quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A 17 de janeiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Um estudo da Universidade de Coimbra concluía que a reabilitação em edifícios da Alta feita nos últimos 15 anos "apagou a História" da fachada de cerca de um quarto, mais de 100, dos imóveis intervencionados. Não interessa, a propósito, cuidar da importância e valor científico do trabalho do investigador do Centro de Estudos Sociais. A dúvida, imensa, que se me levanta é sobre se a UC estará a bem desenvolver, com mútuo proveito, colaborando pedagógica e ativamente na concretização dos interesses comuns, e nas responsabilidades dos tantos conhecimentos que detém, uma das suas primeiras responsabilidades em relação à comunidade em que se insere. Dizer, no rigor da ciência, depois da obra feita, que foram utilizadas "técnicas modernas que não são compatíveis", nem aceites pelas "convenções e normas de restauro", parece ser – onde os resultados do estudo sistemático, a transmissão dos saberes, o acompanhamento? –, é seguramente, "chorar sobre leite derramado"...

Neste tempo em que o governo quer transferir competências para as autarquias na área da educação (sobretudo nas responsabilidades que não lhe convêm), também de aposta no ensino profissional – a mão-de-obra barata, amanhã, para a Europa – o ITAP, parece, poderá prosseguir na sua normal e frutuosa atividade. O município de Coimbra, que detém a maioria do capital da sociedade proprietária, já não terá de alienar a sua participação, a escola deixa de estar coagida, legalmente, à instabilidade de mudanças desnecessárias ou a fechar portas. As diligências camarárias, essencialmente do seu presidente, que o é também da ANMP, porventura associadas a alguma ponta de bom senso político que reste ainda a quem nos governa – atento o valor social do ensino, dificilmente contabilizável em números na vertigem desta espécie, sem em boa verdade o ser, de (neo)liberalismo exacerbado – levaram ao adiamento da decisão, para posterior revisão de uma lei, a do Sector Público Empresarial Municipal, cuja bondade não se questiona sequer.

O ministro do "Desenvolvimento" Regional, na procura da lavagem de consciências em que anda focado, voltou a afirmar, agora em Poiares, que o Metro Mondego "não é minimamente sustentável" e que "o governo está empenhado em encontrar uma solução nova (as tais camionetas elétricas, julgo) para o ramal da Lousã". Bem pode Maduro porfiar nos esforços de branqueamento. Coimbra e a região, na defesa dos seus interesses – e as ligações pessoais a Mira deviam trazer-lhe uma outra clarividência sobre os problemas destas terras –, não cede nas suas reivindicações, não dará, nunca, por perdida, tão inadmissível quanto iníqua disputa.

A edilidade, na sua última reunião semanal, aprovou, bem (embora sempre envolta nos habituais e já cansativos receios da guetização daquela área urbana), a construção, faseada, do Centro Cívico do Planalto do Ingote. Atendidos os preços envolvidos – só o projeto custou um esparrame de dinheiro – a câmara deu luz verde para se avançar, por agora, na componente social, em parceria com a Fundação ADFP, com obra reconhecida em Miranda do Corvo. Os espaços para cultura e desporto, virão, se vierem, a seu tempo...

Mas, afinal, em que ficamos? Há projeto para a requalificação do estádio universitário, como Helena Freitas diz, ou mais não temos, de acordo com o que Carlos Cidade leu em entrevista do reitor, do que obras de recuperação em dois pavilhões? Se calhar, a "tanto" tempo ainda dos EUSA Games (em boa verdade menos de três anos, logo amanhã!), e à boa maneira portuguesa...vai havendo. De tudo um pouco, como parece comprovar a reunião entre as duas partes marcada já para quarta-feira!


Depois de já ter sido o primeiro, o CHUC continua a ser, conforto nosso, o segundo melhor hospital do país; impensável, julgava eu, pela sua dimensão, relevância e História, fechou, uma enorme pena, a Gráfica de Coimbra; quase um ano depois, e não da forma como a autarquia desejava, terminou a novela, vai reabrir o "Cartola"; em tempo de lamentável encerramento de tantos estabelecimentos, fui beber uma primeira bica ao (em homenagem bonita a uma com certeza magnífica Avó) confortável Café Ti Gena, ao fundo de Elísio de Moura; a Baixa, ainda a tempo de se cumprir uma promessa eleitoral de Machado, vai ter acesso gratuito à internet; e em Miranda, sempre prazenteiramente, celebrei com os rapazes e o padre Manuel, parabéns, o 75º. aniversário da socialmente tão valiosa Casa do Gaiato.

