sábado, 12 de setembro de 2015

A 5 de setembro ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Faça-se", terão dito, cansados de tanto esperar, os presidentes das câmaras de Coimbra e de Viseu aquando da apresentação do corredor de ligação em autoestrada entre as duas cidades. E eu com eles. Salvaguardando embora, acrescento de minha parte, quando olho sobretudo os interesses da região, a indispensável passagem pela Mealhada – assim fechando a circular regional externa – e (deixem lá a duplicação do IP3 entre a Aguieira e Santa Comba) por Mortágua, bem como a união da " Via dos Duques" a partir de Nelas. Passando o IC37 a ligar Mangualde a Seia.

Não, senhores do governo. O que a cidade quer não são obras de manutenção do, como bem diz Manuel Machado, atual apeadeiro. O que Coimbra exige é, finalmente, moderna e fomentadora de desenvolvimento, uma nova estação ferroviária. Mas porque, entretanto, se persiste (este e, afinal, todos os executivos centrais) em não se investir por aqui, talvez seja tempo, mais do que tempo de assumirmos, com coragem, decisões sempre desagradáveis. É que, se calhar, isto já só lá vai, mesmo, pondo o país a ver os comboios...a não passar!

O ministro da Saúde, justíssimo, veio medalhar com ouro – um abraço Manuel António – também o IPO de Coimbra. E aproveitou para referir relevantes investimentos, na cidade, no sector que tutela, desde novos e indispensáveis equipamentos médicos à modernização de fundamentais unidades de tratamento de ar do CHUC, da expansão do Centro de Oncologia à dotação dos primeiros 4,5 milhões de euros para a nova maternidade. Benditos tempos eleitorais, estes...

Anteriormente, foi o sítio UNIPLACES a considerar Coimbra como a segunda melhor cidade universitária europeia para visitar durante as férias, depois de Salamanca, e antes de Pádua, Nottingham, Lovaina, Bamberg, Maastrich e Rennes, enquanto sublinhava a nossa História, o Património Mundial, a beleza dos edifícios universitários, a Biblioteca Joanina, as catedrais – a Sé Nova e a Velha – e o Jardim Botânico. Agora, o European Best Destinations a revelar as "pérolas escondidas da Europa 2015", de entre as quais Coimbra, nomeadamente pela sua "mística muito especial". Soubéssemos nós – não é verdade Pedro Machado? – bem aproveitar…

Admitindo-o embora, nunca quis acreditar que mais um pequeno incidente de um comboio de mercadorias na linha da Beira Alta servisse de pretexto para os arautos de sempre, Aveiro e Viseu, mas também, imagine-se, associações empresariais do Porto e do Minho!, viessem (ao que se desce, Deus meu), julgar assim "comprovada" a necessidade de um novo corredor ferroviário entre as duas cidades beirãs. E eu a pensar que o indispensável era, são, inadiáveis e urgentes, as já estudadas e profundas obras de modernização do atual traçado.

Em ato de absoluta indigência mental, estudantes de Coimbra, trajando capa e batina, solicitam, a troco de postais ou fotografias, o que seja, dinheiro a turistas. Não sei se (ainda ou já) é proibida a mendicidade no nosso país. Mas este esmolar, que justamente tanto incomoda a Universidade quanto a maioria de todos nós, não pode continuar a ser permitido.

O PS, enquanto não é governo, apresentou em Viseu, e a Beira agradece, um "Compromisso pelo Centro"; muito bem a alteração das passadeiras nas ruas Carolina Michaellis e Egas Moniz, na Solum, agora semaforizadas e mais seguras; o fogo a rondar – mas quem se surpreende com o 'ordenamento' florestal que por aí temos no arrabalde? – outra vez a cidade; o livro é, belíssima escolha, o tema da próxima edição da Semana Cultural da UC; sempre a tempo, parabéns a Ana Alcoforado pelo aumento em cerca de 40% do número de visitantes do Machado de Castro no primeiro semestre do ano; no quadro da notável melhoria daquele espaço verde, a gestão do Centro de Lazer do Choupal passa a ser assegurada pelo Clube de Tenis; e o Conservatório de Música, em perfeito aproveitamento de sinergias regionais, vai abrir, assim cumprindo responsabilidades suas, um pólo na Sertã.


