sábado, 2 de abril de 2016

A 20 de feveiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Dos 2,7 mil milhões com que se vai melhorar a ferrovia nacional, o projeto que exige maior investimento será o da modernização da Linha da Beira Alta. A sua adaptação para comboios de 750 metros (contra os atuais 500), as concordâncias na Pampilhosa e na Guarda, o fecho da Linha da Beira Baixa desde a Covilhã, custam 691 milhões de euros. O bom senso político vence, afinal. Os pareceres técnicos, a racionalização dos meios financeiros, batem o arrivismo oportunista de um lóbi sub-regional, conluiado com o Norte, que poderia ter prejudicado seriamente os interesses de todo o Centro. E a jornada, tardia mas positiva, da CIM da "Região" de Coimbra que a levou até Mortágua para reivindicar aquele mesmo projeto – há que lutar agora, designadamente, pela requalificação da Linha do Oeste – era, afinal, e felizmente, o corolário de uma certeza que, a bem da nossa sanidade coletiva, não podia ser outra.

Olho, através da janela, as esfiapadas bandeiras do município de Coimbra que ondulam no alto dos mastros publicitários. E, sem me interessar como está o contrato com a JC Decaux, indigno-me, assim maltratado, com o estado do pavilhão da minha cidade. Onde, chego a recear, já nem dos seus símbolos sabemos cuidar. Se quem não tem panos não arma tendas, então, quem não tem tendas...não levanta panos!

Julgo que os municípios podem, em determinadas condições, executar obras coercivas em imóveis degradados e depois apresentar a conta aos proprietários, ou mandar retirar, por exemplo, propaganda política e fazer-se pagar posteriormente, junto dos partidos, pelas despesas efetuadas. Se assim é, pergunto-me se a câmara de Coimbra não poderia – estou a ironizar, ou se calhar não –, pôr uma draga a retirar as areias acumuladas no leito do Mondego e apresentar no fim de cada mês a conta ao ministro do Ambiente (que agora, aquando das últimas inundações se mostrou, garantia Machado, permanentemente disponível), a quem seja da administração central. Isto para, finalmente, se fazer o imprescindível desassoreamento do rio, sem o que os problemas das cheias serão sempre mais gravosos do que o admissível.

O presidente da câmara, cheio de esperança, informava que o Orçamento de Estado 2016 contempla uma verba de mais de dois milhões de euros, correspondentes, parece, à comparticipação nacional no projeto. Mas qual projeto? O do metro de superfície ou o das camionetas elétricas?

Enquanto o governo, no seu programa, se diz disposto a reverter a fusão das empresas no setor da água, o secretário de Estado do Ambiente dava conta, em encontro de trabalho em Coimbra, ser aquele um processo com contornos legislativos e financeiros complexos, mas que, está convicto, será resolvido "o mais brevemente possível". Ficamos à espera, pois, que se devolva aos municípios a capacidade de decisão que legalmente é do poder local, também que se acabe com mais essa esdrúxula divisão de se partir a nossa Beira ao meio, metade para o litoral, o resto...para Lisboa e a sua EPAL.

Atento, nas capas dos quatro jornais diários das nossas cidades beirãs, nos números das pequenas e médias empresas de excelência, distinção, seguramente séria, da responsabilidade do IAPMEI. E constato que Aveiro viu premiadas 199, Leiria 118, Coimbra (apenas) 58. Bem sei que Viseu, mais no interior, tem menos, 39, mas aqueles valores – e penso especialmente no Gabinete de Apoio ao Investidor do município – significam o quê?

Se quase todos se abstiveram quanto à extinção da Sociedade Metro Mondego, só o PS manteve (o peso de ser governo!) o mesmo sentido de voto em relação à reposição, modernização e eletrificação do Ramal da Lousã, agora proposta pelo PCP e aprovada na Assembleia da República; autorizar um "caixote" na Guarda Inglesa, bem junto ao Convento de S. Francisco, para nele se instalar um supermercado – mamarracho lhe chamaram agora os mais dos edis – não lembraria a ninguém, poderíamos julgar, não fosse a (apenas adiada?) posição da maioria socialista na câmara; Manuel Machado, e não recordo atitude idêntica ou recíproca seja em que reivindicação for, apoia Rui Moreira e o Porto na luta contra a TAP; vantagem das cheias, já se pode pescar, enguias, no mosteiro de Santa Clara-a-Velha; e "velas" dos Descobrimentos, espelhos de água e jardins de buxo antecedem o novo edifício de entrada do Portugal dos Pequenitos que, futuramente, irá bem aproveitar, por fim, os terrenos que, a nascente, o município lhe disponibilizou.

António Cabral de Oliveira

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