sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A 6 de dezembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A central de camionagem de Coimbra – a terceira maior do país, em movimento, servindo, semanalmente, mais de 17 mil passageiros – passou por obras de beneficiação que, em boa verdade, embora louváveis, vão pouco além de algumas voluntariosas pinturas. Construir um novo e qualificado terminal rodoviário na cidade, deve ser, com certeza, utopia minha. Mas, se calhar, ainda bem que assim é: para não provocar contraste de maior com a "belíssima" estação ferroviária, ali bem perto, sobre cujo projeto de renovação, sepulcral silêncio da REFER, continua a não haver (com a conivência da nossa quietude), nem novas nem mandadas...

Em iniciativa do Município, dos comerciantes e da Polícia, a cidade, pelo menos aquela que se interessa pelo tema – e alguma foi – analisou, em debate sempre importante, a questão da Baixa, turismo e património em segurança. Com a participação, nomeadamente, de terras outras, como Guimarães, Óbidos e Viseu, que viveram já boas experiências (e não, é certo, para colocar Coimbra no mapa, como, com bonomia, dizia um dos compartes) de requalificação dos tecidos construídos por forma a alcançar-se, nos centros históricos, uma melhor qualidade de vida urbana. Ali, em absoluto, tão necessária.

Portugal tem, entre as melhores da Europa, três escolas de Gestão. Com Coimbra fora do ranking do respeitado Financial Times, o facto não deixa, contudo, de ser relevante. Sobretudo quando olhamos – tanto que precisamos de aprender! – a realidade económica e administrativa do país.

Manuel Machado, clarinho como a água, disse, falando em "esbulho", "confisco" e "embuste", que, caso o governo insista em fusão contrária aos seus interesses – para além do que é exigível em nome da solidariedade regional, naturalmente – Coimbra sairá da Águas do Mondego, tomando posse dos bens municipais que estão na entidade de concessão. Fizessem sempre assim, e não estariam os municípios, com igual legitimidade democrática, tão subalternizados em relação ao poder central; agíssemos nós sempre de tal jeito, e a cidade não seria, como é, tão maltratada pelo Terreiro do Paço...

Continuam os acidentes, gravíssimos, em acessos a Coimbra, a norte e a sul, designadamente nas ligações a Condeixa e à Mealhada. E enquanto se pedem separadores entre as vias, mantenho, pela inversa, que a única solução para tamanhos problemas passa, não por soluções de recurso, antes, definitivamente, pela duplicação daqueles itinerários. Custará mais caro, com certeza. Mas é bom que olhemos também as imensas vantagens, sobretudo em preservação de vidas.

Ao contrário do que um dia destes se alvitrava, a Região Centro não pode vir a afirmar-se, no futuro, como um magnífico destino de enoturismo. Porque, tal como acontecia também no passado...o é já, no presente. Ou não serão o Dão e a Bairrada, vinhos tão antigos, mas também Lafões e a Beira Interior territórios privilegiados onde, desde há muito, vamos – e continuaremos a ir – de visita para, enquanto se desfruta de espaços belíssimos, bem comer e melhor beber? Poderão, as Beiras, não ser de excelência. Mas são excelentes…

Quanto mais leio sobre a valia e a importância do porto de Sines, menos compreendo, sem esquecer Setúbal, o porquê de Lisboa (e do governo, que é quase a mesma coisa) persistirem em ter um – dinheiro assim deitado não à rua, mas ao mar – na Trafaria ou no Barreiro. E espero ver como será no dia em que, mais do que Lisboa querer ter um novo porto, o Porto queira ter, (falo de descentralização, entenda-se), enseada amena, uma...lisboa.

O Centro de Documentação 25 de Abril ficou bem mais rico com o arquivo pessoal da antiga primeira-ministra Maria de Lurdes Pintassilgo, assim se cumprindo a vontade, manifestada em vida, de entrega à Universidade de Coimbra daquele vasto e importante espólio; o Banco Alimentar, com certeza significativo, recolheu 93 toneladas de alimentos na sua última campanha distrital, menos 15% do que, à semelhança do todo nacional, foi conseguido em 2013; a Unidade de Alcoologia de Coimbra, sempre mais e mais relevante, é bom que ninguém o esqueça, celebrou os seus 50 anos; e, se Deus quiser, logo pela noitinha, acendem-se, por fim, um mês depois dos centros comerciais, uma semana após todas as outras cidades...as iluminações de Natal.


António Cabral de Oliveira

A 29 de novembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Apesar das melhorias que julgo conseguir detetar em termos de praxe, de tradições académicas, pergunto-me como é que tantos permitem, ainda, em Coimbra, que tão poucos deem tão má imagem de, afinal, todos!

Imagino a angústia de Pedro Machado quando, ao folhear a belíssima separata que a prestigiada Monocle editou sobre Portugal, não encontrava, por mais páginas que percorresse, para além de breve alusão a Coimbra, "histórica cidade universitária", qualquer referência à Região Centro. E como a revista aborda Lisboa e o Porto, o Norte, o Alentejo e o Algarve, tamanha omissão dever-se-á a quê?

Ana Abrunhosa, presidente da CCDRC, defende, esclarecida, que a região necessita de "mais investimento produtivo inovador", área em que se mantém abaixo da média nacional, pelo que urge, inadiavelmente, aumentar "o nível da produtividade, a capacidade de gerar riqueza, e a demografia". Entretanto, com certeza também esclarecidos, os políticos regionais, olhando os seus umbigos, continuam entretidos com as habituais e assim relevantíssimas questões...que nos mantêm neste triste estado de coisas.

Em decisão absolutamente acertada, o município aprovou o projeto de ligação da Rua de Aveiro com a Sofia, no sentido descendente, através do Carmo, enquanto melhorará, a partir do Pátio da Inquisição, a subida por Montarroio. Esperemos é que não haja, também agora, a tentação de pendurar novos prédios ali no alto do Quartel da Graça. Mais, que todo o espaço envolvente seja aproveitado, faseadamente embora, que os tempos não estão fáceis, para se fazer novo jardim, prolongando, belíssimo, o da Cerca da S. Bernardo.

Ouço, e quase não acredito. Não é que a ministra da Justiça anunciou, no Parlamento, que a construção do edifício da nova sede nacional do Instituto de Medicina Legal, gratíssimos ficamos, é prioridade orçamental para 2015! Em Coimbra, imagine-se...

A base aérea do Montijo, da FAP, é oficial, será, também, aeroporto civil. A da Monte Real, por vontade do governo, é que não. Mas pode ser que, entretanto, assegurados assim os voos das companhias low cost para bem perto da capital, a disponibilidade da administração central se altere...

Neste tempo ainda de celebração dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde – longa e qualificada vida, que bem precisamos! – um facto há que me preocupa deveras. É que, sempre na restrita defesa do doente (o nosso obrigado, atento e venerador, dos tantos que ainda mantemos tão elevados níveis de confiança), os enfermeiros continuam a afirmar cansaço, os médicos a denunciar problemas de exaustão. E todos, todos, com certeza, em regime de exclusividade, sem qualquer acumulação de funções, sem clínica privada, nada...

Recente relatório da OCDE sobre o bem-estar nas regiões da União Europeia concluía, "enormíssima" surpresa, que, em Portugal, Lisboa é o território que apresenta melhores resultados em mais categorias. Fruto, seguramente, das políticas descentralizadoras, que a regionalização administrativa tem vindo a concretizar em favor da qualidade de vida e do desenvolvimento harmonioso de todo o país. E que, diga-se em abono da verdade, para sermos justos, têm vindo a ser coerentemente prosseguidas, sem exceção, por todos os governos da Nação.

Vinte (!) anos depois, parece que é já em 2015 que, finalmente – "imenso" país este – todos os postos territoriais da GNR vão ficar ligados em rede. Os discursos que então iremos ouvir em favor da segurança das populações atingida, da coesão do todo nacional também assim alcançada.

Porque, diz o povo, não há miséria que não dê em fartura, a municipalidade ditou, coisas da política, que a taxa de IMI será, afinal, não de 0.37, não de 0.36, mas de 0.35 por cento; Celeste Amaro, bem, envolvendo também Saragoça, desafiou o município de Coimbra, à semelhança dos de Santiago, a "pensar nos Caminhos da Rainha Santa"; a Bairrada, uma pena, com a vitória de Reguengos de Monsaraz, não será, agora, Cidade Europeia do Vinho 2015; a polícia, ora viva, realizou entre a ponte Rainha Santa e a rotunda da Portela, onde havia de ser?, uma operação anti-tunning, com apreensão de seis viaturas; a Semana de Reabilitação Urbana esteve esta semana nas ruas do Porto, a de Coimbra continua pelas ruas da amargura; Bruno Matias, um feito, foi reeleito presidente da AAC à primeira volta; e o evento cultural "O encontro das três princesas beatas", filhas de Sancho I, celebra, hoje mesmo, a não perder, com uma feira, teatro, música e dança, no burgo de Celas, os 160 anos da freguesia de Santo António dos Olivais.

António Cabral de Oliveira

A 22 de novembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Quando a própria CCDRC, pela voz da sua presidente, vem defender, à míngua de dinheiro europeu (o governo, diz, não acolheu o Ramal da Lousã no Plano Estratégico, pelo que só se poderá recorrer ao Programa Regional, com menores meios), a reposição prioritária daquele serviço público de transporte com uma solução tecnológica diferente, quer isso dizer que não haverá metro ligeiro de superfície, antes, quando muito, um sistema "bus rapid transit". Bem podemos, autarcas, empresários e utentes, exigir, revoltados, a imediata conclusão das obras, na solução prometida, sobre carris, não sobre pneus. Mas estaremos a fazê-lo, receio-o mais do que nunca, debalde. Será afinal assim, através do esbulho de equipamento ferroviário, trocando-o por autocarros articulados um pouco mais sofisticados, que a administração central pretende, ora eis, resolver o que, com descaramento, classifica de “ questão de justiça social”. Uma vergonha, uma enorme e inadmissível ignomínia para com Coimbra.

Julgo, sem receio de errar, que em Coimbra não nos damos conta, não valorizamos suficientemente a qualidade dos serviços de saúde, aqui à porta, que nos são disponibilizados. O 25º aniversário do AIBILI – a excelência na oftalmologia – é, com certeza, circunstância ajustada para enaltecer uma realidade insofismável. E faço-o, as minhas homenagens a Cunha-Vaz e toda a sua equipa, também enquanto habitual utilizador dos serviços.