António Cabral de Oliveira

A 1 de agosto ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A linha do Vouga, no troço entre Águeda e Sernada, está a sofrer trabalhos de renovação com os carris e agulhas retirados do ramal da Lousã. Se calhar, sejamos irónicos, ainda vão retirar material e equipamento do Metro Sul do Tejo – parece que muito pouco utilizado – para o metropolitano rápido de superfície do Mondego, o que seja, na ligação de Serpins a Coimbra, também no percurso urbano para os hospitais. Naquilo que – se, entretanto, Passos Coelho não viesse trazer, outra vez, a "novidade" da hipótese das camionetas elétricas! – quase poderíamos chamar de uma política de transportes terrestres, diria..."interfluvial".

No primeiro semestre do ano foram constituídas 21.094 novas empresas, mais 11,9% do que em igual período de 2014. Lisboa (28%), Porto (18,5%), Braga (8,2%), Setúbal (6,2%) e Aveiro (5,9%), ocupam os primeiros lugares do ranking nacional. Contudo, de todas elas, apenas Aveiro subiu face aos valores anteriores, enquanto, paralelamente, cresciam Leiria, com mais 0,5 pontos percentuais e agora com 4,3%, e Coimbra, que aumentou 0,2 pontos para se fixar nos 3,5%. É pouco? Seguramente. Contudo, uma esperança.

De acordo com o município, a Feira Cultural proporcionou "uma grande satisfação a visitantes e expositores", assim confirmando “a boa aposta da CMC quando optou por concentrar, num mesmo certame, as anteriores feiras do livro e do artesanato, complementando-as com mais expressões culturais e eventos". E ainda bem que, em favor da cidade, assim é. Pese embora a minha diversa opinião, e a de todos os tantos expositores que ouvi, porém só eu, queixarem-se. Mas isso, de facto, não interessa nada. O que vale são os inquéritos a que, na melhor tradição portuguesa, a maioria terá respondido, não duvido, sempre simpática, com loas e améns.

Porque a cabeça de lista dos deputados socialistas não é do distrito, "Coimbra manda em Viseu", titulava o Jornal do Centro, semanário daquela cidade. Se se lembrassem, ou soubessem, das ligações de Maria Manuel Leitão Marques – que nasceu em Quelimane, Moçambique – a Alquerubim e à Barra, talvez então já fosse Aveiro "a mandar" em terras de Viriato. Deus nos ajude!

O governo confirma a preferência pela Base Aérea do Montijo como aeroporto complementar à Portela. Assim se passando a justificar (difícil que a coisa estava), entre outras benfeitorias, mais uma ponte na zona de Lisboa. Mas já agora, que estão com a mão na massa, antes de se irem embora, e da generalização das aeronaves de descolagem e aterragem vertical, importar-se-iam de considerar, também, a hipótese de Monte Real como infraestrutura aeroportuária, não complementar mas única, para a região Centro? Nós, os beirões, agradeceríamos. Muito.

O video mapping "Universidade de Coimbra, 725 Anos, uma História de Luz" é um belíssimo produto para mostrar a ancestral UC, de uma outra forma, por igual a estrangeiros, enquanto a mais antiga Escola portuguesa e uma das mais vetustas da Europa. Mas também para aprofundar sentimentos nacionais de orgulho, ainda, imagine-se (não se pode ver de dia), para ajudar a concretizar a velha aspiração...do aumento de pernoita de turistas na cidade.

Terminou, com uma programação, a possível, de grande qualidade – parabéns à equipa organizadora, que prepara já o tema “Pioneiros”, do próximo ano –, o Festival das Artes, que voltou a ter, certeza de futuro, a melhor aceitação por parte do público. E fomos muitos, de facto, os que, a cada dia, seguimos os tambores. E fizemos bem.

A Figueira da Foz, excelente notícia para a região, vai receber, finalmente, um laboratório avançado do polo do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Coimbra; José Liberato, jornalista liberal, defensor da liberdade, entrou, outro maçom, na toponímia coimbrã; muito bom o roteiro da 'Evasões', do DN, sobre as duas faces de Coimbra, a cidade antiga e a nova; Horácio Antunes, pela ação desenvolvida enquanto autarca, também já é comendador; e, nas cabeças de lista para as legislativas, porque não há duas sem três, não foi Anabela Rodrigues...foi Margarida Mano!

A crónica vai a banhos. Para merecido descanso, sobretudo de quem a lê. Boas férias, e até setembro.

