domingo, 15 de março de 2015

A 14 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Um dia destes, a minha filha, muito ligada à sua terra, e a frequentar um qualquer curso de formação, confiou-me, verdadeiramente impressionada, o que ouvia dizer aos seus colegas sobre Coimbra. Opiniões muito negativas quanto à vida na urbe, de um imenso desencanto sobretudo no que se refere à possibilidade de emprego. Temos aqui, Manuel Machado, para resolução urgente, problemas seriíssimos, parece, ao derredor, desde logo, do "patriotismo da cidade".

A universidade de Salamanca, a mais antiga do país vizinho, prossegue, depois de Estrasburgo, a sua política de abrir escolas de castelhano em cidades como Lisboa, agora, no Porto, no próximo ano. Considerada como o "berço da língua espanhola" – e são já duas, assim, as similitudes com Coimbra – fico a pensar, vá lá saber-se porquê, que, enquanto uns a procuram, outros praticam-na. A globalização, está bem de ver...

Sem aeroporto não lograremos trazer até nós o novo turismo, sem alcançarmos colocar o Centro de Portugal na moda não conseguiremos fixar quem, de passagem, nos visita. Continua difícil, Pedro Machado, cá dentro e lá fora, pôr a nossa Beira à sua beira...

Em recente polémica com o governo sobre o número de investigadores que se dedicam ao mar, Ana Paula Vitorino, agora deputada, referia, nas suas elucubrações, que "o que existe atualmente resulta da quase carolice de quem está na carreira académica, no Algarve, em Aveiro, e de alguns no Técnico". Esquecendo, entre tantos outros, os centros de Coimbra, logo dois, e os seus cientistas. Se calhar, digo eu, é por termos tão bons políticos, assim profundamente conhecedores das nossas realidades, que o país, nomeadamente na área dos transportes, de que Vitorino foi secretária de Estado, está como está. De que é exemplo, aliás, a situação do Metro Mondego...

Caso "inédito" que não acontecia desde 1965, mas também "reposição de justiça", o Grão Vasco, em Viseu, uma excelente notícia para a Beira inteira, vai ser classificado como Museu Nacional. E, neste país onde todos querem ser e ter tudo o que os outros já são ou têm – atente-se no que se passa com as "candidaturas" a património mundial – estou curioso para ver certas reações regionais. Como, por exemplo, a de Aveiro no que respeita ao seu Museu Santa Joana Princesa.

O município está a promover, até outubro, um conjunto de visitas temáticas guiadas por entre percursos que abrangem, designadamente, o património construído, a Coimbra dos escritores, a Alta e a Baixa, jardins e fontes. Parece-me bem, muito bem mesmo, esta contribuição autárquica para ficarmos a conhecer melhor a cidade, a nossa, tão ignorada por tantos que nela vivem.

A secção Lazer, do jornal online Observador, traz todas as sextas feiras sugestões para, diz, um fim de semana em cheio, em três zonas do país: norte, centro e sul. Tão habituados que estamos à lamentável dicotomia Lisboa/Porto, que se lê em todos os outros, até estranho que um meio de comunicação social de âmbito nacional – obrigado David Dinis – olhe o país como um todo.

De visita à urbe, António Costa foi "sensibilizado" pelos pares socialistas (mas ainda é necessário, depois das suas anteriores responsabilidades no governo e dos muitos anos que o processo já leva?) para o problema do Metro; João Ataíde, no primeiro aniversário da CIM de terras mondeguinas, a que preside, quer – espero que sem prejuízo para as autarquias município e região – as comunidades intermunicipais constitucionalmente consagradas; se calhar porque se tratava de modernização e inovação, não foram mais de três dezenas os comerciantes de Coimbra, assim sempre ativíssimos, que estiveram na sessão promovida pela CMC, Agência de Promoção da Baixa e IAPMEI sobre a medida de apoio Comércio Investe; também em louvor das obras só aparentemente pequenas, aplauso para a recuperação e iluminação – uma linha contínua de luz passa a marcar os sucessivos troços – da muralha de Coimbra; e, depois do que por aí corre sobre a capital da juventude, e enquanto vemos no que isto vai dar, comecemos, com tempo, ponderada e sustentadamente, a trabalhar na candidatura à Capital da Cultura 2020.