 O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras abriu, recentemente, com algum espavento comunicacional, um posto de atendimento na Universidade de Coimbra. Porque a distância física entre as Escolas e a Direção Regional do Centro não é assim tão grande – algumas centenas de metros, não mais – pergunto-me sobre o que terá levado a tal medida desconcentradora? Se calhar, amanhã, o encerramento, em favor da sempre propalada "descentralização", de mais um serviço público regional...

Atendido o compromisso que se ouviu no início do presente mandato camarário, não acredito que aquela estrutura  que se vê em foto publicada na imprensa seja, de novo, o que resta da ponte de Torres do Mondego. Só pode ser, mesmo, uma nova passagem pedonal, naufragada embora, ali junto ao Parque Manuel Braga!

Pedro Bingre, vereador dos Cidadãos por Coimbra, preconizou a criação de um corredor pedonal e velocipédico ao longo da avenida Cidade de Aeminiun, sempre junto ao rio, em direção ao Choupal. Acho bem, até porque também serviria a, perdoe-se o arcaísmo, Escola Agrícola, que, nas suas deslocações para a cidade, poderá, em abono dos valores ecológicos, fazer substituir, uma saudade, a antiga charrete...pela bicicleta.

A direção regional de Cultura do Norte de criou um gabinete de apoio ao empreendedorismo cultural, serviço público de informação sobre fontes de financiamento e possíveis parcerias. Coisa, com certeza, de que também já disporemos, aqui, no Centro.

Quase em simultâneo, a Câmara Municipal da Covilhã decidiu, há dias, homenagear José Sócrates, enquanto a local Universidade da Beira Interior doutorava, honoris causa, Zeinal Bava, duas personalidades que, cada um à sua maneira, "contribuíram", em "muito", para o "equilibrado" desenvolvimento económico e social do todo nacional, também do interior beirão onde a cidade serrana, julgo, penso, ainda se situa. Há de facto coisas, neste país, por certo limitação minha, que definitivamente não alcanço compreender.

Anabela Rodrigues é – parabéns, se mais não fora, pela corajosa disponibilidade – a nova ministra da Administração Interna; morreu André Campos Neves, a Universidade e a Académica de luto; terminam hoje, em boa hora regressados, os Caminhos do Cinema Português; o município de Coimbra, a par de alguns mais da Beira, recebeu, na sede da ANMP, a bandeira verde que o distingue enquanto autarquia familiarmente responsável; Poiares Maduro, não se sabendo se os portugueses, de bolsos vazios, o conseguirão celebrar, anunciou na Figueira da Foz, parece que sem mais nada para fazer a nível do governo, a criação do Dia Nacional da Gastronomia; quatro listas disputam, esta semana, as eleições da Associação Académica; de acordo com a PSP os furtos em viaturas – Coimbra, cidade segura –, duplicaram(!) no último ano; e um ligeiríssimo toque entre um autocarro e um automóvel "obrigou" uma vintena de viaturas dos SMTUC (impensável situação só aqui possível!) a uma paragem, em fila, na Sofia, durante meia hora...


António Cabral de Oliveira

A 15 de novembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Olho, uma outra vez, a impressionante quantidade de turistas que, no Paço das Escolas, visitam, uma multidão diária, a Universidade de Coimbra. E continuo sem conseguir encontrar resposta para a dúvida que persiste: a incapacidade de prolongar a estadia, aqui, de apenas mais alguns deles, assim projetando o turismo e a economia regionais, é sinónimo de falta de força nossa, das instituições da cidade, da hotelaria, das entidades regionais do setor, ou resulta, apenas, aparentemente inultrapassável, de má vontade, de resistência à mudança por parte de quem programa as deslocações internas?

Vasco Pulido Valente desanca a Universidade de Coimbra, em crónica no 'Público', a propósito, sejamos justos, de uma infeliz decisão do diretor da Faculdade de Direito. E confessa, minimamente honesto, que nunca gostou das nossas Escolas, seus professores e praxes. Sentimento que poderia ser preocupante se não se nos afigurasse que VPV, ressalta dos seus escritos, só gosta, mesmo, de si próprio. Talvez seja também por isso que, no meu pleno direito, não aprecio muitos dos seus textos.

Anotei com prazer o êxito do Portugal dos Pequenitos – último grande esteio da Fundação Bissaya Barreto? – no que concerne a visitas àquele local de encantamento. E, quando o município sintrense e a Sonae se preparam para construir, em investimento de mil milhões, a Sintra dos Pequeninos, lembro, projeto antigo, a Europa dos Pequenitos. Em Santa Clara, no espaço disponível, seguramente com a colaboração dos respetivos países (a Torre Eifell, um moinho holandês, o Big Ben, a Fontana di Trevi, o Atomium, que sei eu, tudo em miniaturas seguramente deliciosas) do Velho Continente. Enfim, devaneios que gostaria não o fossem...

 O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras abriu, recentemente, com algum espavento comunicacional, um posto de atendimento na Universidade de Coimbra. Porque a distância física entre as Escolas e a Direção Regional do Centro não é assim tão  grande – algumas centenas de metros, não mais – pergunto-me sobre o que terá levado a tal medida desconcentradora? Se calhar, amanhã, o encerramento, em favor da sempre propalada "descentralização", de mais um serviço público regional...

Gostei de ver, juntas, lutando, no Conselho Empresarial da Região de Coimbra, pelo desenvolvimento económico de terras do Mondego, as respeitáveis Associações Comerciais e Industriais de Cantanhede, Coimbra, Mealhada e Figueira da Foz. Com oportunidade, sem oportunismos.

Será afinal na outrora fábrica de cerveja, e não nas instalações da antiga Triunfo – tanto faz, o que importa é a recuperação daquele espaço urbano – que se vai erguer, projeto magnífico, a nova sede da Plural, cooperativa farmacêutica que mantém, parabéns Miguel Silvestre, excelente e assim desejavelmente imitável dinâmica empresarial.

Fui, em jornada de memórias, ao lançamento do livro "Seminário de Coimbra - Subsídios para a sua História", de Aurélio de Campos (um abraço grande), que nos ensina, quem sabe se prego derradeiro de um encerramento lamentável, a compreender melhor a vida de 250 anos daquela que foi uma instituição muito relevante para a Igreja. E como gostaríamos, a cidade toda, embora isso não esteja sobretudo nas nossas mãos, de manter o sonho de Coimbra continuar, como o fez, ali, ininterruptamente desde 1765, a formar também sacerdotes...

Viva. Depois de tantas reuniões extraordinárias, fechadas à comunicação social, os jornalistas lá puderam fazer a cobertura, esta semana, do plenário da edilidade. Em favor, sempre, da transparência, cujo ranking nos atirou, este ano – mas porquê, Senhor? – de nono para o 37º. lugar...

Anuncia-se – porque será, para além da decrepitude? – a recuperação do Gil Vicente, designadamente ao nível da renovação das cadeiras; será em 2018, já no próximo mandato autárquico, que a IKEA vai abrir a sua loja de Coimbra, com 24 mil metros quadrados distribuídos por dois pisos, 740 lugares de estacionamento, dois parques de lazer e um novo acesso ao IC2; conforta-me a decisão camarária de lançamento, ao preço simbólico de um euro por mês, do passe "consigo+" para os beneficiários do Rendimento Social de Inserção; a Queima das Fitas foi, obviamente, eleita a melhor festa académica do país; depois de entrada de leão, Manuel Machado lá se viu obrigado a mais uma saída de sendeiro, agora a propósito da concessão dos bares e restaurantes do parque verde; e soube-me lindamente, recordando soutos de outrora, ir celebrar, ontem, ao Jardim Botânico, ideia excelente, o Dia de Pisar Folhas Secas.


António Cabral de Oliveira

A 8 de novembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Do orçamento municipal para 2015 – que mal, Manuel Machado, as declarações sobre a redução da taxa do IMI e a "ameaça" de recurso ao Fundo de Apoio Municipal –, e depois dos projetos prioritários (S. Francisco, ação social escolar, habitação, lixo, iluminação pública, freguesias), sobrará pouco, muito pouco mesmo, cerca de dois milhões de euros, para novos investimentos camarários no ano de 2015. Ainda bem que a edilidade não aderiu, entretanto, aos demagógicos "orçamentos participativos". É que, se assim fora, não haveria, sequer, estas tão parcas verbas para áreas como a cultura, desporto, espaços verdes, urbanismo e reabilitação.

O município de Coimbra pondera a resolução do contrato de construção do crematório de Taveiro. Na sequência de iníqua desfeita para com a Santa Casa da Misericórdia, tem sido um errático desfilar de continuadas alterações e de permanentes adiamentos. Até, por fim, um dia destes, não haver mesmo cremação na cidade. Não a favor dos nossos mortos, antes, porventura, bem vivos, de outros interesses instalados...

A ministra espanhola de Fomento, Ana Pastor, ao falar, agora, sobre os enormes investimentos ferroviários do país vizinho, "esqueceu-se" de referir a modernização do principal acesso a Portugal, a eletrificação do troço entre Salamanca e Vilar Formoso, cujas obras, aliás, já deveriam estar concluídas. Ora aqui está uma excelente oportunidade para os nossos políticos regionais (alguns, pelo menos), em vez de andarem a inventar novas linhas, se afirmarem unidos na exigência, no plano nacional, do cumprimento do compromisso assumido por Madrid, designadamente na cimeira ibérica da Figueira da Foz. A bem do país e da Beira, que não dos interesses das suas paróquias...

O Magnífico Reitor comprometeu-se com o arranque, logo que possível, da segunda fase do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. Para além da alguma vacuidade nos termos, e apesar da proximidade de eleições – João Gabriel Silva anunciou, entretanto, nenhuma surpresa, a sua, parece que única, (re)candidatura – tomámos, de tanto,  boa nota. Para memórias futuras...

Depois de Maria Helena da Rocha Pereira ter sido agraciada pela Grécia com a Cruz da Ordem da Fénix em razão do seu contributo para o estudo da cultura clássica daquele país, Cristina Robalo Cordeiro, em reconhecimento dos serviços à francofonia, foi distinguida pela República Francesa com as insígnias da Legião de Honra. Enorme orgulho para Coimbra e universidade.

O Conselho Académico, tenho-o por tanto, é o órgão máximo do academismo na AAC/OAF. Tanto, tanto, o academismo, que, porventura reflexo do tempo atual, não consegue, sequer, reunir. Por falta de quórum!

Vou passar a ir às compras com sacos reutilizáveis. É que, comigo, o governo não conta para engrossar as suas receitas fiscais com os 40 milhões previstos com a taxa de oito cêntimos por cada "saco de plástico leve". E sempre fico de bem com a minha consciência ecológica, afinal o grande "propósito", dizem de S. Bento, da reforma tributária, da fiscalidade verde...

