quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Advinha (não vale consultar a internet/wikipedia/Arquivo do Nuno Rogeiro):
Boa sorte e Bom Ano!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A 22 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A construção da autoestrada Coimbra-Viseu, com estudos que apontam para fluxos de tráfego consideráveis, é, para o presidente da Estradas de Portugal, “uma ideia certa no momento errado”. O que implica que, as mais das tantas AE que por aí se rasgaram, sobretudo à volta de Lisboa e do Porto, mas sempre, sempre, bem longe de Coimbra, tenham sido, agora com valores de trânsito irrelevantes, ideias erradas em momentos certos. E quem responde por tamanho dislate, quem devemos chamar à responsabilidade pelos erros cometidos – e premeditados – de absoluta carência em algumas regiões, de excesso de oferta nas mesmas áreas de sempre, ambas em absoluto prejuízo do correto e harmonioso desenvolvimento do país?
Os resultados que colocam o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra no segundo lugar da avaliação que a Escola Nacional de Saúde Pública faz dos hospitais do SNS, bem como a certeza de cinco dos seus serviços serem considerados os melhores em Portugal, são, evidentemente, fator de enorme regozijo e imensa tranquilidade para todos nós, talvez em especial para a Região Centro, que aquela unidade de referência serve de forma mais próxima. E isto, valham o que valerem os índices, sejam quais forem os critérios (que alguns dizem científicos, outros aleatórios, embora, não o esqueçamos nunca, motivados mais por interesses pessoais ou corporativos do que de serviço público) que lhe servem de matriz. Entretanto (mas como, questiono-me) os responsáveis dos CHUC almejam agora alcançar o primeiro lugar da ordenação, pesem embora os anunciados cortes em camas e em pessoal, que se querem, dizem, de pelo menos oito por cento…
A Universidade do Minho afirma ter como grande projeto de futuro a dez anos o seu crescimento para os 25 mil alunos, entrando também assim, sustenta, para o ranking das três maiores Escolas portuguesas. Privilegiando, somos levados a pensá-lo, a quantidade em detrimento da qualidade, esta é, afinal, a forma, olhando para a realidade nacional, de, na sua limitada visão, ultrapassar a Universidade de Coimbra. Pelo menos, deseja-o, em número de alunos, não tanto, receamos nós, em resultados científicos alcançados. Santo país este onde nem ao mais alto nível do saber – é pelo menos esse o entendimento que temos de ensino superior – consegue ser uma lição!
Parece, indica-o um estudo agora divulgado, que os portugueses estão a consumir mais na alimentação e menos em produtos de higiene. Neste tempo, limitador, de crise profunda, empenhemo-nos para que, assim mais gordos e mais porcos, não venhamos também a ficar mais feios e maus…
Já alguma vez imaginou, mesmo conhecendo, como conhecemos, a sua similar de cebola, uma compota de pimentos vermelhos? Eu confesso que não, mas deixe que lhe diga que é qualquer coisa de excelente, de muito bem conseguido em termos gustativos. Encontrei-a em ocasional prova, como tantas outras por que passo, nos Vícios Campestres, no Coimbra Shopping, uma lojinha gourmet que nasce do esforço, sempre louvável, de quem se empenha na procura ativa de alternativas ao desemprego que por aí grassa, e onde tomei contacto com aqueles pequenos boiões produzidos por um outro jovem, lá para as bandas da Serra da Estrela, também ele a encontrar na sua nova empresa um melhor projeto de vida. Uma delícia, nossa, feita em Portugal.
Um dia destes, ao olhar a toalha líquida que nos enriquece enquanto cidade, lembrei-me do assoreamento do Mondego e dos problemas e riscos, velhos e relhos, que a situação acarreta, e que não fazem, de todo, qualquer sentido, porquanto, asseguram-nos, a venda dos inertes a retirar cobriria os custos dos trabalhos de limpeza do rio e da sustentação dos muros das suas margens. Para que nos serve, afinal, o poder municipal – e a questão já se arrasta desde há vários mandatos autárquicos – se não é capaz, apesar de sempre anunciado empenhamento, de a resolver? Mais do que dificuldades técnicas ou financeiras, eis-nos, antes, confrontados, sejamos frontais, com uma enorme incapacidade política da nossa Câmara!
Como o mundo não acabou, ao contrário do que vaticinaram os Maias, mas Carlos Fiolhais contradiria – é sempre bom que sejam académicos de Coimbra a afirmarem a cientificidade das coisas – para todos, um Santo ou Feliz Natal.