António Cabral de Oliveira

A 7 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Depois de assinada a minuta do contrato das respetivas obras, por parte do município, é expetável que dentro de cinco meses, ainda em pleno verão, esteja concluída a ligação da Baixa à Alta da cidade através do Jardim Botânico. Finalmente, apetece dizer, quando já quase não acreditava, aquela idílica mata, um dos mais bem guardados segredos de Coimbra, fica aberta ao pleno usufruto da comunidade. E pode acontecer, até, que um dia, em vez do "pantufinhas", encontre Helena Freitas ou Manuel Machado a cruzar o lindíssimo espaço num elétrico, um daqueles que, mantenho a esperança, a cidade ainda há de ver – servindo a população, as escolas e o turismo –, a ligar o anel Universidade-Praça da República.

A ampliação do Portugal dos Pequenitos, anunciada pela Fundação Bissaya Barreto a propósito da celebração dos 75 anos daquele parque temático, prevê, a par de "novos conteúdos e abordagens", a construção de outros "monumentos representativos do Portugal contemporâneo". Sobre a Europa dos Pequenitos, talvez guardada ainda, quem sabe, para a Figueira da Foz ou Aveiro – e connosco a olhar para Sintra –, nem novas nem mandadas.

A presença de Adriana Calcanhotto, na abertura da Semana Cultural da UC, depressa esgotou o Gil Vicente. Pode ser que assim fiquem mais sossegados os que continuam a recear que o Centro de Convenções seja um elefante branco. Reinsira-se Coimbra na rota nacional das melhores digressões artísticas, façamos da cidade, de novo, centro difusor de cultura aquando dos grandes espetáculos nacionais e internacionais, saibamos assumir, reforçando-as, as nossas responsabilidades regionais, e será enorme, seguramente, a surpresa de muitos. Sobretudo daqueles, sempre destrutivos, nossos e tantos, e por antinomia...elefantes pretos!

"Coimbra 2015 - o que efetivamente não deve perder", é o título de uma agenda, agora editada pela câmara municipal, através da qual se quer contribuir para um melhor conhecimento das principais atividades festivas, culturais, desportivas e sociais da "cidade encantada e fantástica". Graficamente melhor conseguida na sua edição em português, mas ainda assim sem rasgo, difícil de ler enquanto primeira informação – mas bem para quem quer saber mais sobre o que se passa em Coimbra –, parece-me, contudo, um bom auxiliar para os visitantes, com certeza de grande utilidade para os que a habitamos.

Não li os jornais todos. Mas aquando do doutoramento honoris causa de José Murilo de Carvalho pela mais antiga Universidade não encontrei, desde logo nos dois considerados de referência, uma única linha sobre o facto. Pode ter sido distração minha. Ou então é o reflexo da visibilidade noticiosa que hoje a nossa cidade (não) tem na chamada comunicação social nacional. Porventura, ainda, a nenhuma relevância com que Portugal olha – bem sei que o Público trazia, já esta semana, uma substantiva entrevista com o académico – o trabalho de um historiador que nos afirma como o país, depois do feito de Cabral, que garantiu una, através da elite de Coimbra, a imensa nação brasileira. Contudo, tivesse a coisa acontecido em Lisboa...

Enquanto, turisticamente, nos juntamos agora ao Alentejo e à Extremadura espanhola, o Centro tinha já passado a integrar, faz algum tempo, com o Norte de Portugal, Galiza, Castela e Leão, e as Astúrias, a, seja lá isso o que for, Macro-Região do Sudoeste Europeu. Não questionando, assim recente, aquele mapa, que prevê um conjunto de itinerários transfronteiriços, pergunto quando começaremos, em relação a esta, a perceber as propaladas vantagens em termos de competitividade e de poder junto da União Europeia?...


Com a mesma equipa reitoral – em formação ganhadora, dizem, não se mexe – mas com nova chefe de gabinete, João Gabriel Silva (re)tomou posse como Magnífico da UC; está encontrada a empresa que, por fim, irá concluir, necessariamente este ano, as obras do Convento de S. Francisco, e sobre cuja programação (a propósito, ainda não cansará ao líder concelhio do PS a pequena política?) começamos já, bem, a ouvir falar; a Brasileira, na Baixa, parabéns pelo arrojo, celebrou o terceiro aniversário recuperando, excelente, a ideia do saco de pano para irmos ao pão; ardeu mais um autocarro dos SMTUC, entendo melhor o apreço em que os responsáveis têm o sistema anti-fogo que equipa as viaturas recentemente compradas; não se esqueça, este fim de semana, da Expo Clássicos, no Dolce Vita; e, confrontado com o projeto de uma nova linha ferroviária Aveiro-Viseu, Manuel Machado afirma-se despreocupado pois o que está assumido pelo governo – e para outra coisa não há dinheiro nem a orografia o permitiria, especificou – é, queira Deus, a integral remodelação da Linha da Beira Alta.