Uma jornalista (?) de diário lisboeta perguntava, em entrevista ao diretor de informação da RTP, um dia destes, como se tal questão não fosse, ela própria, um completo e inadmissível absurdo, se "a informação regional interessa realmente às pessoas". Perante tamanha incompetência plumitiva, também do diretor do I, quedo-me amargurado sobre o ponto a que deixámos chegar o jornalismo português. E não pode ser tudo atribuído, como é fácil alegar, às limitações financeiras que o setor enfrenta!


O Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses tem, na sua sede, em Coimbra, placa com o novo logótipo, mas médicos legistas é que nem tanto; culturalmente relevante a apresentação, na Casa da Escrita, com a participação do autor, do segundo volume das Obras Completas de Eduardo Lourenço; bem aproveitando, por fim, os, dizem-me, vastos e excelentes fundos fotográficos de Centro de Artes Visuais, está ali em exposta "Esta terra é a tua terra"; empresa espanhola – podia também ser chinesa ou da Bielorrússia – vai explorar o bingo da Académica; a Águas do Mondego, leia-se de Coimbra, volta a receber o selo de qualidade exemplar; e, na passada segunda-feira, mais para ajudar, simbolicamente, a associação de comerciantes a pagar à Câmara a taxa de dez euros para a ocupação de espaço, do que para festejar os Santos, fui comer uma belíssima febra ao mercado...municipal.

António Cabral de Oliveira

A 1 de novembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Não sei em que pé está o programa que, em 2015, faria de Coimbra, não sejamos modestos, "a primeira cidade do mundo com iluminação pública totalmente LED", investimento que permitiria (sempre o condicional) uma significativa poupança energética de 70%, e consequente economia em custos. Mas, enquanto esperamos pelas tais 35 mil luminárias do projeto europeu Transparanse, e depois da plantação, bem, de arbustos no separador central, não poderia a Câmara mandar instalar, para já, na Emídio Navarro, uns candeeiros que melhor iluminem a faixa, no sentido nascente, junto ao Parque? Porventura, quem sabe, com a tal tecnologia de...díodo emissor de luz!

Em conversa mantida com o renovado 'Correio de Coimbra' – que só subsistirá com o apoio, assinando-o, desde logo da comunidade dos cristãos –, monsenhor Leal Pedrosa, na sua elevada opinião, diz não entender como se fechou, na cidade, o Instituto Superior de Estudos Teológicos. Eu, olhando a urbe e a sua localização geográfica, a academia, o enorme e vazio seminário maior, também não...

O Congresso dos Bombeiros Portugueses aplaudiu, com uma enorme salva de palmas, a disponibilidade de Coimbra, afirmada por Manuel Machado, para receber o Museu Nacional do Bombeiro. Um projeto que Jaime Soares, entretanto reeleito presidente da Liga – um abraço –, vai, com certeza, ele que teve a ideia inicial, dinamizar com empenhamento inteiro.

Começámos, por aí fora, a inaugurar – e inaugurar é sempre uma festa – Espaços do Cidadão. Queira Deus que, nesta fúria de cortar despesas (preferencialmente fora da capital, está bem de ver), não andemos a "plantar" em cada município um eucalipto que vai secar os alguns pinheiros (leia-se serviços públicos) que ainda por lá se mantêm...

Quase não acredito. "A Cabra", jornal universitário de Coimbra, órgão da seção de jornalismo da Associação Académica, tem estado (esperemos que apenas até depois de amanhã) com a publicação suspensa por falta de colaboradores. Mas será possível que numa universidade com quase 25 mil alunos, dos quais três centenas são de jornalismo, não haja quem escreva umas peças que assegurem, com qualidade, a regular edição do quinzenário?! Bendita academia que tais estudantes – e professores – tem...

Segundo a imprensa, os Transportes Urbanos de Braga vão investir 135 milhões de euros, em dez anos, no que chamam de metro de superfície (mas, em boa verdade, um sistema BRT - veículo rápido de transporte, sobre pneus), e na aquisição de novos autocarros, para o que querem contar com substantivo apoio da União Europeia. Entretanto, por cá, continuamos à espera de boas notícias relativamente ao Metro Mondego, enquanto os SMTUC negoceiam a compra de autocarros...os mais deles em segunda mão!

Para Regina Duarte – de acordo com um marcante e lisonjeiro trabalho editado na revista UP da TAP – Coimbra, de que confessa ter ficado apaixonada, é não só "uma sede do conhecimento universal", mas também "capital do amor em Portugal" e, ainda, "uma viagem no tempo". Visitar a cidade era um seu sonho antigo, confessa, para logo acrescentar que, concretizado este, "mas só em parte, vou voltar para conhecer melhor e realizar o resto". Tem a palavra o município, o Turismo do Centro. Ou talvez não...

Em boa hora regressado, o Festival Caminhos do Cinema Português, que aqui vai decorrer nos meados do próximo mês, foi apresentado...em Vila Nova de Gaia. Para além das vistas, belíssimas, e dos patrocínios, indispensáveis, continuamos, assim, provincianamente, a olhar, embevecidos, para as “metrópoles”!

Uma maior redução do IMI, forçada pela oposição, confirma, Manuel Machado, a precariedade da “maioria” socialista no executivo camarário; a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, "porque não é possível conceber um futuro sem memória", promoveu na cidade, honra lhe seja, uma homenagem à antiga Casa dos Estudantes do Império; um mês antes da sua jubilação, Vital Moreira foi empossado professor catedrático da Universidade de Coimbra; colaboremos, todos, no peditório anual da Liga Contra o Cancro; e, excelente, o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (ativo e saudável) parece que sempre vai acomodar-se no antigo Pediátrico.

António Cabral de Oliveira

domingo, 26 de outubro de 2014

A 25 de outubro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Fui ao novo "jardim" da Solum de Baixo – assim designávamos, antigamente, a expansão urbana, a nascente, do velho bairro – para me passear por passeios imaginários (apesar de já debuxados e até iluminados), cheirar os "relvados" há pouco cortados, apreciar canteiros que rescendem a flores inexistentes, descansar à sombra de árvores ainda não plantadas. Uma pena o estado de abandono em que se mantém aquele espaço, ali na Jorge Anjinho, junto da moderna escola, apenas à espera de um pequeno investimento, feito desejavelmente com meios próprios, pela câmara ou pela junta de freguesia (ou ambas), a permitir a sua valorização e entrega ao inteiro usufruto da comunidade...

A Universidade de Coimbra, excelente, é a preferida pelos estudantes brasileiros quando vêm estudar para Portugal. Para otimizar, desejavelmente, o quadro, pode ser que o resultado das eleições de amanhã no Brasil dite uma nova política que, em português, nos reaproxime, ou, pelo menos, não nos continue a afastar. Porque, cada vez mais, vemos Terra de Vera Cruz – a História que foi comum, a Língua que já o foi mais – não como um país irmão, antes como...um país primo, e afastado, em terceiro ou quarto grau!

Não desgosto do projeto camarário de uma linha de elétricos Lages-Alegria, sobretudo se prolongada, pela margem do Mondego, no sentido da Boavista-Portela. Mas gosto muito mais de uma outra que, com pouco menos de dois quilómetros, e perfeitamente integrada na rede urbana de transportes, faça a Alta universitária/Praça da República, assim servindo, privilegiadamente, o ano inteiro, para além do turismo, o acesso dos estudantes às Escolas. E viabilizando, ainda, coisa não despicienda, a retirada, dali, de muito do tráfego automóvel.

Fui um dia destes visitar, na Praça do Comércio, a 'chronospaper', curiosa oficina de livros, seus restauros e encadernação, onde, naquele ambiente delicioso, gostei de ouvir os proprietários falar da loja e do futuro, da vontade de concretizar novos e mais amplos desafios. E fiquei a pensar na importância de uma política municipal que apoie a preservação, e são já tão poucos, de estabelecimentos comerciais históricos e imperdíveis para Coimbra – prestemos atenção ao trabalho de Rui Moreira – de que é paradigma (e não a refiro, para além do seu valor e fantástica beleza, por mero acaso) - a farmácia Nazareth.

A cidade e a comunicação social parece terem embandeirado em arco com a atitude (afinal apenas louvável) dos que se empenharam, muito bem, em acabar com a selvajaria estudantil do lançamento ao Mondego, depois da latada, de carrinhos de supermercado. De exaltar seria, isso sim, era que as instituições académicas, pura e simplesmente, e de uma vez por todas, vedassem – também cuido que, na medida do possível, deve ser proibido proibir – a sua utilização nos cortejos.

Para além das quebras que todos registaram, o Museu de Aveiro foi, no primeiro semestre do ano, dos tutelados pela SEC, o mais visitado na Região. Pode ser que assim todos nos convençamos, depois da maledicência lamentavelmente habitual, que políticas regionais com epicentro em Coimbra, só por o serem, não são – bem pelo contrário – prejudiciais para os nossos interesses coletivos, no caso no campo da cultura. E não justificam, de todo, intentonas de fuga para norte ou para sul, antes nos devem fortalecer como território – as Beiras – coeso e em harmonioso desenvolvimento económico e social.

Enquanto continuamos, ensurdecedor silêncio, à espera de novas sobre a autoestrada Coimbra-Viseu, muitos têm sido os acidentes que continuam a ocorrer no IP3. Se o problema não é, de certeza certa, associável – não o admito sequer! –, à dimensão e qualidade da via, a que se deverá ele?

Manuel Machado mostrou-se satisfeito com o primeiro ano do seu novo mandato; a figura histórica de D. Sesnando, e seu legado na formação da "Coimbra, Cidade Aberta", foi tema de relevante congresso; a urbe, honraria nossa, recebe este fim de semana o Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses, que, permitam-me repeti-lo, muito gostaria abordasse a instalação, na cidade, do seu Museu Nacional; e, seguindo a sugestão de António Vilhena, fui, em boa hora – faça o mesmo –, visitar as três exposições que aconselhava em crónica recente: pintura, no Museu Chiado; escultura, na Casa Municipal da Cultura; e fotografia, na Sala da Cidade.


António Cabral de Oliveira

A 18 de outubro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Um dia destes fui olhar – ao que leva o sonho! – os carros elétricos, assim recuperados, na linha da universidade. Estive na Padre António Vieira, na Rua Larga, na Calçada Martim de Freitas, na Alexandre Herculano, na Praça da República. E vi passar os velhos amarelos cheios de estudantes, de turistas, de cidadãos que gostam de percorrer a antiga urbe, de viver o seu património…

A Associação Académica quer que professores e alunos tenham igual poder de decisão no órgão de governação da Universidade. Para além da extravagante influência das entidades externas, era só o que nos faltava...

