quinta-feira, 16 de maio de 2013

A 11 de maio ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, legitimando o seu valor excecional universal, deu (indispensável) parecer favorável à classificação da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como Património Mundial. Enquanto aguardamos, já em junho, a decisão da UNESCO, talvez fosse importante concretizar uma ideia de Carlos Fortuna que aponta para se instalar, nas tardes de sábado, no próximo mês, exatamente naquela que foi, num tempo, a rua mais larga da Europa – naturalmente fechada ao trânsito –, uma exposição do projeto, fundamental para a cidade e para a região – como bem reconhecia Fernando Ruas, em Viseu –, por forma a que a população e quem nos visita melhor entendam, por fim, o porquê, os propósitos e o alcance da candidatura.

Entretanto, a propósito da Universidade, preocupante, absolutamente preocupante a exclusão de Portugal, por parte do governo brasileiro, do programa de bolsas no estrangeiro para estudantes, também (e sobretudo para nós) aqueles, tantos, que escolhiam Coimbra para prosseguirem estudos. Vamos ver a força dos ministérios da Educação e dos Negócios Estrangeiros, ainda a capacidade do Grupo Coimbra de universidades do país "irmão".

A serenata na Sé Velha, também pela sua dimensão, continua a ser, do meu ponto de vista, manifestação impressionante, essencialmente pelo muito que significa quando lembramos a recuperação das tradições académicas. Que tiveram, agora, de novo, momentos altos com a realização da Queima das Fitas, festa dos estudantes que a cidade vive, ainda e sempre, como património seu. E sobre a qual a imprensa dita nacional ou não fala – do mal o menos –, ou continua a sublinhar, quase exclusivamente, um desaforo, o número de estudantes ébrios transportados (e não se pode, atendida a não urgência das situações, proibir o uso das sirenes nas ambulâncias?) aos hospitais.

Fui, um dia destes, à Lápis de Memórias participar no lançamento do livro "Ser Cristão? Porquê, Para quê", de José Veiga Torres, bela edição desde logo para ver e manusear, uma obra de leitura necessariamente exigente e demorada. Contrariando o sentido habitual, aquela livraria independente tornou à baixa, para, deixando a Solum, se instalar na Fernão de Magalhães, e aí exercer a excelente atividade que a individualiza. Mas este regresso ao, chamemos-lhe assim, centro da cidade, jamais me fará esquecer – obrigado Adelino Castro –, o derradeiro e delicioso encontro com Manuel António Pina, antigo camarada das lides jornalísticas, que mantive, ali, na Elísio de Moura.

Voltei às margens do Mondego, agora para ver, ambiente e espetáculo magníficos, as regatas da Queima das Fitas, as maiores de sempre, com as suas mais de quinhentas tripulações. Que desperdício – não naquele dia, evidentemente – dos benefícios com que a natureza (e o trabalho do homem) dotou Coimbra…

Leio, a propósito da degradação do património nacional, que a Região das Beiras é a mais carenciada em termos de recuperação. E é quase infinda (perdoe-se o algum exagero) a lista de monumentos, designadamente em Coimbra, a necessitarem de regeneração urgente. Quadro que me deixa muito apreensivo, sobretudo quando Celeste Amaro, diretora regional de Cultura do Centro, afirma, sem rebuço, que, afinal já amanhã, "mais uma dúzia de anos sem reabilitação adequada e o património cai". Valha-nos Deus!

Curiosíssima – e, também, a acreditar nas expressões, muito divertida – a Color Run que levou às margens do rio, excelente, mais de treze mil participantes; o colégio de São Teotónio está a celebrar, parabéns, o seu 50º aniversário; os CTT, que entretanto desmentiram, preparam-se (as informações que não a mas o Cidade tem!) para deixar abertas em Coimbra, seria a demência absoluta, apenas três estações de correio; e está aí, até ao fim do mês, em Santo António dos Olivais (tenho de lá ir um dia destes comer uma primeira sardinha assada), a romaria do Espírito Santo.
 