António Cabral de Oliveira

A 10 de janeiro ACo escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Gostei de ler a entrevista de um autarca – e o importante, continuo a pensar, é o que se diz, não quem o diz – onde confessa "enorme satisfação em ser presidente da câmara da minha cidade"; sublinha que o "exercício do poder político é fascinante, sobretudo quando nos dispomos ao confronto, na rua, com as nossas próprias decisões"; e enfatiza, ainda, que tal acontece na urbe, a sua, em que "tudo é próximo, todos são próximos, tudo é questionado, e assim é que está bem". Na enorme valia do poder local, que lição, imensa, para o país inteiro!

Ficou a saber-se, definitivamente – tamanha a satisfação da corporação com atual desempenho, ou a mais absoluta indiferença ou falta de motivação para o assumir de uma alternativa credível – que João Gabriel Silva, afinal também de acordo com os costumes, não terá opositor na sua reeleição reitoral.

Parece que este ano – o Presidente da República promulgou o Orçamento de Estado e nenhum partido político pediu entretanto a fiscalização sucessiva do diploma – podem não se repetir, sempre lamentáveis, as habituais desarmonias entre o governo e o Tribunal Constitucional (que alguns deputados, poucos, queriam até extinguir enquanto órgão autónomo). O que não me impede de lembrar a antiga ideia de António Barbosa de Melo quando defendia que a sede daquela instância deveria ser em Coimbra. Sobretudo porque, continuo também a julgar, talvez o algum afastamento (não só) espacial fizesse bem a ambas as partes. Até para não haver repetências...

Umas quantas gripes, indisposições e acidentes a mais terão sido o bastante para provocar afluência "anómala" às urgências do CHUC, de que resultaram atrasos no regular atendimento. E é na certeza de, afinal, não haver voluntarismo, altas precoces, transformação temporária de espaços, ou contratação apressada de médicos eventuais que valham a Coimbra e à região em termos de boa resposta hospitalar, que o ministro da Saúde, anunciou, agora – vá lá saber-se porquê, depois de tantos elogios! –, a reforma e ampliação daqueles serviços.

O Museu Nacional de Machado de Castro devolveu a Faro, muito bem, o Foral Manuelino daquela cidade, que detinha nas suas coleções. Talvez seja este um sinal dado pelo governo anunciador do regresso à cidade de património de que foi espoliada, designadamente, parcos exemplos, os códices da livraria de Santa Cruz, que Alexandre Herculano fez o "favor" de levar para o Porto; a Cruz que D. Sancho ofereceu àquele mosteiro, e que está no MNAA, em Lisboa; e até, imagine-se, a espada de D. Afonso Henriques, retirada do seu túmulo, e hoje no Museu Militar do Porto.

A Comunidade Intermunicipal da "Região" de Aveiro afirma-se, também ela, contra a integração da SimRia no sistema – falamos de águas – Centro Litoral. E, se mais não fora (e tanto é, desde os problemas de equidade financeira até à nova proposta de "regionalização"), tal posição política faz, com coerência, inteiro sentido, já que aquelas são, desde há muito...terras da Beira.

Para o secretário de estado do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, "os recursos europeus não irão faltar ao serviço das boas estratégias dos territórios". Logo, a autoestrada Coimbra-Viseu e o aeroporto em Monte Real, apenas dois projetos aqui na nossa menosprezada região, não são, na "lógica" governamental, remetida a sua construção para capitais privados, estrategicamente...bons!


Cortejo dos Reis, visitas a presépios e cantar as janeiras, o reviver de três tradições só possível – para além do lamentável desinteresse quase geral – com o empenhamento, bem-hajam, dos grupos folclóricos; Castanheira Barros é o primeiro – pelo menos nisso – a assumir uma candidatura à Presidência da República; leio que A Brasileira (afinal não é assim tão difícil gerir!), em exemplo para tantos outros, esteve aberta na noite do Fim de Ano na Baixa; a administração do iParc ficou reduzida a dois elementos (para os resultados que se conhecem na desértica infraestrutura, um não seria suficiente?); o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, parabéns, venceu, a par com instituto do Porto, o prémio FLAD, o maior para a ciência em Portugal; a Académica lançou (e que "cromos" na equipa sénior!) a nova caderneta de cromos; e depois do exagero – uma agência em cada esquina – eis, consecutiva, a liquidação de balcões bancários na cidade.