Fiquei a perceber o porquê de tantas e tão inusitadas limpezas no monumento aos Combatentes da Grande Guerra, na Sá da Bandeira: é que vem cá, hoje, que bom, não para anunciar o que nos deve (o Metro Mondego), mas para inaugurar placa, o primeiro-ministro…

Relevante, inquestionavelmente, a certeza de Coimbra receber, em Santa Clara-a-Velha, em outubro de 2015, a terceira edição da Feira do Património. Um evento magnífico, em espaço admirável, que se quer associado às comemorações dos 725 anos da Universidade. Escolas que, assim, podem vir a sentir-se particularmente motivadas para, em ano eleitoral, celebrarem a efeméride também com uma importante vertente cultural através, não se peça mais, do início das obras da segunda fase do Museu da Ciência, no Colégio de Jesus.

Depois de distinta comitiva da CCDRC ter ido a Bruxelas conhecer algumas das "ferramentas" financeiras do novo quadro comunitário com vista ao fomento sustentável do emprego e do crescimento, sabe-se que vai ser instalado, na sede da Comissão, em Coimbra, para ajuda na elaboração de candidaturas a fundos europeus, um gabinete de apoio ao promotor. Uma iniciativa estupenda, desde que os haja, claro, os promotores...

Quando o turismo religioso e o património mundial são, manifestamente, trunfos da região Centro, como foi reconhecido também durante celebração recente, porque não abre à aviação civil, em favor de tamanha vantagem, e com tão parco investimento, o (indispensável) aeroporto de Monte Real/Leiria-Fátima-Coimbra?

Se a Agrária de Coimbra só preencheu pouco mais de 30% das vagas existentes, mas, mesmo assim, di-lo o seu diretor, continua a ser uma das escolas nacionais com maior taxa de colocação, algo está mal, muito mal mesmo, em termos de ensino e do futuro da agricultura. A lavoura, sabem, o tal sonho de modernidade, o novo eldorado que o governo tanto vem propalando, enquanto, significativamente, não substituiu sequer o demissionário secretário de Estado das Florestas; os orizicultores do Mondego se debatem com uma doença nas suas culturas que ameaça as colheitas; e o país continua a importar, apenas alguns exemplos, 32% de carne de porco, 55% de bovino, e 75% dos cereais que consome.

Menos dado a doces, pouco importa à minha algibeira o desejado imposto sobre o açúcar. Contudo, já o mesmo não posso dizer em relação ao sal, que muito aprecio. O que me leva a admitir uma ida até à Figueira da Foz para, entretanto, fazer provisão de uns quantos quilos do precioso cloreto de sódio. É que se ao governo (sempre com a exclusiva preocupação, bem-hajam, da nossa saúde) lhe voltar a dar, amanhã, para taxar produtos com elevado teor de sal, imagino – a olhar para o que nos vai caindo em cima – o quanto impenderá sobre o sal puro, ele próprio...


Pedro Miranda, que sucede a Leal Pedrosa depois de 37 anos de serviço excelso, é o novo vigário geral da diocese; uma nota de apreensão para o estado do piso da, antes, rotunda de Santana, agora, com certeza, do Património, tanta a antiga calçada a descoberto; aí está, com a universidade, em boa verdade, quase paralisada nas suas aulas durante uma semana, a (para quando, de novo, as latadas?) Festa das Latas; a Académica/futebol distinguiu, bem, os sócios de prata e ouro; e, organizados pela Orquestra Clássica do Centro decorrem, até sábado, sempre marcantes, os Encontros Internacionais da Guitarra.

António Cabral de Oliveira 

A 11 de outubro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Depois de única a nível nacional, e partindo das vantagens imensas que daí advêm – a sua respeitabilidade e prestígio, porventura mais do que no país, são ainda reconhecidos internacionalmente – a Universidade de Coimbra, nas singularidades que lhe são próprias, tem de ser, paradigmaticamente, com ou sem mais aulas em inglês, a grande escola, global, referência maior do ensino superior em língua portuguesa. Mas isso só é alcançável – e é, de facto, alcançável – com muito trabalho, uma imensa qualidade científica, dedicação inteira e, sobretudo, um projeto ambicioso e exigente que, com inteligência, liderança forte e o empenhamento de todos os seus corpos, projete os antigos Estudos Gerais para a excelência, para o lugar que é o seu. Sem desculpas demográficas ou outras, sem justificações economicistas, apenas com a certeza, indisputável, de que estudar, ensinar ou investigar em Coimbra, para além de diferenciador e garante de valorizados amanhãs, é, enfim, orgulhosamente, nem melhor nem pior... é único!

Uns, olhos postos na vitória, prometem, de novo, a descentralização, o fortalecimento e democratização das CCDR. Outros, na expetativa da não derrota, reuniam, assim regionalizadores e preocupados com a desertificação do interior, na "longínqua" Ansião. Useiros e vezeiros no incumprimento de promessas, para ambos, felizmente, o ridículo não mata. Se matasse, já não teríamos políticos. Deste jaez, pelo menos...

Ora eis um projeto – a recuperação do Terreiro da Erva – do maior interesse para a cidade. De um lado, concretiza uma praça capaz de restituir dignidade a um espaço urbano indispensável para a revitalização da Baixinha; por outro, viabiliza a sua reconquista para uma usufruição inteira por parte da comunidade coimbrã. Na expectativa de que o restauro da magnífica "Fábrica do Lagar", da Sociedade de Cerâmica Antiga de Coimbra, ficará, efetivamente, para uma já pensada segunda fase, o meu mais absoluto aplauso.

Uma pena, na última reunião do executivo, as dificuldades da atual maioria camarária em compreender a agora minoria quanto às preocupações, legitimíssimas, de proveito e valorização da marca (ou imagem, ou identidade, o que seja) Coimbra.

Neste tempo de redes – nunca, a propósito de tudo e de nada, ouvi falar tanto da indispensabilidade dessa, chamemos-lhe assim, teia de interesses e influências – acho muito bem a ideia de unir, na região Centro, em rota cultural e turística, os lugares Património Mundial. Alcobaça, Batalha, Coimbra e Tomar são – curiosamente todos a sul, "longe" da Plataforma A25 –, os territórios em boa hora envolvidos em plano interessantíssimo.

A fazer-me lembrar, vá lá saber-se porquê, designações da (para poucos saudosa) primeira República – e num dia em que na aberta, fraterna e inclusiva Coimbra, monárquicos e republicanos celebraram, lado a lado, sentados na mesma mesa de debate, os cinco de outubro de 1143 e de 1910 –, Marinho Pinto apresentou na cidade, sem precisar de descer a Lisboa, valha-nos o exemplo, o seu novo Partido Democrático Republicano.

Maratonas, marchas, caminhadas, corridas, sei lá que mais, entraram nos bons hábitos de Coimbra. De dia, à noite, para federados ou simples cidadãos, homens, mulheres e crianças, são, têm sido, inúmeras as provas. Todas a pé, claro. Como aconselha a medicina...e recomenda a crise!


Morreu Fernando Rebelo, os meus sentidos respeitos, que foi, magnífico, professor e reitor da Universidade, também cidadão empenhado em tantas causas (e lembro a luta contra a coincineração) de Coimbra; o Prémio Nacional de Saúde 2014 foi atribuído, parabéns, a José da Cunha Vaz, assim destacando "notável contributo para o desenvolvimento da oftalmologia no país"; o padre João Castelhano, longa vida, celebrou com a sua comunidade de S. José os 40 anos ao serviço da paróquia; a associação de basquetebol homenageou, muito justamente, Apolino Teixeira, um dos nomes maiores da modalidade; e a cidade passou a dispor de um hospital veterinário (universitário, mas não da Universidade de Coimbra) da escola Vasco da Gama.

António Cabral de Oliveira

A 4 de outubro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Quando a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, carregada de razão, dizia, referindo-se à ligação Coimbra-Viseu, que "infelizmente foi opção de governos anteriores fazer outras autoestradas que se justificavam menos", como se sentirão, hoje, esses responsáveis, como se assumem, também, os políticos regionais? Sem ponta de vergonha, todos, está bom de ver, quando os olhamos, por aí, nas suas continuadas caminhadas de Estado ou partidárias, alguns ainda ativos, convencidos, outros, serem venerandos, ou pelo menos respeitáveis, "senadores"...

Olho o mapa e não quero acreditar. Então, agora, em termos de reestruturação do setor das águas, o Centro fica dividida ao meio, o litoral para um lado, o interior para Lisboa e Vale do Tejo! Ou é a demência completa que por aqui, pelas Beiras, continuamos, mansamente, a consentir – o Alentejo e o Algarve exigem, obviamente, respeito pelos seus territórios –, ou o melhor é, de uma vez por todas, fazer a "regionalização" com uma única região: Lisboa.

Já ouvi Augusto Mateus em tantos locais e tão diversas circunstâncias apresentar planos e estratégias de desenvolvimento regional que, sem querer apoucar o seu trabalho, não acredito, olhando para o estado do país, em nada do que se enuncia. Mas isto sou eu, assim cético, a falar. Se calhar, o documento apresentado, no âmbito da CIM vai ser, não a salvação da Pátria, mas o esteio para o relançamento político, social e económico de terras de Coimbra enquanto espaço de progresso e bem estar.

A Direção Regional de Cultura do Centro vai dedicar especial atenção – e verbas – ao programa Rota das Judiarias, de âmbito nacional, mas que terá ampla expressão na Beira. Entretanto, Coimbra, com um riquíssimo património – nomeadamente os banhos rituais judaicos (mikvá), estrutura medieval em magnífico estado de conservação descoberta na Baixa –, empenhadíssima, como se afirma, no fomento do turismo, ainda está a analisar...a sua adesão à Rede de Judiarias de Portugal!

A Assembleia Municipal aprovou, na sua última reunião, um financiamento de cerca de seis milhões de euros para requalificação de edifícios no centro de Coimbra. Recentemente, o presidente da SRU do Porto tinha-se mostrado otimista quanto ao alargamento da reabilitação urbana a toda a sua cidade, prevendo que as novas áreas de intervenção venham, nos próximos 15 anos, a beneficiar de "cerca de 200 milhões de euros de investimento público" e de "1.300 milhões de investimento privado". Para além da diferença de escala, quedei-me, meditabundo, a pensar que por cá também temos, julgo ainda, uma SRU...

Volta a ser imensa a qualidade da programação das "Quintas do Conservatório". Depois, esta semana, de Pedro Burmester, as, neste tempo, "Cores de Outono", afirmam aquela iniciativa da Liga de Amigos como um dos valores efetivos na vida cultural de Coimbra. A não perder. Até outubro.