António Cabral de Oliveira

A 4 de maio ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Portugal – e é inacreditável o número de incêndios registados esta semana, na região, logo no primeiro dia de algum calor ou, em boa verdade, de menos frio – é, segundo a FAO, o país do mediterrâneo que mais ardeu na última década, com quase 345 mil hectares queimados. Entretanto, depois de mais de 100 mil fogos e tanta floresta destruída, cabe perguntar aos serviços competentes (?), em vésperas de mais um estio, quanta dessa área, desde logo na nossa Beira, foi já reflorestada ou, minimamente, teve tratada a recuperação natural do coberto verde.

Monsenhor João Evangelista, que sempre olharemos como o primeiro guardião da Sé Velha, de que é Pároco, desistiu da sua luta pela união das duas igrejas, a Nova e a Velha, na dignidade catedralícia que considera viável e justa. Agora, depois de tantos anos, vem, em artigo de opinião, para que não percamos todos, como sublinha, reconhecer-se vencido. Pela convicção e persistência com que sempre defendeu o seu sonho, ainda pelo meu convencimento da equidade da sua postura, a expressão de inteira consideração e respeito.

Leio que a Câmara Municipal abriu concurso para (re)instalação de um posto de combustíveis na avenida da Lousã. O que me deixa surpreso porquanto, decerto confusão minha, a ideia era retirar dali aquele equipamento para se cumprir, plenamente, o projeto do parque verde. Mas a minha perplexidade no que respeita a bombas de gasolina não se queda por aqui já que, julgava eu, a instalada na praça Mota Pinto, junto à entrada dos HUC, era para ser deslocada para o cruzamento da Gouveia Monteiro com a Costa Simões e, afinal, depois de obras, apenas mudou de... concessionário. Enfim, mistérios que talvez alguém nos possa e queira esclarecer.

Para celebrar o dia da dança fui – mas, tamanho o despautério, nem quero que se saiba – assistir a um arremedo de qualquer coisa, que não sei sequer definir, ao (necessariamente também responsabilizável) Teatro Académico de Gil Vicente. E foi pena porquanto, se nos queixamos da pouca oferta proporcionada, trazer espetáculos (?!) destes só prejudica uma arte, de facto excelente, que, para além de todos os experimentalismos – e há tantos tão aprazíveis –, tem de ser, em substância, respeitada. O que, ali – aquilo, a meu ver, em termos de dança, é nada –, de todo, não aconteceu. Mas, enfim, pode ser que nos valha a programação, até ao dia 12, do Ano do Brasil em Portugal.

O café Santa Cruz, agora a celebrar o seu 90º aniversário, comemora no próximo dia 7, nomeadamente com a reposição do jantar inaugurador, uma efeméride (lembro Alexandre Marques) que importa sublinhar não só pela longevidade alcançada, seguramente também pela extraordinária atividade social e cultural que a histórica e lindíssima sala – inquestionavelmente uma das mais belas do país – nos vem proporcionando. E até daqui a dez anos...

Varela Pécurto, como se não lhe bastassem os excelentes serviços prestados a Coimbra enquanto correspondente da RTP e, sobretudo, repórter fotográfico – quantas vezes me (nos) valeu nas nossas vidas jornalísticas – doou, agora ao município de Condeixa-a-Nova, à semelhança do que vem acontecendo com outras autarquias, uma coleção de fotografias, ali obtidas, de sua autoria. Um espólio, com certeza magnífico, que fica a registar, assim desconcentradamente, a história e a memória da região.

José Cunha-Vaz, parabéns, foi distinguido com o Prémio Bial de Medicina Clínica pelos seus trabalhos em retinopatia diabética; na antiga sede da ACIC, de saudosa memória, para o que havíamos de estar guardados, quer-se instalar, imagine-se, um business center; o Portugal dos Pequenitos é, relevante, um dos roteiros que a Google disponibiliza no Street View; e Gal Costa, ótimo, estará entre nós para um espetáculo no dia 6 de julho, incluído nas Festas da Cidade, assim voltando Coimbra a integrar, justamente, o circuito nacional de digressões europeias.

Está aí a Queima das Fitas, festa maior – seguramente marcante para muitos, no melhor tempo das suas vidas – dos estudantes da velha academia. De que se espera consigam, amanhã, pelo menos, bem recordar-se...

