sábado, 2 de abril de 2016

A 26 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Parece que a cidade, e os seus políticos, descobriram, agora, por fim, um trabalho que vem sendo preparado sob os auspícios da Fundação Gulbenkian e que prevê, numa primeira fase, a criação de dois Arcos Metropolitanos, os de Lisboa e Porto (ou do Noroeste, também lhe chamam), "macrorregiões" e "grandes motores do desenvolvimento do país", que, ao Centro, aquela até Leiria, esta até Aveiro, quase tudo absorvem. Mas sem referirem, como li há tempos, que mais tarde será analisado o espaço metropolitano de Coimbra, quando, digo eu, e em boa verdade, já nada de relevante houver para observar em termos do que poderemos chamar, então, de restos do país. Contudo, se este estudo não será mais do que isso mesmo, um estudo, mais preocupante é a decisão política do atual governo de fazer eleger diretamente, já nas próximas autárquicas – "equiparando-as" às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional –, os futuros presidentes das Áreas Metropolitanas das duas maiores cidades, assim marginalizando todos os restantes agrupamentos de municípios, as Comunidades Intermunicipais. E então, se o permitirmos, estará acabado, em definitivo, o Portugal uno, coeso e harmoniosamente progressivo com que, pelo menos alguns, ainda sonhamos.

A prometida "Sagração da Primavera" no Convento de São Francisco, bem mais tradicional do que a do modernista Stravinsky, está, afinal, aí. Manuel Machado anunciou, no primeiro dia da mais venturosa estação do ano, o espetáculo de abertura – não de inauguração, diz, que essa foi nos idos de 1600 – da reutilização daquele espaço cultural, com a subida a cena, significativamente, mas no pior sentido (provincianinho e partidariamente correto), de uma reposição dos "Bichos", de Miguel Torga. Enquanto se ficava a saber, e alguns há muito desafiantes, sobre espetáculos já programados. Ainda não é a vinda de bailarinos do Bolshoi, de músicos da Filarmónica de Berlim, de cantores de ópera do Scala de Milão. Mas, cheios de esperança, contudo exigentes, dêmos (um pouco de) tempo ao tempo.

Depois de o Santo Padre ter anunciado a vinda, no próximo ano, para as celebrações do centenário das aparições de Fátima, o Presidente da República, naquela que foi a sua primeira deslocação oficial, esteve em Roma, designadamente para convidar o Papa Francisco a visitar-nos. Alegando, muito corretamente, que o papado foi, com Alexandre III, a primeva entidade internacional a reconhecer a nossa independência, em 1179, espero que Marcelo Rebelo de Sousa não se esqueça de fazer incluir Coimbra no roteiro da estadia já que era aqui, oitocentos anos atrás, então capital do Reino – durante mais de um século –, que nascia Portugal. D. Afonso Henriques, no seu túmulo, ali em Santa Cruz, merece o gesto. Nós, os da cidade e região, também.

O Jubileu da Misericórdia ou um apelo á oração pelas vocações, são razões que levaram a Igreja a colocar enormes painéis, imagine-se, nas fachadas ou paredes laterais de monumentos nacionais. Como acontece, por exemplo, em Santa Cruz, na Sé Velha, em Santiago. Será, valha-nos Deus, que não havia outra forma, igualmente impressiva mas menos agressiva e mais respeitadora do património, de o fazer?

Ainda pensei, assim otimista, que as árvores oferecidas pela câmara e que Carlos Cidade ajudou a plantar no Centro Escolar da Solum, como forma de celebrar a primavera, fossem, finalmente, o princípio, ali ao lado, do novo jardim. Afinal, expectativas goradas, não. O esquecido espaço continua isso mesmo. Ao abandono.

A Universidade de Coimbra continua bem posicionada, entre a elite mundial, no ranking QS by subject, sendo (ainda só) em algumas áreas a melhor portuguesa; tomaram posse os órgãos sociais do Centro Académico e Clínico de Coimbra, consórcio de enorme importância que, agregando o maior hospital português e a sua mais relevante universidade, em muito irá contribuir, auguramos, para o desenvolvimento da ciência e do país; Armando da Silva Carvalho venceu o prémio literário Fundação Inês de Castro 2015; e, para todos, boa Páscoa.

António Cabral de Oliveira

A 19 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A Infraestruturas de Portugal vai estudar uma solução para a remodelação da gare ferroviária de Coimbra B, deu-nos conta, sem pudor, o secretário de Estado Oliveira Martins. Depois de tantos anos, e dos projetos já elaborados, o governo tem o desplante de vir dizer, e em público, que a IP "irá apresentar soluções" para, ainda nesta legislatura – também só faltava que não! – se ver como resolver o problema da, cuidamos, mais vergonhosa estação da rede dos caminhos de ferro portugueses. Mas nós ajudamos: construindo, moderna, intermodal e multifuncional, a estrutura que Joan Busquets desenhou. E não, definitivamente, inventar, baratinho, um qualquer arremedo de solução para melhorar um pouco os já anunciados...arranjos de telhados e das caixilharias!

Continuamos bem – estivéssemos nós assim em todas valências que nos definem enquanto cidade – em matéria de saúde. Com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra a alcançar a excelência em áreas diversas, a ser, de acordo com os critérios do ministério, Centro de Referência em 14 especialidades médicas. E em algumas, como acontece com os transplantes cardíacos, mesmo único. Agora só falta a reposição dos níveis de qualidade nas mais simples e pequenas, mas não menos importantes, exigências.

O vereador substituto Bingre do Amaral, numa das suas (assim felizmente raras) aparições nas reuniões do executivo camarário, ajudou a viabilizar, substantivamente, com os edis socialistas, um desqualificado mamarracho para nele se instalar, em plena Guarda Inglesa, ao lado do Convento de S.Francisco e aos pés de Santa Clara-a-Nova, impensável, um suburbano supermercado. Sem querermos especular sobre o porquê da rendição de Ferreira da Silva, a decisão do autarca seu suplente, obviamente legítima, é, julgamos, uma nódoa negra, inapagável, na ação esclarecida e exigente que vinha caracterizando a intervenção política dos "Cidadãos por Coimbra" na vida do município.

A recuperação do largo das Cortes, em Santa Clara, vai ser muito mais parque de estacionamento do que praça, e, também, uma pena, não será ainda ocasião para dali retirar o barraco "cultural" a que insistem em chamar de "museu", substituindo-o, obviamente, por conjunto escultórico que fique a perpetuar a relevância histórica das Cortes de Coimbra de 1385, ainda de João das Regras.

Num tempo, há dias, de grande atenção noticiosa para com aquele grupo sueco, se o Expresso Economia dava como certo que "Coimbra está na agenda" de próximas inaugurações, e o Diário Económico acrescentava que "Coimbra pode ser uma solução", já o Público punha a questão de "no centro, Aveiro ou Coimbra?". E nós, pelo sim e pelo não, interessados numa loja Ikea, de facto diferenciadora em termos regionais, deixamos a informação...ao cuidado de Manuel Machado.

Com o início, amanhã, da primavera, com a chegada das suas primeiras flores que, lindíssimas e perfumadas, tanto as embelezam, pode ser que quem de direito, assim enlevado, passe (ou volte) a olhar as árvores da cidade como uma mais-valia, imensa, para a sua afirmação encantatória, para a qualidade de vida de Coimbra.