António Cabral de Oliveira

A 28 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Poiares Maduro, ministro, quem diria, do Desenvolvimento Regional, tendo-se seguramente em apreço o formidável desempenho governativo em favor destas terras beirãs – é percorrer, modernas, as novas vias rápidas para Viseu e Serra da Estrela; aterrar, aberta à aviação civil, em Monte Real; ver o Metro Mondego nos seus carris; olhar, esplendorosa, a moderna estação ferroviária de Coimbra B, já incluída na certeza da integral modernização da Linha da Beira Alta – será, noticia-se, o provável cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP pelo círculo eleitoral de Coimbra nas próximas legislativas.

Em "Tempo de Encontros", é imensa, diversificada e muito rica a programação celebradora dos 725 anos da Universidade de Coimbra. Propondo-se, adequadamente, concitar sinergias "entre o antigo e o novo, entre o passado e o futuro", vamos comemorar, pois, todos, a festa das Escolas, as nossas, que, de facto, como disse bem o Magnífico Reitor (esqueçamos as comparações com o mundo do futebol), tem – potenciemos, então, essa força – "uma capacidade de atração como não existe em Portugal".

A nova identidade visual – uma espécie de brasão a fazer-me lembrar, não sei porquê, estéticas do Estado Novo – é lindíssima e absolutamente inovadora; os múltiplos elementos gráficos que a compõem nada ruidosos ou confusos; a leitura dos conjuntos gráficos muito fácil, quase diria imediata. Enquanto as frase-chave, imensas na sua força, definitivamente apelativas, chegam a arrasar. Por tudo isto, e felizmente, desta feita, escrevendo sobre a Turismo Centro de Portugal, não tive de tecer críticas, antes deixar, assim, loas. Bem-haja Pedro Machado, o meu obrigado aos criativos. E que Deus me (nos) ajude!

Regressadas as aulas, em plena – e enorme – fila de trânsito, formada na Miguel Torga, lembro, indispensável, o projeto de construção de uma via que ligue esta artéria à Infanta Dona Maria, junto ao pavilhão do União. Em alternativa à sempre congestionada Carolina Michaelis, sobretudo nas (cada vez mais alongadas) horas de ponta.

Vem sendo marcante a atividade, a nível nacional e internacional, na magnífica infraestrutura que é o Pavilhão Multidesportos Mário Mexia – deixem lá cair a piroseira do Dr. –, abarcando, cito de memória, óbvias disciplinas como o basquetebol, futsal, voleibol, ginástica, hóquei em patins. Mas a que importará, agora, acrescentar, tudo o indicia, depois dos congressos, uma nova modalidade, a da dança. E só singela questão se me levanta: no Baile de Gala da Queima das Fitas, o vestido comprido e os colarinhos à bife serão, ainda, o "equipamento" obrigatório?

Um dos grandes acionistas da Altice, a nova dona da Portugal Telecom, é natural de Vieira do Minho, e decidiu, já, instalar na sua freguesia – chamem-lhe bairrismo, o que quiserem – um call center. O que me deixa preocupado quando penso, receando hipotéticas deslocalizações, na cooperação entre a Universidade de Aveiro e a PT Inovação, também no Data Center instalado na Covilhã. Estejamos, pois, todos, aqui pela Beira, atentos e precavidos. Na certeza de que, no risco de tal eventualidade, não podem contar, então, os senhores do "centro-norte", à semelhança do que acontece com a linha do comboio para Espanha, com qualquer solidariedade vinda das bandas lá de cima...

Vitorino Nemésio – o meu primeiro diretor, em "O Dia" – foi justamente evocado em Coimbra, cidade onde quis ficar sepultado; o número de turistas estrangeiros aumentou em 19,2%  – conseguíssemos nós uma pernoita que fosse – no ano passado, em relação a 2013; porventura sem traça ou bafio, vai reabrir o Cartola; a Castelos e Muralhas do Mondego vem fazendo inserir publicidade no suplemento Tentações, da revista Sábado, e logo na contracapa, que, digo eu, atendido as nenhumas referências que aquele guia costuma fazer à região, só pode ser gratuita; e reagindo, muito bem, contra políticas de inadmissível facilitismo, o Politécnico de Coimbra desvinculou-se do Conselho Coordenador.

