quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Advinha (não vale consultar a internet/wikipedia/Arquivo do Nuno Rogeiro):
Boa sorte e Bom Ano!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A 22 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A construção da autoestrada Coimbra-Viseu, com estudos que apontam para fluxos de tráfego consideráveis, é, para o presidente da Estradas de Portugal, “uma ideia certa no momento errado”. O que implica que, as mais das tantas AE que por aí se rasgaram, sobretudo à volta de Lisboa e do Porto, mas sempre, sempre, bem longe de Coimbra, tenham sido, agora com valores de trânsito irrelevantes, ideias erradas em momentos certos. E quem responde por tamanho dislate, quem devemos chamar à responsabilidade pelos erros cometidos – e premeditados – de absoluta carência em algumas regiões, de excesso de oferta nas mesmas áreas de sempre, ambas em absoluto prejuízo do correto e harmonioso desenvolvimento do país?
Os resultados que colocam o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra no segundo lugar da avaliação que a Escola Nacional de Saúde Pública faz dos hospitais do SNS, bem como a certeza de cinco dos seus serviços serem considerados os melhores em Portugal, são, evidentemente, fator de enorme regozijo e imensa tranquilidade para todos nós, talvez em especial para a Região Centro, que aquela unidade de referência serve de forma mais próxima. E isto, valham o que valerem os índices, sejam quais forem os critérios (que alguns dizem científicos, outros aleatórios, embora, não o esqueçamos nunca, motivados mais por interesses pessoais ou corporativos do que de serviço público) que lhe servem de matriz. Entretanto (mas como, questiono-me) os responsáveis dos CHUC almejam agora alcançar o primeiro lugar da ordenação, pesem embora os anunciados cortes em camas e em pessoal, que se querem, dizem, de pelo menos oito por cento…
A Universidade do Minho afirma ter como grande projeto de futuro a dez anos o seu crescimento para os 25 mil alunos, entrando também assim, sustenta, para o ranking das três maiores Escolas portuguesas. Privilegiando, somos levados a pensá-lo, a quantidade em detrimento da qualidade, esta é, afinal, a forma, olhando para a realidade nacional, de, na sua limitada visão, ultrapassar a Universidade de Coimbra. Pelo menos, deseja-o, em número de alunos, não tanto, receamos nós, em resultados científicos alcançados. Santo país este onde nem ao mais alto nível do saber – é pelo menos esse o entendimento que temos de ensino superior – consegue ser uma lição!
Parece, indica-o um estudo agora divulgado, que os portugueses estão a consumir mais na alimentação e menos em produtos de higiene. Neste tempo, limitador, de crise profunda, empenhemo-nos para que, assim mais gordos e mais porcos, não venhamos também a ficar mais feios e maus…
Já alguma vez imaginou, mesmo conhecendo, como conhecemos, a sua similar de cebola, uma compota de pimentos vermelhos? Eu confesso que não, mas deixe que lhe diga que é qualquer coisa de excelente, de muito bem conseguido em termos gustativos. Encontrei-a em ocasional prova, como tantas outras por que passo, nos Vícios Campestres, no Coimbra Shopping, uma lojinha gourmet que nasce do esforço, sempre louvável, de quem se empenha na procura ativa de alternativas ao desemprego que por aí grassa, e onde tomei contacto com aqueles pequenos boiões produzidos por um outro jovem, lá para as bandas da Serra da Estrela, também ele a encontrar na sua nova empresa um melhor projeto de vida. Uma delícia, nossa, feita em Portugal.
Um dia destes, ao olhar a toalha líquida que nos enriquece enquanto cidade, lembrei-me do assoreamento do Mondego e dos problemas e riscos, velhos e relhos, que a situação acarreta, e que não fazem, de todo, qualquer sentido, porquanto, asseguram-nos, a venda dos inertes a retirar cobriria os custos dos trabalhos de limpeza do rio e da sustentação dos muros das suas margens. Para que nos serve, afinal, o poder municipal – e a questão já se arrasta desde há vários mandatos autárquicos – se não é capaz, apesar de sempre anunciado empenhamento, de a resolver? Mais do que dificuldades técnicas ou financeiras, eis-nos, antes, confrontados, sejamos frontais, com uma enorme incapacidade política da nossa Câmara!
Como o mundo não acabou, ao contrário do que vaticinaram os Maias, mas Carlos Fiolhais contradiria – é sempre bom que sejam académicos de Coimbra a afirmarem a cientificidade das coisas – para todos, um Santo ou Feliz Natal.
António Cabral de Oliveira

A 15 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A diretora do Machado de Castro não foi parca nos adjetivos encomiásticos a propósito da reabertura daquele Museu Nacional: “coleções riquíssimas”, “peças fundamentais”, “referência da museologia portuguesa”, “projeto exemplar”, “o grande museu da escultura nacional”, a Capela do Tesoureiro a “proporcionar momento único e emocionante”, enfim, o “sublime enquadramento” alcançado por Gonçalo Byrne. E quando se poderia recear algum pecadilho por exagero, não é que, logo após breve visita (Deus meu, quanto de tão belo para se apreciar, demoradamente, em instalações superlativas), se concluía que Ana Alcoforado (as minhas homenagens, também, e naturalmente, para Adília Alarcão) tem, afinal, razão inteira! A magnificência a orgulhar Coimbra.
As circunstâncias, dramáticas, em que ocorreu a morte de José Guerra – um acidente brutal absolutamente inadmissível – foram um enorme murro no orgulho coimbrão. E é impressionante como, para além do seu exemplo de vida, também no seu passamento Guerra nos tenha querido deixar uma mensagem, uma chamada de atenção para os imensos pequenos grandes pormenores – desde logo a ausência de um suficiente muro de proteção, designadamente para invisuais – que fazem de Coimbra uma cidade afinal não tão inclusiva quanto julgávamos e, por certo, todos desejamos. Mais do que sempre oportunas iniciativas de sensibilização, como o foram as recentes “por Coimbra às cegas”, de um grupo de estudantes, ou a aceitação, por parte de técnicos da Câmara Municipal, de desafio da ACAPO para andarem pela urbe de olhos vendados, quanto trabalho nos aguarda, quanto empenhamento cidadão se nos exige…
Não fora a excelência da atividade cultural da Escola da Noite – desculpem a recorrência do tema, mas a culpa não é, de todo, minha – e quase poderíamos dizer que a sua existência já se justificaria só para nos proporcionar, promovendo-os, espetáculos como aqueles a que a cidade assistiu no findar da passada semana. De facto, a presença do brasileiro Grupo TAPA, de São Paulo, e a apresentação da peça “Doze Homens e uma Sentença”, constituíram, a meu ver, um dos momentos altos da história recente, aliás muito rica, do teatro em Coimbra. Excelente, já se sabia, o texto de Reginald Rose, magnífica, agora, a teatralização, as interpretações que garantiram momentos de sublime encantamento. Um abraço obrigado, gente, nesta nossa língua comum, para o lado di lá, e de cá…
O presidente da Federação Distrital do PS, reitera, em artigo de opinião, vontade (política?!) de voltar a afirmar Coimbra como terceira cidade do país, projeto que até poderia ter alguma valia… se a urbe o não fosse já, evidentemente. Entretanto, porventura para não lhe ficar atrás, um alto dirigente da Câmara Municipal, a propósito da aprovação do novo PDM, disse que Coimbra pretende “reivindicar o seu papel de capital da Região Centro”, uma exigência definitivamente abstrusa já que nem o mais empedernido detrator da cidade ousaria, sequer, questionar a sua manifesta liderança regional. Com tais responsáveis, para que precisa Coimbra de inimigos?
Um despacho do Secretário de Estado da Saúde ordena (nem mais!) a redução do número de camas nos hospitais do SNS – obviamente incluídos os de Coimbra –, medida que, com certeza, e quem sou eu para o questionar, há de contribuir, em muito, para melhorar a saúde no nosso país. Entretanto, aposto, para o ano, os serviços de estatística vão aumentar a esperança de vida dos portugueses, tendo em vista, também … idêntica melhoria das nossas aposentações!
A ACIC, a braços com um passivo imenso – como é possível tamanho trambolhão de entidade ainda há poucos anos financeiramente tão sólida? – procura alcançar um programa de recuperação que viabilize a sua continuação como estrutura representativa do tecido empresarial de Coimbra; Joana Amaral Dias, respondendo a inquérito de jornal, especificava que em Coimbra, onde fez todo o seu percurso académico, encontrou grandes professores que a “ensinaram a pensar”, um reconhecimento que, vindo de voz geralmente contestatária, comprova ser o ensino de excelência uma das principais vocações da cidade; a Região Centro, sustenta-o uma investigação da UC, come carne de porco e de aves de qualidade (se o frango está, assim, bom, então é porque, nestes tempos de crise, é o pobre que está doente); e Manuel Machado, coisa intrigante, até pela aceitação, foi oficialmente indicado pelas estruturas partidárias como candidato socialista à Câmara Municipal de Coimbra.
Entretanto, é Natal, e visitar o presépio dos Sapadores Bombeiros faz já parte das nossas tradições…
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A 8 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Está eleito – em ato que decorreu, significativamente, com quebras na participação da comunidade académica – o Conselho Geral da Universidade de Coimbra. Encontrados os representantes dos professores e investigadores, dos alunos e dos trabalhadores, segue-se a escolha das personalidades externas que irão completar (e uma delas, mesmo, sei mas não entendo bem porquê, presidir) aquele órgão da maior relevância na gestão das Escolas, designadamente ao nível da eleição do Magnífico Reitor e da definição das grandes linhas estratégicas da vida da mais antiga instituição universitária portuguesa. Entretanto, continuo a julgar que o governo da UC deve caber, exclusivamente, a si própria, e que as personalidades externas – naturalmente prestigiadíssimas, e cuja opinião sábia, avisada e influente deve ser tida como efetiva ajuda no encontrar dos melhores caminhos para se alcançar o inteiro cumprimento da enorme e indispensável missão que incumbe à universidade –, não deveriam participar no sufrágio. Até para não se poder contrariar, assim, o exato sentido da vontade maioritária interna democraticamente expressa pelos corpos das Escolas. E se a Lei não o permite, se este modelo de Regulamento não servir, altere-se, então, a legislação.

