sábado, 2 de abril de 2016

A 23 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Foi finalmente consignada, com as respetivas obras a iniciarem-se de imediato (depois de trabalhos de arqueologia que me levaram a recear, qual castanha, me estalasse na boca aquela ironia do porto fenício), a renovação do Terreiro da Erva. Uma intervenção que, em favor da inteira regeneração da Baixa, também do inadiável desaparecimento de usos marginais, deverá estar concluída em setembro próximo, e se materializa numa praça com esplanadas para o lazer e fruição dos cidadãos. E com árvores.

Anda meio mundo muito preocupado com o Convento de S. Francisco enquanto (magnífico) centro cultural e de congressos. Pela riqueza dos espaços, por receios de pobreza em capacidades de gestão. Mas pode ser que pensar, ali, num núcleo inicial de um futuro Museu Nacional da Língua Portuguesa seja uma possibilidade a considerar. E, também, porventura, numa mostra do vasto e valioso património azulejar do Machado de Castro. Ou, ainda, se formos a tempo, naquela ideia de trazer para Coimbra os Mirós que andam aí, não se sabe bem por onde, mas que parece querem levar, desta feita não para Lisboa, mas para o Porto.

Em dia de aniversário do Aero Clube, o 40º, fui ao campo de aviação (aeroporto de Coimbra, chama-lhe o Intellicast) para, agora que já há diretor, me congratular com a efeméride e a apresentação do projeto de novo e indispensável hangar. E constatar, ali, que só falta, assim, coisa pouca(!), resolver o problema da titularidade da estrutura, prolongar a sua pista para os 1200 metros, garantir a melhoria do abastecimento de combustíveis e a revalidação e certificação da operacionalidade da torre, assegurar a continuidade do reconhecimento de ser este o terceiro mais movimentado aeródromo do país, afirmar e valorizar a sua importância regional e nacional.

Primeiro, foi a EDP a asseverar que "a barragem cumpriu a sua função de contenção de caudais de cheia" (notou-se!) e, mais, que "fez uma exploração controlada e com segurança, tendo sempre como primeira preocupação – o nosso obrigado – a minimização de danos gravosos nas populações". Depois, a APA a garantir, nem mais, que a universalidade das medidas foram asseguradas, "toda a informação para a gestão das cheias foi disponibilizada em devido tempo", enquanto acentuava que a Aguieira, mas quem pode afinal duvidar?, "tem um plano de exploração que está a cumprir , tendo sido realizada uma gestão adequada em relação às circunstâncias". E é de tal jeito, por estas, e por outras, que, culpados, nós, por termos escolhido viver junto ao rio, que continuamos, os do Baixo Mondego, a ter, em cada ano, cheias que para a Agência Portuguesa do Ambiente são (e assim serão, tudo normal, afigura-se) um quadro "recorrente". Connosco, todos, não se duvide, a percebermos muito bem porquê...

Azar dos azares, no dia em que a Universidade de Coimbra dava nota da atribuição do grau de "doutor honoris causa", por certo com justiça, ao chairman, não executivo, da Bial, Luís Portela, era também notícia que o teste, em França, de um medicamento daquela farmacêutica portuguesa fazia, lamentavelmente, seis vítimas, uma das quais mortal.

Que excelente nova a inauguração do MAREFOZ, laboratório avançado do Pólo de Coimbra do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. A mais antiga universidade, finalmente, na Figueira, para, valorizando-se, ajudar a afirmar o conhecimento e a inovação em favor de um maior desenvolvimento do saber e da economia. Agora só faltará vocacionar a desativada fábrica de cal hidráulica, no Cabo Mondego, para essa, e porventura outras, atividades ligadas ao mar, à costa marítima da região beirã.

Morreu Gonçalo Reis Torgal, homem da Académica e da gastronómica Panela ao Lume (nascida no extinto O Comércio do Porto), sempre devotado, como poucos, à sua Coimbra; José Dias, vice das duas anteriores direções, tomou posse como novo presidente da AAC; as duas regiões turísticas do Norte e do Centro de Portugal, de forma inédita, promovem-se conjuntamente – queixemo-nos depois de só haver dois territórios, um mais para cima, polarizado pelo Porto, o outro lá para baixo, liderado por Lisboa – na espanhola FITUR; o investigador Adélio Mendes é o vencedor do Prémio Universidade de Coimbra 2016; e, em tempo outra vez de perda, nesta imaterialidade que nos envolve, e encanta, a cidade ficou mais pobre com o falecimento de António Almeida Santos.

António Cabral de Oliveira

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