António Cabral de Oliveira

A 21 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Sinal primeiro da degradação última de um tecido urbano, o estacionamento em cima de passeios tem vindo a ganhar uma dimensão crescente em Coimbra. A que urge por cobro através de uma ação efetiva das polícias – elas que, por vezes, na primeira oportunidade, seja qual for a com certeza incontestável justificação, são as primeiras a prevaricar –, de segurança pública ou municipal, tanto nos importa.

Se li bem, Álvaro Amaro dizia, um dia destes, em artigo de opinião no Sol, e substantivamente, que as atuais CCDR são estruturas técnico-administrativas que apenas podem servir para uma, porém necessária, desconcentração de serviços. A regionalização, que aliás defende, é, enquanto instância político-administrativa, coisa diversa, e terá, embora nos mesmos limites espaciais – mas não através democratização daquelas Comissões –, de ser objeto de um processo, outro, e diferente. Quer dizer: o território das regiões até podia ser o das atuais NUT II, a capital das ditas, por exemplo, essa, desde logo, pelo menos aqui no Centro, é que não deveria - por Deus não haveríamos de concentrar a decisão e o planeamento operacional, tudo aqui! – ser em Coimbra. No agasalhar de projetos particulares, valem quanto pesam, como se dizia na minha terra, estes nossos políticos. E é por valerem tanto, tanto, que continuamos a ter tudo decidido nos salões de Lisboa...

Cavaco Silva quis homenagear, justamente, alguns antigos presidentes de câmara – um abraço Carlos Encarnação – e relevar, na cerimónia de entrega das comendas, o "contributo decisivo das autarquias locais para o desenvolvimento do país, a melhoria das condições de vida da população, para a coesão social". Tudo verdade. Continuo é a não perceber, assim, o porquê de quase ter destruído o municipalismo democrático, quando foi primeiro-ministro, designadamente com a retirada dos dirigentes social-democratas da direção da ANMP. E como pode pactuar, dizendo entretanto o que diz, agora Supremo Magistrado da Nação, com as agressões que o governo tem vindo a perpetrar contra a autonomia do poder local?

Não é, sequer, uma marcante coleção de arte – se o fosse, desconfio, não tinha cá ficado quadro algum – , feita quase toda de autores locais. Mas a exposição "O legado artístico do Governo Civil", patente na Sala da Cidade, permitiu-me regressar, por momentos, à casa que Raul Lino desenhou para Ângelo da Fonseca (a mais bonita de Coimbra, diz o meu filho), sede, durante tantas décadas, de parte relevante da nossa vida política. Uma revisitação, agora possível através da pintura e do ferro forjado, a uma instituição que, para além da delonga da regionalização, não me deixa saudades.

O Turismo Centro de Portugal vai ter novo logotipo. Que será, com certeza, esteticamente perfeito, dinâmico, claro e agregador. Mas uma nova imagem, por melhor que alcance ser nas exigências técnicas e nos seus propósitos, não é suficiente, nunca, para se ultrapassarem impasses, anquilosamentos e modas de há uns, pelo menos, trinta anos. Se me faço entender...

Enquanto era notícia a retoma da construção de novas vias (A26) de ligação a Sines, cerca de Lisboa, o primeiro-ministro anunciava, para não longe do Porto, um novo eixo rodoviário Famalicão-Trofa. Boas notícias, pois, a norte e a sul. Aqui pelo centro – a AE Coimbra /Viseu, os IC 6 e 7, na serra da Estrela – , tudo na mesma, isto é, nada. Obrigado, governo de Portugal.

Já nem posso ouvir, lembrando a frase que escreveram em Alqueva (construam-me, p….), as tretas governamentais sobre o ramal da Lousã/ Metro Mondego; depois de recuperado, finalmente, o piso, até dei duas voltas completas à oblonga rotunda de Santana; concordo inteiramente – sem esquecer, embora, idêntico projeto para a Cultura, que já tem cidades designadas até 2019 – com a candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Juventude 2018; muito curiosa a iniciativa turística que recria, visitável, a casa medieval da Baixa; não será, nunca foi, aliás, por falta de terrenos (a câmara acaba de expropriar mais parcelas) que o iParque tarda em ser o êxito esperado; depois de Paulo Sérgio, ei-los que partem, José Eduardo Simões?; o fogo, não era pressa, ameaçou a Mata de Vale de Canas; e gostei de ver a força aglomeradora da Orquestra Clássica do Centro (parabéns Emília Cabral Martins) quando consegue juntar num mesmo projeto, assim de facto regional, entidades de tantas terras de muitos distritos da Beira.

