sábado, 2 de abril de 2016

A 13 de feveiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Subi aos mais altos píncaros, às mais elevadas colinas da cidade, e nada vi. E fiquei com uma enorme, mas saudável inveja, daquele título do JN que nos dizia: "Reabilitação urbana enche cidade de gruas e andaimes". No Porto.

Os mais dos partidos políticos com assento na Assembleia da República apresentaram projetos de resolução para o problema das praxes violentas e abusivas – boas práticas, campanhas de sensibilização, estudos, levantamentos, e informação –, em louvável, mas aparentemente insuficiente, procura de soluções dignas para as dificuldades, inegáveis, por que passam, também aqui – e até, talvez sobretudo aqui, atendidas as suas responsabilidades históricas –, formas de cultura afinal tão próprias da academia e da cidade de Coimbra. Não tolerar a alarvidade campeante, acabar com essas "modernices" instaladas, valorizar, isso sim, as praxes simbólicas, é, julgo, inadiável responsabilidade das instituições universitárias e estudantis, mas também de todos nós que não podemos nem devemos calar a revolta que tantas vezes sentimos com o que vemos por estas nossas praças e ruas. Exijamos o bom gosto, a irreverência própria, a graça característica, a utilidade social. E, essencialmente, a elevação. Ou, então, acabe-se com tudo, já que não foi para "isto" que restaurámos as tradições académicas.

A Região Centro, de acordo com a nova edição do monitorizador barómetro, mantendo embora fragilidades na produtividade e na capacidade de gerar riqueza, continua a ser a segunda do país com melhor desempenho global, logo depois da Área Metropolitana de Lisboa (também já é uma região?), e com destaque para o crescimento da competitividade, potencial humano, qualidade de vida, coesão e sustentabilidade ambiental e energética. E fico perguntar-me por que razão querem os altos dirigentes da Pátria, dividindo-a a norte e a sul, acabar connosco, com a Beira. Ambição histórica de conquista territorial? Ganância? Inveja? Ou simplesmente estupidez política?

Projeto de enorme importância e dignidade, qualifica a sua diretora, o Machado de Castro vai ter a igreja de S. João de Almedina transformada em indispensável auditório que será, também, espaço polivalente para – hoje de difícil realização – um vasto conjunto de atividades culturais. Ora eis, por fim, para estar concluído até ao final do próximo ano, e com recurso a verbas europeias, o melhor "remate final" de toda a (magnífica) recuperação daquele, nosso, Museu Nacional.

É já conhecido o essencial do programa especial que comemora, neste 2016, os 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel, e que, extraordinariamente, inclui três procissões e exposição da mão da, como dirá Jesus Ramos, Santa Senhora. Ano especial para Coimbra pela excecional relevância religiosa, as celebrações da cidade e da sua padroeira vão ser, com certeza, atendida a vocação festeira da câmara municipal, ocasião de imenso folgar urbano. E de hotéis cheios, como se irá fazer realçar em nota autárquica...

O movimento cívico do Ramal da Lousã – a esperança é, de facto, a última a morrer – diz-se, e como gostaria eu de estar com ele, mais otimista quanto ao Metro Mondego. Mas, em boa verdade, para além do matagal a cobrir os carris que restam, das camionetas alternativas que procuram cumprir horário, alguém percebe, no meio de tantas contradições e mudanças de opinião, o que se passa, o que nos reserva o amanhã?

Muito justa a homenagem que a Sanfil prestou a Norberto Canha, ortopedista tão notável da nossa melhor medicina; escola relevante, a Rádio Universidade de Coimbra celebra os seus 30 anos com o lançamento de um prémio de jornalismo radiofónico e uma edição de memórias; a secretária de Estado da Cultura veio deslumbrar-se com o Convento de S. Francisco; o anterior bispo da diocese, D. Albino Cleto, tem a sua vida contada em livro; vem aí, bem-vinda, organizada pela câmara, a Coimbra BD-Mostra Nacional de Banda Desenhada; para quem a aprecia, e são muitos, é tempo de lampreia; e chineses, em visita, diziam-se extasiados – por favor não a vendam – com a Mata do Buçaco.

António Cabral de Oliveira

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