António Cabral de Oliveira

A 3 de janeiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

As direções regionais de Economia – o que irão fazer com as instalações de Coimbra, especificamente construídas para tal fim? –, foram extintas no dia 1 de janeiro. Mais um passo, decisivo com certeza, a caminho da descentralização, da regionalização, das políticas de proximidade, enfim, do princípio da subsidiariedade. Eis, pois (obrigados ficamos), um belíssimo princípio de ano...

Manuel Machado afirmou, recentemente, a propósito da criação do bilhete turístico integrado (transportes + cultura), que está a ser "empreendido um esforço continuado" por "uma série de entidades". Depois de tantos, tantos anos de espera, deve ser tarefa difícil, pois, concretizar "tamanho" objetivo!

A bagunça provocada no trânsito pela São Silvestre de Coimbra – que corram ou marchem, façam a "grande festa", mas no Choupal ou em zona urbana que não provoque tamanha perturbação – é, nas circunstâncias do passado domingo, absolutamente lamentável e inadmissível numa cidade organizada. E tal não deve, nem pode, voltar a acontecer. Digo eu, ainda bloqueado no tráfego, e também, porventura, não um milhar, mas mais uma centena de milhares de habitantes...

A Baixa, o comércio tradicional, não esperam melhores dias para o novo ano. O que é natural, com os agentes económicos, que, na grande maioria, ali estão. Com ou sem saldos, mais ou menos animação, com o efetivo empenhamento de muito poucos, aquele espaço urbano de eleição, e de que muitos tanto gostamos – é bom que sobretudo os comerciantes, de uma vez por todas, de tal se convençam –, só recuperará, depois da indignidade em que o deixaram cair, não com o baixar de braços ou vazios apelos ao município, antes, e apenas, através de indispensável qualificação empresarial, com novas apostas de investimento e a instalação de outros e prestigiados estabelecimentos. Afinal, hoje, salvo tão raras quanto honrosas exceções, vamos lá comprar o quê?

A Solum dispõe de excelentes e amplos passeios, reconhece-se. Entretanto, valorizando-os, e para além do arranjo da calçada e da plantação de sempre indispensáveis árvores, talvez a Câmara pudesse neles mandar instalar, sem custos de maior, alguns bancos de jardim. Que serviriam, quando voltar o estio, para cómoda paragem nas caminhadas dos cidadãos, talvez dois dedos de conversa, também para se obstar ao absolutamente inadmissível estacionamento de automóveis!

Depois da mini rotunda no enfiamento da Paulo Quintela, decorreram, de novo, obras na rua do Brasil, junto às Bandeiras, agora para remodelação de um espaço de estacionamento. Com o trânsito sempre caótico (filas imensas na entrada da cidade à espera de quem quer virar à esquerda o possa fazer, ou, no sentido inverso, aguardando, por exemplo, que os autocarros tomem passageiros), privilegia-se o acessório – para quê a construção de, pelo menos, uma terceira faixa de rodagem? – talvez o bonito (apesar de se manterem os suburbanos postes de cimento!), adia-se, em boa verdade, a obra fundamental. E assim, de remendo em remendo, ontem para satisfação de Francisco Andrade, hoje contentamento de Manuel Oliveira, se vai tornando definitivo, receio-o, o que devia ser provisório.

"O Meu Mondego Limpo" é uma muito curiosa iniciativa, de elevado valor cívico, que vai congregar – lá estaremos – muitos cidadãos de Coimbra que, retirando lixos, assim irão valorizar, indispensavelmente, para sua melhor usufruição, o leito e as margens do rio. Isto escrevia eu, em setembro passado, em texto de adesão plena, entretanto não editado por razões, uma pena, de adiamento (até quando?) do projeto. E (um dia destes com novas cheias, outros detritos), 2014 já lá vai...

O relatório final do acidente ferroviário na estação de Alfarelos foi inconclusivo, atribuindo o embate dos comboios – um deles, recorde-se, parado naquela estação – a "falta de aderência entre as rodas e o carril". Alguma pequena folha, talvez. E porventura húmida, ainda por cima...