António Cabral de Oliveira

A 14 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Sem que ninguém se tivesse sequer apresentado como alternativa à presente governação, João Gabriel Silva continua, não com unanimidade dos votos, Reitor da Universidade de Coimbra até 2019. Mas, desta feita, a (re)eleição do Magnífico, em função da apresentação da candidatura única, não mostrou discrepâncias com a vontade maioritariamente expressa pelos corpos próprios da Escola. Escreveu-se direito por linhas tortas. Fruto das circunstâncias, a efetiva influência eleitoral das chamadas personalidades externas do CG na vida dos antigos Estudos Gerais ficou, agora, reduzida a zero. Ainda bem.

O novo – e primeiro – cardeal de Cabo Verde, D. Arlindo Furtado, recordou, em entrevista ao semanário diocesano, os nove anos que passou em Coimbra enquanto aluno do (ex?) Seminário Maior e professor do dissolvido ISET. Lembrando uma urbe que "me ajudou a crescer e a formar-me, onde tenho muitos amigos e boas experiências ao nível humano, social e eclesial", o purpurado lamentaria, em síntese, o desmoronar da capacidade de formação religiosa de Coimbra (os alunos do seu país passaram para Lisboa), também o fecho do Instituto Superior de Estudos Teológicos, que, dizia, "espero volte a reabrir" numa cidade "sede de muitos tipos de formação humana, intelectual e científica", assim empobrecida. Apáticos, tudo perdemos...

Para o secretário de estado do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, "os recursos europeus não irão faltar ao serviço das boas estratégias dos territórios". Logo, a autoestrada Coimbra-Viseu e o aeroporto em Monte Real, apenas dois projetos aqui na nossa menosprezada Beira, não são, na "lógica" governamental, remetida a sua construção para capitais privados, estrategicamente...bons!

Numa iniciativa de hábil e, julgo, não muito dispendiosa ação de promoção comercial, com certeza bem assumida pelas populações e autoridades, a vila do Luso alterou, por quatro dias, com gás, a sua designação toponímica. Por aqui, lembro-me a propósito, não há placa que se veja anunciando, não singela água, antes relevante património mundial. Mas isso, seguramente, são outras tabuletas, sinais diversos...

A Direção Geral das Artes, assim "equitativa", lançou um qualquer concurso para o que dispõe de verbas de 1,4 milhões de euros para Lisboa e Vale do Tejo, mais de um milhão para o Norte, e de 350 mil euros, respetivamente, para o Centro, o Alentejo e o Algarve. De facto, alguns são mais iguais que outros. Como os animais, na obra de George Orwell.

Patrícia Lucas, jornalista da RTP que se especializou em assuntos criminais, assinou, um dia destes, no primeiro canal – mantendo-se afinal na área onde se sente mais à vontade, o crime, no caso de lesa populações – um belo trabalho (parabéns) sobre o antigo Ramal da Lousã ou o novo não Metro Mondego. E será, pergunto-me, que nem perante as evidências ali, de novo, mostradas a Portugal inteiro, os governantes deste país têm vergonha?...

A "Linha Continente" anunciava convites duplos (por óbvio condicionados ao volume de compras) para cinemas de Lisboa e Porto. Sendo certo que aquela rede de supermercados tem em Coimbra, de grande e média dimensões, várias superfícies comerciais, ainda seguro que a urbe dispõe de salas, muitas, para ver filmes, porque não incluir também a cidade em tal sorte de promoções? É que, para bicefalia, já nos basta a política...

Gostei de saber – ficamos à espera, Patrícia Viegas Nascimento, de informação mais precisa da parte da FBB – que o Portugal dos Pequenitos, a comemorar o 75º aniversário, vai fazer um "grande investimento de expansão", incluindo, porventura, quem sabe, quero admiti-lo, abertura à Europa; a câmara, com certeza para os funcionários bem poderem celebrar uma 'fortíssima' tradição concelhia, decretou tolerância de ponto para o dia de carnaval; produtores e vinhos da Bairrada – Quinta das Bágeiras e Vadio –, estiveram, orgulho nosso, em destaque nos prémios da Wine/A Essência do Vinho; o Bolo de Ançã, bem, quer ser certificado, mas com o desvario que vai por aí, mais valia começarem a pensar candidatá-lo a Património da Humanidade; e, bem curioso o projeto "sabão com arte" com que um grupo de empenhadas entidades, enquanto nos propõe um bom cheirinho coimbrão, quer, através da criação de emprego, fazer a inclusão social de jovens mais vulneráveis.