A SRU, sociedade de reabilitação urbana, sem ter uma única obra feita, morreu de morte natural; o município anunciou o seu programa de visitas temáticas guiadas, iniciativa de grande interesse que este ano, muito bem, surge ainda valorizada em relação às edições anteriores; a Feira dos Lázaros, sempre bem-vinda, revisitou, no Largo D. Dinis e no bairro de Celas, a cidade; a ACIC, lamentável, requereu a sua insolvência; amanhã decorre mais uma edição, vamos à vila, da Feira do Bolo de Ançã; e, sem conseguir, aqui na terra, toda a expansão que se augura e temos como possível, a tecnologia coimbrã lá vai...em direção a Marte.

António Cabral de Oliveira

A 12 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Helena Freitas – já que não foi ministra, alguma coisa de relevante e vistosa teria naturalmente de receber – é a coordenadora da Unidade de Missão de Valorização para o Interior, um novo ente político agora apresentado, com pompa e circunstância, no Portugal profundo. Propondo-se, e quanto êxito lhe auguro, refazer a coesão territorial através de medidas de desenvolvimento do interior (aquele espaço, vastíssimo, quase o país inteiro, abandonado, desprezado, naturalmente desertificado em favor da cidade-Estado), a anterior vice reitora de Coimbra tem entre mãos a mais difícil e exigente missão da governança deste assimétrico Portugal. Mas, com certeza, também, a mais desafiadora e exaltante.

Adiada logo a primeira, em Coimbra, começam mal – bem sei que as razões hão de ser ponderosas – as anunciadas reuniões mensais descentralizadas do governo.

O professor Manuel Tão, do alto do seu muito saber, afirma que, ao contrário da requalificação da Linha da Beira Alta, a construção de uma nova ferrovia Aveiro-Viseu-Espanha, caríssima, “não respeita as necessidades de estruturação interna” da Região Centro. É uma “miragem fantasiosa” sem “qualquer tipo de fundamentação”, enfatiza ainda. Ora eis.

Pensando não valer a pena – já escrevi repetidamente criticando em absoluto o desinteresse ou a incapacidade dos comerciantes da Baixa – não fui, naquele dia, a mais uma reunião organizada pela sua esforçada Agência de Promoção. E, pelo que li, estava, desgostoso embora, cheio de razão: a mesma apatia (40 entre centenas); as queixas de sempre, sobretudo contra a autarquia; o lançar de culpas a todos os outros, mas não aos próprios. E, assim, num tempo indiciador do regresso ao comércio tradicional, continuamos à espera de uma revoada de gente nova que, com alguns, poucos, dos atuais empresários, possam modernizar e dinamizar todo aquele tecido económico e social. Obrigando a câmara, de tal jeito, a um mais efetivo e indispensável empenhamento na requalificação urbana da zona.

Para uns – e estamos a falar do sistema de mobilidade do Mondego – é a defesa dos verdadeiros interesses regionais através do carril; para outros, o pugnar por conveniências que envolvem o pneu; para alguns, ainda, as imensas dúvidas técnicas que implica uma solução, o "busway", obviamente mais barata em razão de custos diretos, que não, de todo, em termos de sustentação, de desenvolvimento, afinal de futuro.

Podemos estranhar a demora na utilização do espaço, ao fundo da Paulo Quintela, para a construção de casas para magistrados (o ministério da Justiça nem as faz nem devolve terreno ao município), discordar-se, mesmo, do seu uso para localização, ali, de uma feira semanal de levante. Mas, neste longo entretanto, uma coisa é certa: os trabalhos de pavimentação agora realizados pela câmara valorizaram a área e retiraram-lhe, na medida do possível, mas substantivamente, aquele ar terceiro mundista que a todos nos envergonhava.

Garantia-se para o final do verão passado a ligação entre a Baixa e a Alta através da mata do Botânico. Entretanto, apesar de concluída – e lembro recente e oportuna reportagem, aqui, de Ana Margalho –, continuamos à espera pelo ultimar das obras na Praça da Alegria e da chegada dos pequenos autocarros elétricos que irão fazer o percurso. Talvez lá para o princípio do próximo verão, não chega bem a um ano depois do prometido, possamos, enfim, redescobrir outros segredos do nosso mais belo jardim. Alegremo-nos, pois.

Muito bem esteve a JSD quando, para lembrar aos governos (nacional, "regional", local) e à Presidência da República que, sem Afonso Henriques e Coimbra, primeira capital do reino, não haveria Portugal, depositou uma coroa de flores junto ao túmulo do Rei Fundador; nem sou entendido nem aprecio especialmente a arte da banda desenhada, mas gostei de visitar a CoimbraBD que, diz-me quem sabe, se constituiu numa ótima iniciativa; foi consignada a construção da rotunda da Guarda Inglesa, por certo importante para a segurança da circulação, também valorizadora (mas não, por favor, de um qualquer outro equipamento) do convento de S. Francisco e da faculdade de Desporto; a escola de Medicina, justíssimo, atribuiu a sua medalha de ouro a Catarina Resende de Oliveira; e a festa da Francofonia tem vindo a celebrar, também na (por ela) nunca esquecida Coimbra, a cultura francesa.

António Cabral de Oliveira

A 5 de março ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Porque se está a poucos meses, admitamos, de saber o que se vai fazer do "metro", deveríamos talvez esperar pela solução que for encontrada para se definir, então, a agora chamada Via Central. Mas não podemos esquecer os vários "compromissos assumidos", dizia Manuel Machado, sobretudo, acrescento eu, as responsabilidades financeiras que advirão, ou poderiam advir, que é o que se quer evitar, do canal entre a Fernão de Magalhães e a Sofia deixar de ter um uso (quase) exclusivamente ferroviário, para ser rodoviário. Daí, e antes que o governo decida qual a opção para o sistema de mobilidade do Mondego, a urgência de se aprovar – a sua execução, com a recuperação urbanística do degradado espaço, logo se verá – um projeto, com alargamento para os cinco metros, de natureza "rodoferroviária", seja isso o que for, indispensável para "consolidar"... os tais "compromissos". Estamos, enfim, a procurar reverter o que está aprovado, patrimonial e ambientalmente, para não termos, penso, de gastar o dinheiro não a fazer o metropolitano de superfície, mas...a pagar indemnizações!

Entretanto, e que mal pergunte, se o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, quer que os projetos de investimento dos metros do Porto e de Lisboa sejam candidatos a financiamento no âmbito do Plano Juncker no próximo ano, porque não o é também o de Coimbra? E até lá, com as verbas que possibilitariam (apenas) as camionetas elétricas, íamos avançando, já de pronto, com a interrompida obra.

Em corretíssima, gostaria de acreditar, "estratégia de descentralização e proximidade", o primeiro-ministro anunciou reuniões mensais do governo nas diversas capitais de distrito e regiões autónomas. E António Costa deu conta que a primeira, já neste mês de março, vai realizar-se em Coimbra. Uma primazia que, reconheço, é algo de notável e surpreendente, sobretudo quando atendemos ao esquecimento a que generalizadamente temos sido votados, à permanente desconsideração política com que os sucessivos executivos têm distinguido a cidade e região. E quedo-me, assim surpreso com "tamanha" deferência, questionando o que de tão relevante nos vai ser por fim anunciado; se o gesto nasce apenas por causa da oposição interna à liderança socialista aqui partidariamente afirmada; se tudo não passa de mera estratégia comunicacional; ou se, sonhemos ainda, se volta a olhar para Coimbra com a atenção indispensável ao seu pleno desenvolvimento no valorizar de potencialidades imensas. Em favor de um país harmonioso e territorialmente coeso.

