domingo, 20 de janeiro de 2013

A 12 de janeiro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Ter notícia – e agora, que se anuncia um fim de semana especialmente frio – de que, em Coimbra, são já 600 os sem-abrigo, quando de memória retínhamos um valor de poucas centenas de indivíduos, provoca-me um enorme mal-estar, perplexidade, preocupação. Porque o crescimento é, em muito curto espaço de tempo, verdadeiramente assustador. E se, comunitariamente, ao nível da cidade, temos de continuar a encontrar respostas para assim contribuirmos para o minorar da questão – fica aqui o meu reconhecimento para todos aqueles que se empenham, a cada noite, nessa missão altruísta – é ao governo, nem mais, que devemos exigir soluções sustentadas para bem se enfrentar tamanho problema social.

O Diretor Regional de Economia do Centro, Francisco Braga, demitiu-se por razões que não quis especificar. Será que não conseguiu entender-se com essa ideia peregrina – ao que obriga a política, a caça ao voto! – da bicefalia da DRE entre Coimbra, de onde nunca devia ter saído, e Aveiro?

Agora que as autoestradas estão desertas (não sou eu que o digo, antes é uma constatação generalizada quando se atenta nas quebras de tráfego, também nas A8 e A17), não será tempo de o governo rever a sua política ferroviária, nomeadamente no que respeita à Linha do Oeste, que deverá ligar diretamente, com boa oferta de horários, preço e qualidade, Lisboa e Coimbra através de Torres Vedras, Caldas da Rainha, Leiria e Figueira? E, numa hora em que Manuel Queiró, personalidade que reconhecidamente tem feito da defesa da Região Centro uma luta empenhada e persistente, assumiu a presidência da CP, não devem ser maiores as nossas expectativas, não só em relação àquela, mas também à Linha da Beira Alta, inteira, de Vilar Formoso à Figueira da Foz?

A Associação dos Industriais de Hotelaria e Restauração do Centro – e recordamos o prestígio, dinamismo e influência que, anos atrás, conhecemos na sua atividade – fundiu-se com a nacional AHRESP, para, julgam convencer-nos, alcançarem vigor, maior força, mais massa crítica, enfim, as justificações do costume. Percebendo bem as dificuldades presentes, desde logo anquiloses estruturais de difícil solução, não posso deixar de lamentar, parece uma condenação, a perda de mais uma estrutura regional, a fazer-nos lembrar o anúncio dos esparguetes de que o bom é …

No Metro Mondego, haja paciência, parece tudo continuar adiado, até mesmo os 15 milhões de euros do QREN que se querem destinados, não para carris, mas já para parque de máquinas e oficinas; a autarquia inaugurou, em boa hora, o renovado Gabinete do Munícipe, local de atendimento que, moderníssimo, viabiliza tecnologia, conforto e funcionalidade, tudo em prol de uma proficiência no serviço que, sem motivos de queixa, há de, por tanto, melhorar; a edilidade, cuidado com as transferências do poder central para o local, assinou com o Secretário de Estado do Desporto e Juventude um protocolo de cedência para utilização (será desta?) da piscina de Celas; e, sejam quais forem as razões que lhe assistam – ou não – é definitivamente incompreensível a decisão (?) camarária de, num dia, retirar os transportes para o Algar aos trabalhadores dos serviços de higiene e dos jardins, para, logo no outro, os repor: se isto é gestão política, de recursos humanos, seja lá do que for, então…