António Cabral de Oliveira

A 27 de abril ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
O secretário de Estado da tutela, em visita pela região, escolheu a deslocação a Coimbra para considerar o turismo da saúde como um dos produtos estratégicos na política governamental para o setor. É provavelmente por causa desse intento – e prioridade – do Terreiro do Paço que o presidente da câmara ficou preocupado com o que viu (ou melhor, um deserto absoluto, não viu) quando num destes sábados esteve no hospital "fantasma" dos Covões. Em razão do que levou, mesmo, à reunião do executivo autárquico, a certeza da não aceitação, para além do encerramento noturno das urgências, do seu fecho, também, aos fins de semana.
 
Jaime Soares, sabe-se, é capaz, sempre naturalmente, do melhor e do pior. Depois de ter sido o único, com discernimento suficiente, a exigir quatro faixas aquando da construção nova ponte da Portela, vem, agora, a propósito das limitações que implica, não menos naturalmente, o seu alargamento, levantar público protesto e disponibilizar maquinaria da câmara de Poiares para retirar da EN 17 tudo o que a está a estrangular. Isto enquanto, porventura já imbuído, nas suas altas responsabilidades sportinguistas, pelo espírito das águas do Tejo, não se eximia, escusada, a mais uma bicada na... má vizinha Coimbra.
 
A Escola Superior Agrária (originariamente a estrutura destinar-se-ia a coudelaria nacional) encerrou as comemorações do seu 125 aniversário com um regresso, ano da sua fundação, a 1887 (esteve realmente magnífica a feira à moda antiga), quando era, então, Escola Prática Central de Agricultura. Eis, pois, uma belíssima forma de, lavrando úberes chãos do passado, lançar à terra sementes de presente, para se colherem primícias de futuro, enfim, se olharem, bem, os desafios de amanhã.

A programação, em Coimbra, do Ano Brasil em Portugal, que hoje se inicia, para se prolongar até 9 de junho, inclui, em diversos espaços da cidade, manifestações de teatro, música e dança. Oportunidade, ampla e seguramente de qualidade, para, na língua comum, em conjunto com a vasta comunidade de estudantes que escolheram a nossa universidade para concluírem os seus cursos, apreciarmos um pouco da cultura que, na circunstância, o país irmão agora nos traz.

Não faço, nem sei se um dia virei a fazer, a mais pequena ideia da forma como funciona o novo serviço, disponibilizado experimentalmente, que permite o pagamento do estacionamento por telemóvel. Mas, se contribuir para a qualidade de vida dos cidadãos, sobretudo se ajudar a acabar com os "arrumadores" que enxameiam tudo o que é praça ou largo de Coimbra (em que se ocupa a Polícia Municipal?), então vou aprender rapidamente, gritar um viva à nova utilidade do aparelho.

Pintaram, finalmente, a sinalização horizontal na Rua do Brasil, entre a Nunes Pereira e o Alto de S. João. Pena não terem deixado apenas o traço contínuo (melhor seria dois, e a amarelo) por forma aos automobilistas bem entenderem uma desejável obrigatoriedade de circulação entre as atuais três rotundas. E, já agora, com tantas exceções e autorização de cortes, mais-valia, afinal, terem optado pelo tracejado: sempre poupavam na tinta...

A câmara municipal, foi pelo menos anunciado, fechou as contas de 2012 – que ótimo, pode ser que assim comece a tapar os buracos, a recuperar os tantos e tão degradados pisos da cidade – com um saldo positivo de mais de cinco milhões de euros; pilotos que voaram para aeródromo Bissaya Barreto consideraram-no (imagine-se o que não diriam se estivessem já instalados equipamentos indispensáveis e prolongada a pista) um dos melhores do país; os Transportes Urbanos de Coimbra, e com certeza não foi por os médicos nos aconselharem a andar a pé, transportaram menos 1,5 milhões de passageiros; e jovens do Rotaract Clube, um exemplo, limparam, civilizadamente, pichagens com que alguns – há quem as considere, imagine-se, valores culturais (?) e manifestação de liberdade política (!) – vandalizam espaços públicos...
 
António Cabral de Oliveira