A câmara formalizou com 18 instituições, lamentável mas premente necessidade, o arranque do Fundo de Emergência Social, para uma resposta imediata aos mais carenciados; morreu Gama Mendes, os meus respeitos, professor das Letras, com quem aprendi muito do (pouco) que sei de geografia política; o município adquiriu, e em princípio é sempre relevante tal sorte de investimento, a coleção de arte contemporânea Telo de Morais, que integra, essencialmente pintura, trabalhos de autores marcantes da nossa cultura; e Coimbra celebrou, com muitos na rua, cheia de esperança no futuro – que é sempre a última a perder-se! – o fim de ano.


 António Cabral de Oliveira

A 27 de dezembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Para o governo, a construção da autoestrada Coimbra-Viseu só é possível com dinheiros privados. Para Passos Coelho, aviação civil na Base Aérea de Monte Real só será viável através de investimento privado. Que belíssima maneira, esta, recusando o público, de, após o castigo da não construção de equipamentos que superabundam noutras zonas do país, dizer que o Estado não vai concretizar nada de estrutural e relevante na região. O nosso Bem-Haja, pois, olhando o bilhete de identidade, a tão dileto filho desta cidade...

Foi chamada de primeira página, quase generalizada, na comunicação social: Coimbra, diz o INE, tem seis vezes mais médicos (também enfermeiros) do que a média do país. Assim mesmo, sem grandes explicações, nem sequer referir a importância do setor e a sua dimensão, muitas vezes única, nacional e regional, fica o sensacionalismo dos títulos. E são eles, não o esqueçamos nunca, na esmagadora maioria dos casos, a única informação que os portugueses leem. Queira Deus que tudo não seja mais do que justificação para futuros novos cortes, para uma maior redução dos quadros da saúde na cidade. Para, poderia até pensar-se, combater "desigualdades"...

Primeiro foi a surpresa, enorme, de que o Estado adquirira – estamos mais habituados a vê-lo vender – manuscritos inéditos de Garrett. Depois, maior ainda a estupefação que os documentos, imagine-se, serão "objeto de um contrato de depósito na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra". Um espanto! Melhor, dois!

Coimbra B, esse equipamento de excelência que tão bem serve a cidade e a região, acaba de ser dotado com um renovado parque de estacionamento de curta duração e uma praça de táxis ampla e confortável. Um contributo do município que põe fim a uma das pouquíssimas limitações – ironizemos – de que sofria o melhor apeadeiro, mas também a pior estação ferroviária de Portugal.

Um novo hotel de 4 estrelas e cem quartos – não é de todo menosprezível, mas o que Coimbra precisa, indispensavelmente, para ajudar a qualificar o turismo, é de uma unidade de 5 estrelas – irá nascer, anuncia-se, valorizando-o de um ponto de vista urbanístico (para quando uma solução para a antiga fábrica de curtumes?), no gaveto da Fernão de Magalhães com a Rua da Figueira da Foz.

Depois de Braga – o que é natural já que alfabeticamente o B vem antes do C –, o Jornal de Negócios dedicou a Coimbra o dossier "Negócios é Portugal". Onde se faz, de leitura indispensável, uma profunda radiografia (o saber, a saúde, a tecnologia) da realidade económica, também social, da terceira cidade do país.

A Académica de hoje "entristece-me imenso porque é um clube como outro qualquer, e muitos sócios afastaram-se e outros não se reveem no que está a ser feito", lamentou, cheio de razão, o presidente do Núcleo de Veteranos da Briosa, aquando de justíssima homenagem a João Maló. Ficamos agora, Valido – em boa verdade estamos, desde há muito, à espera –, que quem, com toda a legitimidade, sente assim a camisola preta, dê, assumidamente, afinal com a cidade, indispensável passo em frente em caminho que tantos muito ambicionamos...

A construção de um "ferry" para Timor deu reinício, neste dezembro, à atividade de construção naval na Figueira da Foz, nos Estaleiros do Mondego. Um momento marcante não só para aquela cidade, mas ainda, congratulemo-nos, para toda a região.

O território mais envelhecido de toda a União Europeia é o Pinhal Interior Sul, aqui no centro do país. E não o será, seguramente, pela excelência dos serviços de saúde, pelas estruturas de assistência social, enfim, pela garantia de uma longa qualidade de vida. É-o, sabemos bem, em resultado de políticas que tudo concentram em Lisboa, pela desertificação humana, pelo abandono de todos os que – "adeus aldeia, que eu levo na ideia, não mais cá voltar" – sentem ainda forças para partir.