António Cabral de Oliveira

A 7 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Facilitando imenso a tomada ou largada passageiros, e muito para além do expectável, é surpreendente o benefício, o resultado das alterações ao trânsito – com deslocalização da praça de táxis e reformulação do estacionamento de curta duração – que Manuel Machado introduziu na velha gare ferroviária de Coimbra B. Agora, depois desta qualificação do espaço, só fica a faltar o mais fácil: construir, finalmente, após tantos prazos e projetos, uma estação de comboios que não nos envergonhe, sobretudo contribua para o desenvolvimento da cidade e seu território.

Para o atual e próximo Reitor, a Universidade de Coimbra é ainda, considera, "nacional mas a tender para regional". E, posso deduzir da sua última grande entrevista, chega mesmo a recear – ao que nós chegámos! – que (na inversa da excelência que distingue e torna apetente), os antigos Estudos Gerais, pela demografia, venham a transformar-se numa universidade já não da região mas...distrital. Será por isso, julgo, à semelhança do Norte, e com os olhos postos lá fora, que se vai avançar, agora aqui no Centro, com um consórcio de escolas que agrega Coimbra, Aveiro e a Beira Interior. Pode ser que, assim, se alcance escala e, até, reforce a nossa identidade beirã. Quanto ao que exigentemente nos importa, e estou a pensar, por exemplo, em Oxford ou Cambridge, talvez não...

Excelente notícia para a região, de facto, como classificava Ana Abrunhosa, a seleção do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento como um dos projetos de investigação a ser financiado pela Comissão Europeia. Novo espaço de ciência e cidadania, o IME, que em Coimbra congrega a CCDRC, a Faculdade de Medicina e o Pedro Nunes, para além de universidades do Reino Unido, Holanda e Estados Unidos da América, ficará instalado no antigo Hospital Pediátrico. Perfeito.

Definitivamente preocupante o que aconteceu – só culpa da chuva?! – com a subida das águas na bacia do Ceira, demonstrativa de incapacidades instaladas quer na exploração de barragens – a ganância do lucro –, quer do sistema de proteção civil (não o municipal), ambas situações a rever. Com muita urgência e sem o costumeiro luso-facilitismo, a nossa habitual propensão para rapidamente esquecer.

O município, bem, continua empenhado no apoio ao regresso dos Encontros de Fotografia, certame maior, é inquestionável, no panorama cultural de Coimbra. Contudo, natural e indispensavelmente, com um orçamento realista e exequível. O que, parece, não está a ser fácil em termos de negociações. Mas, surpresa para quem? Só se for para os que não conhecem os gostos de Albano Silva Pereira...

É inacreditável a quantidade de erros, pequenos erros é certo, que se detetam em documentos de trabalho presentes nas reuniões do executivo camarário. Contudo, para os edis, sem exceção, todos os funcionários municipais continuam, pelo menos, muitíssimo cuidadosos, excelentes nos seus desempenhos. Um dia destes, conclui-se, as falhas, as desatenções, devem ser, afinal, culpa minha...

Estudo académico conclui que a grande maioria (80%) dos residentes no Centro do país está satisfeita com a região, enquanto (86%) considera, por igual, que ela "tem perdido influência no contexto nacional". Com os políticos e dirigentes que temos no governo central, ainda aqui, tantos, por estas bandas, estávamos à espera de quê?

A revista Proteste coloca Coimbra – marcante, de entre 18 das maiores cidades –, no topo da satisfação dos utentes com o sistema de transportes públicos que os serve, com destaque, mesmo sem Metro, para a segurança, rede, e relação qualidade/preço; a comemorar os 105 anos, parabéns, o Sport Conimbricense, lutando para sobreviver, só pedia cara lavada para o velho pavilhão da Palmeira, mas poderá ver cumprida antiga promessa de Machado, ali para os lados do Ingote; quando o cancro já é a primeira causa de morte em Portugal, o governo investe também no IPO de Coimbra; Veiga Simão e Luís Caetano são, finalmente, os novos vice-presidentes da CCDRC; e, quase "radical de esquerda", Norberto Pires deixou o PSD.