Saldou-se em manifesto fracasso a hasta pública de lojas e bancas no mercado municipal – apenas duas de entre a centena levada a licitação – em prova evidente de que, antes de tudo o mais, e para além do empenhamento, entusiasmo mesmo, do vereador José Belo, a Câmara tem de encontrar e concretizar novas políticas de dinamização (sem o descaracterizar) de um equipamento de grande qualidade, que é, também, um pólo cultural na cidade-não-apenas-betão. Sem saber muito bem como – mas é para isso que existem especialistas – importa demonstrar à comunidade urbana as vantagens de comprar no mercado D. Pedro V, levar as populações o sempre gratificante encontro designadamente com as mulheres e homens dos campos do arrabalde que ali trazem, ainda, fresquíssimos, e a bom preço, produtos magníficos. Mercar no mercado tem de se tornar moda, e o primeiro passo poderá ser dado pelos responsáveis autárquicos, desde o presidente à totalidade dos edis, ao encontrarem tempo, e sobretudo vontade, para ali fazerem as suas compras. E quanto gostaria de, amiúde, semanalmente talvez, lá encontrar, não apenas em períodos eleitorais, os políticos da cidade…
Pondo fim a desiderato de duas décadas, estão a decorrer os trabalhos de construção do nó de Soure à A1, antiga reivindicação daquele município que, justamente, sempre considerou a obra como estratégica para todo o território de Sicó. Pode ser que agora, assim com a mão na massa, numa altura em que também foi aberto o nó que ali liga a A13, a Brisa, ou lá quem seja, aproveite a ocasião para associar Coimbra-sul à saída de Condeixa, servindo melhor, com o simples acrescento de uma placa, os automobilistas que não precisam de passar pelo centro da cidade, como acontece quando são dirigidos para Taveiro. A não ser que a quebra de portagens naquela dúzia de quilómetros faça muita falta aos seus cofres…
Foram inauguradas as iluminações de Natal, este ano, como aconselha a crise persistente, de novo parcamente cingidas às Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, escolhidas, no seu significado comercial, para trazer à comunidade algum calor humano próprio da época. Entretanto, a propósito, e esquecendo por um pouco a imensa pedinchice que, um cansaço, nos aborda onde quer que estejamos, não deixe de visitar a feira solidária a favor dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, que hoje decorre, no quartel da corporação, na Fernão de Magalhães, afinal uma excelente oportunidade para, essencialmente, ajudar uma causa nobre, auxiliar uma instituição em situação difícil que a comunidade, cada um de nós, temos a obrigação de apoiar.
Por fim, regozijemo-nos, aí está a boa nova: o Museu Nacional de Machado de Castro reabre, magnífico, dizem-nos, na próxima quarta-feira, 13, depois da inauguração, dois dias antes, pelo Primeiro-ministro. Parabéns, Ana Alcoforado, e vamos aproveitar, todos, a programação que, abrangente até nos horários, se anuncia.
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A 1 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Na frieza dos números, o retrato, irrefragável, de uma realidade que se pressentia: Coimbra continua a perder população – menos cinco mil habitantes, de acordo com os resultados definitivos do censo 2011, agora divulgados – em contraponto com todos os outros distritos litorâneos do arco atlântico que vai de Braga até Setúbal. E de duas, uma: ou os responsáveis olham com particular atenção para este fenómeno de desertificação, agora também no litoral, comprometendo-se com a sua correção, ou, na inversa, teremos de dar os parabéns àqueles que, politicamente, se têm empenhado em obscurecer Coimbra enquanto terceira cidade do país. É que, paulatinamente (e não são nada boas as perspetivas de futuro próximo, designadamente no setor da saúde) parecem estar a conseguir os seus maquiavélicos propósitos…
As declarações de Isabel Jonet quando dizia, em substância, não devermos “ter expectativas de que poderemos viver com mais do que necessitamos, pois não há dinheiro para isso”, provocaram um conjunto de dislates por parte de gente ignota e ignara que importa desvalorizar. De facto, embora naturalmente contrariados, é bom convencermo-nos, todos, também ao nível local, que mesmo crescendo um pouco, no futuro, em termos económicos, não voltaremos a ter, cada um de nós, o “el dorado” que, pura ilusão, julgávamos haver alcançado há alguns anos. Vamos, indispensavelmente, viver com menos dinheiro, também, auguramos, com maior dignidade humana, sem tiques de sobranceria, de novo riquismo. Nem em Portugal, nem em lugar algum, receamo-lo, do nosso mundo ocidental. E, já agora, a propósito do aventado boicote à recolha do Banco Alimentar contra a fome, a decorrer neste fim de semana, vou, com esforço, procurar dar em dobro. Por respeito para com o empenhamento comprovado de Isabel Jonet e seus, tantos, colaboradores, também, sobretudo, pelas necessidades de portugueses mais carenciados.
Helena Freitas recordou, defendendo-o, o projeto do anel verde da cidade – em essência, a ligação entre a Quinta das Lágrimas, Parque do Mondego, Botânico, Sereia e Sá da Bandeira, já referido por Costa Lobo, mas que Cristina Castel Branco, no seu enlevo por jardins, apresentou a Coimbra em 2006 – e que, inexplicavelmente, não se conseguiu ainda concretizar, sobremodo, julgo, por dificuldades na abertura da mata do Jardim Botânico, uma limitação que, sendo diretora do equipamento, e atendido o interesse agora reiterado, poderá vir a ser ultrapassada a brevíssimo trecho. Entretanto, e a propósito, que diabo de ideia aquela a de pôr, qual imenso piquenique, os conimbricenses a “marmitar” e, porque não, a “internetar”, logo naquele espaço nobre que é o Botânico. Já estou a ver os cidadãos a transpor, finalmente, o portão que “preto é, Galinha o fez”, para, de portátil ou IPad na mão, deitarem mão à perna de frango que a crise obriga, honradamente, a trazer, na lancheira, de casa…
Por falar em Quinta das Lágrimas, o Arcadas da Capela perdeu – uma pena para a restauração de Coimbra e da Região Centro, mas de todo não surpreendente – a estrela Michelin que detinha há anos, como resultado, natural, de políticas de redução de custos, nomeadamente com cortes no pessoal, com evidentes repercussões (não há milagres!) na qualidade do serviço prestado.
A Bluepharma, empresa de Coimbra especializada na produção de medicamentos genéricos recebeu – parabéns Paulo Barradas – o Prémio PME Inovação COTEC, enquanto a Fundação Bissaya Barreto entregou a José Mattoso e a João Salaviza o Prémio Nuno Viegas do Nascimento. Em paralelo, João Gouveia Monteiro foi distinguido com o Prémio Gulbenkian “História da Europa” da Academia Portuguesa de História e, também felicitações, Adérito esteves é o primeiro vencedor do Prémio de Jornalismo Adriano Lucas.
A Estação Nova foi qualificada, e bem, pela Câmara Municipal de Coimbra como monumento de interesse público. Queira Deus que um dia destes a edilidade não venha a classificar um qualquer barracão da Estação Velha – afinal sempre é mais antiga – o que daria azo à Refer para nunca mais construir uma nova e moderna estrutura, antes fazer perdurar, ainda por mais tempo, o inenarrável apeadeiro onde, em Coimbra, vergonha nossa, costumam parar os comboios…