António Cabral de Oliveira

A 15 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A diretora do Machado de Castro não foi parca nos adjetivos encomiásticos a propósito da reabertura daquele Museu Nacional: “coleções riquíssimas”, “peças fundamentais”, “referência da museologia portuguesa”, “projeto exemplar”, “o grande museu da escultura nacional”, a Capela do Tesoureiro a “proporcionar momento único e emocionante”, enfim, o “sublime enquadramento” alcançado por Gonçalo Byrne. E quando se poderia recear algum pecadilho por exagero, não é que, logo após breve visita (Deus meu, quanto de tão belo para se apreciar, demoradamente, em instalações superlativas), se concluía que Ana Alcoforado (as minhas homenagens, também, e naturalmente, para Adília Alarcão) tem, afinal, razão inteira! A magnificência a orgulhar Coimbra.
As circunstâncias, dramáticas, em que ocorreu a morte de José Guerra – um acidente brutal absolutamente inadmissível – foram um enorme murro no orgulho coimbrão. E é impressionante como, para além do seu exemplo de vida, também no seu passamento Guerra nos tenha querido deixar uma mensagem, uma chamada de atenção para os imensos pequenos grandes pormenores – desde logo a ausência de um suficiente muro de proteção, designadamente para invisuais – que fazem de Coimbra uma cidade afinal não tão inclusiva quanto julgávamos e, por certo, todos desejamos. Mais do que sempre oportunas iniciativas de sensibilização, como o foram as recentes “por Coimbra às cegas”, de um grupo de estudantes, ou a aceitação, por parte de técnicos da Câmara Municipal, de desafio da ACAPO para andarem pela urbe de olhos vendados, quanto trabalho nos aguarda, quanto empenhamento cidadão se nos exige…
Não fora a excelência da atividade cultural da Escola da Noite – desculpem a recorrência do tema, mas a culpa não é, de todo, minha – e quase poderíamos dizer que a sua existência já se justificaria só para nos proporcionar, promovendo-os, espetáculos como aqueles a que a cidade assistiu no findar da passada semana. De facto, a presença do brasileiro Grupo TAPA, de São Paulo, e a apresentação da peça “Doze Homens e uma Sentença”, constituíram, a meu ver, um dos momentos altos da história recente, aliás muito rica, do teatro em Coimbra. Excelente, já se sabia, o texto de Reginald Rose, magnífica, agora, a teatralização, as interpretações que garantiram momentos de sublime encantamento. Um abraço obrigado, gente, nesta nossa língua comum, para o lado di lá, e de cá…
O presidente da Federação Distrital do PS, reitera, em artigo de opinião, vontade (política?!) de voltar a afirmar Coimbra como terceira cidade do país, projeto que até poderia ter alguma valia… se a urbe o não fosse já, evidentemente. Entretanto, porventura para não lhe ficar atrás, um alto dirigente da Câmara Municipal, a propósito da aprovação do novo PDM, disse que Coimbra pretende “reivindicar o seu papel de capital da Região Centro”, uma exigência definitivamente abstrusa já que nem o mais empedernido detrator da cidade ousaria, sequer, questionar a sua manifesta liderança regional. Com tais responsáveis, para que precisa Coimbra de inimigos?
Um despacho do Secretário de Estado da Saúde ordena (nem mais!) a redução do número de camas nos hospitais do SNS – obviamente incluídos os de Coimbra –, medida que, com certeza, e quem sou eu para o questionar, há de contribuir, em muito, para melhorar a saúde no nosso país. Entretanto, aposto, para o ano, os serviços de estatística vão aumentar a esperança de vida dos portugueses, tendo em vista, também … idêntica melhoria das nossas aposentações!
A ACIC, a braços com um passivo imenso – como é possível tamanho trambolhão de entidade ainda há poucos anos financeiramente tão sólida? – procura alcançar um programa de recuperação que viabilize a sua continuação como estrutura representativa do tecido empresarial de Coimbra; Joana Amaral Dias, respondendo a inquérito de jornal, especificava que em Coimbra, onde fez todo o seu percurso académico, encontrou grandes professores que a “ensinaram a pensar”, um reconhecimento que, vindo de voz geralmente contestatária, comprova ser o ensino de excelência uma das principais vocações da cidade; a Região Centro, sustenta-o uma investigação da UC, come carne de porco e de aves de qualidade (se o frango está, assim, bom, então é porque, nestes tempos de crise, é o pobre que está doente); e Manuel Machado, coisa intrigante, até pela aceitação, foi oficialmente indicado pelas estruturas partidárias como candidato socialista à Câmara Municipal de Coimbra.
