sábado, 2 de abril de 2016

A 2 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Neste dealbar do ano, e depois de instalado o novo governo, consonante afinal com a maioria partidária do executivo camarário, estará na hora, quero seriamente acreditar – mas se calhar até já o fez ou agendou –, de Manuel Machado se fazer à estrada para, em Lisboa (onde havia de ser?) debater com os responsáveis da administração central, seus correligionários, desde logo três evidentes prioridades para Coimbra: o rápido avanço da autoestrada para Viseu; o início, também imediato, da construção da nova estação ferroviária da cidade; a conclusão do Metro Mondego. E tudo, claro está, sem mais estudos, projetos, o que seja.

Em artigo no "Público", do passado dia 27, intitulado "O legado colonial de Portugal no Brasil: entre a culpa e a redenção", depois de referir que Lula da Silva tinha afirmado, em substância, numa conferência em Madrid, que a culpa pelos atrasos na educação (no seu país) é dos portugueses, Diogo Ramada Curto, da Universidade Nova de Lisboa, note-se bem, a propósito do que chamava de reações nacionalistas, lembrava uma entrevista do Reitor da Universidade de Coimbra, ao mesmo jornal, onde defendia que a "unidade do Brasil era obra da sua própria instituição". E acusava o Magnífico de "deturpação do que se passou", de " atoarda, e das grandes", tudo em favor, continuo a sintetizar, de "um (sic) espécie de redenção ou de salvação da Universidade de Coimbra". Serão argumentos contra argumentos, sei. Mas fico a aguardar, expetante e exigente, a resposta da mais antiga instituição universitária portuguesa...

Foi, outra vez, um imenso pandemónio na Solum (como se não bastassem as habituais dificuldades) com filas compactas de trânsito à espera, demoradamente, que se corresse a S. Silvestre. Por mais que me queiram fazer explicar, não consigo entender, de todo, porque se prejudicam milhares e milhares de cidadãos para 1.600 outros se deleitarem com uma atividade, com certeza salutar, que poderia, e deveria, cuido, ter lugar em espaço onde não provocasse tamanhos constrangimentos à vida urbana. E continuo nada esperançado em que os governantes de Coimbra façam trocar as ruas e avenidas por, sei lá, um circuito pelos campos do Mondego, por exemplo, para os lados do Choupal. E todos lucravam. Os pedestrianistas, com o ar puro da natureza, também os peões – até para atravessar as passadeiras tinha de ser com o auxílio de prestáveis polícias – ainda e sobretudo (quantos litros de combustível desbaratados, tanta poluição lançada aos ares) os desesperados automobilistas!

O número de turistas na Universidade – e não nos estamos a referir aos estudantes que, alheios aos chumbos, persistem em ficar entre nós – mais do que duplicou em quatro anos, passando dos 160 mil para os 355 mil, tendo-se registado, só em 2015, um aumento de 20%. Avaliando o crescimento como "demais", o vice reitor Luís Menezes precisou que, para diluir um pouco a afluência, vão ser criados novos programas e, perfeito, abertos outros espaços, designadamente as galerias de Física e Zoologia do Colégio de Jesus.

"Curar e reparar" é, foi anunciado, o tema da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra em 2017, que terá suportes diversos, uma vintena de artistas participantes e a curadoria de Delfim Sardo. Sustentando-se a vontade da sua internacionalização, a AnoZero (porque não, diria, a AnoUm?) mantém-se sob a responsabilidade do Município, Círculo de Artes Plásticas e da Universidade, começando já a falar-se, pois não havia de ser!, da necessidade de criação de uma estrutura profissional. Veremos, então, depois do tão propalado êxito deste ano, o que nos reserva – e que em boa verdade ambiciono seja bem melhor – a próxima edição.

O município de Cantanhede deliberou atribuir um subsídio de um pouco mais de dois mil euros ao Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga, em apoio à campanha de angariação de fundos para aquisição do quadro "A Adoração dos Magos", de Domingos Sequeira, para aquele museu de Lisboa. Acho bem. Só almejo é a mesma atitude quando o Machado de Castro, ou um qualquer outro da região, solicitarem colaboração afim. É que para privilégio das Janelas Verdes, bem lhe basta o especial carinho da, sempre tão pródiga, administração central. 

António Cabral de Oliveira

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