Em Coimbra, muitos – 18 grupos, sob organização da Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego – integraram o tradicional Cortejo dos Reis Magos, mas eram poucos (prometo que para o ano quero não faltar) os que o recebiam; a Cáritas reabriu, provisoriamente embora, o – para muitos, sobretudo os que habitam na baixa –, problemático gabinete de apoio a toxicodependentes, no Terreiro da Erva; e se quem confessa não merece castigo, então temos de perdoar a Massano Cardoso (entretanto, mais imperdoável ainda é haver tantos, tantos outros cidadãos que não contribuem, assim, para uma causa que deve ser de todos) o facto de não ser, até há pouco, sócio dos Bombeiros Voluntários.
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A 5 de janeiro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Um estudo da Universidade da Beira Interior, com base em dados do INE, sobre a qualidade de vida nos municípios portugueses – Indicador Concelhio de Desenvolvimento Económico e Social de Portugal, lhe chamam – coloca Coimbra no quinto lugar, posição indubitavelmente honrosa logo após as inevitáveis Lisboa e Porto (tamanhas as atenções prodigalizadas pelo poder central), a cosmopolita Albufeira e a turística (tão protegida pelo governo regional) Funchal. Das cidades que alguns insistem terem em tudo ultrapassado Coimbra, não houve notícia…
É com imensa pena que continuamos a ver, em sucessão que parece não ter fim, o corte de palmeiras atacadas por dizimador escaravelho. Um pouco por toda a cidade, do Parque à Sá da Bandeira, passando pela Solum, abatem-se exemplares, alguns quase centenários, que faziam parte integrante da paisagem urbana, assim violentamente empobrecida. Sei bem que o problema não se coloca apenas a nível local, mas em terra universitária, com tantos cientistas nos mais diversificados saberes, seguramente também no campo da botânica, estaremos todos a fazer tudo o que poderíamos para evitar tão desagradável quanto ainda inevitável trabalho dos serviços de jardins da Câmara Municipal?
Santos Cardoso deixou, “de consciência muito tranquila”, o Comando Territorial de Coimbra da GNR, herança de uma Casa – a Brigada Territorial nº 5 – que conhecia bem. Rosto, assim, da perda de influência de uma unidade que nos orgulhava enquanto cidade, sobra-nos a compensação de, constatado o erro, a Guarda ter decidido, entretanto, voltar ao anterior dispositivo, recuperando o quartel da Cumeada, em breve, a sua antiga importância.
O Município da Mealhada adquiriu terrenos para a instalação da plataforma rodo- ferroviária na Pampilhosa, medida política que urge relevar quando se atenta, por um lado, no seu conteúdo de afirmação e de aposta num futuro em que tantos descreem, por outro, e com certeza não menos determinante, à extraordinária importância que a concretização daquela infraestrutura pode – diria, mesmo, tem de – significar para o desenvolvimento económico da nossa região. Um exemplo, Carlos Cabral.
O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra tem patente até ao fim de janeiro, nos seus espaços da Castro Matoso e do Jardim da Sereia, uma exposição de fotografia, retrospetiva, de Albano Silva Pereira, que, recorde-se, é o único português entre os quatro finalistas do Prémio BES Photo 2013; a Igreja de Santa Justa foi – muito justamente, porque é um belo templo – classificada como monumento de interesse público, assim se protegendo um significativo espaço urbano da cidade; e a freguesia da Cordinhã (se tal ocorre no litoral, o que não acontecerá no interior abandonado e esquecido?) queixa-se, ao que isto chegou, de lhe andarem a roubar, imagine-se … pinhais!
Passos Coelho veio à Coimbra natal para, com parco aviso público – nem assim evitou, naturalmente, os protestos a que, pelo menos, já se devia ter habituado – visitar e elogiar o novo quase centenário Museu Nacional de Machado de Castro; Coimbra, felizmente, não se envolveu nessa ridícula questão do bebé do ano (o meu nasceu primeiro que o teu) já que, de facto relevante, é terem nascido meninos e meninas, embora não no número desejável, um pouco por todo o país; e, enquanto a S. Silvestre – foi bonito ver tantos, a correr ou simplesmente a caminhar, a desfrutarem do desporto, atitude que muito aprecio nos outros, mas, a mim, me cansa imenso – alcançava o máximo de participação com 800 atletas, as duas iniciativas (não há fome que não dê em fartura) que os poderes autárquicos promoveram na urbe para, pelo menos em matéria de fogo de artifício, de pólvora seca, asseverar – se o ridículo matasse… – “despedida apoteótica de 2012 e saudação clamorosa a 2013”, garantiram, neste tempo de penúria, ampla participação popular.
António Cabral de Oliveira