Entretanto, é Natal, e visitar o presépio dos Sapadores Bombeiros faz já parte das nossas tradições…
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A 8 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Está eleito – em ato que decorreu, significativamente, com quebras na participação da comunidade académica – o Conselho Geral da Universidade de Coimbra. Encontrados os representantes dos professores e investigadores, dos alunos e dos trabalhadores, segue-se a escolha das personalidades externas que irão completar (e uma delas, mesmo, sei mas não entendo bem porquê, presidir) aquele órgão da maior relevância na gestão das Escolas, designadamente ao nível da eleição do Magnífico Reitor e da definição das grandes linhas estratégicas da vida da mais antiga instituição universitária portuguesa. Entretanto, continuo a julgar que o governo da UC deve caber, exclusivamente, a si própria, e que as personalidades externas – naturalmente prestigiadíssimas, e cuja opinião sábia, avisada e influente deve ser tida como efetiva ajuda no encontrar dos melhores caminhos para se alcançar o inteiro cumprimento da enorme e indispensável missão que incumbe à universidade –, não deveriam participar no sufrágio. Até para não se poder contrariar, assim, o exato sentido da vontade maioritária interna democraticamente expressa pelos corpos das Escolas. E se a Lei não o permite, se este modelo de Regulamento não servir, altere-se, então, a legislação.

Saldou-se em manifesto fracasso a hasta pública de lojas e bancas no mercado municipal – apenas duas de entre a centena levada a licitação – em prova evidente de que, antes de tudo o mais, e para além do empenhamento, entusiasmo mesmo, do vereador José Belo, a Câmara tem de encontrar e concretizar novas políticas de dinamização (sem o descaracterizar) de um equipamento de grande qualidade, que é, também, um pólo cultural na cidade-não-apenas-betão. Sem saber muito bem como – mas é para isso que existem especialistas – importa demonstrar à comunidade urbana as vantagens de comprar no mercado D. Pedro V, levar as populações o sempre gratificante encontro designadamente com as mulheres e homens dos campos do arrabalde que ali trazem, ainda, fresquíssimos, e a bom preço, produtos magníficos. Mercar no mercado tem de se tornar moda, e o primeiro passo poderá ser dado pelos responsáveis autárquicos, desde o presidente à totalidade dos edis, ao encontrarem tempo, e sobretudo vontade, para ali fazerem as suas compras. E quanto gostaria de, amiúde, semanalmente talvez, lá encontrar, não apenas em períodos eleitorais, os políticos da cidade…
Pondo fim a desiderato de duas décadas, estão a decorrer os trabalhos de construção do nó de Soure à A1, antiga reivindicação daquele município que, justamente, sempre considerou a obra como estratégica para todo o território de Sicó. Pode ser que agora, assim com a mão na massa, numa altura em que também foi aberto o nó que ali liga a A13, a Brisa, ou lá quem seja, aproveite a ocasião para associar Coimbra-sul à saída de Condeixa, servindo melhor, com o simples acrescento de uma placa, os automobilistas que não precisam de passar pelo centro da cidade, como acontece quando são dirigidos para Taveiro. A não ser que a quebra de portagens naquela dúzia de quilómetros faça muita falta aos seus cofres…
Foram inauguradas as iluminações de Natal, este ano, como aconselha a crise persistente, de novo parcamente cingidas às Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, escolhidas, no seu significado comercial, para trazer à comunidade algum calor humano próprio da época. Entretanto, a propósito, e esquecendo por um pouco a imensa pedinchice que, um cansaço, nos aborda onde quer que estejamos, não deixe de visitar a feira solidária a favor dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, que hoje decorre, no quartel da corporação, na Fernão de Magalhães, afinal uma excelente oportunidade para, essencialmente, ajudar uma causa nobre, auxiliar uma instituição em situação difícil que a comunidade, cada um de nós, temos a obrigação de apoiar.
Por fim, regozijemo-nos, aí está a boa nova: o Museu Nacional de Machado de Castro reabre, magnífico, dizem-nos, na próxima quarta-feira, 13, depois da inauguração, dois dias antes, pelo Primeiro-ministro. Parabéns, Ana Alcoforado, e vamos aproveitar, todos, a programação que, abrangente até nos horários, se anuncia.