Afinal – e mais do que uma qualquer opção técnica, o que for, isto só pode ser falta de discernimento –, o inadmissível acontece! Depois dos enormes transtornos que provocaram, na semana passada, os trabalhos de alcatroamento da rotunda Artur Paredes, não satisfeitos ainda, eis que se repete, nestas segunda e terça, idêntica empresa, agora na rotunda da ACIC, no cruzamento da Carolina Michaelis com a Humberto Delgado, assim voltando a viver-se, em toda a zona, (qual será a da próxima semana?) um verdadeiro e exasperante pandemónio em termos de trânsito. Diz o nosso Povo, mas o autêntico, que, em boa verdade, pelas suas opções de vida e escolhas, cada um tem aquilo que merece. Os munícipes de Coimbra, politicamente, se calhar, também...

Com a celebração de mais um aniversário dos antigos Estudos Gerais, o 726.º, a Universidade de Coimbra deu início – com um alegre e divertido espetáculo de bailado, bem dançado pela companhia de Paulo Ribeiro, no Gil Vicente – a nova edição da sua Semana Cultural, valiosa iniciativa que, este ano sob o feliz tema "O livro: no princípio, era o conhecimento", nos propicia, ao longo de dois meses, uma centena de ações que inscrevem espetáculos, teatro, cinema, exposições, conferências, debates, conversas e oficinas. Numa profusão e riqueza que implicam, indispensavelmente, uma enorme adesão dos públicos, também o universitário, da cidade.

Um concerto da Orquestra Clássica do Centro, dirigido pelo seu novo maestro titular, José Eduardo Gomes, marcou, e muito bem, o início das celebrações do 15.º aniversário de uma formação que tarda em ter o merecido e indispensável apoio por parte do Estado; os Escuteiros de Ceira, justificadamente orgulhosos, estão a celebrar os seus 50 anos de vida; decorre até amanhã, a não perder, a BD Coimbra; está aí, no Dolce Vita, com visita recomendável, a Expo Clássicos; e a cidade não acordou, no passado fim de semana, como alguns expectavam, outros anunciaram, vestida de branco.

António Cabral de Oliveira

A 27 de feveiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Cansa-me, absolutamente, esta saga da construção da autoestrada Coimbra-Viseu, ou Via dos Infantes, o que seja. Projetos em cima de projetos, intenções políticas, todas as promessas, diversidade de soluções técnicas e financeiras, que sei eu. E a nova ligação, considerada como primeira prioridade no Plano Rodoviário Nacional, sempre adiada. Como continua a parecer – julgo que ninguém entendeu muito bem o que quis dizer o secretário de Estado das Infraestruturas, se é que quis dizer alguma coisa – depois da intervenção de Oliveira Martins aquando do último Conselho Regional da CCDRC, em Castelo Branco. Está visto: mesmo que viva ainda muitos anos, não hei de estrear a indispensável e urgente alternativa ao IP3...

Sem querer retirar importância ao trabalho, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentada da CIM da "Região" de Coimbra é, pelo menos muito do que ouvimos na sua apresentação, mais do mesmo e a confirmação do que já conhecíamos. A requalificação da ferrovia entre a Pampilhosa e Vilar Formoso, a autoestrada para Viseu, a conclusão do IC6 até à Covilhã, o porto da Figueira da Foz, o Metropolitano do Mondego, mas também as ciclovias, transportes públicos, vias pedonais, a intermodalidade e um sistema de bilhética comum são, de facto, fundamentais para a competividade, para a coesão do território, para a melhoria do ar, para a qualidade de vida dos cidadãos. Mas, afinal, tirando porventura o apresentador do trabalho – que, seguramente não por falta de massa crítica em Coimbra, fomos buscar nem interessa onde – alguém não o sabia já?

Era enorme o bulício, e ainda maior o constrangimento no trânsito, na rotunda Artur Paredes, na confluência da Elísio de Moura, Fernando Namora e Humberto Delgado. O que não deixava de ser absolutamente natural quando se decide mudar o piso da via a partir das 9 da manhã, em dois dias úteis seguidos. Fazer as obras à noite? Fora das horas de ponta? Em fim de semana? Num tempo sem aulas? Devo estar tolinho, ou a sonhar, quando admito qualquer das hipóteses. Mas talvez não sobretudo porque se constata que os trabalhos, possivelmente necessários, não eram, de todo, urgentes. Enfim, o nosso município no seu melhor!

Hoje, não quero, além da minha, “saber línguas” para, no caso, ler um livro sobre uma faculdade, a de Direito, de uma universidade, a de Coimbra, que se diz global e se quer a maior de expressão portuguesa. Publicado, assim mesmo, pela sua Imprensa, com edição apenas em inglês!

As ligações aéreas regionais Bragança - Vila Real - Viseu - Cascais - Portimão têm tido uma taxa de ocupação de 30% (5,5 passageiros por viagem em aviões com capacidade para 18 pessoas), procurando os concessionários a sua duplicação. Talvez esteja na altura, com valorização da oferta, e sem querermos assim almejar a "altos voos", de passar a incluir Coimbra, por óbvio, na rota...

Fantástica aquela noite, na Coimbra de que ele gosta muito e que muito gosta dele, a do concerto, de Ricardo Toscano – seu quarteto e convidado –, celebrador, no Gil Vicente, dos 50 anos do "Cinco Minutos de Jazz". Memorável. Na cidade onde, em Portugal, ainda antes de Lisboa e Porto, di-lo quem sabe, José Duarte, primeiro se começou a ouvir jazz.

Cozinha cuidada e serviço agradável, preços honestos, espaço de qualidade e ambiente simpático, eis bastantes razões para nos levarem ao Terraço da Alta, ali ao cimo da Padre António Vieira. Gosto, realmente, destas apostas de gente nova – e com gente nova – da moderna restauração coimbrã.

A saúde em Coimbra, pública e privada, mantém-se em patamares de excelência clínica; renasce a esperança com a promessa governamental de desassoreamento do Mondego; o Tribunal Constitucional confirmou a insolvência do União de Coimbra, que, refundado, com outro nome, quer continuar a fazer desporto na cidade; a pintora Isabel Pavão ofereceu ao município um quadro, "valiosíssimo" na opinião de Manuel Machado, que deu azo (o que seria se se tratasse, por exemplo, de um Maria Helena Vieira da Silva?) a desmoderada divulgação mediática; e, em jornada de afirmação regional, muito bem, Oliveira do Hospital veio até Coimbra – outros preferem Lisboa! – promover, lá iremos, a sua Festa do Queijo.

António Cabral de Oliveira

A 20 de feveiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Dos 2,7 mil milhões com que se vai melhorar a ferrovia nacional, o projeto que exige maior investimento será o da modernização da Linha da Beira Alta. A sua adaptação para comboios de 750 metros (contra os atuais 500), as concordâncias na Pampilhosa e na Guarda, o fecho da Linha da Beira Baixa desde a Covilhã, custam 691 milhões de euros. O bom senso político vence, afinal. Os pareceres técnicos, a racionalização dos meios financeiros, batem o arrivismo oportunista de um lóbi sub-regional, conluiado com o Norte, que poderia ter prejudicado seriamente os interesses de todo o Centro. E a jornada, tardia mas positiva, da CIM da "Região" de Coimbra que a levou até Mortágua para reivindicar aquele mesmo projeto – há que lutar agora, designadamente, pela requalificação da Linha do Oeste – era, afinal, e felizmente, o corolário de uma certeza que, a bem da nossa sanidade coletiva, não podia ser outra.