António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A 24 de novembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Não concordo, de todo, com a intenção camarária de fazer instalar o Arquivo Municipal em edifício a construir de raiz na freguesia de Eiras, em terrenos com vocação industrial. E pergunto se não seria preferível optar por um imóvel, no tecido urbano, entre os tantos desocupados, recuperando-o e adaptando-o para a imperiosa necessidade de reunir a nossa documentação identitária. Estou a pensar, apenas alguns exemplos, nos Colégios da Rua da Sofia, Convento de Santa-Clara-a-Nova, antigo Hospital Pediátrico, as maternidades que vão deixar de o ser, talvez especialmente no solar da Quinta das Lages. Poderá parecer que estou sempre contra a construção do AM onde quer que seja, depois de, anos atrás, ter defendido a sua não edificação na António José de Almeida, onde hoje está implantado um jardim admirável. Mas, francamente, erguê-lo numa zona empresarial, valha-nos Deus …

Éramos poucos, demasiadamente poucos, os cidadãos que desceram à rua para exigirem a reposição dos carris no Metro Mondego. E foi pena porque seria mais uma oportunidade para Coimbra afirmar a sua indignidade, mostrar aos poderes públicos nacionais que está coesa nos projetos que tem por importantes. Ainda não foi desta que nos mobilizámos, mas é bom que os conimbricenses, sem exceção, se habituem à ideia que só com empenhamento pessoal e esforço coletivo alcançaremos o futuro de progresso a que almejamos.
Enquanto o projeto de Gonçalo Byrne aguarda, no fundo da gaveta, por melhores dias, decorrem as obras (esperemos que não apenas de) na fachada da AAC. Acreditando ainda na indispensável remodelação profunda do imóvel, que, com certeza, não acontecerá tão cedo, mantenhamos, pelo menos, a esperança de que na vida interna da Associação Académica se reafirmem, no imediato, os grandes princípios e propósitos que fazem dela a mais importante estrutura de estudantes do país. Entretanto, duas mulheres, muito interessante, cotejam a recandidatura do atual presidente da Direção Geral.
O facto de o Centro ambicionar, para 2020, que a economia regional represente 20% do Produto Interno Bruto deixa-me algo preocupado no “receio” de aparecer por aí quem, à falta da regionalização administrativa que nos faça a todos mais participantes na decisão política, venha invocar, qual Catalunha, sonhos de autonomia, mesmo de independência! Mas tal não deverá acontecer porquanto, paralelamente, o ministro Relvas, cuja remodelação tanto tarda, continua a sua sanha contra as Regiões, e também contra os Municípios enquanto entidades autónomas, agora através do maléfico projecto do Estatuto das Entidades Intermunicipais que esvazia, um pouco mais, ambos.
Ainda bem que o anúncio da fusão das duas maternidades de Coimbra e sua instalação no edifício central dos HUC antecedeu – por pouco, é certo – a notícia de que a Bissaya Barreto obteve a melhor classificação da Entidade Reguladora da Saúde na área da obstetrícia. É que, se não fora assim, até poderíamos pensar que se tratava (em boa verdade a sua extinção), de … um prémio para distinguir a reconhecida excelência clínica…
Neste tempo pré natalício, deparei-me, na loja Catarino, à Solum, com a mais curiosa e porventura também mais bonita árvore de Natal do ano. Mesmo pecando eu por eventualmente a ver sob um olhar de jornalista, ou talvez por isso mesmo, não deixe de dar uma espreitadela para constatar como, com imaginação, se pode, sem grandes custos, apenas com revistas e livros, afirmar o bom gosto.
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A 17 de novembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Um quadro da distribuição geográfica das empresas alemãs em Portugal, no ano de 2010, mostra, nos três distritos melhor classificados, 111 empresas em Lisboa, 43 no Porto, e 25 em Braga. A partir daí, os valores, já com apenas um dígito, vão-se esbatendo até atingirmos uma – leram bem, uma – única unidade em Coimbra. Se fosse necessária, eis a prova, evidentíssima, de como temos sido destratados, de um ponto de vista de desenvolvimento económico, de localização de empresas, pelas estruturas governamentais responsáveis pelo progresso sustentado e harmonioso (isto agora sou eu a poetar) do todo português. São números que deviam encher de vergonha (se a tivessem) quem nos administra a partir do Terreiro do Paço, é uma verdadeira ignomínia que, em favor da equidade democrática, tem de ser rapidamente corrigida nestes tempos, dizem, de indispensável reindustrialização, desde logo através dos investimentos alegadamente prometidos por Angela Merkel. E não aceitaremos que nos acusem de falta de capacidade empreendedora quando sabemos da nossa privilegiada localização, do imenso saber que a universidade detém, também da qualidade infra estrutural de espaços disponíveis como o Coimbra Inovação Parque. Se tem sido assim estando Coimbra no litoral, o que não seria se estivéssemos no interior profundo? Se calhar, em vez de uma, tínhamos … nenhuma empresa alemã aqui instalada!
Uma das crónicas que o jornal madrileno ABC incluiu (na edição do passado dia 8) sobre o jogo Académica-Atlético abria dando especial destaque ao facto do encontro se disputar, cito, na “cidade dos seis reis”. E referia-se, nem mais, acreditem que sim, a Coimbra. Perguntando-me quantos de nós sabemos que aqui nasceram, de facto, seis monarcas da primeira dinastia – coisa sem interesse algum, dirão uns, que nunca ninguém mo recordou, alegarão outros – a verdade é que a antiga urbe não honra a memória nem dos reis seus conterrâneos. Mas se não alcançámos, sequer, levantar, com dignidade inteira (velho sonho, nunca realizado, designadamente de Mendes Silva), uma estátua equestre ao Fundador, D. Afonso Henriques, que nos fez capital do reino, como haveríamos nós de ter preservado, com peças de escultura – que poderiam ser erguidas, na habitual míngua de dinheiro, uma por ano –, a memória de Afonso II, Afonso III, Sancho I, Sancho II, D. Pedro e D. Fernando? Bendita cidade que tais filhos tem: os que a dignificaram, e os que não a honram…
Primeiro, uma visita ao Centro de Artes Visuais – sempre bem cuidado, um exemplo, Albano – para ver obras de selecionadas de Daniel Malhão e “O Amor de Alcibíades”, de Eduardo Guerra; depois, passagem pelo Salão Brazil, novo espaço cultural do Jazz ao Centro, onde ouvi Sofia Ribeiro, belíssima voz acompanhada por ótimos instrumentistas; por fim, ida ao Teatro da Cerca para apreciar, desta vez não a residente Escola da Noite, mas o Centro Dramático Galego que ali apresentou, excelente, a peça “O Profesional”. Perfeito, tudo perfeito (para inveja vossa, que permitiram salas quase vazias) no final da (e não fim de) semana … em Coimbra.
Nestas contas de sumir que nos submetem e constrangem, parece ninguém querer reparar no que de fundamental releva para o futuro comum do país. Ninguém é uma forma de dizer, de expressão, já que o Movimento Ideais do Centro teve por bem, e muito bem, debater, aprofundadamente, a baixa natalidade em Portugal, seguramente um dos problemas maiores, talvez mesmo o maior, que se abate sobre o nosso porvir colectivo.
Na passada terça feira fui refeiçoar à Casa dos Pobres – que belíssimas instalações para velhotes significativamente sorridentes –, assim me juntando aos costumados “românticos”, fórmula que Aníbal Duarte de Almeida encontrou, com o jeito com que afinal ergueu aquela instituição, para, angariando alguns fundos, nos levar (quantos mais melhor) a fazer o bem … almoçando bem.
Se a ideia – e, lá no fundo, até a compreendo – é fazer diferir no tempo a compra dos presentes, para os quais teremos cada vez menos dinheiro, então percebo a colocação tão temporã, nos nossos centros comerciais, das ornamentações natalícias. Mas atenção porque um ano destes, ainda mal chegados da praia, aí estarão elas, a cintilar, as luzinhas que já pouco nos dirão quando, finalmente, for Natal.
Um dia, juro, roubo a exposição fotográfica dos chapéus de palha ao Carlos Jorge (agora patente na Lousã), como forma última de impedir, um cansaço, que ela volte a ser mostrada onde quer que seja. Pior, ou melhor, nem sei, só Jaime Soares – para ambos, grande, um abraço – quando, noutros tempos, inaugurava, vezes sem conta, mas sempre com alguma vantagem para as suas populações, talvez com mais porta ou menos janela, um e o mesmo equipamento…
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A 10 de novembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Excelente a entrevista de Elísio Estanque ao “Fugas”, do “Público”, onde, para além de se traçar o percurso de vida do sociólogo e professor, se reflete a sua visão sobre Coimbra, cidade que, enfatiza, “tem chão com muitas histórias” e “investe em ensinar a pensar”, que “não é província, está mais perto de Londres do que muitas outras cidades”, tem a baixa, o choupal, tranquilidade, teatro, cinema, atividades culturais, cafés e conversas, também “encanto na hora de chegada”. De leitura obrigatória, a Câmara Municipal deveria reproduzir e divulgar pela urbe, nas esplanadas e estações de comboios e autocarros, nos jardins e salas de espera, nas escolas e nas praças, aquele texto que se constitui, julgo, em importantíssimo contributo para a auto estima de Coimbra. E, lendo-o, seriam muitos mais os que já me acompanham neste orgulho de viver a e na cidade.
O Bispo de Coimbra, em nota pastoral, procura justificar o injustificável quando diz que os 11 alunos que estudavam no Seminário Maior estão a ser formados no Porto, onde passaram a residir com os seminaristas daquela diocese e da de Vila Real. Sem percebermos muito bem porque não vêm antes aqueles jovens estudar para Coimbra, onde se poderia instalar um seminário que forme vocações a nível nacional – atendidas a excelência do lugar e dos edifícios, a centralidade da urbe, o ambiente académico da cidade –, também não entendemos como é que “os elevados custos económicos” são impeditivos da manutenção da instituição quando tais dificuldades não restringem o funcionamento, ali, no agora designado Centro Pastoral Diocesano, dos (seguramente imensos, tamanho é o espaço disponibilizado) secretariados e serviços do bispado. Se era um problema de dinheiro, o melhor não seria vender, ousamos perguntar, o magnífico conjunto para, por exemplo, um hotel ou coisa que o valha? Uma profunda tristeza, já o dissemos, e agora reiteramos…
Municipalista confesso, é porém enquanto freguês que tenho sentido maior grau de satisfação pela opção política há muito assumida. Fruto da sua ainda maior proximidade, as freguesias – tão malquistas por tantos governantes, elas que serão as menos culpadas pelo descalabro financeiro em que caíram as nossas contas públicas –, têm sido, seguramente, nestes últimos anos, sem a pesporrência que, quais novos ricos, atingiu os municípios, o mais correto bastião do poder local. E eu, morador na enorme Santo António dos Olivais, quero hoje aqui deixar relevada a qualidade dos serviços prestados por aquela Junta. Designadamente na agilização alcançada na área administrativa, também no esforçado e bom trabalho que vem desenvolvendo a bem dos espaços verdes da área da autarquia. E, felizmente, os encómios dirigidos a Francisco Andrade e sua equipa – um abraço – são extensíveis à generalidade das nossas freguesias.
João Figueira lançou um “livrinho”, expressão sua, através do qual faz uma breve incursão pelos últimos 35 anos de jornalismo em Portugal, obra onde, como também diz, “há jornais e revistas mais desenvolvidos do que outros”. O que é uma pena em termos académicos. Mas sobra, ainda assim, nesta hora de crise, uma sistematização que, lamentavelmente, nos poderá servir, um dia destes, como recordatório do que foi a imprensa no Portugal democrático…