António Cabral de Oliveira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A 1 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR

Na frieza dos números, o retrato, irrefragável, de uma realidade que se pressentia: Coimbra continua a perder população – menos cinco mil habitantes, de acordo com os resultados definitivos do censo 2011, agora divulgados – em contraponto com todos os outros distritos litorâneos do arco atlântico que vai de Braga até Setúbal. E de duas, uma: ou os responsáveis olham com particular atenção para este fenómeno de desertificação, agora também no litoral, comprometendo-se com a sua correção, ou, na inversa, teremos de dar os parabéns àqueles que, politicamente, se têm empenhado em obscurecer Coimbra enquanto terceira cidade do país. É que, paulatinamente (e não são nada boas as perspetivas de futuro próximo, designadamente no setor da saúde) parecem estar a conseguir os seus maquiavélicos propósitos…
As declarações de Isabel Jonet quando dizia, em substância, não devermos “ter expectativas de que poderemos viver com mais do que necessitamos, pois não há dinheiro para isso”, provocaram um conjunto de dislates por parte de gente ignota e ignara que importa desvalorizar. De facto, embora naturalmente contrariados, é bom convencermo-nos, todos, também ao nível local, que mesmo crescendo um pouco, no futuro, em termos económicos, não voltaremos a ter, cada um de nós, o “el dorado” que, pura ilusão, julgávamos haver alcançado há alguns anos. Vamos, indispensavelmente, viver com menos dinheiro, também, auguramos, com maior dignidade humana, sem tiques de sobranceria, de novo riquismo. Nem em Portugal, nem em lugar algum, receamo-lo, do nosso mundo ocidental. E, já agora, a propósito do aventado boicote à recolha do Banco Alimentar contra a fome, a decorrer neste fim de semana, vou, com esforço, procurar dar em dobro. Por respeito para com o empenhamento comprovado de Isabel Jonet e seus, tantos, colaboradores, também, sobretudo, pelas necessidades de portugueses mais carenciados.
Helena Freitas recordou, defendendo-o, o projeto do anel verde da cidade – em essência, a ligação entre a Quinta das Lágrimas, Parque do Mondego, Botânico, Sereia e Sá da Bandeira, já referido por Costa Lobo, mas que Cristina Castel Branco, no seu enlevo por jardins, apresentou a Coimbra em 2006 – e que, inexplicavelmente, não se conseguiu ainda concretizar, sobremodo, julgo, por dificuldades na abertura da mata do Jardim Botânico, uma limitação que, sendo diretora do equipamento, e atendido o interesse agora reiterado, poderá vir a ser ultrapassada a brevíssimo trecho. Entretanto, e a propósito, que diabo de ideia aquela a de pôr, qual imenso piquenique, os conimbricenses a “marmitar” e, porque não, a “internetar”, logo naquele espaço nobre que é o Botânico. Já estou a ver os cidadãos a transpor, finalmente, o portão que “preto é, Galinha o fez”, para, de portátil ou IPad na mão, deitarem mão à perna de frango que a crise obriga, honradamente, a trazer, na lancheira, de casa…
Por falar em Quinta das Lágrimas, o Arcadas da Capela perdeu – uma pena para a restauração de Coimbra e da Região Centro, mas de todo não surpreendente – a estrela Michelin que detinha há anos, como resultado, natural, de políticas de redução de custos, nomeadamente com cortes no pessoal, com evidentes repercussões (não há milagres!) na qualidade do serviço prestado.
A Bluepharma, empresa de Coimbra especializada na produção de medicamentos genéricos recebeu – parabéns Paulo Barradas – o Prémio PME Inovação COTEC, enquanto a Fundação Bissaya Barreto entregou a José Mattoso e a João Salaviza o Prémio Nuno Viegas do Nascimento. Em paralelo, João Gouveia Monteiro foi distinguido com o Prémio Gulbenkian “História da Europa” da Academia Portuguesa de História e, também felicitações, Adérito esteves é o primeiro vencedor do Prémio de Jornalismo Adriano Lucas.
A Estação Nova foi qualificada, e bem, pela Câmara Municipal de Coimbra como monumento de interesse público. Queira Deus que um dia destes a edilidade não venha a classificar um qualquer barracão da Estação Velha – afinal sempre é mais antiga – o que daria azo à Refer para nunca mais construir uma nova e moderna estrutura, antes fazer perdurar, ainda por mais tempo, o inenarrável apeadeiro onde, em Coimbra, vergonha nossa, costumam parar os comboios…

António Cabral de Oliveira