Olho, através da janela, as esfiapadas bandeiras do município de Coimbra que ondulam no alto dos mastros publicitários. E, sem me interessar como está o contrato com a JC Decaux, indigno-me, assim maltratado, com o estado do pavilhão da minha cidade. Onde, chego a recear, já nem dos seus símbolos sabemos cuidar. Se quem não tem panos não arma tendas, então, quem não tem tendas...não levanta panos!

Julgo que os municípios podem, em determinadas condições, executar obras coercivas em imóveis degradados e depois apresentar a conta aos proprietários, ou mandar retirar, por exemplo, propaganda política e fazer-se pagar posteriormente, junto dos partidos, pelas despesas efetuadas. Se assim é, pergunto-me se a câmara de Coimbra não poderia – estou a ironizar, ou se calhar não –, pôr uma draga a retirar as areias acumuladas no leito do Mondego e apresentar no fim de cada mês a conta ao ministro do Ambiente (que agora, aquando das últimas inundações se mostrou, garantia Machado, permanentemente disponível), a quem seja da administração central. Isto para, finalmente, se fazer o imprescindível desassoreamento do rio, sem o que os problemas das cheias serão sempre mais gravosos do que o admissível.

O presidente da câmara, cheio de esperança, informava que o Orçamento de Estado 2016 contempla uma verba de mais de dois milhões de euros, correspondentes, parece, à comparticipação nacional no projeto. Mas qual projeto? O do metro de superfície ou o das camionetas elétricas?

Enquanto o governo, no seu programa, se diz disposto a reverter a fusão das empresas no setor da água, o secretário de Estado do Ambiente dava conta, em encontro de trabalho em Coimbra, ser aquele um processo com contornos legislativos e financeiros complexos, mas que, está convicto, será resolvido "o mais brevemente possível". Ficamos à espera, pois, que se devolva aos municípios a capacidade de decisão que legalmente é do poder local, também que se acabe com mais essa esdrúxula divisão de se partir a nossa Beira ao meio, metade para o litoral, o resto...para Lisboa e a sua EPAL.

Atento, nas capas dos quatro jornais diários das nossas cidades beirãs, nos números das pequenas e médias empresas de excelência, distinção, seguramente séria, da responsabilidade do IAPMEI. E constato que Aveiro viu premiadas 199, Leiria 118, Coimbra (apenas) 58. Bem sei que Viseu, mais no interior, tem menos, 39, mas aqueles valores – e penso especialmente no Gabinete de Apoio ao Investidor do município – significam o quê?

Se quase todos se abstiveram quanto à extinção da Sociedade Metro Mondego, só o PS manteve (o peso de ser governo!) o mesmo sentido de voto em relação à reposição, modernização e eletrificação do Ramal da Lousã, agora proposta pelo PCP e aprovada na Assembleia da República; autorizar um "caixote" na Guarda Inglesa, bem junto ao Convento de S. Francisco, para nele se instalar um supermercado – mamarracho lhe chamaram agora os mais dos edis – não lembraria a ninguém, poderíamos julgar, não fosse a (apenas adiada?) posição da maioria socialista na câmara; Manuel Machado, e não recordo atitude idêntica ou recíproca seja em que reivindicação for, apoia Rui Moreira e o Porto na luta contra a TAP; vantagem das cheias, já se pode pescar, enguias, no mosteiro de Santa Clara-a-Velha; e "velas" dos Descobrimentos, espelhos de água e jardins de buxo antecedem o novo edifício de entrada do Portugal dos Pequenitos que, futuramente, irá bem aproveitar, por fim, os terrenos que, a nascente, o município lhe disponibilizou.

António Cabral de Oliveira

A 13 de feveiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Subi aos mais altos píncaros, às mais elevadas colinas da cidade, e nada vi. E fiquei com uma enorme, mas saudável inveja, daquele título do JN que nos dizia: "Reabilitação urbana enche cidade de gruas e andaimes". No Porto.

Os mais dos partidos políticos com assento na Assembleia da República apresentaram projetos de resolução para o problema das praxes violentas e abusivas – boas práticas, campanhas de sensibilização, estudos, levantamentos, e informação –, em louvável, mas aparentemente insuficiente, procura de soluções dignas para as dificuldades, inegáveis, por que passam, também aqui – e até, talvez sobretudo aqui, atendidas as suas responsabilidades históricas –, formas de cultura afinal tão próprias da academia e da cidade de Coimbra. Não tolerar a alarvidade campeante, acabar com essas "modernices" instaladas, valorizar, isso sim, as praxes simbólicas, é, julgo, inadiável responsabilidade das instituições universitárias e estudantis, mas também de todos nós que não podemos nem devemos calar a revolta que tantas vezes sentimos com o que vemos por estas nossas praças e ruas. Exijamos o bom gosto, a irreverência própria, a graça característica, a utilidade social. E, essencialmente, a elevação. Ou, então, acabe-se com tudo, já que não foi para "isto" que restaurámos as tradições académicas.

A Região Centro, de acordo com a nova edição do monitorizador barómetro, mantendo embora fragilidades na produtividade e na capacidade de gerar riqueza, continua a ser a segunda do país com melhor desempenho global, logo depois da Área Metropolitana de Lisboa (também já é uma região?), e com destaque para o crescimento da competitividade, potencial humano, qualidade de vida, coesão e sustentabilidade ambiental e energética. E fico perguntar-me por que razão querem os altos dirigentes da Pátria, dividindo-a a norte e a sul, acabar connosco, com a Beira. Ambição histórica de conquista territorial? Ganância? Inveja? Ou simplesmente estupidez política?

Projeto de enorme importância e dignidade, qualifica a sua diretora, o Machado de Castro vai ter a igreja de S. João de Almedina transformada em indispensável auditório que será, também, espaço polivalente para – hoje de difícil realização – um vasto conjunto de atividades culturais. Ora eis, por fim, para estar concluído até ao final do próximo ano, e com recurso a verbas europeias, o melhor "remate final" de toda a (magnífica) recuperação daquele, nosso, Museu Nacional.

É já conhecido o essencial do programa especial que comemora, neste 2016, os 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel, e que, extraordinariamente, inclui três procissões e exposição da mão da, como dirá Jesus Ramos, Santa Senhora. Ano especial para Coimbra pela excecional relevância religiosa, as celebrações da cidade e da sua padroeira vão ser, com certeza, atendida a vocação festeira da câmara municipal, ocasião de imenso folgar urbano. E de hotéis cheios, como se irá fazer realçar em nota autárquica...

O movimento cívico do Ramal da Lousã – a esperança é, de facto, a última a morrer – diz-se, e como gostaria eu de estar com ele, mais otimista quanto ao Metro Mondego. Mas, em boa verdade, para além do matagal a cobrir os carris que restam, das camionetas alternativas que procuram cumprir horário, alguém percebe, no meio de tantas contradições e mudanças de opinião, o que se passa, o que nos reserva o amanhã?

Muito justa a homenagem que a Sanfil prestou a Norberto Canha, ortopedista tão notável da nossa melhor medicina; escola relevante, a Rádio Universidade de Coimbra celebra os seus 30 anos com o lançamento de um prémio de jornalismo radiofónico e uma edição de memórias; a secretária de Estado da Cultura veio deslumbrar-se com o Convento de S. Francisco; o anterior bispo da diocese, D. Albino Cleto, tem a sua vida contada em livro; vem aí, bem-vinda, organizada pela câmara, a Coimbra BD-Mostra Nacional de Banda Desenhada; para quem a aprecia, e são muitos, é tempo de lampreia; e chineses, em visita, diziam-se extasiados – por favor não a vendam – com a Mata do Buçaco.

