sábado, 2 de abril de 2016

A 12 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Helena Freitas – já que não foi ministra, alguma coisa de relevante e vistosa teria naturalmente de receber – é a coordenadora da Unidade de Missão de Valorização para o Interior, um novo ente político agora apresentado, com pompa e circunstância, no Portugal profundo. Propondo-se, e quanto êxito lhe auguro, refazer a coesão territorial através de medidas de desenvolvimento do interior (aquele espaço, vastíssimo, quase o país inteiro, abandonado, desprezado, naturalmente desertificado em favor da cidade-Estado), a anterior vice reitora de Coimbra tem entre mãos a mais difícil e exigente missão da governança deste assimétrico Portugal. Mas, com certeza, também, a mais desafiadora e exaltante.

Adiada logo a primeira, em Coimbra, começam mal – bem sei que as razões hão de ser ponderosas – as anunciadas reuniões mensais descentralizadas do governo.

O professor Manuel Tão, do alto do seu muito saber, afirma que, ao contrário da requalificação da Linha da Beira Alta, a construção de uma nova ferrovia Aveiro-Viseu-Espanha, caríssima, “não respeita as necessidades de estruturação interna” da Região Centro. É uma “miragem fantasiosa” sem “qualquer tipo de fundamentação”, enfatiza ainda. Ora eis.

Pensando não valer a pena – já escrevi repetidamente criticando em absoluto o desinteresse ou a incapacidade dos comerciantes da Baixa – não fui, naquele dia, a mais uma reunião organizada pela sua esforçada Agência de Promoção. E, pelo que li, estava, desgostoso embora, cheio de razão: a mesma apatia (40 entre centenas); as queixas de sempre, sobretudo contra a autarquia; o lançar de culpas a todos os outros, mas não aos próprios. E, assim, num tempo indiciador do regresso ao comércio tradicional, continuamos à espera de uma revoada de gente nova que, com alguns, poucos, dos atuais empresários, possam modernizar e dinamizar todo aquele tecido económico e social. Obrigando a câmara, de tal jeito, a um mais efetivo e indispensável empenhamento na requalificação urbana da zona.

Para uns – e estamos a falar do sistema de mobilidade do Mondego – é a defesa dos verdadeiros interesses regionais através do carril; para outros, o pugnar por conveniências que envolvem o pneu; para alguns, ainda, as imensas dúvidas técnicas que implica uma solução, o "busway", obviamente mais barata em razão de custos diretos, que não, de todo, em termos de sustentação, de desenvolvimento, afinal de futuro.

Podemos estranhar a demora na utilização do espaço, ao fundo da Paulo Quintela, para a construção de casas para magistrados (o ministério da Justiça nem as faz nem devolve terreno ao município), discordar-se, mesmo, do seu uso para localização, ali, de uma feira semanal de levante. Mas, neste longo entretanto, uma coisa é certa: os trabalhos de pavimentação agora realizados pela câmara valorizaram a área e retiraram-lhe, na medida do possível, mas substantivamente, aquele ar terceiro mundista que a todos nos envergonhava.

Garantia-se para o final do verão passado a ligação entre a Baixa e a Alta através da mata do Botânico. Entretanto, apesar de concluída – e lembro recente e oportuna reportagem, aqui, de Ana Margalho –, continuamos à espera pelo ultimar das obras na Praça da Alegria e da chegada dos pequenos autocarros elétricos que irão fazer o percurso. Talvez lá para o princípio do próximo verão, não chega bem a um ano depois do prometido, possamos, enfim, redescobrir outros segredos do nosso mais belo jardim. Alegremo-nos, pois.

Muito bem esteve a JSD quando, para lembrar aos governos (nacional, "regional", local) e à Presidência da República que, sem Afonso Henriques e Coimbra, primeira capital do reino, não haveria Portugal, depositou uma coroa de flores junto ao túmulo do Rei Fundador; nem sou entendido nem aprecio especialmente a arte da banda desenhada, mas gostei de visitar a CoimbraBD que, diz-me quem sabe, se constituiu numa ótima iniciativa; foi consignada a construção da rotunda da Guarda Inglesa, por certo importante para a segurança da circulação, também valorizadora (mas não, por favor, de um qualquer outro equipamento) do convento de S. Francisco e da faculdade de Desporto; a escola de Medicina, justíssimo, atribuiu a sua medalha de ouro a Catarina Resende de Oliveira; e a festa da Francofonia tem vindo a celebrar, também na (por ela) nunca esquecida Coimbra, a cultura francesa.

António Cabral de Oliveira

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