João Rebelo foi nomeado presidente do Metro Mondego e será o único executivo de uma administração que, à míngua de dimensão de obra, primava pelo tamanho da sua (não ferroviária, está bem de ver) composição. Pode ser que agora a situação se inverta e os poucos que ficam, sem se atrapalharem uns aos outros, consigam – para além das garagens, ou lá o que é, em Ceira – fazer muito, pelo menos dar algum passo mais significativo nas expectativas, seguramente utópicas, que teimamos em manter.

A Região Centro está entre as 100 mais inovadoras da Europa, de acordo com o Regional Scoreboard 2012, um ranking da União Europeia que destaca, assim, o nosso território; a Critical Software lançou uma nova empresa, a Verticalla, que no seu Centro de Investigação, em Coimbra, vai criar duas dúzias de qualificados postos de trabalho; e a Sanfil acaba de reforçar a sua posição como grupo prestador de cuidados de saúde (o quarto maior a nível nacional), com unidades a funcionar aqui mas também nos distritos de Aveiro, Guarda, Leiria e Viseu. Entretanto, e no meio de tantas boas novas, a péssima notícia do encerramento das instalações da Cofanor, em Montemor-o-Velho, que lança no desemprego, sempre lamentável, oito dezenas de trabalhadores.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A 3 de novembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

A queda de um elemento em pedra da abóbada do Convento de Santa Clara-a-Velha e a praga de térmitas da madeira que atinge o altar mor do Mosteiro da Rainha Santa são realidades diversas, mas concorrentes, no desmoronar do património histórico que, desassossegando todos, preocupam, naturalmente, e sobretudo, os seus mais diretos responsáveis. A quem têm de ser garantidos os instrumentos indispensáveis à sua inadiável recuperação pois não podemos, coletivamente, deixar derrocar o país, temos de ser capazes de contrariar, também do ponto de vista cultural, o esboroamento do edifício fundador em que nos sustentamos enquanto Nação.

Atendendo a que ela própria se denomina de “Tertúlia Memória e Literacia”, não surpreende que o primeiro convidado para a reunião do próximo dia 8 seja Edmundo Pedro, que, do alto dos seus 94 anos, é, com certeza, senhor de memória imensa. Entretanto, já espanta ver a escolha de conferencistas para a iniciativa “A Democracia e o Futuro”, a decorrer, com um programa muito rico, na Casa da Escrita, em cada sábado deste novembro corrente, todos eles respeitabilíssimos, sem exceção, mas, apesar de se celebrar Rousseau, talvez com um pouco (não será só Mia Couto a inventar palavras) de senadorismo a mais. Afinal, no seu melhor, “Coimbra, passado com futuro”.

Não há manual de jornalismo que não refira que notícia é quando o homem morde o cão. Foi, mais ou menos, o que aconteceu há dias quando um segurança (?!) se feriu, assim mesmo, ao fugir de um meliante que, parece, estaria a assaltar o antigo pediátrico. É certo que aqueles vigilantes não dispõem de estatuto nem de meios para prevenirem o crime, mas, já agora, e se mais não fora para se obstar a tão caricatas situações, também para se pôr termo à degradação das instalações, quando daremos destino ao antigo hospital? Não poderia ele ser útil, Manuel António, lembrei-me assim de repente, para expansão física do IPO?

Li, declarações do presidente da Câmara, que o IKEA pretende instalar a sua loja em Coimbra apenas numa localização: o planalto de Santa Clara. “Ou é ali e eles investem, ou não é ali e eles não investem”, sintetizava Barbosa de Melo. Nesta conformidade, e porque a localização do equipamento naquele espaço não constitui, do meu ponto de vista, qualquer insanável agressão urbanística, espero bem que haja – ou, mesmo, tenha já havido – resposta rápida ao desiderato da multinacional, por forma a que a cidade não perca, como tem acontecido, agora uma estrutura económica diferenciadora em termos regionais. Sem se repetirem as indecisões que, entre tantas outras, permitiram, recentemente, (as obras deveriam estar já num ponto irreversível de construção) a anulação do troço Ceira-Trouxemil do IC 3, a autoestrada que ligará Coimbra a Setúbal.

Quando, dando com certeza cumprimento à sua missão de serviço público, a Lusa fechou o escritório de Coimbra, poucos ergueram a sua voz. Quando a RTP emagreceu a delegação regional que aqui mantém, foi o silêncio total. Quando a RDP calou os noticiários que emitia da e para a região Centro, não se ouviu um protesto solidário. Agora, com a guilhotina dos cortes de verbas governamentais a atingir Lisboa, andam por aí mosquitos por cordas. A fazer-me lembrar Martin Niemoller ao dizer, adaptando eu, que “quando levaram o meu vizinho, calei-me e não me incomodei; quando me levaram, já não havia quem reclamasse”…

O Programa das Aldeias de Xisto, promovido pela CCDRC, que beneficiou já 700 casas de 27 povoações, é um projeto de desenvolvimento do meio rural recentemente apresentado em Bruxelas (parabéns Pedro Saraiva) como exemplo de boas práticas em política regional; arrancou, com uma programação vasta e diversificada, que privilegia o piano e também o jazz, o Festival de Música de Coimbra, que se prolonga, a não perder, até 8 de dezembro; a AAC celebrou, da forma possível, pobremente, efeméride relevante, os seus 125 anos; e num dia em que a espiritualidade ganha particular relevo e nos permite uma reflexão sobre o sentido da vida, os cemitérios, talvez pela última vez, encheram-se de flores.
António Cabral de Oliveira

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

"mau, mau EDA"

E não é que ontem a EDA (a EDP cá do sítio...) resolveu, novamente, presentear os terceirenses (pelo menos grande parte deles... já que alguns desafortunados, ou não, não tiveram o privilégio...), com mais uma noite romântica à luz das velas.