António Cabral de Oliveira

A 6 de feveiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

As dez estações mais emblemáticas do país – lia eu nos jornais – vão ter, sem perderem os comboios, centros comerciais, pousadas, hostels e outras novas utilizações. Santa Apolónia, Rossio, São Bento, Entrecampos, Campanhã, Cais do Sodré, Cascais, Oriente, Braga e Coimbra (a Nova, só pode), diz o presidente da Infraestruturas de Portugal irão render 11 milhões de euros anuais. O esforço nacional – é com certeza esse o grande propósito para, acabando-se com uma injustiça, a aplicação dos novos proventos –, os empenhos que o governo mete para fazer do "apeadeiro velho", a Coimbra B, uma estação ferroviária digna de, num amanhã, quem sabe, poder, também ela, render outros cabedais à CP, à REFER, à IP, ao que seja...

Gostei de visitar o espólio de arte sacra que a Universidade de Coimbra expõe na Sala do Exame Privado. Talvez ainda mais da ideia de transferir a pequena mostra para o Museu da Ciência, como forma de o valorizar globalmente, na procura da melhoria e diversificação da oferta cultural e turística, de fazer delongar a permanência de quem nos visita. Tudo isto desde que cada um, nas suas responsabilidades e incumbências, queira e saiba cumprir o desiderato que, releve-se, a cidade muito agradecerá.

O novo Centro Operacional do Norte do 112, no Porto, que já deve estar concluído para ficar a servir nove distritos da "região" acima de Coimbra, incluindo também Aveiro, Viseu e Guarda, é complementar à estrutura do Sul, evidentemente sediada em Lisboa. Não sei se esta concentração será para obviar às falsas chamadas e 'brincadeiras' outras que a PSP da nossa cidade lamentava. Mas sei que, paulatinamente, nos setores mais diversos, mas todos, avança a nova "regionalização" do país, a bicefalização que faz felizes os da capital, só um pouco menos, afinal, os da segunda "metrópole".

A exposição "Arganil - Capital do Rally" é mais um forte esteio para afirmar a ligação, efetiva e indestrutível (por muito que se cobice), entre aquele território e a prova máxima do desporto automóvel em Portugal, para a criação, ali, do museu que a perpetuará no tempo, também, porventura sobretudo, para o seu regresso, já em 2017, a espaços que lhe são tão próprios. Por tudo isso lá iremos, um dia destes, ver as 12 emblemáticas máquinas que se mostram ao público, as fotografias, notícias, fatos e prémios, enfim reviver memórias.

Passando ali perto, dei uma saltada ao IParc e voltei a constatar, mas não só, a vastidão do espaço infraestruturado e desaproveitado para o fim com que, em boa hora, foi criado. E já que a Câmara não consegue promover a fixação de novas empresas tecnológicas, não poderia ela, ao menos, obstar à degradação, ao estado de abandono dos seus acessos, mandando cortar as ervas que se derramam pelos passeios e separadores centrais das vias?

A companhia aérea Emirates quer trazer mais turistas para Fátima como forma de melhor rentabilizar, creio, a sua segunda ligação diária entre Lisboa e o Dubai. É também por esta, e por outras, atenta a importância do turismo religioso, que me questiono sobre se interessa, ou não, a tantos afinal, a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil...

A taxa máxima do coeficiente de localização atinge os seus valores mais altos, em Coimbra, na Quinta de S. Jerónimo e na Solum. Pode ser que este fator, sobremodo o aumento das contribuições através do IMI, leve a câmara municipal a olhar com outra atenção o trânsito que invade este antigo – e outrora privilegiado em termos de qualidade de vida – bairro da cidade.

Péssimas as notícias, com ou sem surto, sobre infeção hospitalar, agora uma malfadada bactéria multirresistente, no CHUC; voltaram os tiros, nenhuma novidade, ao Ingote; o Pediátrico, hospital a que me liga um perene penhor de gratidão, celebrou, para nosso orgulho, os 40 anos de atividade em Coimbra e os cinco de instalação da nova unidade; o município da Mealhada avança, justificadamente, para a candidatura do Buçaco a Património da Humanidade; o Rancho de Coimbra, parabéns, festejou o 30º aniversário; e, divirta-se quem o tiver por bem, está aí (com corsos, nem que seja de tratores agrícolas embandeirados), em qualquer cidade, vila ou aldeia…o carnaval.

António Cabral de Oliveira

A 30 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Julgava-o, por fim, a seco. Contudo, a água, até meia altura das paredes, continua, ali, a impedir o regresso ao interior do velho mosteiro. Passados tantos dias, ainda não consegui compreender como foi possível Santa Clara-a-Velha ter voltado a ficar inundada. E menos ainda – tudo incapacidade ou desleixo, talvez nova forma, demolhando-o, de conservação do património – porque, depois de tão longo tempo, quase três semanas, continua alagado. Estará alguém convencido de saudades nossas em ver o monumento de novo cheio de água, das visitas de barco, de arqueológicos mergulhos? Pode ser que um dia, mas inteiramente, alguém nos explique...

Uma solução para repor a ligação ferroviária (ferroviária, sublinhemos) entre Coimbra e a Lousã "encontra-se em aprofundamento", responde o governo ao grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, que questionou o executivo sobre o futuro do ramal e do Sistema de Mobilidade do Mondego. Na expetativa, assim, da administração central repor o que injustificada e iniquamente destruiu, esperemos que o ministério do Planeamento e das Infraestruturas não demore muito tempo, não "aprofunde" demasiado o projeto. Até porque o metro que nos prometeram...é só de superfície!

Belíssimos e diversos os momentos musicais propiciados, do auditório do Conservatório ao Museu Machado de Castro, pelo Coimbra World Piano Meeting. Reunindo uma plêiade de jovens oriundos de vários países, a iniciativa, magnífica, colocou a cidade na rota dos grandes acontecimentos pianísticos. Uma realidade, inesperada, que importa acarinhar e a que, inquestionavelmente, temos de saber dar continuidade. Do meu reconhecimento pela capacidade organizativa, deixo nota enquanto cidadão. E fico à espera, naturalmente, expresso em apoios efetivos, de recíproca atitude da parte de quem, entre nós, governa a cultura.

Os vereadores do PSD voltaram a retirar-se da reunião camarária, sempre, substantivamente, em razão da não distribuição, à oposição, da totalidade dos processos que constam da ordem de trabalhos. Tudo, mas tudo, democraticamente lamentável: a atitude política da maioria socialista quando persiste em não entregar os documentos, a decisão da minoria, que já se vai tornando um hábito, de abandono do plenário. Para quando, afinal, apetece perguntar uma outra vez, os executivos homogéneos? 

Leio – mas a que propósito me terei lembrado de Coimbra? – que a IBM está a ponderar a instalação, ótima notícia para aquela cidade, de um centro de investigação aplicada em Viseu, de que poderá resultar a criação, excelente, de algumas dezenas de postos de trabalho altamente qualificados.

A Livraria Jurídica, empresa do grupo Coimbra Editora, viu também aprovada, pela assembleia de credores, e à semelhança da casa mãe, a manutenção da atividade. Esperemos, agora, para evitar a liquidação de uma empresa emblemática para a cidade e para o país, a ratificação do plano de recuperação que vai, entretanto, ser apresentado.