António Cabral de Oliveira

A 25 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes", concluiria eu sobre os aspetos regionais da entrevista de Passos Coelho a este jornal. Outra promessa de insuficiente solução, para breve, diz, quanto ao Metro Mondego; uma pequena obra – feita por presos – na penitenciária (era uma construída de raiz, lembram-se?); novo adiamento, por exemplo, das instalações para a PJ e GNR; o disparatado albergar de algumas seções do tribunal (para quando o indispensável Campus da Justiça, na rua Figueira da Foz?) no antigo Pediátrico, que julgava destinado ao Centro para o Envelhecimento Ativo e Saudável; sobretudo o ensurdecedor silêncio quanto a projetos como a estação de comboios, regeneração urbana, modernização da estrutura ferroviária regional, conclusão do plano rodoviário da Beira, aeroporto de Monte Real, o anúncio de políticas de desenvolvimento. Mas porque será, Deus meu, que em Coimbra – para além da coincineração – nada se faz, ou faz-se tarde e de forma atamancada? Enfim, adaptando o título de livro de Erich Maria Remarque, ao Centro, nada de novo.

Já começaram a aparecer, finalmente, placas de sinalização rodoviária com a indicação de Coimbra Património Mundial. Agora só falta colocarem outras, junto, que expliquem o símbolo…

Voltemos aos rankings das melhores universidades, de novo ao da CWUR (Center of World University), que, depois de Lisboa (sobe do lugar 278 para o 257) e do Porto, que desce de 290 para 308, coloca Coimbra na terceira posição, com uma subida da posição 545 para a 507. Aveiro, Nova de Lisboa, Minho e Algarve são as restantes nacionais referenciadas, em seriação onde surgem, nos primeiros cinco lugares, as universidades americanas de Harvard, Stanford e MIT (Massachusetts), seguidas das inglesas Cambridge e Oxford, todas não sediadas, Magnífico Reitor, em cidades grandes. Contudo...de excelência, como aspiramos.

Receando que de outras bandas não venha melhor, olho o processo de constituição da lista de candidatos do PS às próximas legislativas, os nomes aprovados pela Federação Distrital de Coimbra, a correção final imposta, e, vá lá saber-se porquê, quedo-me perplexo. E volto a perceber, muito claramente, reforçadamente, as razões pelas quais os partidos estão como estão, o parlamento se desqualifica, a cidade e região continuam a perder influência política.

Julgo lembrar-me de ter ouvido dizer, um dia, que, numa ótica de aprendizagem inovadora e pioneira, se iriam realizar julgamentos na UC, no Colégio da Trindade, assim transformado em tribunal-âncora universitário, judicial e europeu, para o que foi, mesmo, em 2006, estabelecido um acordo com o ministério da Justiça. Afinal, agora, e para tanto foi até ratificado protocolo entre a Faculdade de Direito e o Centro de Estudos Judiciários, limitar-nos-emos, na entretanto apenas Casa da Jurisprudência, à realização de simulações. Mas, se calhar, do mal, o menos!

A Câmara Municipal, a par de alterações cerca do Jardim da Manga, vai aumentar a área pedonal na zona da Praça da República, designadamente através do alargamento dos passeios junto dos cafés Moçambique e Académico, também – hoje Chiado, para quem não saiba – do antigo Mandarim. Acho bem. Mas acharia muito melhor se o sequente corte no estacionamento o fosse de forma total...depois de construído (que será feito do projeto?) o parque subterrâneo.

O enorme – e para mim mesmo surpreendente em termos de grandeza – êxito do vídeo mapping que a universidade promoveu no âmbito das celebrações dos seus 725 anos é a prova provada (parabéns Clara Almeida Santos) da resposta de Coimbra e região a iniciativas de qualidade. Mesmo as de âmbito cultural, acentuo, tão mal tratadas por tantos. E ainda há quem receie a dimensão do Convento de S. Francisco...

Condeixa, justíssimo, homenageou Jorge Bento com a Medalha de Honra do Município e a atribuição do nome do anterior presidente da câmara à biblioteca; António Vilhena, para além de filiações partidárias ou de ritos – e acredito sinceramente num bom mandato – será, "secreto", o novo curador da Casa da Escrita, que vai passar a ter, muito bem, uma Sala Eduardo Lourenço; a Região Centro e o alemão Biocon Valley vão trocar experiências na área da economia da saúde; depois de pioneira na utilização dos poluidores e barulhentos tuk tuk, chegaram à cidade, preferíveis, os primeiros daqueles veículos elétricos; e Coimbra (a não faltar, até terça-feira) continua a usufruir, um privilégio, de momentos culturais magníficos no Festival das Artes.