Sim, parece mentira, mas é verdade... no espaço de 2 meses (?) e em pleno século XXI já tivemos 3 domingos à noite à moda antiga... com luz de vela e pouco para fazer... numa dessas noites acabei por ficar no sofá a dormir.
Mas ontem, acabei por ficar à conversa com os meus pais... só que eu não preciso que falte a luz para fazer isso, como PL que sou, diálogo é coisa que nunca acaba, aqui por estes lados, mas a EDA não deve saber disso e achou que "todos" nós precisávamos de uma noite sem tecnologia para cultivar bons e velhos hábitos.
E logo ontem, que não dava jeito nenhum ficar sem luz, logo ontem que tinha estado o dia todo de volta do computador para acabar um trabalho e "puff" lá se vai a luz...  depois de inúmeros "grrrrrrrrr", de uma dose de sarcasmo partilhada no FB, lá se assentou a ideia e a conclusão: «e ora bolas! ...lá terá que ficar para amanhã!»
 (Ou seja hoje!! Obrigadinha EDA foste mesmo uma queriduxa!)

E vocês? Como foi a vossa noite de domingo?

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A 27 de outubro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Foi em ambiente de “memória e respeito”, nas palavras do Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, que o Exército Português celebrou o seu Dia, com uma homenagem, singela mas digníssima, na Igreja de Santa Cruz, a Dom Afonso Henriques, seu patrono. E ali dei comigo a pensar que todos e cada um de nós deveria poder aceder a momentos como aquele, em que um frémito de orgulho pátrio nos invade, sentimento a que temos indispensavelmente de ancorar o nosso querer para ganharmos forças e levar de vencida as razões do opróbrio que nos constrange quando olhamos o estado a que deixámos chegar a Nação.

Património e Reabilitação Urbana foi tema de relevante iniciativa que serviu para o presidente da Câmara dizer que recuperar o centro histórico da cidade “custa dinheiro, mas não assim tanto”, e, mais, que “recuperar casas e bairros é recuperar a alma coletiva”. Entretanto, em jantar no Clube dos Empresários, o presidente da CCDRC afirmava que o “Jessica”, programa de reabilitação urbana com taxas de juro generosas a 20 anos, tem “80 milhões para o Centro”, para os quais “não há nenhum contrato celebrado até agora”. A ser assim, e julgando eu estarmos todos a falar do mesmo, apetece perguntar porque não está aí, pujante, a afinal barata e com financiamento assegurado, revitalização do casco histórico da urbe! Será que às sentidas palavras de Barbosa de Melo e às esclarecedoras asserções de Pedro Saraiva se sobrepõe, avisada, a conclusão de Celeste Amaro, logo no início do certame, quando sublinhava, apelando a um compromisso entre todas as entidades envolvidas, que “muitas jornadas destas não dão em nada?” Em Viseu, para o ano, saberemos o quanto conseguimos avançar…
Bem interpretando o sentir da tertúlia que o Lions está a promover sobre a baixa e a candidatura da universidade a património mundial, Carlos Cidade propôs, na reunião camarária desta semana, a transladação dos restos mortais de Luiz Goes para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Cruz. Também sem sabermos se e como será possível o desiderato – a que juntamos, concordante, a nossa voz –, importa, faltou dizê-lo, ou pelo menos não o lemos em lugar algum – agora os jornalistas, ao contrário do que acontecia no meu tempo, já não acedem a todas as sessões da edilidade – precisar, em abono da verdade inteira, que foi Nuno Encarnação quem sugeriu a ideia a Carlos Carranca que, por sua vez, proclamando-o alto e bom som, a trouxe àquela assembleia.

Que bem está a Orquestra Clássica do Centro, que fui ouvir, deliciado, em concerto de abertura dos VI Encontros Internacionais da Guitarra Portuguesa. Mas estranhei (e tanto não quererá significar, não significa com certeza, de forma alguma, desinteresse) a ausência da Câmara Municipal na iniciativa. É que, como nunca, nestes tempos difíceis, temos de nos capacitar, todos, de que o apoio à cultura é postura indispensável para sairmos desta crise nacional. Em colaboração, vinda necessariamente de municípios e instituições oficiais, também da sociedade civil, sem a qual poderemos vir a comprometer a música erudita da e na nossa região.
Esta semana voltei ao teatro para estar, na Cerca de S. Bernardo, com a minha dileta Escola da Noite que, com a qualidade felizmente habitual, tem em cena, imperdível, a peça “Nunca estive em Bagdad”. Entretanto, em termos teatrais, tenho ainda de ver, não nos esqueçamos, “Os últimos dias de Emanuel Kant”, que a Bonifrates apresenta no seu estúdio da Casa da Cultura, igualmente “Um grito parado no ar”, que o Teatrão leva ao palco na Oficina Municipal, no Vale das Flores.

Em paralelo, para continuar a falar em cultura – o tal setor, lembram-se, onde, segundo alguns, nada acontece em Coimbra – referência, agora cinematográfica, para a já tradicional e excelente Festa do Cinema Francês, a decorrer, até ao final do mês, no Gil Vicente, isto enquanto se anuncia, para 9 a 17 de novembro, o festival Caminhos do Cinema Português, única mostra exclusivamente nacional.
Linhares Furtado, pioneiro em transplantes hepáticos em Portugal, assinalou, imenso orgulho nosso, 20 sobre a sua primeira intervenção nos HUC; a tertúlia Fausto Correia lembrou, no Trianon, o político que tanta falta faz ao seu PS, outrossim à nossa cidade; Boaventura de Sousa Santos, em reconhecimento do mérito científico, vai ser distinguido pela Universidade de Brasília com o título de Doutor Honoris Causa;  Francisco Amaral – um abraço – foi justamente homenageado pela Escola Superior de Educação onde, há uma dúzia de anos, vem coordenando o estimulante projeto televisivo ESAC TV; e a morte de Patrocínio Tavares, os meus respeitos, tornou bem mais pobre o empresariado de Coimbra.

António Cabral de Oliveira

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A 20 de outubro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A saída da Universidade de Coimbra do prestigiado ranking “Times Higher Education”, – que, lembre-se, já liderou em termos nacionais – pode ser, é seguramente, um sério aviso para a eventual quebra de importância da antiga instituição. Tal como acontece com o ocidente, que naquela classificação perde crescentemente influência em favor do mundo oriental, urge, também localmente, conseguirmos reagir, com determinação, empenhamento e, em especial, muito trabalho, ao declínio anunciado, à (pelo menos) aparente derrota num combate em que, nas suas responsabilidades históricas, Coimbra tem de ser, em absoluto, liderante. Na certeza, sempre, como muito bem disse a presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, de que “formar-se não pode ser fácil, nem rápido”, nem, tão pouco, ter-se assegurada – como, com graça, sustentava antigo professor de economia – a “nota mínima garantida”.

A imagem, fortíssima e muito impressiva, de um grupo de estudantes da AAC de malas aviadas – liderado pelo seu presidente, caminhando sozinho, à frente da Academia – ficou a marcar, indelevelmente, o cortejo da latada que, sem rasgo nem graça de maior (salvo a piada dos bilhetes de avião, para destino incerto, em voo só de ida, na “Austeridade Airlines”), antes cheio de vulgaridades, repetiu, na prática, usos e costumes desta mini queima das fitas em que transformaram uma jornada estudantil que se queria de irreverente exigência. É uma pena, permito-me avaliar, os alunos não saberem aproveitar, ou aproveitarem tão mal, um tempo que será, com certeza, um dos melhores das suas vidas. Mas, enfim, se ao menos dizem que se divertem, que se divirtam, pois, e sejam muito felizes assim…

A instalação de Gabinetes de Apoio ao Empreendedor em cada uma das dez autarquias da Comunidade Intermunicipal do Baixo Mondego é iniciativa louvável, para a qual esperamos haja financiamento (comunitário, pois claro) e, sobretudo, empresários. Algo que, sem descer a dislates de outros, diria serem coisa rara … ou muito fraquinha. Mas isso sou eu a falar, eu que me confesso incapaz de vender um parafuso com lucro, quanto mais produzi-lo com vantagem económica e social. Mas que também não me digo empresário!

Falando em caminhos de ferro, e para além de uma referência elogiosa às novas e mais amiudadas paragens e à baixa de preço dos bilhetes que a CP introduziu na Linha da Beira Alta (nem tudo na majestática companhia pode ser mau), os comboios Sud Expresso e Lusitânia Expresso, respetivamente para França e para Madrid, passaram a ser feitos em conjunto a partir de Coimbra. Isto, claro, enquanto não retiram à cidade, também ao nível ferroviário, a posição de charneira entre o norte e o sul a que, julgamos, deveria obrigar a geografia, a orografia, sobretudo a inteligência humana.