A propósito da noticiada abertura (já nem sei quantos são) de mais dois supermercados na urbe, recordo, não sem um sorriso, José Diniz dos Santos, fundador e proprietário da então monopolista rede Colmeia, que a todos nos conseguiu convencer, durante tanto tempo, sobre a impossibilidade económica e inconveniência social de Coimbra dispor daquelas grandes superfícies!

Hoje e amanhã, peque, submeta-se ao "suplício dos doces", delicie-se na VI Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra, em Sant'Anna; Gonçalo Byrne trouxe ao Machado de Castro – para ali ficar em exposição –, o prestigiadíssimo Prémio Piranesi, que, para orgulho nosso, ganhou com o projeto de reconversão e ampliação do museu; Júlio Ramos, unionista dos quatro costados, um abraço, foi justamente homenageado na cidade; a Ramos e Catarino, bom (só fica a faltar a de Coimbra), construiu, em Valência, a maior loja IKEA de Espanha; e a Festa do Cinema Francês regressa ao Gil Vicente, não esquecer, de 6 a 10.


António Cabral de Oliveira

A 27 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Foi sol de pouca dura. O hospital universitário de Coimbra, de acordo com o ranking anual elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública, já não é, este ano, o melhor do país. Contudo, depois do portuense S. João, mantemos, do mal o menos – o primeiro dos últimos –, a segunda posição. Ainda com algum orgulho, é certo, mas (pensando sobretudo nas cantadas mais valias da fusão) absolutamente inconformados.

As Comunidades Intermunicipais, antigo projeto de Relvas contra políticas efetivamente regionalizadoras, são, continuam a ser, para o governo, as instâncias certas para resolver, territorialmente, as questões e os desafios que estão além dos municípios e aquém, não das regiões, mas da nação. Assim, de uma só penada, o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, sem respeitar, sequer, a presença, a seu lado, da presidente da CCDRC – uma palavrinha, Castro Almeida, breve que fosse! – reiterava, na posse do Conselho Estratégico para o Desenvolvimento Intermunicipal da Região de Coimbra, a "elevada" consideração em que (não) tem as – ainda – NUTII. Que São Fillan, padroeiro contra a insanidade, lhes e nos valha...

Para o Jardim Botânico, espaço de inquestionável excelência, promete-se um "programa cultural de qualidade", também a "intervenção do século", nomeadamente ao nível de infraestruturas. Dentro em breve teremos, desejavelmente, tudo isso. Contudo, a atentar nas generalizadas queixas de abandono e desmazelo, na manifesta falta de manutenção ditadas por severo desinvestimento, poderemos, então, receio-o por exagero...é não ter jardim!

Um inquérito recente promovido pela Universidade mostrava que 65% dos turistas que a visitaram desconheciam que Coimbra é Património Mundial da Humanidade. Aí está, à evidência, o resultado do "mui excelente" trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Escolas, elas próprias, mas também pela Câmara Municipal, pelo Turismo do Centro, pela Estradas de Portugal.

Ao ponto a que chegaram, salvar as repúblicas estudantis de Coimbra poderá ser, receio-o, um projeto que não valha, sequer, a pena. Também porque, neste tempo de Liberdade, a meritória função que, reconheça-se, historicamente desempenharam, é hoje assegurada, com vantagens inúmeras, pelos serviços sociais da universidade. Para memória – o património, a cultura, essas coisas –, talvez seja suficiente preservar, através da sua musealização, uma ou duas das mais representativas. E, de preferência, não com estudantes, antes com figurinos de papelão!

É um prazer saber-se que em 76% dos lares de Coimbra se faz já a seleção de resíduos, números acima da média nacional, e encorajadores para se alcançarem metas ainda mais exigentes. Assim haja dinheiro para a melhoria de equipamentos e meios, que, em favor da urbanidade, atitude cívica não nos há de faltar.

Acabou, diz a Fundação, a "aventura" do ensino superior, começa, para formar quadros do setor, a Bissaya Barreto Saúde. Viva o Portugal dos Pequenitos...

Decorreu, outrora luzida, a cerimónia de Abertura Solene das Aulas na universidade; o movimento Cidadãos Por Coimbra – como que a antecipar a imensa (e imperdível) programação deste fim de semana a propósito das Jornadas Europeias do Património e Dia Mundial do Turismo –, debateu, com profundidade, muito bem, a classificação da UNESCO enquanto herança fundamental e projeto coletivo inadiável; a bandeira verde ECOXXI, que premeia as boas práticas em prol do desenvolvimento sustentável, não distinguiu, percebe-se porquê, Coimbra; para além da certificação de gestão de qualidade, parece haver, sem se apurarem culpados – mas como é possível?! – desvio de verbas nos Serviços de Transportes Urbanos; e, obrigado José Eduardo Simões, já chegou à Solum (ao pavilhão da Académica), "valorizando-a" comercialmente, a primeira loja chinesa!


António Cabral de Oliveira

A 20 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Maurício Marques terá recebido, da parte do governo, a garantia de que, a muito curto prazo, será concretizada a nova estação ferroviária de Coimbra, "mais funcional e com melhor capacidade intermodal". Num tempo em que duas ou três recentes idas à estação de Aveiro me provocaram uma sadia inveja, continuo a aguardar, não por novos recados, sequer planos, antes pelo início dos trabalhos de construção. Recordando, entrementes, que a Refer, recentemente, se tinha comprometido a apresentar o projeto até julho (deste ano, é óbvio!), também que a cidade e a região recusam um qualquer arremedo de obra, antes exigem uma estrutura âncora para o seu desenvolvimento que responda às necessidades do presente, sobretudo às demandas do futuro.

O Conselho Geral da Universidade de Coimbra deu início ao processo de eleição do próximo reitor, que deverá ocorrer em fevereiro próximo. Em valor da tradição, "tudo como dantes, quartel general em Abrantes", ou será que já alguém faz contas...para deixarmos de fazer, sobretudo, contas?...

Aparentemente nostálgica do passado – o anterior executivo aprovou, o atual materializou – a câmara municipal restituiu a circulação automóvel em Santa Clara e na Guarda Inglesa à sua antiga fórmula, com trânsito em ambos os sentidos. Incapaz, sem a indispensável (ainda tardará muito?) colaboração da universidade, de concretizar a melhor solução viária através de uma artéria a nascer no interior do estádio, junto do pavilhão 1, assim se adia a devolução do Rossio a exclusivo uso pedonal, assim se vai deitando, já o escrevi e reitero, dinheiro à rua.

Ao contrário do anúncio ("duas entradas para uma saída feliz", lembram-se?) dos Armazéns Grandella, o parque de estacionamento do convento de S. Francisco devia ter, antes, uma entrada para duas saídas felizes. Mas não. O acesso único far-se-á ao nível da avenida, a saída através de rampa que nasce lá nos fundos, e obrigatoriamente em direção a Bencanta, até se inverter a marcha na rotunda mais próxima. Uma pena, pois, não haver, para além daquela escapatória para norte, outra no sentido do Portugal dos Pequenitos. Mas numa cidade onde no edifício das Químicas se esqueceram dos ácidos quando fizeram as tubagens; os autocarros não entram no estádio por causa dos aparelhos de ar condicionado; a ponte Rainha Santa, com aquela dimensão, privilegia não a circulação externa mas o centro da urbe, que mais poderíamos esperar?...

Não posso estar mais de acordo com Manuel Machado quando decidiu a não adesão de Coimbra à Semana Europeia da Mobilidade (ou Dia Europeu Sem Carros, o que seja). Sustentando, muito bem, que o que a cidade quer são novos autocarros e o Metro Mondego – e para ambos a administração central está-se nas tintas – é caso para acrescentar que folclore só o de raiz etnográfica, e genuíno!

Como o comprovam os pedidos feitos pelo presidente do município de Viseu aquando da recente visita do primeiro-ministro, Coimbra está sozinha na reivindicação da autoestrada de ligação entre as duas cidades. Será que Fernando Ruas não poderia explicar qualquer coisa sobre a região a Almeida Henriques, nem que seja fazendo-lhe um desenho?...

Como a Universidade de Coimbra não tem, sozinha, a verba de 150 mil euros para renovar as cadeiras do Gil Vicente, os responsáveis daquele teatro académico, com certeza desesperados, pediram ajuda à cidade. E embora julgue inacreditável a situação – não é isto bater no fundo? – serei o primeiro a adquirir um bilhete solidário, por exemplo de dez euros, para espetáculo imaginário, em gesto que corporize um agradecimento, seguramente por parte de muitos de nós, pelo tanto que o TAGV vem fazendo em prol da cultura.

Gosto de beldroegas. Mas prefiro-as, receita alentejana, numa boa sopa, não nos passeios de tantas ruas da nossa cidade. Onde, inadmissível, crescem, ainda, ervas altas e imensas, a transformarem os espaços – exagere-se para sublinhar – numa quase selva que ninguém capina.

O Confirmado de 1991, um baga que a Adega de Cantanhede ressuscitou das suas caves, é, na exigente ótica do Mundus Vini, este ano, o melhor vinho tinto de Portugal. Tão só! Parabéns imensos.


António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A 13 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O salão da igreja de Nossa Senhora de Lurdes vai regressar(?), dizem, aos propósitos(!) iniciais de caráter desportivo, através da sua transformação em mega ginásio. Mas será que a Igreja não tem, antes, outros e mais válidos projetos – que não, naturalmente, estes, os materiais, através de cedência comercial – para dar melhor utilização, nas suas reconhecidas, imensas e cada vez mais exigentes responsabilidades humanas e sociais, ao amplo e polivalente espaço? Deus meu!

Ao fim de décadas de delonga, lá começaram, por fim, obra inquestionavelmente importante, os trabalhos de recuperação do Colégio da Trindade. Entretanto, confuso como estou com as contradições entre o que dizia e agora afirma o magnífico reitor, ou o pormenorizado pelo diretor da faculdade, fico sem perceber se teremos o minguamento do projeto inicial – com a perda da componente europeia, também de tribunal que tornaria a faculdade de Direito...uma escola diferente –, ou se, afinal, haverá TUJE e não apenas uma Casa da Jurisprudência (leia-se mais espaços para gabinetes e aulas). Será que o que era e não podia sequer legalmente ser... já o é outra vez? Ou será tudo, antes, uma questão de tempo, de calendário?

Menos candidaturas como primeira opção; menos alunos colocados; e a quebra em três posições das notas de Medicina no top 10 a nível nacional (de sexta para nona posição), são a meu ver, para já não falar nas Engenharias Civil e do Ambiente, e da Química, três sinais naturalmente preocupantes na leitura dos números da primeira fase de colocações na universidade de Coimbra. Mas isso, se calhar, sou eu, em vez de olhar o que de positivo se alcançou – um orgulho a primeira posição alcançada pela Medicina Dentária –, a apoquentar-me com coisas que não interessam nada...