António Cabral de Oliveira

A 18 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O ensino superior em Coimbra tem coisas muito, muito curiosas. Como aquela do Politécnico ter o sonho de vir a ser universidade regional, exatamente o pesadelo que tanto inquieta – transformar-se, à míngua de alunos, numa tal escola – o magnífico reitor da mais antiga Universidade. Só quase faltaria (como se tal fosse possível!!) termos, um dia destes, a Universidade Politécnica da Região de Coimbra. Valha-lhes Deus. A ambos.

O município do Porto e o Governo chegaram a acordo, depois de querelas antigas, sobre um conjunto de medidas reivindicadas, muito bem, pela autarquia, no valor de 40 milhões de euros, envolvendo o pagamento de terrenos do aeroporto (aqui não há), acerto de contas nos transportes urbanos, que por igual temos, e do financiamento – ainda nos próximos cinco anos – da Sociedade de Recuperação Urbana, de que, pelo menos institucionalmente, também dispomos. É o que se chama de força política. Que uns têm, outros não.

Helena Freitas em Coimbra, Maria Manuel Leitão Marques em Viseu, lideram as listas socialistas para as próximas legislativas. A força de duas mulheres (e Anabela Rodrigues, será cabeça de lista do PSD?) de cuja ação política muito espero – e minhas Caras, em nome da Beira, também exigirei – nesta cidade que tantos dizem, atoleimados, vazia de valores. De género, porventura...

A Fundação CEFA foi extinta. O Centro de Estudos e Formação Autárquica, que passa, enquanto instituição, cremos que com vantagem, para a Associação Nacional de Municípios Portugueses, felizmente, não. E continuaremos a ter na cidade, onde foi fundado há 35 anos, ensino e, espero, investigação para, através de uma permanente qualificação dos recursos humanos, se alcançar, sempre, um melhor poder local. Talvez em (desejável) estreita ligação com a Universidade de Coimbra, que teve na sua faculdade de Economia, recorde-se, uma escola pioneira em Portugal em tal sorte de trabalhos de análise científica e aprendizagem.

Assim defensor estrénuo da sua "região", Álvaro Amaro diz que a instalação na Guarda!!! da sede da Águas de Lisboa e Vale do Tejo – de que entretanto foi feito presidente da Assembleia Geral – é sinal de "coragem política" do atual governo. E eu a pensar que tal atitude, de tão indesmentível fachada, era, perante o desvio das águas beirãs para a capital, e face à nova machadada para o desfazer da Região (aqui sem aspas) Centro, era, sublinho, apenas o bolo com que se engana o...

A Infraestruturas de Portugal – estranho nome da empresa pública que fundiu a Estradas de Portugal e a Refer – vai investir nos próximos cinco anos, em pequenas obras de simples manutenção, 414 milhões de euros na ferrovia, sendo que o maior volume, 66.3 milhões, será aplicado na linha da Beira Alta, mas apenas para reparar o carril danificado com os descarrilamentos de 2014. Espantosa é, assim, a afirmação da IP quando diz que esta intervenção (de facto já não há vergonha alguma!), vai "contribuir para aumentar a competividade da economia e das exportações nacionais" . Tanto, tanto, diria eu, que o despropositado projeto de uma nova ligação Aveiro-Viseu, mesmo para os que ainda acreditavam nele, fica definitivamente condenado a isso mesmo: ser uma onerosa, desnecessária e peregrina ideia de afirmação política pessoal de alguns. Os de sempre.

Depois dos corretos Colinas, bairradinos da Idealdrinks, provados no Grande Hotel do Luso, o produtor João Barbosa veio a Coimbra, ao restaurante Várzea Ibérica, pela mão da Hotur Wine, para desobscurecer, com os seus belíssimos Ninfa, os vinhos de terras de Lisboa. Mas porque continuam postergadas, questiono-me, ambas as regiões vinícolas?