Bom Ano Novo para todos.

António Cabral de Oliveira

A 20 de dezembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Leio, incrédulo. Diz a presidente da CCDRC que, até julho (na prática, ontem), a Comissão Europeia não estava oficialmente informada sobre o Metro Mondego, projeto que conhecia apenas pelos jornais. Dezoito anos depois da sua fundação, cinco anos após o levantamento dos carris e início das obras de reconversão daquele sistema de transporte, Bruxelas, inconcebível, espantoso mesmo, não sabia de nada. Como é possível? E não há responsáveis – de entre políticos, governantes, dirigentes regionais, autarcas, administradores, sei lá quem mais –, ninguém responde pelo descalabro?!

Relevantíssimo para a Beira – em boa verdade, é quase fonte de financiamento única – Bruxelas aprovou o Programa Operacional Regional, com uma dotação de 2.155 milhões de euros. O Centro 2020 procura, nas suas grandes linhas, fazer aumentar o nosso PIB, diminuir as assimetrias territoriais, radicar população jovem com formação superior, baixar a taxa de desemprego. Oportunidade extraordinária, este é, Deus nos ajude, um desafio exigente, uma responsabilidade imensa. Estejamos nós à altura.

A Universidade de Coimbra, em sinal de reconhecimento da sua importância, parece estar na moda enquanto bombo de festa da opinião editada no Público. Agora foi João Miguel Tavares, com escrito demolidor para os "professores doutores de Coimbra". E embora dirigida só a poucos – da faculdade de Direito – a crítica, afinal, atinge todos. E a própria instituição. É no que dão as opções de alguns, através, no caso, de pareceres jurídicos, hoje num sentido, amanhã, se preciso, noutro. Salvo melhor opinião...está bem de ver.

Não acho nada mal pensada a ideia da compra do espaço e instalação do Arquivo Municipal no edifício da Manutenção Militar, praticamente extinta, ali aos pés de Montarroio, junto ao mercado. Sobretudo quando penso, abrenúncio, naquele peregrino projeto, do anterior executivo, de querer erguer, recordam-se? absolutamente impensável, o equipamento em Eiras, em plena zona industrial...

Os sete núcleos estudantis da AAC no polo II da Universidade de Coimbra, confrontados com problemas de segurança e de incomodidade, unem entre si forças para "extinguir as corridas ilegais" que, com carros modificados e motos, continuam a realizar-se, aos fins de semana, nas estradas do Pinhal de Marrocos. E a polícia? Onde estão todas as polícias deste país? Ou teremos de mobilizar a antiga Guarda Real dos Archeiros?

Percorro, deliciado e apreensivo, a peça vencedora do Prémio de Jornalismo Adriano Lucas – parabéns Mariana Oliveira – e quedo-me entristecido. Pela situação de descapitalização de quadros, pelo receio, à míngua de funcionários, de progressivo definhamento. E, ao contrário do que escrevia Jorge Luís Borges, citado pela autora, pergunto: perdurará a Biblioteca?

Apesar, uma pena, da evidente parcimónia na plantação de árvores – apenas quatro contra sete candeeiros, em demonstração de ser bem maior o medo da sombra do que o da escuridão – ficou muito melhor, em termos de qualidade urbana, depois de obras de reconversão, também com os seus canteiros de flores, o troço nascente da Rua do Teodoro.

A Figueira da Foz apresentou o projeto de remodelação da praia, o quase deserto que a afasta do mar. E, olhando o desenho, continuo sem perceber o porquê de não se construir uma ampla artéria e passeio público (no sentido sul), que obvie ao inconveniente da distância enorme.

Merecidíssima, e de algum modo reparadora de iniquidade difícil de conceber, a homenagem a Agostinho Almeida Santos, nos Hospitais da Universidade; o CHUC inaugurou o seu novo Laboratório Central, também vocacionado para a investigação e para o ensino, que congrega – com aumento de capacidade e, não podia deixar de ser, diminuição de custos – seis unidades até agora dispersas; boa notícia a anunciada requalificação da EN 342 Arganil-Avô, verdadeira estrada de proximidade; e na época festiva que vivemos – gosto, a propósito, da árvore com garrafas de plástico, ali junto do mercado, sobretudo dos presépios que se levantam um pouco por toda a cidade – um Bom Natal para todos.