Os Desportos Náuticos da AAC, o Clube Fluvial e o Clube do Mar associaram-se, um dia destes, a uma iniciativa da JSD de Coimbra (contra o não desassoreamento do Mondego) cuja presidente descobriu, ou achou – quero-me longe de polémicas que envolvem estudiosos da expansão marítima portuguesa –, no rio, com água já não pelos joelhos, mas pelos tornozelos, um novo território, uma ilha, aos pés da cidade. Onde, porque nossa, apesar de indesejada, arvorou a bandeira do município.

O ministério da Saúde reiterou, por evidente, o não encerramento (diurno) da urgência dos Covões; Penela homenageou, com justiça inteira, António Arnaut, ali nascido há 80 anos, atribuindo o nome do advogado e escritor, com mais de trinta livros publicados, à biblioteca municipal; quanta pena tive em não ter podido ir a Almalaguês ouvir os tantos gaiteiros ali reunidos; morreu, as minhas homenagens, Margarida Ramos de Carvalho; termina hoje, no Gil Vicente, a KINO, mostra de cinema alemão que regressou, em boa hora, à cidade; e não perca a exposição Sequenzas, de Nadir Afonso (década de 50, do passado século), patente no Machado de Castro;

António Cabral de Oliveira

A 23 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Foi finalmente consignada, com as respetivas obras a iniciarem-se de imediato (depois de trabalhos de arqueologia que me levaram a recear, qual castanha, me estalasse na boca aquela ironia do porto fenício), a renovação do Terreiro da Erva. Uma intervenção que, em favor da inteira regeneração da Baixa, também do inadiável desaparecimento de usos marginais, deverá estar concluída em setembro próximo, e se materializa numa praça com esplanadas para o lazer e fruição dos cidadãos. E com árvores.

Anda meio mundo muito preocupado com o Convento de S. Francisco enquanto (magnífico) centro cultural e de congressos. Pela riqueza dos espaços, por receios de pobreza em capacidades de gestão. Mas pode ser que pensar, ali, num núcleo inicial de um futuro Museu Nacional da Língua Portuguesa seja uma possibilidade a considerar. E, também, porventura, numa mostra do vasto e valioso património azulejar do Machado de Castro. Ou, ainda, se formos a tempo, naquela ideia de trazer para Coimbra os Mirós que andam aí, não se sabe bem por onde, mas que parece querem levar, desta feita não para Lisboa, mas para o Porto.

Em dia de aniversário do Aero Clube, o 40º, fui ao campo de aviação (aeroporto de Coimbra, chama-lhe o Intellicast) para, agora que já há diretor, me congratular com a efeméride e a apresentação do projeto de novo e indispensável hangar. E constatar, ali, que só falta, assim, coisa pouca(!), resolver o problema da titularidade da estrutura, prolongar a sua pista para os 1200 metros, garantir a melhoria do abastecimento de combustíveis e a revalidação e certificação da operacionalidade da torre, assegurar a continuidade do reconhecimento de ser este o terceiro mais movimentado aeródromo do país, afirmar e valorizar a sua importância regional e nacional.

Primeiro, foi a EDP a asseverar que "a barragem cumpriu a sua função de contenção de caudais de cheia" (notou-se!) e, mais, que "fez uma exploração controlada e com segurança, tendo sempre como primeira preocupação – o nosso obrigado – a minimização de danos gravosos nas populações". Depois, a APA a garantir, nem mais, que a universalidade das medidas foram asseguradas, "toda a informação para a gestão das cheias foi disponibilizada em devido tempo", enquanto acentuava que a Aguieira, mas quem pode afinal duvidar?, "tem um plano de exploração que está a cumprir , tendo sido realizada uma gestão adequada em relação às circunstâncias". E é de tal jeito, por estas, e por outras, que, culpados, nós, por termos escolhido viver junto ao rio, que continuamos, os do Baixo Mondego, a ter, em cada ano, cheias que para a Agência Portuguesa do Ambiente são (e assim serão, tudo normal, afigura-se) um quadro "recorrente". Connosco, todos, não se duvide, a percebermos muito bem porquê...

Azar dos azares, no dia em que a Universidade de Coimbra dava nota da atribuição do grau de "doutor honoris causa", por certo com justiça, ao chairman, não executivo, da Bial, Luís Portela, era também notícia que o teste, em França, de um medicamento daquela farmacêutica portuguesa fazia, lamentavelmente, seis vítimas, uma das quais mortal.

Que excelente nova a inauguração do MAREFOZ, laboratório avançado do Pólo de Coimbra do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. A mais antiga universidade, finalmente, na Figueira, para, valorizando-se, ajudar a afirmar o conhecimento e a inovação em favor de um maior desenvolvimento do saber e da economia. Agora só faltará vocacionar a desativada fábrica de cal hidráulica, no Cabo Mondego, para essa, e porventura outras, atividades ligadas ao mar, à costa marítima da região beirã.

Morreu Gonçalo Reis Torgal, homem da Académica e da gastronómica Panela ao Lume (nascida no extinto O Comércio do Porto), sempre devotado, como poucos, à sua Coimbra; José Dias, vice das duas anteriores direções, tomou posse como novo presidente da AAC; as duas regiões turísticas do Norte e do Centro de Portugal, de forma inédita, promovem-se conjuntamente – queixemo-nos depois de só haver dois territórios, um mais para cima, polarizado pelo Porto, o outro lá para baixo, liderado por Lisboa – na espanhola FITUR; o investigador Adélio Mendes é o vencedor do Prémio Universidade de Coimbra 2016; e, em tempo outra vez de perda, nesta imaterialidade que nos envolve, e encanta, a cidade ficou mais pobre com o falecimento de António Almeida Santos.

António Cabral de Oliveira

A 16 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Os metropolitanos do Porto e de Lisboa, as suas expansões, a atentarmos nas notícias, voltam a estar sobre a mesa de negociação entre o governo e as administrações locais. Sobre o nosso elétrico de superfície, o do Mondego, nada?
Leio, sobre os problemas da poluição em Souselas (diga-se coincineração), declarações do presidente da Junta de Freguesia – recusando "opiniões irresponsáveis e sem fundamento", "explicações enganosas", "reivindicações de forma interesseira ou interessada?", "alaridos e alarmismos desnecessários" – e fico surpreendido, confuso, perplexo mesmo. E a pensar, depois do seu apelo a uma luta "sincera, apolítica(?) e genuína", se, de facto, como diz Rui Soares, após os filtros de manga, e da regressada azeitona, se "vive bem e se recomenda" Souselas. Enquanto, na dúvida, apelo à criação, também eu, ajudando-nos a um melhor esclarecimento, da por si solicitada Comissão de Acompanhamento Independente para fazer um estudo à saúde da população. Mas de facto independente. Se for possível...neste país.

As últimas cheias voltam a indignar, a quase revoltar os municípios do baixo Mondego, cansados, sem nada se ver fazer por parte da administração central, de um problema cíclico, porventura inevitável, mas minimizável nos danos que provoca. E exigem, Coimbra, Montemor-o-Velho, Soure e Figueira da Foz, de uma vez por todas, respostas. Que, receio, não vão ainda obter desta feita. Porque, para muito se ganhar, ali, muito se há de continuar a perder, aqui. Mas, afinal, o que interessa isso? Para além do prejuízo dos outros, tantos – os mesmos que também pagamos os consumos de eletricidade – fica o lucro, e é o que releva hoje em dia, as vantagens materiais de alguns. Tudo, acusa-se, entre descargas anormais e imprevisíveis, tudo perante a incapacidade, parece pelo menos, da estatal Agência Portuguesa do Ambiente.