A Universidade de Coimbra, sempre recompensador, voltou a subir no ranking Scimago, que avalia desempenhos ao nível da investigação, inovação e visibilidade web; um parque empresarial poderá nascer na antiga Ceres; parabéns Lousã por um dos prémios Município do Ano para a Região Centro; enorme o sunset – porque não lhe chamaremos pôr de sol? – que levou milhares à Figueira da Foz; e está aí, a todo o pano, imperdível nas suas tantas manifestações culturais, o Festival das Artes.´

António Cabral de Oliveira

A 11 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Manuel Machado, cheio de razão, afirma-se deveras preocupado com a constatada – e reiterada – postura governamental contra os projetos para Coimbra. E a cidade, que vê sempre adiados os seus propósitos de desenvolvimento, proteladas as infraestruturas e as políticas de sustentação regional (os equipamentos que não se constroem, a permanente delapidação e esvaziamento dos serviços), acompanha, por óbvia, tamanha apreensão. Temos, pois, indispensavelmente, de trabalhar melhor, de ser mais inflexíveis. Mas estaremos, afinal, não 'fraca gente', disponíveis para mostrar, de forma assumida, empenhada e responsável, o nosso desassossego? Em tempo de nos deixarmos de protestos institucionais e lamúrias vazias, urge adotar outra e mais contundente atitude de exigência. Connosco, seguramente. Com quem nos governa, sobretudo.

Sublime e surpreendente, estupendo e belíssimo, qualquer um destes qualificativos, entre tantos outros possíveis, se adapta, na perfeição e sem exagero, ao espetáculo de vídeo mapping "Universidade de Coimbra, 725 Anos, uma História de Luz" (que, para além de suscetível de ser olhado, ele próprio, como um produto turístico, deveremos poder revisitar pelo menos uma vez por ano), e que levou, impressionante, autêntica avalanche de alegre e participativa gente ao Pátio das Escolas. Não querendo esquecer a participação camarária no evento, o gosto imenso com que, finalmente, Magnífico Reitor, lhe digo: muito bem.

Acabaram as Festas da Cidade. Muito concorridas, com uma programação que cativou. Congratulemo-nos, pois, como dona Constança...com tanta festança.

A publicidade, generosamente derramada nos jornais, diz que, para a Águas de Portugal, "a água une o norte ao sul"; a Norte, ela liga "além do Marão até ao mar"; em Lisboa, vai "da serra à planície, do litoral ao interior". Já ao Centro, sem referências geográficas – e como não se, em favor da capital, nos partiram ao meio, em dois! – a água apenas fica a unir, tanto passado sem futuro...cultura, história e tradição! Depois de mais uma divisão irracional do território, eis as dificuldades (mas o que interessa isso, se o prevalecente são os interesses espúrios e os lucros) até na construção dos anúncios.

É ainda com os últimos jacarandás em flor em tantas ruas e praças de Coimbra que leio existirem em Lisboa, um espanto, mais de 600 mil árvores, com diversos tamanhos, cores e formatos, de 200 espécies diferentes. E, também, que a área verde de Lisboa triplicou nos últimos seis anos, com mais 160 hectares de novos espaços. Mesmo sabendo da enorme diferença em termos de dimensão urbana, olhando as caldeiras vazias e os desprovidos terrenos, quanta emulação, inveja mesmo, Carlos Cidade...

No indispensável "aprofundamento da espiritualidade franciscana", equilibradas as contas "de forma sustentável", quero acreditar, em valor da comunidade toda, na profunda revitalização da Confraria da Rainha Santa, do seu património imaterial, também da imensa herança em bens culturais de que é responsável e guardiã.   

"Bosque sagrado" é, de facto, a designação perfeita para a Mata do Buçaco, que tem, agora apresentado, o plano florestal que vai assegurar, indispensavelmente, a gestão sustentada e a manutenção da biodiversidade daquele excelso parque verde. Que, sendo da Mealhada, é também, saibamos usufruí-lo, de todos nós.

Da reunião camarária desta semana, notícia foi a aprovação, finalmente (assim em tamanha melhoria dos serviços), e sem alteração de uma única vírgula, da ata da anterior sessão plenária do executivo; já me estou a ver pedir, um dia destes, em restaurante da cidade, cheia de qualidade, “uma picheira de água de Coimbra, se faz favor”; está aí, no Choupalinho, vamos aos carrosséis, vamos à sardinha assada, a feira popular; o Café Santa Cruz encerra amanhã a programação do seu 92.º aniversário, parabéns, comemoração que o vem robustecendo enquanto espaço indispensável no panorama cultural de Coimbra; o jazz está de regresso, em boa hora, ao Quebra-Costas; e na próxima quinta-feira, sigamos os bombos, vamos ao Festival das Artes.