E pronto. A Cruz de D. Sancho, mandada fazer especificamente para Coimbra, "emprestada" durante um mês e meio ao Machado de Castro (obrigado, ainda assim, pela oportunidade que possibilitou a muitos um olhar atento, a outros dela tomar conhecimento), regressou a Lisboa, ao Museu Nacional de Arte Antiga. Com a cidade de novo distraída, as suas forças vivas – ou mortas? – de tudo alheadas...

Manuel Machado consignou a primeira empreitada para conclusão do Centro de Convenções e Cultural de S. Francisco, empreendimento relevantíssimo que terá, na globalidade, de estar concluído até finais do próximo ano. E fez bem em marcar o ato para aquele "espaço notável e marcante da cidade", como dizia. Se mais não fora para voltarmos a vivenciar, ali, a importância nacional de uma estrutura diferenciadora a nível regional.

Bem aproveitar a centralidade de Coimbra, os equipamentos instalados e a excelência do conhecimento, deveria ser um desígnio irrefragável. Como aconteceu, recentemente, no hospital militar, com o curso de prestação de cuidados de saúde em cenários de combate destinado a forças de segurança e a militares. Um exemplo!

Nenhum dos seis projetos candidatos por entidades de Coimbra a apoios pontuais da direção-geral das Artes – onde se incluam, apenas dois exemplos, a Cena Lusófona e o Festival das Artes – foi acolhido. Falta de qualidade das propostas, ou, antes, a proverbial secundarização a que, por regra, também em matéria de cultura, somos votados?

Mais de uma centena de estudantes prepararam-se para bem receber – esperamos que assim contrariando a infelizmente já habitual vergonha em que, também na nossa academia, se transformou a praxe – os novos caloiros; belíssimas, e com uma força imensa, as fotografias de António Figueiredo – um abraço grande – sobre a problemática da pobreza e da exclusão, contidas numa exposição da Cáritas que vai percorrer a cidade; na Coimbra das rosas – diria hoje, porventura, a Rainha Santa a D. Diniz, abrindo o regaço, “são orquídeas, Senhor”– fui ao jardim botânico, com dificuldade em a descobrir, visitar, uma frustração, a mostra (ou venda, afinal?) daquelas cantadas flores; o Basófias bateu, o que também não é difícil, no fundo; decorrem, esta semana, mágicos, os Encontros Mágicos; e, excelente, a conimbricense Bluepharma  foi (para além dos céticos e maledicentes autóctones!) eleita – aguardemos os resultados agora ao nível europeu – a melhor empresa exportadora nacional nos European Business Award.


António Cabral de Oliveira

A 6 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Feitas as romarias, as festas, as feiras e as marchas, acabadas as férias, é tempo de Coimbra, a câmara municipal, mas também todos nós, começarmos a olhar, de outra e mais exigente forma, a cidade, a sua governação. Inadiavelmente...

O ministro Poiares Maduro terá dito, na Lousã, que o projeto Metro Mondego é "incomportável" para o país. E (a olhar para os números!) os de Lisboa, Porto e Sul do Tejo, não? Para titular da pasta do "desenvolvimento regional"...não está, convenhamos, nada mal!

Sobre cultura, li, um dia destes (Visão, n. 1119), uma entrevista com o vereador do pelouro do município do Porto. Que diferença, Santo Deus, em objetivo e projetos...

Primeiro, com justificação no maior número de quilómetros – a Europa pagava a metro – desviaram, a sul, os fluxos automóveis construindo a A23. Depois, fundamentados em nada de tecnicamente válido (mas tão somente nos votos ali mais abundantes) afastaram, a norte, o tráfego rodoviário para a inconcebível A25. Agora querem (ou pretenderiam, alguns) truncar a única via, ao centro, com ocupação inteligente do território, a linha da Beira Alta, inventando uma nova ligação ferroviária de Aveiro a Viseu. Entretanto, enquanto Coimbra parece começar a acordar da letargia política que permitiu tais desmandos, tamanhas agressões, a Refer está, muito bem, autorizada a iniciar as obras de modernização das linhas do Norte, Oeste, Douro e Minho, ficando a faltar – porquê?, apetece perguntar – nem mais, a que nos liga a Vilar Formoso.

O antigo Gabinete de Física Experimental da Universidade de Coimbra foi nomeado Sítio Histórico Europeu, único no nosso país, o segundo na Ibéria. Um reconhecimento, enorme, que, afinal – quem não se lembra da Europália? – deverá ser visto como natural. Pena é a "política" museológica da UC. Mas isso deve ser falta, agora, das luzes científicas do século XVIII...

O projeto do Museu Nacional de Machado de Castro, de Gonçalo Byrne, recebeu uma das mais antigas e prestigiadas distinções em arquitetura, o prémio Piranesi/Prix de Rome, pela harmonização do contemporâneo com um edifício histórico com dois mil anos. Pode ser que o galardão – absolutamente fantástico, como dizia Ana Alcoforado, e que sobremodo valoriza também Coimbra – sirva para expurgar, em definitivo, as vozes dos tantos profetas da desgraça que na cidade, de muitos e tão definitivos saberes, sempre se fazem ouvir quando se realiza, ou quer concretizar, seja o que for.

De acordo com o relatório de gestão e contas da Universidade de Coimbra, convenientemente divulgado em tempo de férias, é generalizada e significativa a quebra nas suas atividades – estamos bem, pois! –, designadamente ao nível do Gil Vicente, do palácio de São Marcos, do estádio universitário, do Exploratório, também do Museu da Ciência. O único valor positivo foi o das visitas à universidade, que aumentaram 19%, mas tal (quando as novas são boas...) já o Reitor tinha anunciado.

Depois da queda de uma ramada de pinheiro imponente, na Solum, sobre dois automóveis, o meu maior receio é que a ocorrência venha a acicatar os ânimos daqueles que, incomodados com as árvores, magníficas, em bom tempo plantadas por Mendes Silva, advogam, seja por que razão for, o seu corte. Sem, sequer, como recorrentemente tem acontecido, se cuidar da substituição impreterível.

Estava muito esperançado que o Gin tasting 2014, organizado pela Essência do Vinho, chegasse, por fim, a Coimbra. Afinal, uma pena, ainda não foi este ano (a extensão foi apenas a Lisboa), o que nos obrigará, um dia destes, a uma ida, valha-nos ser na região, até Leiria.

O União de Coimbra vai ser clube satélite do União da Madeira?! A ver se consigo entender...

António Cabral de Oliveira




A 26 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O novo Mapa Judiciário – e já nem falo no polémico encerramento e desclassificação de tantos tribunais de comarca – retira o distrito de Aveiro (até os responsáveis políticos locais, uma excecional exceção, afirmaram discordância) da Relação de Coimbra. O entendimento do território que este governo, sobretudo o ministério da Justiça, (não) tem – e expressa – é, de facto, um espanto de incoerência. Desde logo quando a Mealhada, nossa vizinha e parceira da Comunidade Intermunicipal...passa para o Porto. Melhor, Paula Teixeira da Cruz, seria impossível!

Em trabalho jornalístico sobre exportações que, no Centro, já utilizam o comboio até Paris, leio, numa entrevista ao credível Expresso, que "as linhas ferroviárias existentes servem-nos perfeitamente". E, também, que "a única limitação na circulação de comboios entre Portugal e Espanha é a incompatibilidade das redes elétricas ferroviárias dos dois países". Porque quem o afirma é um empresário do setor, pode ser que agora alguns políticos regionais se comecem a preocupar, antes, com o que é de facto essencial e não com interesses e protagonismos locais. Para, também aqui pela Beira, conseguirmos ir a algum lado...

Uma pretensa "macrorregião do Noroeste" (?!) passou a ligar os municípios de Braga, Guimarães, Porto e Aveiro, respetivas universidades e também empresas, no que se diz ser uma "marca internacional" com competências em projetos de investigação, investimento e comunicação. Região Norte, Região Centro, isso é o quê?

Depois de ouvir Rui Alarcão na moderação de um debate com os reitores das Escolas de Coimbra e de Alcalá, fiquei com a absoluta convicção de que, afinal, todos – mas todos – os dirigentes máximos de uma universidade, qualquer ela seja, têm direito ao título de Magnífico. Ainda bem que os diretores das nossas secundárias (antigos liceus) já são isso mesmo e não reitores: é que, com tamanha "democratização", poderíamos correr o risco de...

O executivo camarário aprovou por unanimidade o estudo prévio para a transformação da igreja do convento de S. Francisco (era, enorme, depois da Sé Nova, o segundo maior templo de Coimbra) em complementar Centro de Artes. Uma ideia excelente que, depois das vicissitudes ditadas pela incompreensível cedência à diocese, quer assim ganhar, por fim, capacidade de execução por caminhos que se auguram com menos escolhos do que os da obra vizinha.

A Câmara Municipal mostrava-se, um dia destes, muito satisfeita com a aquisição de duas novas varredoras mecânicas. Por mim, confesso que gostei francamente mais de encontrar, há pouco tempo, em plena baixinha – aliás à semelhança da brigada da junta de freguesia dos Olivais – uma senhora, funcionária não interessa de que entidade, equipada com uma simples vassoura e um não menos singelo carrinho de mão, a fazer assim personalizada recolha de detritos, que a todo o momento persistimos em lançar para o chão. E o bom resultado, exemplar, era bem evidente naquelas antigas ruelas...

As mais das micro e pequenas empresas (a maior parte do nosso tecido "produtivo"), li, não têm ligação à internet. E concluo, até eu, quase leigo nestas coisas das tecnologias de informação, que, assim, em termos do tão badalado empreendedorismo, vamos longe...

E é na certeza – surjam os projetos e a vontade de os executar – de que haverá dinheiro para o património, mas também reconfortada com alguns momentos sublimes do Festival das Artes (este ano dedicado ao tema), que a crónica volta a banhos. Até setembro, boas férias.


António Cabral de Oliveira

A 19 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A presidente da CCDRC, em entrevista ao JN, independentemente do que o jornal quer sugerir através de títulos e chamadas (mas isso são outras estórias de outros jornalismos), defende, em relação à ferrovia para Espanha, a atual linha quando diz que "se a manutenção e a qualificação o permitir, não estamos em condições de fazer (...) novas". Entretanto, e para além dos pareceres conhecidos que apontam para a continuidade do atual corredor, o secretário de Estado dos Transportes terá referido, em Viseu, que "trata-se agora (!) de discutir a alternativa (?) técnica, se temos uma modernização da linha da Beira Alta se uma ligação nova". E, enquanto garantia que a cidade, muito bem, será servida por comboio – um ramal a partir de Nelas ou Mangualde? –, anunciava, ainda, o início das obras de transformação do IP 3 em autoestrada já em 2015. Como pretensa contrapartida, esta, de nova cedência, sempre em prejuízo de Coimbra, às forças nortistas?