António Cabral de Oliveira

A 31 de janeiro ACO esvreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A requalificação da Linha da Beira Alta é, com certeza, obra estruturante e prioritária para o Centro do país. E se – neste tempo em que, finalmente, parece querer apostar-se, a nível nacional, de novo, e bem, na ferrovia –, para além da inadiável valorização de toda a histórica via, for possível poupar algum dinheiro, que se use, então, para a conclusão da Linha da Beira Baixa, no troço Covilhã-Guarda, na modernização da Linha do Oeste, por forma a torná-la atrativa na sua oferta indispensável, ainda na recuperação do Ramal da Lousã e da Linha do Vouga. Sem se desbaratar, o dinheiro, em devaneios políticos, utilizando-o, antes, na defesa dos verdadeiros interesses da Beira. A região, inteira, agradecerá...

A Universidade de Coimbra atribuiu o título de doutor honoris causa ao historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, uma outorga, justíssima, em razão da sua contribuição, decisiva, para um melhor conhecimento do papel iniludível desempenhado pelas nossas Escolas – especial orgulho coimbrão – na formação do Brasil. A que Dilma e demasiados brasileiros de hoje, na sua atual e permanente negação a Portugal, deveriam atentar.

A demora na conclusão do jardim junto ao novo centro escolar da Solum, afinal, não se deve a incúria camarária – que, deste jeito, pelo menos aparentemente, parece pouco empenhada em fazer obra vistosa, e relevante, sem grandes custos –, mas a uma surpresa (o vereador Carlos Cidade o disse), para que estará reservado, em projeto muito mais ambicioso, contudo ainda secreto, o abandonado espaço. Enquanto isso, nós, cidadãos, que também gostamos de sonhar, e antes de tamanho devaneio, bastar-nos-iam, para o próximo verão, algumas árvores, uma dúzia de bancos, e um relvado (ou ervado, seja) pontuado por – talvez rosas, um rosarium na cidade da Rainha Santa – dois ou três canteiros de flores...

Se é visível, já o relevámos, alguma melhoria na recuperação do património construído em determinadas zonas da Alta, menos verdadeiro não é, entretanto aqui sublinhado, o imobilismo, diria absoluto, da SRU, sociedade que – com atividade planeada para a Baixa, julgo –, de reabilitação urbana só tem o nome. E enquanto se aguarda uma continuidade dos trabalhos que ali se veem, por igual o arranque, aqui, de qualquer forma de intervenção, a câmara municipal, minimamente (será assim, só aparência, que fica" Coimbra com mais encanto"?), aposta, para além da retirada de caixas e fios, na pintura de fachadas, através da oferta de materiais e isenção de taxas...

O DC trazia um dia destes oportuno e curioso trabalho jornalístico sobre o terreno a couves – esta sim, verdadeira e enorme horta urbana – ali à beirinha do Mondego, junto ao Pavilhão Centro de Portugal. E gostei de saber da iniciativa agrícola daquele dinâmico jovem empresário, também enquanto excelente forma de se preservar, útil, limpo e bonito, um espaço que continua à espera, esperamos, do prolongamento do Parque Verde.

O presidente da AAC, em desafio à autarquia e à universidade, dizia que os estudantes querem ajudar a pensar o futuro de Coimbra. Acho muito bem. Embora preferisse, seguramente, a oferta de trabalho efetivo nesse sentido. É que "pensadores" tem a cidade muitos. Demasiados até, porventura...

Com peças belíssimas, logo imperdível, a exposição "Lugares onde estarei", da ceramista romena Cristina Bolborea, patente no Machado de Castro até 26 de Abril; a Mostra de Cinema de Expressão Alemã (KINO), a ver, está no Gil Vicente nos próximos dias 3 a 5; o meio milhar de vouchers para a Queima das Fitas foi vendido, a crise, sabem, em apenas uma hora; Coimbra passou a dispor, no ISCAC, em positivo "exercício de descentralização", um centro de estudos, sondagens e estratégia; Penacova abriu oficialmente a época da lampreia; seguramente não por falta de areia, a Figueira da Foz recebeu, muito bem, a Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Beach Rugby; e, um obrigado sentido em nome de memórias da juventude de muitos de nós – o Camelot, o Escadote, as tantas garagens na cidade –, morreu Demis Roussos.