António Cabral de Oliveira

A 13 de dezembro ACO escreveu...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Confesso que não percebi patavina do que o primeiro-ministro, referindo-se ao Metro Mondego, "explicitou" durante a mais recente visita que fez a Miranda do Corvo. Mas deve ser, não por falta de clarividência, de capacidade de decisão de Passos Coelho, antes ausência de discernimento da minha parte. Mas vá lá que, ao menos, sempre reconheceu ter um compromisso, seja isso o que for, com o "Ramal (de camioneta?) da Lousã"...

A Mealhada, depois de agregada já na Comunidade Intermunicipal, persiste na manifestação, quase generalizada, do seu desejo em integrar o distrito de Coimbra, alteração administrativa que radica, exclusivamente, em fatores de proximidade e identidade. Para Coimbra, o propósito é deveras honroso. Mas é, também e sobretudo, uma imensa responsabilidade. A que, nas exigências diversas, temos de saber bem responder.

 O Magnífico Reitor, judiciosamente, criticou o governo por não ter aceitado o projeto do Tribunal Universitário e Judicial Europeu no Colégio da Trindade. Fez bem. Mas melhor, ainda, é diligenciar, exigir mesmo, enquanto responsável máximo da mais antiga e prestigiada universidade portuguesa, que a ideia, de facto, "não está eliminada". Antes que alguém, aparentemente com maior força política, leve o projeto para, de entre as que por aí pululam, uma qualquer outra escola de Direito.

Reconheço, tanto tempo passado, que já me tinha esquecido de que Ana Abrunhosa estava, oficialmente, sem vice-presidentes na CCDRC. Mas parece que, por fim, quem de direito notificou os finalistas dos dois concursos entretanto abertos e que, afinal, ninguém diria, estavam a decorrer...

A falta de lâmpadas, e sobretudo (sei bem que ele não se discute) de bom gosto – aquelas árvores, uma, ressequida ramada, à porta da Câmara, a outra, desengraçado pinheiro, na 8 de maio, são definitivamente devastadoras de um ponto de vista estético –, levam-me a compreender o destaque que Manuel Machado deu ao "investimento humano" das festas natalícias. Contudo, em época tão especial, Boas Festas, e para além da evidente pobreza franciscana, o presidente deixou-nos uma mensagem de esperança: para o ano quer uma cidade mais iluminada. Nós também.

Enquanto Viseu, uma boa notícia para a região, vai ter novo hospital privado, leio que, para além das aposentações, médicos com 20 anos de experiência (uma debandada, opina-se), saem, má notícia para a região, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Será também por isso que em ranking recentemente divulgado – valha ele o que valer – o CHUC não aparece, sequer, entre os nomeados para os grandes hospitais?

Santos Cabral defendeu que os "jornalistas têm de deixar a justiça funcionar". Julgo que sim. Mas penso, por igual, que os tribunais deviam, reciprocamente, fazer o mesmo. Em favor, outra vez a minha concordância, de um "rigor ético" na relação entre aqueles e esta, entre a justiça e a comunicação social. Meditemos, pois. Todos.

Mais de metade dos habitantes de Lisboa, designadamente em razão das habituais greves, não utiliza os transportes públicos que todos nós, país além, através dos impostos, pagamos. Isto enquanto, em Coimbra, por exemplo, o município continua a ser onerado com a totalidade dos custos sociais de um sistema que, fruto de tamanha iniquidade, enfrenta cada vez maiores dificuldades. Neste tempo em que, olhando para outras lustrosas frotas, somos já compelidos a comprar autocarros em segunda mão, veremos até quando dura o fartote…

Justo e significativo o preito, póstumo, que a Imprensa da Universidade, atribuindo-lhe o Prémio Joaquim de Carvalho 2014, tributou a Fernando Rebelo; na Académica, que presidente é este que permitiu que Luís Eugénio, uma vergonha para a instituição, não fosse eleito provedor dos sócios?; o Grupo Coimbra'a'pedal reclama, cheio de razão – e não só enquanto efeito da crise, também pela saúde – uma cidade mais amiga dos ciclistas, com ciclovias e estacionamentos adequados; Coimbra volta a receber, sempre relevante, após um ano de interregno, a final da Taça da Liga em futebol; e "na hora da despedida" – morreu Machado Soares, as minhas sentidas homenagens – "Coimbra tem mais encanto"...


António Cabral de Oliveira