir-se-á, cada vez mais o duvido menos, a extensão desta sorte de medidas aos consumidores de açúcar, de sal, quem sabe mesmo se, até, de alimentos. Tudo, claro está, em favor, não das contas do Estado – pergunto-me para que, liderantes na Europa, pagamos tantos impostos! – mas da nossa saúde. Obrigado, pois…
Não deixa de ser lamentável a polémica em que se envolveram, a propósito da FITUR, os presidentes da Entidade Regional de Turismo do Centro e da Empresa Municipal de Turismo de Coimbra. A dar razão, inteira, ao essencial do conteúdo do livro “A cidade e o turismo”, de Carlos Fortuna e outros investigadores do CES, cuja leitura e estudo – ah! (e, não, há) o diálogo e a cooperação entre os vários atores –, muito vivamente, se recomenda a ambos.

Enquanto se ficou a saber que, em Coimbra, até as latadas dão já prejuízo – a suscitar, talvez, o regresso a modelos anteriores, mais simples e seguramente mais baratos, também mais proveitosos para o rendimento escolar, que não se compagina, de todo, com tanta festividade académica –, o Estado denunciava o contrato de arrendamento do edifício onde funcionou o Governo Civil, medida que a família proprietária provavelmente agradece, mas a cidade talvez não…
O Partido Socialista reuniu em Coimbra a sua Comissão Nacional e os responsáveis distritais procuram, agora, e bem, que o próximo Congresso do PS aqui decorra; o Citemor, o mais antigo festival português de teatro, pode, definitivamente inadmissível, estar em risco, um receio do presidente do Município que, estamos seguros, não se concretizará; e, em Dia de S. Valentim, fui namorar com a minha também em jantar que a tradição manda seja na Taberna, oportunidade que serviu, ainda, para felicitar mestre Gil – bem-haja pela qualidade consistente e duradoura – no 30º aniversário do, digam lá o que disserem os mais encartados críticos gastronómicos, melhor restaurante de Coimbra.
António Cabral de Oliveira

A 9 de fevereiro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Coimbra, lamentavelmente, está habituada a ter autoestradas tarde – conclusão da A1, adiamento das ligações a Viseu e Oliveira de Azeméis, esquecimento do eixo para a Covilhã – e caras (a A14 para a Figueira da Foz). Novidade é o tarde e caro, como acontece, agora, com a A13, que entrou em exploração no troço entre Condeixa e Tomar. Ainda assim, temos de nos congratular com a nova via estruturante que, podendo potenciar o desenvolvimento de territórios do interior, contribui, muito, para a reafirmação da centralidade que queriam retirar a Coimbra.
Para Pedro Machado, insistente, a participação isolada de Coimbra na Feira de Turismo de Madrid não dignifica a cidade. Provavelmente terá razão, mas, insistimos também nós, teria porventura mais dignidade Coimbra assistir impávida e serena ao esbulho da sede da Entidade Regional de Turismo do Centro?
Depois de Lisboa, o “Expresso” veio até Coimbra onde está a comemorar – um debate sobre saúde e segurança social e exposição patente na Praça da República – o seu 40º aniversário. Relevando embora a efeméride e a forma descentralizada de a assinalar, preferíamos, sem questão, quando o respeitável semanário “celebrava”, em cada dia, na cidade e centro do país, através da sua delegação coimbrã, a sua existência … nacional e regional!
Cláudia Tenório é a apresentadora do programa Rede Vida Visita, que esteve em Coimbra – cidade “cheia de charme” de que confessava “estar apaixonada” – para mostrar, no país irmão, uma realidade que muitos, cá dentro, pretendem, pelo menos, escamotear. Com imagens feitas em tempo chuvoso que não fixaram (para além da beleza de sempre) a luz que a envolve em dias mais claros, este foi, apesar dos pequenos erros, um bom serviço que, substantivamente, naquele registo de entusiamo e calor que lhes são próprios, o canal católico brasileiro prestou – disse Cláudia, comigo concordante –, a “uma das três cidades mais importantes de Portugal”. A ver, a rever e a viver, no YouTube.
Outrora, esperava-se que as populações demarcassem os locais de atravessamento mais favoráveis para, então, se definirem, enquanto passeios, tais “caminhos de pé posto”. Agora, em frente do Moinho Velho, na Jorge Anjinho, retira-se passadiço e obriga-se a atravessar o relvado (ou optar por escorregadia ponte ou complexa confluência de escadas), em nome, julgo, de alegada dissuasão de estacionamento proibido que, sabe-se, deve ser precavido por outras formas. Valorizando embora a gestão dos pequenos pormenores, fundamentais para a vida na urbe, até parece que os serviços municipais não têm mais nada com que se preocupar, que fazer, apesar de, bem ao lado, o amplo espaço que cerca a nova escola primária se manter ao abandono quando deveria ser, já, um repousante jardim. Onde seria obrigatório, também aí, não pisar a relva …
A Comissão Organizadora da Queima das Fitas, sinais da crise, tem à venda, em regime de saldos (!), bilhetes para as Noites do Parque; o café Atenas, já não há respeito, foi assaltado; a Unitefi, na Figueira da Foz, lamentavelmente, viu decidida a sua liquidação pela assembleia de credores, assim lançando no desemprego mais 130 pessoas; e, em cidade sem tradição carnavalesca, nem as dificuldades financeiras obstam aos esforços de Francisco Andrade e da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais que, amanhã, persistem na realização de corso, ou cortejo alegórico, não sei bem, no Norton de Matos.
Enquanto a Orquestra de Sopros de Coimbra, parabéns, celebrava no Gil Vicente os seus trinta anos, e aquele espaço cultural anuncia programação de dança (área em que a cidade é manifestamente deficitária) para este mês de fevereiro, a Escola da Noite leva à cena – tem ainda hoje e amanhã para apreciar – no Teatro da Cerca, a peça “Novas diretrizes em tempos de paz”, um belo texto de Bosco Brasil; a Lousã, justamente orgulhosa, apresentou o programa comemorativo dos 500 anos do seu Foral Manuelino; a Critical Software, que alcançou o nível máximo de certificação de qualidade, vai promover em Coimbra a realização de um seminário internacional sobre sistemas críticos de alta integridade (seja lá isso o que for), com a participação, nem mais, de responsáveis das principais agências espaciais do mundo; e um levantamento dos sem-abrigo na cidade altera – ficam os novos valores, a mesma preocupação por tão sério problema social – para cerca de duzentos indivíduos as quase seis centenas que outros estudos indicavam.
António Cabral de Oliveira