António Cabral de Oliveira

A 24 de janeiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O secretário de estado dos Transportes afirmou, dias atrás, na cidade de Viriato, que a Refer está a analisar a proposta apresentada pela Plataforma A25 que preconiza (outro Vouguinha?) uma nova ligação ferroviária Aveiro-Viseu-Salamanca, um corredor paralelo em detrimento da oblíqua atual, otimizadora, esta, da estruturação do território. E não deixaria de adiantar, isentíssimo, sem especificar se defende a recuperação do eixo a partir da Pampilhosa, a sua "muita confiança...em que tenhamos um misto entre requalificação da Linha da Beira Alta e uma parte de traçado novo". Queira Deus, depois do disparate, técnico e geográfico, que foi a transformação do IP5 na espécie de autoestrada que aí está, que quem de direito, nos seus estudos, esquecendo também a efetiva redução dos custos financeiros, não venha, em desfavor das populações hoje servidas, a privilegiar alguns interesses políticos paroquiais. Sem atender, sobretudo, à certeza de que a não manutenção integral daquela linha, da Figueira da Foz a Espanha, e que serve naturalmente todos os objetivos por que clamam os portos de mar, ditaria, em absoluto, o fim do chamado Centro enquanto unidade regional. Que, se calhar, é o que pretende o governo, apostado no país bicéfalo, ainda, inacreditavelmente, determinados autarcas que, sabe-se bem porquê, mas não em defesa da Beira, continuam a falar, sempre, na região(?) centro/norte!!!

A assinatura do protocolo entre a Universidade de Coimbra e o Município de Mira para a criação do Centro de Estudos do Mar é, com certeza, da maior importância para ambas as instituições, mas em especial para a nossa região. Sobretudo quando se atenta no relevo económico daquele recurso, nos saberes instalados na UC, também na inadiável e permanente necessidade de uma investigação científica que nos leve – é bom não perdermos de vista os exemplos nórdicos – a outros e mais ricos horizontes. E tudo se conjugará, assim e enfim, para podermos vir a retirar todas as vantagens (fica a faltar, em termos regionais, um outro e indispensável polo na Figueira da Foz, ainda a comparticipação de instituições como a Universidade de Aveiro e o Instituto Politécnico de Leiria) das tantas potencialidades de que dispomos. Isto se, com muito trabalho, exigentes, sem "quintinhas", municipais ou académicas, todos nos empenharmos nesse projeto comum. Indispensavelmente.

Quase nada – porventura a par da leitura de um bom livro ou de jornal escorreito, também de um vinho bem feito ou de charuto sem mácula – pode, para mim, superar o deleite, imenso, de, sozinho, em invejável tranquilidade, percorrer os excelentes espaços do Museu Nacional de Machado de Castro. Contudo, face ao número de visitantes agora conhecido, relevante mas ainda insuficiente (62.301 ao longo de todo o ano passado), tenho, temos todos, de abandonar atitudes assim algo egoístas para, em colaboração cívica indispensável, ajudarmos, cada um de nós, a levar ali, a franquear a mais cidadãos, de Coimbra e de fora, as portas daquela, orgulho nosso, instituição cultural. Depois, e só depois, talvez possamos – ou se calhar devamos — continuar, como eu, a desfrutar esse gosto solitário de bem apreciarmos, então de novo sós, tão notável património.

Estive na apresentação, na Guarda Inglesa, dos dois primeiros "novos" autocarros, adquiridos em segunda mão, para "rejuvenescimento” da frota dos transportes urbanos, também para assistir a um vídeo sobre um sistema contra incêndios (pelo relevo dado, é assim tanto o receio?) com que as viaturas vêm equipadas. E, compreendendo embora as razões da opção, dei comigo a recordar antigo amigo que defendia, sustentado nas sequentes e normais avarias, que não tinha dinheiro para comprar carros velhos. Sinceramente, já vi a câmara gastar dinheiro muito mais mal gasto do que o seria esse...

José Quitério, percursor exigente da crítica gastronómica na imprensa portuguesa, venceu, prestigiante, o Prémio Universidade de Coimbra; parece-me bem, muito bem mesmo, a criação, congregando as faculdades de Farmácia e de Medicina, da licenciatura em Ciências da Nutrição; a Escola de Enfermagem passa a albergar – uma nova vocação de Coimbra "capital da saúde"?– um call center para atendimento sobretudo de casos de gripe; Bruno Matias, boa sorte, que bem precisa é, tomou posse enquanto presidente da AAC; a melhoria da capacidade de formação de bombeiros, na Lousã, é informação que se saúda; foi com certeza um êxito (no domingo, no Confrade, para seguir a tradição, só tinha mesa, imagine-se, para as 15:30 horas) a Semana da Chanfana, parabéns, na capital universal da dita; e, é notícia, embora para a Taça da Liga, a Académica, frente ao Rio Ave, ganhou um jogo.

António Cabral de Oliveira