A PSP tem novo comandante, o intendente Francisco Pedro Teles, que, honrado por funções “numa das cidades mais prestigiadas do país” – haja quem, vindo de fora, ainda o reconheça – promete, não pouco, muito trabalho em favor da comunidade. E poderá começar, coisa apenas aparentemente menor, por mandar alterar os locais, irritantemente sempre as mesmas rotundas, onde a Secção de Trânsito, quase fazendo já parte da paisagem urbana, posiciona as suas patrulhas.

O American Institute of Graphic Arts, que visa reconhecer a excelência no design, acaba de distinguir o atelier Ferrand, Bicker & Associados, de Coimbra, com a inclusão de três conjuntos de capas de livros na lista das melhores do mundo. As capas são realmente belíssimas – somos, de facto, capazes do melhor – e a atribuição dos prémios, (a par das boas classificações que os nossos estabelecimentos de ensino secundário obtiveram no respectivo ranking, com particular destaque, pela terceira vez consecutiva, para a Infanta Dona Maria, classificada como a melhor escola pública nacional) ufana, justamente, a cidade. Enquanto contribui para elevar, como bem precisamos, a nossa auto estima.

Numa época em que, também em Coimbra, corre riquíssimo o movimento editorial, António Carlos de Azeredo apresentou, há dias, um excelente roteiro da cidade do conhecimento e da sua região, com um texto escorreito (também em diferentes idiomas) mas, sobretudo, com belíssimas fotografias. Uma mais valia, sem dúvida, e não só para o turismo.
António Cabral de Oliveira

A 13 de outubro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
As campas do cemitério de Souselas – será premonição ou simples acaso? – apareceram, de novo, cobertas de um pó esbranquiçado proveniente de descarga poluente da cimenteira. Talvez seja um outro aviso para não esquecermos (bem pelo contrário, lembrarmos sempre) a luta perdida contra a única grande aposta “estruturante” governamental para a região de Coimbra: lixo tóxico em vez de equipamentos de desenvolvimento económico e progresso social. E, também, para recordamos aqueles que, ao arrepio do bem-estar colectivo, privilegiaram, então, conveniências pessoais, e têm, ainda, a desfaçatez de se passearem, publicamente, mesmo em cerimónias oficiais, por aí…

Numa cidade em que quase não há opinião publicada em que valha muito a pena atentar, reconfortou-me ler a oposição exigente, frontal e corajosa de Norberto Canha, revoltadíssimo, e bem, contra o fecho, por parte do Bispo da Diocese, do Seminário Maior de Coimbra. Cortando a direito, como a tanto obriga a verticalidade do respeitável Professor – coisas de diferentes eras, parece –, zurziu forte já que D. Virgílio Antunes, de facto (e para além das hierarquias), sem delegação do povo diocesano, não deveria, nunca, encerrar uma instituição com quase 250 anos de História, mesmo que com tal se procurasse beneficiar outra entidade, com certeza respeitável, a Universidade Católica, que, recorde-se, nunca quis instalar qualquer polo na universitária Coimbra.

Está completo o Conselho Consultivo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, órgão que integra, reconheça-se, uma maioria de nomes de insuspeitado prestígio. Que se espera possam contribuir, com os seus diversos saberes, para uma melhor ação das diversas unidades do imenso CHUC. Influenciando, positivamente, a decisão, como naturalmente se espera, mas não interferindo, de facto, na sua gestão, que, em exclusivo, deve ser garantida internamente.

Quando a Presidente da Agência Nacional para a Gestão do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (valha ao menos a certeza de que tamanho não falta ao título da senhora!) desafiou Coimbra a tornar-se, a par de Lisboa e do Porto, numa Cidade Erasmus, estava, não duvidamos, a querer mostrar-se simpática para connosco. Mas se Coimbra não é já espaço marcante no panorama dos programas internacionais de mobilidade de estudantes, que outra cidade o será? O que não inviabiliza, contudo, antes exige, renovados e permanentes empenhamentos para se ir mais além, sobretudo quando são cada vez menos os alunos nacionais que acedem à universidade.

Organizado por não interessa que raiz partidária, decorreu, em Coimbra, um debate sobre a cidade. Fica a referência, naturalmente elogiosa, na certeza da importância de todos nós analisarmos, interventivamente, o futuro colectivo da antiga urbe. Mas, Helena Freitas, aquela ideia de fazer substituir uma horrível estação de autocarros por um horripilante e inimaginável parque de estacionamento num dos mais nobres (e graças a Deus, apenas precariamente aproveitado) espaço, foi mesmo sugerida?!

Em iniciativa absolutamente saborosa – aqui na verdadeira acepção da palavra -, decorreu, com grande dignidade, este ano ao longo de três dias, a Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra, dando, de novo, na esteira aliás da melhor tradição da força militar sediada no antigo Convento de Sant’Ana, também bom uso civil às instalações da Brigada de Intervenção; concretizando desiderato antigo, o Jazz ao Centro apresentou o seu novo espaço de programação cultural, o Salão Brazil, em plena baixa da cidade, em prova de inequívoca vitalidade apenas contrariada pela suspensão da revista Jazz.pt que, lamentavelmente, mais por colectiva culpa nossa do que sua, não conseguiu sustentar; e a Assembleia Municipal de Coimbra deliberou, convenientemente, e por unanimidade, - mas será que, para além das conjunturas políticas, vamos desperdiçar a oportunidade (por muito que se discorde do conteúdo da proposta), para se redimensionarem autarquias insustentáveis como o são, no miolo histórico, a Sé Nova, Almedina e S. Bartolomeu? – não se pronunciar quanto à pretensão governamental de redução do número de freguesias.
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A 6 de outubro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Continuo sem entender porque é que todas as raras obras que considero terem dimensão ajustada a uma Coimbra de futuro são sempre classificadas por alguns – não poucos, infelizmente – como “elefantes brancos”. Serei eu “grande de Espanha”, ou será, antes, (a Casa da Cultura/Biblioteca Municipal, apenas um exemplo, não é hoje equipamento já insuficiente?) falta de ambição por parte daqueles?

Vem isto a propósito da adaptação do Convento de São Francisco a espaço cultural e de convenções, uma obra formidável (não me ocorre adjetivo mais eloquente), ali na margem esquerda, cuja compra, não se reescreva a história, se deve, personalizando os executivos, a Mendes Silva e não a António Moreira, apesar de ter sido este quem, de facto, a pagou. Ao abrir novos e (com certeza) ditosos horizontes à vida cultural e económica da região, São Francisco é, sem questão, uma excelente aposta da Câmara Municipal, que há de saber organizar de forma exigente e capaz a sua gestão e dinamização. E que os cidadãos de Coimbra têm a obrigação de saber bem usufruir, seja enquanto espaço de utilização social, seja em simples visita…

Por falar em cultura, Coimbra, para além da sua ampla oferta habitual, foi palco de um vasto conjunto de atividades que, em manifestação, justa, contra os cortes nos apoios governamentais, serviram para reivindicar auxílios indispensáveis para se evitar a asfixia. Se, por um lado, importa acompanhar os agentes culturais da cidade nesta sua luta, há, por outro, que assumir, sejamos utópicos, que a cultura tem de caminhar, cada vez mais, para uma autonomia financeira. Com o contributo insubstituível da efetiva participação nos eventos dos muitos que continuam a dizer que em Coimbra não acontece nada … mas que, em boa verdade, não encontramos em qualquer programa cultural.

Quando o próprio comandante se enleva por, li, se sentir “a ganhar, aos poucos, a confiança dos seus agentes”, parece que algo continua mal na Polícia Municipal de Coimbra, uma estrutura, não o esqueçamos em circunstância alguma, que só existe para servir a população. Naturalmente hierarquizada, é, por o ser - e por bem se saber a diferença entre mando e comando -, que não percebo, de todo, estas, chamemos-lhe assim, confidências …

A Associação Nacional de Municípios Portugueses, entidade tão cara à cidade onde está sediada, vive um momento histórico de lamentável e preocupante turbulência política. Consequência direta da crise financeira que se abate sobre o país, também porque é terrível a aproximação do ocaso depois de longos ciclos de liderança no poder autárquico, urge ultrapassar rapidamente tais dificuldades, sempre em favor de uma casa fundamental para a existência de um poder local digno e autónomo, indispensável ao bem-estar e ao progresso dos cidadãos.