António Cabral de Oliveira

A 4 de julho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

No encantamento desta Coimbra, nossa, sejamos todos, orgulhosamente, leão de Ataces ou dragão de Hermerico, para elevarmos, bem alto, no dia em que celebramos o município, a taça que integra, com Cindazunda, quem seja, com as lusas quinas, as armas da cidade.

No Portugal sem dinheiro mas rico em inadmissíveis dificuldades institucionais, neste país da inépcia e das meias tintas, o protocolo assinado entre a universidade e a Silva Gaio de cedência de dois blocos desta escola (com tanta área disponível), para as Ciências do Desporto e Educação Física, é, seguramente, um bom passo no sentido da resolução dos problemas daquela – em espaços tão carenciada – faculdade. E era tudo tão evidente, tão necessariamente fácil, que só surpreende a alongada demora. Não tanto, certamente, por ruídos ou pelas organizações em si mesmas, antes, sempre, por limitações do próprio homem. De alguns, pelo menos.

Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, falando a jornalistas em Estrasburgo sobre o desenvolvimento de Portugal após a adesão à União Europeia, citava, como paradigmas do que é, hoje, "incomparável", as cidades de Lisboa, do Porto e de Coimbra. Ora eis mais uma evidência de que a realidade nacional só é bem – ou pelo menos é-o muito melhor – compreendida quando olhada lá de fora...

O secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde veio um dia destes a Coimbra para anunciar que está já determinado o modelo físico da nova maternidade, inaugurar uma nova USF de Eiras, e voltar a afirmar abertura, com certeza não por ser este um tempo pré-eleitoral, para a construção de raiz de um edifício, no estacionamento da Segurança Social, para o Centro de Saúde da Fernão de Magalhães. E assim, uma no cravo, outra na ferradura, lá vamos, julgam eles, cantando e rindo...

O facto de, no âmbito do "Desenvolvimento Local de Base Comunitária" – instrumento do Portugal 2020 que visa o empreendedorismo e a criação de postos de trabalho –, não ter sido aprovado, na região Centro, uma única candidatura na vertente urbana (das 100 apresentadas só o foram 20 em Lisboa e 4 no Algarve), prefigura-se para Manuel Machado, cheio de razão, como muito estranho. Da minha parte, contudo, olhando o país em que este e os anteriores governos nos transformou, porventura mais sarcástico, não estranho nada. Absolutamente nada...

Depressa me desenganei. Afinal, ao contrário do que li, a parceria com o Santander não é suficiente para renovar todas as cadeiras do Teatro Académico de Gil Vicente. Parece que temos de nos contentar – para além da remodelação de alcatifas e, relevante, de equipamentos técnicos do palco – apenas com o arranjo da plateia. Com o balcão a ficar à espera de melhores dias, ou (olá câmara municipal) de outra resposta da cidade. Uma enorme pena.

Dando a conhecer, através de um outro olhar, um pouco da história da cidade, José Moura Távora (azar para quem não se disponibilizar a uma visita), tem patente, no Dolce Vita, uma exposição de deliciosas miniaturas de alguns dos mais emblemáticos edifícios de Coimbra, poucos já desaparecidos na voragem do tempo. Riquíssimo nos pormenores, feitos de um trabalho imenso em arte, paciência e, também, persistência, o resultado é, simplesmente, uma imperdível maravilha. Ou melhor, uma dúzia delas...

Se em terras de Coimbra, assim "cultas", metade das famílias têm apenas a antiga quarta classe, o que não será no resto do país; nesta cidade onde, errando absolutamente, julgávamos não haver bom ensino de bailado, temos de estar atentos, muito mais atentos, ao que se faz, repetidamente premiado, no Centro Norton de Matos; a Assembleia Municipal chumbou (naturalmente, apetece dizer), o novo tarifário dos resíduos urbanos; aí está, com um museu perpetuador da ligação de Coimbra à cerveja (uma saudade, Carlos Fabião, aqueles finos, com António Simões, na fábrica), perfeita na qualidade cervejeira, a agora mais moderna e ampla Praxis; e, em festa – "o cavalheiro dança?"–, a cidade dançou, noite fora, no Baile da Rosa...

António Cabral de Oliveira

A 27 de junho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Na próxima terça-feira, dia 30 de junho, acaba a "Águas do Mondego", substituída por essa coisa abstrusa designada por "Águas do Centro Litoral". Viva o Poder Central(izador), abaixo o Poder Local Democrático, gritará, para se ouvir em Portugal inteiro, o Terreiro do Paço. Valha-nos, se vier a ser o caso, não a política, antes a Justiça!