Assim, de uma só assentada, ficou a saber-se que, em Coimbra, os sites da câmara e dos hotéis ignoram a, discursivamente, tão propalada classificação da UNESCO; que a região Centro, pouco competitiva, sem estratégia e sem identidade turística (alô Pedro Machado), está na cauda do ranking hoteleiro nacional; e que – para protocolos, acordos e outros salamaleques temos nós jeito – a universidade recebeu a cerimónia de criação, valha ela o que valer, da Rede Património Mundial em Portugal.

É uma original singularidade aquela que se passa com as obras públicas em terras mondeguinas: ou não se constrói nada, ou as poucas que são executadas – vejam-se o nó de Soure da A1 e a ponte do Cabouco, na estrada da Beira – não entram, para além das reiteradas promessas, em utilização...

Houve, com certeza, razões muito ponderosas e intrincadas para demorar tanto, meses atrás de meses, a abertura do arruamento entre a Oficina Municipal de Teatro e o quartel dos Bombeiros Sapadores. E nem a "dimensão " da obra e a "complexidade" dos trabalhos – sempre são coisa de cem metros e, poderia julgar-se, uma orografia difícil em solo granítico! – justificam a delonga. De qualquer jeito, embora ainda sem os passeios concluídos, a cidade, assim paciente, mas sem querer chegar até ao próximo, agradece o empenhamento do anterior e do atual executivo...

O Rali de Portugal volta ao Norte em 2015, sendo que não é ainda para o ano que, contudo, regressa aos troços da Beira, à mítica Arganil, território, afinal, fundador da prova. Diz-se que, por causa da FIA, tal não é possível agora, porventura apenas de 2016. E eu a pensar, afinal maledicente, que era tudo, "desportivamente", uma questão de dinheiro...

O pátio do Machado de Castro, para além do arrendamento previsto há muito para algumas atividades sociais de caráter particular, mantém-se, aliás na sequência do que sempre tão calorosamente defendeu a sua diretora, como indispensável ponto de encontro entre a cidade e a instituição. Aberto e disponível, o belíssimo espaço aí está, felizmente, para simples desfrute nosso, para acolher manifestações culturais ou comunitárias.

Neste tempo de lamentável incremento dos incêndios florestais, em que é pedido esforço tamanho a esse exército da paz, assalta-me a mente, agora, por contraste, aquela Associação "Humanitária" de Bombeiros "Voluntários" onde, não interessa qual nem quando, em dia não longínquo, se entrou em greve "a qualquer serviço de socorro" por alegado incumprimento salarial! Lembrar-me eu dos tempos em que, os que podíamos, até as botas pagávamos...

Substantiva e de grande pertinência – olhando o futuro de Coimbra – a quase "carta aberta" que José António Bandeirinha dirigiu ao presidente da Câmara Municipal; curiosa a ideia do Clube dos Tipos, que procura dinamizar a tipografia clássica; do Festival das Artes, imperdível em acompanhamento diário, destaco, hoje, especialmente pelo seu significado, o concerto na Sala dos Capelos; a Pilsener da Praxis, parabéns Baptistas, foi a melhor em festival de cerveja artesanal; o agora rapper Boaventura Sousa Santos promoveu na cidade importante colóquio internacional que congregou mais de 600 investigadores; e a Assembleia Municipal, na sua imensa relevância política, reuniu.


António Cabral de Oliveira

A 12 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Perante o incompreensível alheamento da cidade, e ao contrário da vereadora da Cultura, estive no Machado de Castro, no passado sábado, para, na sequência da muito meritória (mas no caso insuficiente) iniciativa "Tesouros Partilhados", acolher – temporariamente e por empréstimo, imaginem! –, a rica e belíssima Cruz de D. Sancho I, também para tentar encontrar resposta para a questão, com que fui repetidamente confrontado aquando do último Dia dos Museus, sobre a localização, ali no MNMC, da peça. E porque continuo insuficientemente esclarecido, pergunto ainda: se, há exatamente 800 anos, o nosso segundo rei mandou fazer aquela alfaia litúrgica, declarada, concreta e especificamente para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, alguém me poderá explicar porque está ela no Museu de Arte Antiga, em Lisboa?

Na cerimónia celebradora do Dia do Município, gostei do discurso, rigoroso e abrangente, de Manuel Machado; aplaudi de ambas as mãos, relevantes, os protocolos ratificados com a APPACDM e a Escola Nacional de Bombeiros; e cansou-me a repetição, outra vez, de anúncios e atos sobre a abertura da mata do Botânico. Em paralelo, fiquei com a certeza de que a exposição fotográfica "Coimbra vista por Varela Pécurto" – um abraço de enorme respeito e amizade –, ali, na em boa hora recuperada Sala da Cidade, ou em qualquer outro local de semelhante dignidade, merece, deve poder ser vista...e admirada por todos nós, não apenas até 13 de setembro, mas permanentemente. Para, assim olhando o passado, melhor construirmos o futuro!

Observo a infografia que ilustra uma peça jornalística sobre a vaga de deslocalizações, para o nosso país, de serviços e centros de inovação de multinacionais – que já criaram mais de 10 mil postos de trabalho – e, quanto a centros de serviços partilhados, conto um no Fundão, Tomar e Elvas; dois em Braga, Viseu e Évora; quatro no Porto; e 22 em Lisboa. Coimbra...não consta. Significativamente!

PSD, CDS e PCP (que persiste no comboio) votaram contra um projeto que apontava para a finalização do Metro Mondego, o que nos leva a ficar gratos a quem, na AR, nomeadamente os deputados do círculo, defende, destarte, com ou sem declaração de voto, os desígnios partidários e não os do país real que os elegeu. Enquanto isso, o secretário de Estado dos Transportes garantia que não haverá nem um euro para o metro de Lisboa se não houver igual aposta no do Porto, o que, face a tanta preocupação de igualdade no tratamento, de equidade, obriga a outro agradecimento de Coimbra...agora pela marginalização permanente!

Fui amesendar, neste entretanto, a três restaurantes, de grande simplicidade, onde, em todos eles, sem exceção – Adega da Portela, Sereia do Mondego e D. Elvira – e para além de algumas limitações em termos de espaço e de serviço, me foram apresentadas muito boas refeições, de inatacável qualidade quanto a produtos e confeção. E, a propósito da habitual lengalenga de que não há bons restaurantes em Coimbra – também certo do quanto bem se refeiçoará em tantas casas da nossa cidade – , dei comigo a pensar se a divergência de opiniões será devida a limitação minha, ou, pela inversa, à elevadíssima exigência de outros palatos. Ou, porventura mais certo, à pouca ou nenhuma frequência de tais estabelecimentos por parte dos muitos que, generalizadamente, os criticam...

Ao invés de tantos de nós, que só lhe apontamos defeitos, sete publicações italianas e alemãs, evidencia-o estudo da Cision, destacaram Coimbra, o seu património construído e gastronómico, enquanto destino turístico.

Por uma vez, o presidente do município de Viseu tem razão: a linha da Beira Alta não é alternativa à ligação a Espanha - ela é, e bem, a ligação ferroviária a Espanha; a AAC, sejamos sérios, parece recear que o aumento de 2,14 euros por ano (dois finos, três bicas?) no valor da propina afaste novos alunos da universidade; Ana Alcoforado foi, naturalmente, reconduzida no cargo de diretora do Museu Machado de Castro; morreu Delgado Domingos, os meus respeitos, que tanto se bateu contra a opção nuclear e a coincineração; uma empresa de Coimbra amplia para 14 – pena não incluir, uma atençãozinha, a nossa cidade – a sua oferta de guias turísticos para telefones inteligentes; sei bem que é um simplicíssimo pormenor, mas tenho pena que nem todos os autocarros dos transportes urbanos ostentem, nestes dias festivos, o singelo par de bandeirolas com as cores nacionais e da cidade; e, participada e respeitosamente, a imagem da Rainha Santa, em procissão, regressou, por três dias, ao centro histórico da urbe de que é padroeira.

António Cabral de Oliveira

A 5 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Em vez de se preocuparem com a defesa da indispensável e urgente requalificação da via em terras de Espanha, impressiona a capacidade de resiliência dos responsáveis políticos do chamado Eixo da A25 quanto ao seu projeto de uma nova ligação ferroviária a norte do traçado inicial da linha da Beira Alta. Que o país quer, e bem, modernizar no seu todo. Assente em iguais pressupostos de desenvolvimento, abandonando os territórios hoje servidos, nem o sobrecusto de obra nova demove quem, a caminho das "metrópoles", persiste em tudo querer afastar de Coimbra. Pobre Região Centro, centro de nada...

Foi com alguma angústia que percorri, no passado domingo, pela primeira vez sem o renque central de plátanos, a Emídio Navarro. Isto apesar de, detivesse eu essa capacidade, poder também deliberar...exatamente no mesmo sentido. Falta agora concretizar, e de forma célere, desafogada alameda, obviamente ladeada de árvores, amplos passeios, boa iluminação, enfim uma artéria que, entre a rotunda do Parque Verde e a Estação Nova, dignifique aquele já nobre espaço urbano. E, de preferência, por fim, com o alinhamento do hotel Avenida!

Uns, lembrando porventura a expansão, foram, muito bem, celebrar os seus 800 anos junto do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Eu, provavelmente sozinho no propósito, visitei o local fundador, a Universidade de Coimbra. Sempre com o futuro Museu da Língua Portuguesa, aqui, no pensamento.

Atento na última crónica (DC. 24-06-14) de Jorge Cravo – que muito respeito enquanto cultor da Canção de Coimbra – e gela-se-me a alma. Queira Deus que, de facto, e finalmente, os depositários dos poderes locais, ao lê-la, acordem. E, sem desculpas ou subterfúgios, enfrentem, com decisão, o trabalho, as contrariedades que os caminhos, todos e sempre, apresentam.

A propósito da avaliação das unidades de investigação portuguesas, anoto a relevância, ainda, da universidade de Coimbra. E, sem perder a ideia exigente da uma permanente procura do "excecional" – só alcançável com muita dedicação e empenhamento –, quedo-me, apesar de sobressaltado com os cortes de financiamentos e os parcos valores no Programa MIT, um pouco mais tranquilo...