Morreu Santana Maia – as minhas homenagens sentidas -, médico prestigiado que a sua classe profissional quis Bastonário, cidadão ilustre que, também enquanto Vice-Presidente da Câmara, Presidente da Assembleia Municipal e Governador Civil de Coimbra, dignificou, em tempos outros, uma outra forma de estar na política. Por igual docente da Faculdade de Direito, Joaquim Sousa Ribeiro sucede, no elevado cargo de Presidente do Tribunal Constitucional, a Rui Moura Ramos, também daquela Escola, eleição que, honrando Coimbra, haverá de reiterar anteriores padrões de excelência. Para concluir, também na promoção turística no estrangeiro o Centro desapareceu do mapa, com as Beiras, bem como todo o restante espaço físico nacional, a serem substituídos, que mais poderia ser, por … Lisboa e Porto. Mas que regionalização turística é afinal esta que, agora, dizem, se estará a concretizar?!
António Cabral de Oliveira
6 de outubro de 2012
 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A 29 de setembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
O Secretário de Estado das Obras Públicas afirmou, em sede do Conselho Regional do Centro, que a autoestrada Coimbra-Viseu é prioridade maior nos projetos do Governo quanto a futuros investimentos rodoviários. Face ao abandono a que se votou a Região Centro, era só o que faltava que o não fosse. A não ser que – e em boa verdade, no meio de tamanho centralismo, já nada me surpreenderia –, depois da construção de tantas AE em redor de Lisboa (e do Porto), ali se começassem amanhã a erguer, também à míngua de território disponível, não vias paralelas … mas sobrepostas!

Na inauguração da Exposição da Candidatura da Universidade de Coimbra a Património da Humanidade, o Magnífico Reitor decidiu descer das suas tecnologias e subir às humanidades para sublinhar – de entre o pouco que, disse, teve já tempo de ler – a influência da Universidade de Coimbra na história de países como o Japão e o Brasil, também a certeza da língua portuguesa ter nascido nas Escolas coimbrãs. O que constitui, para nós, redobrada esperança no seu empenhamento na continuada internacionalização da UC; na sua permanente valorização histórica e patrimonial; ainda, e porventura especialmente, no ganhar de um aliado relevante no combate que urge empreender para que o Museu da Língua Portuguesa tenha, naturalmente, sede em Coimbra (quem sabe se nas então já desativadas atuais instalações da Penitenciária), e não, como entretanto alguns políticos ignaros aprovaram, em Lisboa.

Tornar ainda mais mágica esta em si já mágica cidade, foi o propósito, amplamente alcançado, dos Encontros de Magia, que voltaram a decorrer em Coimbra. Um projeto que, contudo, terá de ir mais além, sem se quedar apenas neste festival – inquestionavelmente importante --, para mostrar atividades também ao longo de todo o ano. Especialmente quando vamos ter novos e excelentes espaços no vasto equipamento cultural que é o Convento de S. Francisco…

Falando de farmácias e de farmacêuticos, agora em período de luto que respeito até pela muita consideração que me merecem tantos desses profissionais que, ao longo dos anos, me habituei a ver serem solidários – e discretamente solidários – com aqueles que, por dificuldades económicas, não podiam aviar as suas receitas quando delas precisavam, uma palavra para a inauguração, em Coimbra, na sede da Secção Regional da Ordem dos Farmacêuticos, do Centro de Documentação Nacional, estrutura com certeza significativa em cidade que, por ser a do conhecimento, deve albergar em si espólios de estudo, nas mais diversas áreas, que sirvam todo o país. E, de facto, como bem reconheceu o Bastonário, “não poderia haver local mais indicado”…

Em favor da baixa e de Coimbra, decorreu, com a entrada do outono, mais uma Noite Branca, iniciativa muito curiosa de que, comprovadamente, os cidadãos gostam. E isso é o que realmente importa, mesmo quando demasiados comerciantes continuam alheados da jornada, perdendo assim oportunidade para, participando na festa, fazerem algum negócio e, talvez sobretudo, mostrarem que há alternativa aos centros comerciais. Afinal, e ao contrário do que se lastimam, mais parece, talvez ainda habituados a tempos áureos e mais fáceis, que continuam apegados a uma baixa que era, especialmente, terreno privilegiado para exibirem vaidades. Que São Pancrácio -- protetor dos comerciantes -- lhes valha…

Na CCDRC, os cortes financeiros estratégicos querem-se concomitantes com estratégicas propostas dos cidadãos para o desenvolvimento regional (que falte o pão, mas não a opinião); a Latada foi antecipada para, nem mais, não interferir com os estudos, o que nos leva a reiterar já antigas propostas, nunca atendidas, de se alterar, para o final das aulas, com o mesmo e justíssimo fim, a data da Queima das Fitas; e, enquanto se encerram estabelecimentos hospitalares psiquiátricos (de louco, todos temos um pouco), parte do Sobral Cid servirá, sempre a mesma imaginação, para um outro … museuzinho!
António Cabral de Oliveira
29 de setembro de 2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Mais uma crónica de ACO


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Estou preocupado, estou verdadeiramente muito preocupado com a Candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial da Humanidade. Atrasado, o processo só agora parece querer avançar substantivamente. A cidade ainda não foi motivada para a iniciativa (e não o será com os painéis, pouco apelativos, por aí disseminados); o país, na lógica a que permanentemente condena Coimbra, assobia, invejoso, para o lado; além-fronteiras, o espaço que realmente nos considera, não está a ser suficientemente trabalhado, designadamente ao nível da itinerância de prestigiados embaixadores das Escolas, que deveriam estar já a percorrer todas as sedes de influência. E se Coimbra perde esta oportunidade singular, então, estamos convictos, será a machadada final nos nossos grandes propósitos de futuro…

Os recentes acidentes com bombeiros, que provocaram, na região, um enorme e intolerável número de mortes e feridos, deixam-nos perplexos e, sobretudo, derribados. Porque estas são circunstâncias demasiado sérias e graves, lamentavelmente recorrentes, que podem, mas não devem acontecer. E que têm de ser o enquadramento de fundo para analisarmos, responsavelmente, o que, com certeza, está mal na problemática do combate ao fogo florestal. Onde, em absoluto, não pode continuar tudo como está. Para não voltarmos a perder, amanhã, alguns dos nossos melhores…

A adesão de Coimbra à Semana Europeia da Mobilidade – um bom propósito sem qualquer vantagem concreta – incluiu, designadamente, a “inauguração” de um corredor bus na Fernão de Magalhães. Se já se inaugura um simples risco pintado no asfalto, para o que nos guardará, ainda, a crise?!

Uma palavra, esta de grande satisfação, para a atividade do serviço de transplantação hepática dos CHUC, pela extraordinária valia do trabalho que ali se volta a desenvolver, também pelos ambiciosos projetos a que se propõem. Em prova evidente, releve-se, da excelência que, mau grado as malfeitorias que se querem impor, os hospitais de Coimbra continuam a assegurar.

Pedro Machado, em longa entrevista a este jornal, para além de procurar justificar o injustificável quanto à deslocalização da sede da Região de Turismo – coisas para si, mas só para si, menores – diz que Coimbra, efetivamente desconsiderada no seu estatuto de capital regional, era “buraco negro” na estratégia da Turismo Centro de Portugal. Agora, de novo com a aclaradora participação coimbrã, ficamos à espera que o turismo regional (com dívidas tamanhas e insuficientíssimos resultados promocionais), passe por um pouco mais do que rotas de caprinos ou festivais de peixe. Localmente importantes, com certeza, mas também iniciativas menores (de que já ouvíamos falar, imagine-se, 30 ou 40 anos atrás) para quem, necessariamente exigente, tem de ambicionar ir mais, muito mais longe.

Com a morte de Luiz Goes, a Canção de Coimbra ficou imensamente mais pobre. Calou-se a voz enorme que sempre recordaremos quando, livre e arrebatadora, silenciou, na Sé Velha, em 79, os poucos que queriam contrariar a recuperação das tradições académicas, tentando boicotar a serenata monumental. Para ele que, raro entre os maledicentes, ousou afirmar que “Coimbra é formidável por 30 mil razões”, o meu muito sentido e respeitoso preito.
António Cabral de Oliveira

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Candidatura da UC a Património mundial - dois PL foram entrevistados

Uma exposição para conhecer a candidatura da UC a Património mundial

O Colégio de São Bento, no antigo departamento de Antropologia, recebe em permanência uma exposição interativa que conta os passos da candidatura da Universidade, Alta e Rua da Sofia a Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
 


No dia da inauguração da exposição dois PL foram entrevistados. Sigam o link e vejam a reportagem da UCV.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ACO retomou a sua atividade de cronista

A partir de 15 de setembro voltaremos a poder ler as crónicas semanais de ACO, que agora serão publicadas ao sábado.

Segue o texto da primeira edição de «Rio acima, sem motor».