Pronto. O reitor da UC voltou ao discurso miserabilista para dizer que o plano de ação desenhado na candidatura à UNESCO da "Universidade, Alta e Sofia", que prevê inúmeras intervenções de reabilitação e novas construções, vai ser "seguramente" revisto "num sentido de maior modéstia". Se nem para o património da mais antiga universidade portuguesa – e uma das mais vetustas de toda a Europa – há dinheiro, haverá para quê? Sejamos reivindicativos, Magnífico, e mais, muito mais exigentes. Pelo menos no pedir.

A Fundação Inês de Castro deu a conhecer, na Quinta das Lágrimas, a programação, de novo com grande qualidade, do 7º. Festival das Artes, este ano uma Festa que decorre de 16 a 28 de julho. E a que a cidade, a exemplo, marcante, do que sucedeu nas anteriores edições, vai, participando massivamente, voltar a chamar seu. Também porque, como bem sublinhava José Miguel Júdice, o é. De facto, e por propósito.

Na permanente delapidação de serviços que incessantemente continua a afetar Coimbra, o Ministério da Saúde tem previsto, agora, já até 31 de julho – pimba, lá vai mais um – a desativação do laboratório de saúde pública. Bem poderia, o MS, deixar de nos atribuir tantas medalhas de ouro, e passar a cuidar, antes, isso sim, de garantir, ao invés de prémios avulsos, a generalizada qualidade na prestação de cuidados...

Seguramente não para compensar a ausência, em 2014, de qualquer distinção maior do município, a câmara, este ano, vai já, todas justíssimas, na atribuição de três medalhas de ouro. Depois de Manuel Alegre e dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes, foi agora aprovada, também por unanimidade e aclamação, a sua outorga à Universidade de Coimbra. E ficou por assinalar, lembro-me assim de repente, por exemplo, coisa nada menor, o centenário da instalação da GNR na cidade...

A União de Freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas promove hoje, para bicicletas, a 1.a Subida Mítica da Ladeira da Rainha Santa. Agora, sejam quais forem os veículos, só falta – dando-lhe assim uso que se veja –, que a JF de Ceira promova, talvez à semelhança da Falperra, a Rampa da A13...

O metro de Lisboa vai chegar, depois da Amadora Este, à Reboleira, prolongamento da linha azul que tem um custo de 8,8 milhões de euros. O do Mondego, de Coimbra, o que seja, continua, sem sair do papel, a ser, di-lo o putativo cabeça de lista do PSD às próximas legislativas, projeto insustentável. Palavras para quê?

Coimbra, com seis designações – coimbrão, conimbricense, conimbrigense, colimbriense, coimbrense e conimbrense –, e Lisboa, com onze, são as cidades portuguesas com mais denominações para os seus habitantes. Coisa de relevâncias antigas, diria...

Como seguramente convém à luta pelos seus ideais políticos, os vereadores social democratas abandonaram (!), não interessam sequer as razões, a reunião do executivo camarário; parece haver já dois grupos interessados na construção da autoestrada Coimbra-Viseu, alternativa ao IP3; mostrando-se na cidade do seu Comando, a Brigada de Intervenção, garbosa, desceu a Coimbra, e a população gostou de ver os meios humanos e materiais que a integram; quando ambicionamos ser a melhor região de turismo, o Centro de Portugal, já não é mau, ganhou o prémio ‘stand’ na BTL; começou a ter resultados (menos uma tonelada em apenas dois meses) a campanha dos serviços sociais da universidade contra o desperdício alimentar; ficaram bem, Manuel Machado, as obras de recuperação e pintura (os tais não pormenores, mas ‘pormaiores’) dos muros e muretes do Jardim dos Patos, em frente ao Botânico; com uma programação "que convida a celebrar a cidade", vêm aí, de 1 a 5 de julho, celebremos pois, as Festas de Coimbra; e a Sociedade de Reabilitação Urbana de Coimbra – e as do Porto e de Viseu, também? – está, como sempre esteve, moribunda.