Olho, na fotografia do jornal, aquela fila de autocarros a ocupar por inteiro uma das principais artérias da cidade, e quedo-me com a certeza de que há coisas que não compreenderei nunca. Como essa de simples avaria numa viatura, no cruzamento da Rua da Sofia com a João Machado, onde seja, possa ter causado tamanhos constrangimentos ao trânsito, aos serviços de transportes urbanos, sobretudo aos utilizadores. Tentarão encontrar, seguramente, mais do que razões, todas as justificações que alcancem. Mas ninguém, nem nada, julgo, conseguirá explicar o inexplicável!

Ainda estou para perceber – mas se calhar profundamente errado – o porquê, apesar da existência de um curador, de um diretor, e até de um conservador, de chamarem àquela espécie de contentor instalado na Praça das Cortes, em Santa Clara, de "museu", "obra de arte", "instalação cultural" mesmo. Limitação minha, com certeza!

Obra minimalista a considerou, justamente, o presidente da Câmara, quando, em síntese, apresentava a requalificação/valorização do areal da Figueira da Foz. Também acho. Eu, que por ali sou banhista (mas sem ir a banhos) desde os cinco meses de idade, esperava, depois de tantos anos de delonga, mais, muito mais – mesmo que se resolva o problema das valas – do que algumas passadeiras vistosas e o plantio de uns arbustos. Aproximar o mar à cidade? Evidentemente. Mas tão pouco…

Depois de um outro descarrilamento, agora consequência do mau tempo, e antes que oportunisticamente venham, de novo, falar em projetos megalómanos que só interessam a alguns, avance-se com a indispensável modernização da Linha da Beira Alta, da Pampilhosa a Vilar Formoso; com a renúncia do vereador Raimundo Mendes da Silva, por razões, sublinhou, pessoais e profissionais, não enquanto ato de desistência ou de desvalorização do poder autárquico, o executivo camarário de Coimbra ficou muito mais pobre; a Turismo do Centro, bem, vai investir três milhões de euros na promoção dos sítios – Coimbra, Batalha, Alcobaça e Tomar – Património Mundial da Humanidade; o preço da água, afinal, não vai subir para os consumidores do município; e está a decorrer até ao dia 24, acautelemo-nos com as lotações esgotadas, a Semana da Chanfana (para mim um arroz de bucho sff), em Vila Nova de Poiares.

António Cabral de Oliveira

A 9 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Olham-se as capas do Diário de Coimbra (que um guardador de memórias me fez chegar eletronicamente), percorrem-se as páginas dos anuários editados em papel pelos jornais locais, e ficamos com uma imagem do pouco que de verdadeiramente relevante aconteceu nas nossas terras. E, em contraposição, do tanto a que aspiramos e, num outro ano, ficou ainda por realizar na cidade, no município, na região. Quanta mais ambição e trabalho, empenhamento e qualidade, a todos se nos exige!

Primeiro foi Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, nos idos de 2007, a querer fazer um museu da Língua Portuguesa, agregado ao Mar, naturalmente (para a administração central) em Lisboa. Mais recentemente, na semana passada, é Matosinhos a projetar, dizem que para uma das suas abandonadas fábricas de conservas, um museu da Língua Portuguesa, mas agora afiliado à Diáspora. Entretanto, em Coimbra, mau grado a sua natural apetência – não foi este, afinal, o berço do nosso idioma, não é ela, como dizia Adriana Calcanhotto, o nosso Templo da Língua? – todos, da Câmara Municipal à Universidade, continuam, distraidíssimos, ocupados, com certeza, com outros e mais dilatados propósitos. Enquanto persevero na ideia de que faz inteiro sentido querermos, aqui, o Museu da Língua Portuguesa. Associado, naturalmente, e apenas, ao português...

Sem honra nem glória – leia-se sem uma única obra materializada – foi extinta, tenha sido ela o que quer que fosse, a Sociedade de Reabilitação Urbana de Coimbra. Como já havia sido a de Viseu, como acontecerá com a do Porto, dentro de cinco anos, mas só depois de concluído o acordo que assinou com o governo para um financiamento de um milhão de euros anuais durante meia década. Naquelas cidades, li nos jornais, houve proveitos para ambas. Entre nós, nada, além, julgo, de projetos no papel. Um triste fim depois de anos de decadência e letargia só comparável à letargia e decadência da Baixa que a SRU se propunha recuperar no seu património construído.

O compromisso estará cumprido, as obras concluídas no Convento de S. Francisco. Vamos, pois, deixar secar as tintas, como disse Manuel Machado, para, por fim, ali, celebrarmos a primavera. Uma promessa, espero bem, para, desta feita, ser concretizada.

Quase quatro mil alunos de 80 países estudam na Universidade de Coimbra. Os mais são do Brasil, seguidos da Itália, Espanha, China e Angola. Muito bom. Mas os objetivos apontam para que aqueles estudantes representem 20% do total, o que implicará um crescimento para os seis mil escolares. Isto enquanto aqui trabalham, em regime de mobilidade, 300 investigadores estrangeiros. As potencialidades, tantas, do antigo Estudo Geral!

A herança dos bens da Assembleia Distrital pela Comunidade Intermunicipal continua a gerar um impasse que poderá levar, agora sem diretor, ao fim da certificação (e dos voos) do aeródromo Bissaya Barreto. Bem sabemos como são estas coisas da política e da jurisprudência. Mas garantem-me que as dificuldades existentes – um campo de aviação, como dizíamos antigamente, construído em quatro pinhais – serão facilmente ultrapassáveis do ponto de vista do direito. Desde que os homens queiram, ou quisessem, obviamente...

Ainda sabemos ser justos: Aníbal Duarte de Almeida e Jorge Lemos ficam perpetuados na toponímia de S. Martinho do Bispo; voltou a cumprir-se, obrigado Brigada de Intervenção, o tradicional concerto de Ano Novo pela Banda Sinfónica do Exército; em vaga socialista que varreu o país inteiro, foi demitido o Delegado Regional do IEFP; a loja do cidadão poderá trazer vantagens, porventura até mútuas, mas gostava, também por razões de proximidade institucional, de ir tratar dos assuntos comerciais à sede da Águas de Coimbra; na cidade agora a ver melhor as longínquas estrelas, o presidente da Câmara lá tem mais um adjunto; e, entretanto mais modesta, a capital universal da chanfana, Poiares, ambiciona ver aquela especialidade tradicional...reconhecida pela Europa.

António Cabral de Oliveira

A 2 de janeiro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Neste dealbar do ano, e depois de instalado o novo governo, consonante afinal com a maioria partidária do executivo camarário, estará na hora, quero seriamente acreditar – mas se calhar até já o fez ou agendou –, de Manuel Machado se fazer à estrada para, em Lisboa (onde havia de ser?) debater com os responsáveis da administração central, seus correligionários, desde logo três evidentes prioridades para Coimbra: o rápido avanço da autoestrada para Viseu; o início, também imediato, da construção da nova estação ferroviária da cidade; a conclusão do Metro Mondego. E tudo, claro está, sem mais estudos, projetos, o que seja.