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Toda a gente, designadamente o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, quer o projeto do Metro Mondego cada vez mais irreversível. Mas, para o ser, o melhor não seria colocar outra vez – até pelo seu significado – os carris no abandonado corredor? Tecnicamente, dizem, sem Parque de Máquinas, não haverá metro. E sem carris, há?
A Secretaria de Estado da Cultura tem vindo a patrocinar o Festival Grande Orquestra de Verão, enquanto “festa da música sinfónica”, baseada na alegada justificação de descentralização cultural e de diversificação de públicos. Francisco José Viegas reforça-nos, assim, imensa amargura pelo esquecimento a que votou o Festival das Artes de Coimbra, uma iniciativa, parece, absolutamente centralizada e para públicos mais do que habituados a bons programas de música…
A inauguração, no Coimbra Inovação Parque, de uma fábrica da área da nanotecnologia, foi, de facto, como disse o Presidente da República, “ sinal importante de confiança na capacidade dos portugueses para vencer as atuais dificuldades”. Já o mesmo não poderemos dizer dos responsáveis políticos locais quando ali vemos os tão esparsos investimentos em construção, quando nos deparamos com o verdadeiro matagal nos passeios, que não foi cortado, sequer, para a inauguração presidencial. Faltará ainda muito para se entregar a efetiva gestão do Parque a quem tem sobejas provas dadas em outros institutos?
Bom senso, educação, respeito, princípios e valores, seriam o suficiente para uma sadia preservação da praxe e das tradições académicas que, recorde-se, nos idos 80, uma dúzia de pessoas nos empenhámos em recuperar em Coimbra. Sem se permitirem atitudes próprias de gente menor, recorra-se à praxe com sanções simbólicas e dêem-se as boas-vindas aos caloiros que agora aqui chegam, mostrando-lhes, desde logo, que, para além de virem frequentar a melhor universidade portuguesa (também de acordo com o último e prestigiado ranking mundial), Coimbra é, pelo menos, diferente. Senão, não…
Entretanto, ouvir a entrevista de Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, à RTP, foi constatar a inteira dimensão de um universitário, no seu mais verdadeiro sentido, imbuído pelas imensas e superiores responsabilidades que lhe cabem e que o País, por essa condição singular, lhe demanda. Quando, próximo de nós, se privilegia, quase em exclusivo, a pequenez das contas e a ausência de atitude sustentada e exigente em defesa dos superiores interesses sequer da Escola, só nos poderia sobrar – e sobrou – um sentimento de imensa (mas sã) inveja. Quem é, afinal, Magnífico?!

Apostilha: Com este retorno ao jornalismo de opinião, cumpre-se, tantos anos depois, a vontade de uma intervenção livre em prol de Coimbra e da Região, também a promessa, a antigos leitores, de um regresso…

António Cabral de Oliveira

A pedido de JT

A pedido de JT, damos conta de um texto publicado no DC, no passado dia 2 de setembro.


Compotas de praia
Todos os anos, no dia 1 de agosto, a azáfama era intensa. A mudança para a casa da praia – que na verdade era um palheiro arrendado, com mobílias giríssimas mas sem qualquer tipo de equipamento electrodoméstico (nem o fogão funcionava …) –  era uma odisseia que implicava o esforço de todos. Como a família era numerosa, além do substituto do citado fogão, era necessário transportar um frigorífico, vários divãs e cadeiras de lona, quilos de lençóis e toalhas, o caixote dos jogos que acompanhava o da literatura de veraneio (que incluia obrigatoriamente alguns albuns do tio patinhas & afins, números mais que desatualizados das Selecções do Reader’s Digest e os incontornáveis romances policiais da colecção Vampiro), mercearias (na altura existia apenas um supermercado na cidade mais próxima), louças e talheres, para além do pequeno saco de viagem a que cada um tinha direito para arrumar os seus pertences. Tudo isto era carregado numa camioneta de caixa aberta onde o motorista era apoiado por um dos rapazes mais velhos, enquanto a família era conduzida pelo Pai em duas levas. Na primeira, os mais crescidos, com o objetivo de limpar a casa, descarregar a camioneta e arrumar toda a tralha, enquanto a segunda se destinava à Mãe e aos mais novos.

O primeiro dia na praia passava a correr e quase nunca tínhamos tempo para ir até ao mar. Os restantes tinham uma rotina muito semelhante: depois do pequeno-almoço tomado, os mais velhos (nem todos …, os notívagos voluntariavam-se para ajudar a Mãe a preparar o almoço) seguiam para o areal com os mais pequenos equipados com o respetivo balde e acessórios, bem agasalhados e de chapéu enterrado na cabeça por causa do nevoeiro matinal e da baixa temperatura própria das praias onde as más-línguas dizem que «o inverno passa o verão». A hora do banho era invariavelmente por volta do meio-dia, perante o ar vigilante do Pai. Frequentemente, era mais banho de areia que outra coisa, daí a utilidade dos baldes para o «duche final». Os mais crescidos, gelados com os salpicos dos «chapinhanços» anteriores, mergulhavam de seguida sem hesitação nas águas batidas e frias, certos de que havia sempre um jogo de ringue para aquecer os friorentos. Depois do almoço, a tarde corria lentamente à sombra do toldo da barraca, onde os bebés dormiam a sesta. A leitura de revistas, o jogo do prego e a conversa pachorrenta e sem rumo são prazeres que recordo com imensa saudade. Ao fim da tarde, quando a maré estava baixa, passeávamos à beira-mar onde conchas e búzios eram recolhidas para as «compotas da praia» – frascos de vidro cheios daquelas preciosidades que decoravam a cozinha durante o inverno: «para não termos tantas saudades do mar!» – dizia a Mãe. Se o tempo se estragava ou a nortada tornava insuportável a permanência no areal, consolávamo-nos com deliciosas bolachas americanas e passeios de bicicleta.
Finalmente, quando os dias começavam a ficar mais curtos e os morenos exibiam bronzeados invejáveis (enquanto os louros apenas se podiam gabar de algumas sardas), regressávamos para recomeçar as aulas. Este era, para mim, um período igualmente intenso e divertido. O cheiro dos cadernos novos, dos lápis e das borrachas invadiam a casa. Como os livros passavam de irmão para irmão ou eram partilhados, a escolha do papel que os ia forrar era cuidadosamente negociada e as mazelas provocadas por utilização negligente penalizadas. Os horários eram afixados num placard e a participação nas tarefas diárias discutida em assembleia familiar.

Mais tarde, muito mais tarde, percebi que os benefícios destas temporadas passadas à beira-mar se colhem a vários níveis: compreender, por um lado, que descansar não implica forçosamente destinos exóticos em cenários de agência de viagem; apreciar, por outro, o quão retemperador pode ser um par de semanas passadas numa rotina simples de praia; finalmente, sentir o quanto importante é ter-se, efetivamente, férias, um período em que, calmamente, beneficiando dos ares marítimos, se recuperam forças, fortalecem relações e, numa agradável quietude, nos começamos a preparar para o que, para muitos de nós é, na verdade, o princípio de um novo ano – e que se quer, naturalmente, repleto de desafios, de afazeres e novidades…
Teresa Pedroso de Lima

O quarto azul...

Outro dia...(acho que já passaram 2 semanas) recebi um postal muito giro dos tios T&T e dos primos L e Ni., no qual me pediam para falar da minha casa nova...

Pois é, para quem ainda não sabe, estou a morar sozinha, num T3, pequeno mas grande... pequeno, porque apesar de ter 3 quartos, até dá para o limpar bem sozinha; grande, porque tem 3 quartos.

Claro que como pseudo-artista, que gosta muito de bricolage e afins... um dos quartos virou escritório, o outro é o meu quarto e o outro é para as visitas. ;)

Este verão aproveitei e pintei os quartos. No escritório limitei-me a pintar de branco, pois tinha muitas manchas de humidade... ando a meditar sobre que colocar nas paredes, se coloco papel de parede, ou se arrisco e faço umas experiências de colagens que vi num site. Mas para já, está com muito melhor aspecto livre de manchas e afins.

E pintei o meu quarto, esse ficou de branco e azul, ainda é um trabalho em progresso... um "querido mudei a casa" prolongado.

Deixo aqui uma foto para verem como está por agora:

(a foto encontra-se meio desfocada, porque foi um panorama feito com uma app...)



Como podem ver ainda não existe cama, nem mesinhas de cabeceira.
Serão as da Avó T. (que herdei :)), mas é preciso fazer uns arranjozinhos e por enquanto permanece só o colchão.
As cortinas também são temporárias (demasiado transparentes), mas ainda não encontrei nada do meu agrado. Os lençóis também tem sido outro problema... os que tenho são demasiado grandes, mas agora com as medidas do colchão sempre à mão (anotadas no caderninho que anda sempre comigo), acredito que em breve descubro OS lençóis. :)

Posso dizer que ainda falta a "arte", desenhos e rabiscos que serão colocados nas paredes... mas aos poucos e poucos isto vai lá, vai ganhando forma e personalidade.

Espero que gostem.

Ps. em breve mostro mais da casa nova.