António Cabral de Oliveira

A 20 de junho ACO escreveu

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O índice sintético de desenvolvimento regional – que analisa os indicadores competitividade, coesão e qualidade ambiental – referente a 2013, produzido pelo Instituto Nacional de Estatística, e agora dado a conhecer, coloca Coimbra em sexto lugar, depois de Lisboa, Alto Minho, Porto, Aveiro e Leiria. E releva, preocupemo-nos, quando olha os territórios que regrediram, ser a "Região" de Coimbra a que regista, leio e sublinho, o resultado mais negativo. Mas o que interessa isso? Vamos mas é ao acessório, festas e coisas assim, que o fundamental, como concretizar estratégias, dinamizar o tecido empresarial, pôr finalmente o iParque a cumprir de forma integral a sua missão no campo da inovação tecnológica e científica dá muito trabalho!

O turismo, em Coimbra, apesar dos números crescentes (aumento de visitantes em 20% no ano passado), não atingiu ainda, nem pouco mais ou menos, os valores a que, com justeza, pode almejar. A universidade, a saúde, a cultura, o património material e imaterial, são bens em que – não vamos, por favor, exagerar – somos suficientemente ricos. Importa é sabermos aprender com os melhores, fazer a estruturação indispensável, apostar na qualidade, concretizar com exigência. Para que não nos venha a acontecer, no deslumbramento do dinheiro novo, o que, vejamo-lo apenas como figura de retórica, Catarina Portas denunciava há dias, no seu Facebook, quando dizia, sobre a Baixa da capital, na cidade "caça-turistas", que não gostou nada do que viu: uma Lisboa (que não o é seguramente) "tão falsa e tão feia"!

Para celebrar o segundo aniversário da classificação de Coimbra como Património Mundial, vai haver, da Alta à Baixa, "sons da cidade". Pena, muita pena mesmo, é não haver também, dois anos, 24 meses, 104 semanas, 730 dias, 17.520 horas depois, uma placa, uma que fosse, que o indique a quem por aqui passa. Mantenhamos, contudo, a esperança. O momento há de chegar...

Deve ser absolutamente frustrante – é-o com certeza – a continuada ausência de resposta dos comerciantes da Baixa aos empenhados esforços da sua Agência de Promoção. Como ainda agora voltou a acontecer quando apenas uma dúzia dos cerca de 400 respondeu à chamada para discutir o futuro do comércio tradicional da zona histórica da urbe e da própria APBC. Desmotivados, eles? Sem esperança alguma, em definitivo desanimados com tais "empreendedores", ficamos todos nós.

Nas suas caminhadas hegemónicas, o Porto gostaria de exercer a sua direta influência até Coimbra  – muitos por lá consideram que o Norte vem até ao Mondego! –, Lisboa, de se alongar até Leiria, assim abarcando, nos seus interesses turísticos, Fátima. Um festim territorial e administrativo, seria. Ou será?

A Brigada de Intervenção, e nunca é demais sublinhar a relevância da instalação do seu Comando em Coimbra, está a celebrar o nono aniversário – hoje teremos desfile militar e mostra de meios no Parque do Mondego –, efeméride que deverá também servir para, com a nossa presença, lhe tributarmos o reconhecimento da cidade em razão da sempre disponível, empenhada  e prestável ação desenvolvida.

Depois do que, com honestidade, honra lhe seja, ouvi dizer a Obiora sobre a frágil Académica e a pequena Coimbra, sobre a sua nenhuma motivação para aqui jogar, que desempenho se espera do futebolista profissional, o que faz ele entre nós? Da minha parte, o nosso obrigado pela contribuição que deu para mais uma época de sobressalto até à penúltima jornada, e votos de boa viagem de regresso, a Itália, aonde seja.

A Faculdade de Medicina recebeu, justamente, a Medalha de Ouro do Ministério da Saúde; um mar de gente foi à Baixa ver as marchas passar; na sua difícil caminhada para a total valorização, o arroz carolino do Baixo Mondego tem, por fim – lembro Carlos Laranjeira –, o estatuto de Indicação Geográfica Protegida; mesmo se não puder comprar, o que nos acontece a tantos, alegre pelo menos os olhos e o espírito olhando a exposição de desenho e pintura de Suzana Chasse, na Galeria Sete, ali ao fundo da Elísio de Moura; a mata do Buçaco é já, para todos nós, óbvia e absolutamente, monumento nacional; e a universidade, depois de obras, inaugurou (?!) o palácio (?!) Sacadura Botte, agora, mal extinto que foi o Museu Nacional da Ciência e da Técnica, bem entregue à Psicologia e Ciências da Educação.

António Cabral de Oliveira