A 29 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Está aprovada a chamada Lei da Reorganização Administrativa do Território das Freguesias, sofisma que serve para dizer que – sempre o elo mais fraco – estão, por agora, de entre elas, 1.165 oficialmente extintas. Depois de alcançado este propósito político – e quanta falta vão fazer a tantos portugueses esquecidos, sobretudo nas zonas rurais, aquelas gavinhas de proximidade –, o governo, leia-se o ministro Relvas, pode dar continuidade ao seu desígnio maior, não me canso de o afirmar, de, enquanto enfraquece os municípios (a passarem, neste momento histórico, pela contingência de nomeação de gestores financeiros externos, com direito de veto, em obscena agressão da sua autonomia e dignidade democráticas), procurar perpetuar o adiamento da regionalização administrativa do país. Que a Constituição – seja lá o que for que dela ainda sobra – inscreve, e o bom senso, julgamos, parece aconselhar.
A Direção Regional de Educação do Centro – e essa, para além de noticiadas novas guerras do Alecrim e Manjerona, é a questão que verdadeiramente interessa – deve fechar portas por estes dias, para se transformar em simples direção de serviços. Com a insolência própria dos que sustentam que a crise tudo justifica, vai-se concretizando a morte dos instrumentos da proscrita regionalização, mesmo quando, entretanto, como me dizem ser o caso das DRE, se conclui, internamente, no seio do executivo, pela sua indispensabilidade…
De acordo com um estudo da Estradas de Portugal, o distrito de Coimbra (mas, afinal, acabaram ou não?) é, na Região Centro, um dos que apresenta maior extensão de rodovias em estado degradado. O que – basta andar por aí – não surpreende ninguém. À semelhança, aliás, do que acontece, preocupante, e a exigir imediata atenção da Câmara Municipal, com muitos dos pisos da cidade (um perigo para a circulação automóvel) cada vez mais com outros e maiores buracos.
O treinador da Académica – uma palavra, hoje, para o futebol –, não querendo valorizar em demasia a atual classificação na Liga, diz que “nem olhamos para a tabela”. A diferença (e, talvez mesmo, problema) é que nós, adeptos, a olhamos. E preocupados…

Em entrevista, o comandante da PSP relevava, quando comparada com Lisboa e Porto, o paraíso que, em termos de segurança, e apesar de tudo, acrescento eu, é ainda Coimbra. Sem deslumbramentos, que frequentemente conduzem a quadros desastrosos, fruamos, e façamos por manter, pois, a nossa qualidade de vida. Entretanto, o mesmo responsável sublinhava dificuldades em termos de instalações, queixume que, afinal nos dá razão quando antecipávamos, logo à data da sua construção – não posso, assim, ser acusado de ter a mania das grandezas, antes gosto de procurar pensar mais além, eventualmente com recurso à chamada obra evolutiva –, que o edifício parecia mais adequado a esquadra local do que a comando distrital. Mas valha-nos a existência de terreno contíguo para futura (quando possível) expansão, que importa, desde já, reservar para tal fim.
Anuncia-se (mais) uma rotunda na Estrada da Beira, no cruzamento com a Paulo Quintela, como forma, supõe-se, de minimizar – mas apenas em parte, receio – as dificuldades tráfego que ali se verificam. Julgando que seria melhor solução a construção de uma terceira via, central, apenas para servir os fluxos de trânsito que, originários do Alto de S. João, desejem cortar à esquerda, ou, mais simples, rápido e económico, o marcar de um traço contínuo em toda a sua extensão, obrigando a uma circulação entre as rotundas da ex-Makro e Monsenhor Nunes Pereira, quero, contudo, acreditar na solução técnica da divisão de trânsito da CMC. Mas também quero não voltar a ficar parado, tempos sem fim, atrás de quem intenta, justamente, cortar para aquelas artérias e tem de esperar por rara oportunidade nas filas vindas dos lados do Calhabé…
Porque, na presente conjuntura, não poderemos augurar, em verdade, como era da tradição, um Próspero Ano Novo, votos, para todos, de um Bom Ano 2013.

António Cabral de Oliveira