sábado, 2 de abril de 2016

A 5 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Porque se está a poucos meses, admitamos, de saber o que se vai fazer do "metro", deveríamos talvez esperar pela solução que for encontrada para se definir, então, a agora chamada Via Central. Mas não podemos esquecer os vários "compromissos assumidos", dizia Manuel Machado, sobretudo, acrescento eu, as responsabilidades financeiras que advirão, ou poderiam advir, que é o que se quer evitar, do canal entre a Fernão de Magalhães e a Sofia deixar de ter um uso (quase) exclusivamente ferroviário, para ser rodoviário. Daí, e antes que o governo decida qual a opção para o sistema de mobilidade do Mondego, a urgência de se aprovar – a sua execução, com a recuperação urbanística do degradado espaço, logo se verá – um projeto, com alargamento para os cinco metros, de natureza "rodoferroviária", seja isso o que for, indispensável para "consolidar"... os tais "compromissos". Estamos, enfim, a procurar reverter o que está aprovado, patrimonial e ambientalmente, para não termos, penso, de gastar o dinheiro não a fazer o metropolitano de superfície, mas...a pagar indemnizações!

Entretanto, e que mal pergunte, se o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, quer que os projetos de investimento dos metros do Porto e de Lisboa sejam candidatos a financiamento no âmbito do Plano Juncker no próximo ano, porque não o é também o de Coimbra? E até lá, com as verbas que possibilitariam (apenas) as camionetas elétricas, íamos avançando, já de pronto, com a interrompida obra.

Em corretíssima, gostaria de acreditar, "estratégia de descentralização e proximidade", o primeiro-ministro anunciou reuniões mensais do governo nas diversas capitais de distrito e regiões autónomas. E António Costa deu conta que a primeira, já neste mês de março, vai realizar-se em Coimbra. Uma primazia que, reconheço, é algo de notável e surpreendente, sobretudo quando atendemos ao esquecimento a que generalizadamente temos sido votados, à permanente desconsideração política com que os sucessivos executivos têm distinguido a cidade e região. E quedo-me, assim surpreso com "tamanha" deferência, questionando o que de tão relevante nos vai ser por fim anunciado; se o gesto nasce apenas por causa da oposição interna à liderança socialista aqui partidariamente afirmada; se tudo não passa de mera estratégia comunicacional; ou se, sonhemos ainda, se volta a olhar para Coimbra com a atenção indispensável ao seu pleno desenvolvimento no valorizar de potencialidades imensas. Em favor de um país harmonioso e territorialmente coeso.

Afinal – e mais do que uma qualquer opção técnica, o que for, isto só pode ser falta de discernimento –, o inadmissível acontece! Depois dos enormes transtornos que provocaram, na semana passada, os trabalhos de alcatroamento da rotunda Artur Paredes, não satisfeitos ainda, eis que se repete, nestas segunda e terça, idêntica empresa, agora na rotunda da ACIC, no cruzamento da Carolina Michaelis com a Humberto Delgado, assim voltando a viver-se, em toda a zona, (qual será a da próxima semana?) um verdadeiro e exasperante pandemónio em termos de trânsito. Diz o nosso Povo, mas o autêntico, que, em boa verdade, pelas suas opções de vida e escolhas, cada um tem aquilo que merece. Os munícipes de Coimbra, politicamente, se calhar, também...

Com a celebração de mais um aniversário dos antigos Estudos Gerais, o 726.º, a Universidade de Coimbra deu início – com um alegre e divertido espetáculo de bailado, bem dançado pela companhia de Paulo Ribeiro, no Gil Vicente – a nova edição da sua Semana Cultural, valiosa iniciativa que, este ano sob o feliz tema "O livro: no princípio, era o conhecimento", nos propicia, ao longo de dois meses, uma centena de ações que inscrevem espetáculos, teatro, cinema, exposições, conferências, debates, conversas e oficinas. Numa profusão e riqueza que implicam, indispensavelmente, uma enorme adesão dos públicos, também o universitário, da cidade.

Um concerto da Orquestra Clássica do Centro, dirigido pelo seu novo maestro titular, José Eduardo Gomes, marcou, e muito bem, o início das celebrações do 15.º aniversário de uma formação que tarda em ter o merecido e indispensável apoio por parte do Estado; os Escuteiros de Ceira, justificadamente orgulhosos, estão a celebrar os seus 50 anos de vida; decorre até amanhã, a não perder, a BD Coimbra; está aí, no Dolce Vita, com visita recomendável, a Expo Clássicos; e a cidade não acordou, no passado fim de semana, como alguns expectavam, outros anunciaram, vestida de branco.

António Cabral de Oliveira

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