Coimbra, depois de Lisboa e Porto, está, indesejavelmente, com 17 mortos no primeiro semestre do ano, no topo da sinistralidade rodoviária. Se, naquelas, os valores podem radicar no volume de tráfego automóvel, aqui (até quando?), só a insuficiente rede de estradas, a secundarização viária a que somos votados, poderá fundamentar tão lamentável realidade. honrarias

A praia de Palheiros e Zorro, junto a Torres do Mondego, ostenta agora quatro distinções: Qualidade de Ouro, Praia Acessível, Praia Saudável e Bandeira Azul. Um outro orgulho coimbrão, mesmo para quem não goste de praias fluviais...

Não tive o privilégio da surpresa. Mas registo a valia da iniciativa dos Antigos Orfeonistas quando decidiram, já pela segunda vez, ir até à Baixa para um "flash mob" (porque não...provocar uma aglomeração instantânea de pessoas?) que terá voltado a deleitar os transeuntes. Assim, sim, cantando, também se promove a cultura, se divulga Coimbra.

A cidade, em festa (ontem, na cerimónia do Dia do Município, a câmara – já nada nem ninguém as merece? –, não outorgou honrarias ou distinções), celebra a sua Padroeira, em ano de procissões, com programação diversificada, que se alonga até 13; o centenário do nascimento de Joaquim Namorado foi, naturalmente, assinalado na urbe; preocupante, parece, o estado – que se exige reversível – a que deixaram chegar o iParque; exemplar a vida da APPACDM de Coimbra, que agradeceu o apoio a uma cidade que lhe está grata há muitos anos; tantas vezes anunciada, agora apresentada, aguardo, expetante, a requalificação (a “maior intervenção em mais de um século” ou "intervenções subtis em sítios precisos e rigorosos"?) do sempre magnífico Jardim Botânico; e, soubesse eu fazê-lo, e correria o risco de poder vir a ser convidado pela flor de distraída conterrânea para, assim se recuperando a tradição, dar um "pé de dança", logo à noite, no Baile da Rosa, ali na praça do Comércio...

António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A 28 de junho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Ao deambular, um dia destes, pela Alta, entrei, para breve recolhimento, na Sé Velha. Mal pus o pé no vetusto templo, logo alguém, apontando aviso já conhecido, e cortando-me a passagem, chamava a atenção para a necessidade de pagar...para visitar o claustro. Explicado o propósito da minha presença – o acesso à igreja, como foi então apenas sussurrado, não tem, naturalmente, qualquer custo – lá me deixou, de má cara, atravessar o resguardado espaço. Concordo, em absoluto, com o princípio do pagamento. Mas não, definitivamente, desta maneira!

Numa entrevista com "quase trivialidades" – é sua a afirmação –, o Magnífico Reitor considerou, judiciosamente, que, do ponto de vista turístico, Centro de Portugal é um nome sem personalidade, que não é bom. Pena não ter defendido (e já seríamos pelo menos dois) a designação, de antanho, Beira. Por outro lado, mágoa também, não referiu, uma única vez que fosse, o grande museu da universidade, capaz, só por si, de reter turistas em Coimbra por mais de um dia. E já agora, senhor reitor, sem querermos ser grandes de Espanha, olhe que nem todos nos sentimos muito pequeninos, minúsculos, sequer "mais pequenos que uma cabeça de alfinete"...

Leio e quase não acredito – não acreditaria mesmo se, no terreno, desconhecesse – que o interior do país perdeu 200 mil pessoas, e, note-se bem, sete mil serviços públicos. E fico a perguntar-me como foram ainda tão poucos, afinal, os que já se foram embora...

Quando, em cerimónia pública, ao contrário de gente da casa, um membro do governo é impedido de falar e o presidente da câmara repetidamente interrompido, algo vai mal numa instituição com as responsabilidades da universidade de Coimbra. Sobretudo quando bastam meia dúzia – protejamos, pois, ad infinitum, as minorias mínimas – de estudantes "repúblicos" que mais não querem do que, mantendo privilégios, guardar o seu dinheiro para outras "exigências" que não a habitação!

Sem ser substitutivo do elevador ou funicular um dia imaginado no âmbito do Polis Coimbra, gosto do projeto, agora aprovado pelo executivo municipal, de ligar a Alegria com a Universidade, através da – assim, finalmente, aberta à cidade – mata do jardim botânico. Dentro em breve será de "pantufinhas". Um dia destes, desejamos, ainda confiantes, através de meio mecânico.

Na inauguração do memorial em boa hora erigido na rotunda que tem o seu nome, junto ao hospital Pediátrico, recordo, com saudade, Mário Mendes. As minhas reiteradas homenagens a um Homem excelente.

O mercadinho do Botânico, saborosíssima iniciativa em favor da agricultura biológica, sobretudo de todos nós, comemorou 10 anos. Gostando muito do local onde se realiza, continuo a lamentar, contradição insanável, que o mesmo não decorra, valorizando-o, no municipal D. Pedro V.

Vinhos há, como os agora apresentados em jantar no Loggia por Carlos Lucas, na degustação de novos tintos da Idealdrinks, que são a confirmação da excelência do Dão e da Bairrada, duas regiões que, necessariamente, vão voltar a estar na moda. Então aquele Pinot Noir Dom Bella, dos granitos beirões, e o Quinta da Curia, ambos (só) de 2010, são realmente...estupendos.

Muito relevante a parceria estabelecida entre as universidades de Coimbra e de Cabo Verde no quadro da criação dos estudos de medicina naquele país lusófono; não fora o risco da rotina e destacaria, hoje – parece que o mundo anda a zombar com a nossa ministra da Justiça – mais uma distinção para Duarte Nuno Vieira, agora eleito presidente do Conselho Consultivo do Tribunal Penal Internacional; sinal também da nossa situação social, três reclusos, preocupante, suicidaram-se, em três dias consecutivos, em prisões da cidade; aplauso para a ação de limpeza que estudantes, ajudados pela vice-reitora Clara Almeida Santos, empreenderam, esperemos que não apenas festiva e simbolicamente, em favor dos jardins da AAC; a Adega Cooperativa de Cantanhede, ao invés de o fazer localmente, lançou as suas novas colheitas (receio que para o ano seja já em Madrid) num restaurante de Lisboa; a Feira Popular, organizada pela Junta de Freguesia de Santa Clara, agora também de Castelo Viegas, decorre, desde ontem – lá iremos, Simão –, no Choupalinho; e foi apresentada, com uma programação de qualidade a que já nos habituou, a 6ª. edição do Festival das Artes, este ano subordinado ao tema "Património", e que se realiza, agendemos, de 18 a 29 de julho.


 António Cabral de Oliveira

A 21 de junho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Se "o governo não está a encarar de forma sustentada, séria e válida o Metro Mondego", só nos resta reclamar, no mínimo, uma mudança da atitude; se há "bloqueios preocupantes", importa, sem detença, que deles nos desembaracemos; se estamos face a uma postura evidenciadora de que "o governo não quer prosseguir a obra", então só temos de exigir o cumprimento do projeto prometido, a reposição, obviamente melhorada, do equipamento que nos foi retirado, também a sua ligação urbana aos hospitais. Com recurso a todos os métodos que politicamente nos sejam possíveis, sempre na certeza, Manuel Machado, de que "não podem ser equacionadas soluções alternativas para ultrapassar" qualquer impasse. E porque não admitiremos, sequer, tamanho ultraje, conte, enquanto presidente do município, connosco. A cidade quer contar consigo.

O primeiro aniversário da classificação de Coimbra – sim, de parte – como Património da Humanidade vai ser, hoje e amanhã, com uma programação balofa, parcimoniosamente celebrado. E, olhando para trás, não podia, em boa verdade, ser de outra maneira. Afinal, comemorar (quando até os próprios turistas ficam surpresos quando acabam por saber, já durante a sua visita, que detemos aquela distinção!) o quê? O que fizemos nós, concretamente, ao longo de todo este ano? Dizer nada, zero, será talvez um exagero. Mas por carência...

A Universidade terá registado um aumento de 20% no movimento turístico, o mesmo acontecendo com a maioria dos museus da cidade. Contudo, hoteleiros e restauradores queixam-se de não sentirem o impacto da classificação de Coimbra como património mundial. Devem estar à espera, agora capitaneados pela AHRESP, de que os clientes lhes sejam servidos numa bandeja. E de prata, de preferência!

Leio que o Município de Coimbra perdeu mais de duas mil pessoas, em 2013, face ao ano anterior. Pior, em termos absolutos, só mesmo Lisboa e Porto. Entretanto, os responsáveis políticos da cidade parecem entretidos com outros "números"...

Depois de tantas já encerradas, o anúncio de nova vaga (só no distrito de Coimbra serão mais, ou melhor, menos 38) de fecho de escolas – obviamente, a grande maioria, em terras mais afastadas das "metrópoles" – levará a questionar, um dias destes, se ainda necessitamos de um ministro da Educação, se um qualquer diretor geral não é o bastante.

Uns partem na convicção de que Coimbra e a Académica são "a minha cidade e o meu clube", outros com a certeza de que "levo a Briosa no coração". Mas, se houver mercado (é a gíria, senhores!), "todos, todos se vão". Tempos houve, outros, em que os valores eram diferentes, e mesmo os melhores, inteligentemente, ficavam...

Nesta nossa terra de orizicultura, de tradição já tão antiga (aqui introduzida, dizem, por D. Diniz), é quase natural que os três melhores pratos de arroz de Portugal – com cogumelos e coelho, de miúdos de cabrito e cabidela de coelho, respetivamente da Mó, do Telheiro e do Cristina –, sejam (de entre mais de 1500 restaurantes concorrentes) do distrito de Coimbra. "Arroz do Mondego, arrozes à nossa mesa" enquanto desígnio gastronómico regional...

Morreu Aurélio Reis, os meus respeitos, decano dos violas de Coimbra e um dos mais relevantes nomes da canção coimbrã; a brutalidade de mais um acidente no IC 2, cerca de Cernache (agora com três mortes e um ferido grave), volta a evidenciar a indispensável e urgente melhoria daquele itinerário, com duplicação de vias e não apenas com a reclamada colocação de um separador; João Vasco Ribeiro preside ao Conselho Geral da Escola Superior de Enfermagem, que continua a querer (quem não quereria?) integrar-se na universidade; arrancaram as obras – já era melhor, agora fica maior – da Unidade de Saúde Familiar Briosa; a Adega Cooperativa de Cantanhede, excelente e modelar nos seus tantos sucessos, celebrou o 60º aniversário; e a Ceirarte, com as suas tradições, artesanato e gastronomia, está de regresso, também hoje e amanhã, à freguesia, ali tão perto, do lado de lá do Mondego.



António Cabral de Oliveira