Em artigo no "Público", do passado dia 27, intitulado "O legado colonial de Portugal no Brasil: entre a culpa e a redenção", depois de referir que Lula da Silva tinha afirmado, em substância, numa conferência em Madrid, que a culpa pelos atrasos na educação (no seu país) é dos portugueses, Diogo Ramada Curto, da Universidade Nova de Lisboa, note-se bem, a propósito do que chamava de reações nacionalistas, lembrava uma entrevista do Reitor da Universidade de Coimbra, ao mesmo jornal, onde defendia que a "unidade do Brasil era obra da sua própria instituição". E acusava o Magnífico de "deturpação do que se passou", de " atoarda, e das grandes", tudo em favor, continuo a sintetizar, de "um (sic) espécie de redenção ou de salvação da Universidade de Coimbra". Serão argumentos contra argumentos, sei. Mas fico a aguardar, expetante e exigente, a resposta da mais antiga instituição universitária portuguesa...

Foi, outra vez, um imenso pandemónio na Solum (como se não bastassem as habituais dificuldades) com filas compactas de trânsito à espera, demoradamente, que se corresse a S. Silvestre. Por mais que me queiram fazer explicar, não consigo entender, de todo, porque se prejudicam milhares e milhares de cidadãos para 1.600 outros se deleitarem com uma atividade, com certeza salutar, que poderia, e deveria, cuido, ter lugar em espaço onde não provocasse tamanhos constrangimentos à vida urbana. E continuo nada esperançado em que os governantes de Coimbra façam trocar as ruas e avenidas por, sei lá, um circuito pelos campos do Mondego, por exemplo, para os lados do Choupal. E todos lucravam. Os pedestrianistas, com o ar puro da natureza, também os peões – até para atravessar as passadeiras tinha de ser com o auxílio de prestáveis polícias – ainda e sobretudo (quantos litros de combustível desbaratados, tanta poluição lançada aos ares) os desesperados automobilistas!

O número de turistas na Universidade – e não nos estamos a referir aos estudantes que, alheios aos chumbos, persistem em ficar entre nós – mais do que duplicou em quatro anos, passando dos 160 mil para os 355 mil, tendo-se registado, só em 2015, um aumento de 20%. Avaliando o crescimento como "demais", o vice reitor Luís Menezes precisou que, para diluir um pouco a afluência, vão ser criados novos programas e, perfeito, abertos outros espaços, designadamente as galerias de Física e Zoologia do Colégio de Jesus.

"Curar e reparar" é, foi anunciado, o tema da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra em 2017, que terá suportes diversos, uma vintena de artistas participantes e a curadoria de Delfim Sardo. Sustentando-se a vontade da sua internacionalização, a AnoZero (porque não, diria, a AnoUm?) mantém-se sob a responsabilidade do Município, Círculo de Artes Plásticas e da Universidade, começando já a falar-se, pois não havia de ser!, da necessidade de criação de uma estrutura profissional. Veremos, então, depois do tão propalado êxito deste ano, o que nos reserva – e que em boa verdade ambiciono seja bem melhor – a próxima edição.

O município de Cantanhede deliberou atribuir um subsídio de um pouco mais de dois mil euros ao Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga, em apoio à campanha de angariação de fundos para aquisição do quadro "A Adoração dos Magos", de Domingos Sequeira, para aquele museu de Lisboa. Acho bem. Só almejo é a mesma atitude quando o Machado de Castro, ou um qualquer outro da região, solicitarem colaboração afim. É que para privilégio das Janelas Verdes, bem lhe basta o especial carinho da, sempre tão pródiga, administração central. 

António Cabral de Oliveira

A 26 de dezembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Com o novo governo, e depois das tantas críticas e promessas que ouvimos, Coimbra vai com certeza ter em execução, por fim, um conjunto de obras fundamentais para o seu desenvolvimento. O carril volta ao Ramal da Lousã e chega aos hospitais; a Via dos Duques (mesmo que com outra designação) liga-nos a Viseu; o IC6 deixa de parar no meio de um pinhal e segue para a Covilhã e em direção a Seia e Gouveia; aviões civis aterram e levantam na Base de Monte Real, o novo aeroporto Leiria-Fátima-Coimbra; para além da recuperação da do Oeste, a modernizada Linha da Beira Alta segue da Pampilhosa até Espanha; o projeto  de Joan Busquets para a estação ferroviária começa a ser concretizado; o ensino e a ciência, a cultura e o turismo, mas também o empreendedorismo são dinamizados; o IParc internacionaliza-se; a cidade reabilita-se no seu património urbano construído. Uma única dúvida nos assalta: tudo entra em obra no ano que agora começa, ou no próximo milénio?

O ministro da Saúde, na sequência de uma longa visita ao Centro Hospitalar e Universitário, declarou, no final da jornada, que "saio daqui com a melhor prenda de Natal que poderia ter em princípio de mandato". Por nós, congratulando-nos com a (em boa verdade tão justa) consideração, ficamos à espera de que, lá mais para o meio e fim do mandato, seja isso quando for, os nossos sentimentos de felicidade sejam recíprocos. Em abono da garantia e permanente evolução da qualidade, da excelência da saúde em Coimbra.

 Tenho pela ARCA, por razões diversas, um particular afeto, carinho mesmo. Que levou à minha imensa congratulação com o aprovar, pela ampla maioria dos credores, de um plano especial de revitalização. Que agora irá ser homologado, seguramente, pelo Tribunal da Comarca. E a instituição, fundada, um dia, por Norberto Canha, haverá de ressurgir das suas imensas, mas desafiantes, dificuldades.

 A Cimpor quer aumentar, ou já terá mesmo aumentado, os valores de emissões poluentes do centro de produção de Souselas, tendo entretanto decorrido(?), de forma pouco transparente e percetível, sublinhe-se, um processo que visava ir mais além nos limites definidos aquando do lamentável processo da coincineração que trouxe para Coimbra  – e continua a trazer – escória e matérias tóxicas de todo o país. Queima de resíduos perigosos, ou de lixos domésticos, o que seja, uma ou outra tanto se nos faz, a ambas dizemos, como fez o município, um alto e tronante não. Vamos combater, mobilizando-nos (seremos todos, desta vez?), as fontes poluidoras, não acrescentá-las. Para mal, já basta o que aí está. 

 Confesso que nunca pensei que o regresso dos elétricos a Coimbra pudesse ser tema de uma tese de doutoramento. Mas sim. E teve, até, direito, com certeza pela sua relevância, a ser notícia de jornal. Considerando, judiciosamente, o "potencial turístico" e o fortalecimento da "ligação afetiva do cidadão com o espaço urbano", Paulo Simões, seu autor, acrescenta, ainda, bem, que o "elétrico faz parte da história" do burgo, moldou "a paisagem cultural da cidade", e é um "elemento estético" que poderá  "contribuir para um reforço da imagem que se tem de Coimbra". Enquanto defende a criação de duas linhas turísticas. Mas aqui, se me permitem a discordância, continuo a preferir e a achar mais relevante o circuito Praça da República, António Vieira, Universidade, Arcos do Jardim.

A ligação aérea regional Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais, Portimão – connosco a ver passar os aviões  –  começou a funcionar no passado dia 23. Coimbra, e eu a lembrar-me das escalas da LAR, cada vez mais, ironizemos, no centro da mobilidade! Externa, e, assim, também interna...

Programa educativo sobre ciência para mais de 25 mil alunos; dez mil euros para Obra de Promoção Social do Distrito; aumento em 50% do valor de emergência a excluídos; apoio ao Banco Alimentar Contra a Fome; 30 mil euros para teleassistência a idosos. Estes os sublinhados, os mais relevantes temas da reunião camarária de 21 de dezembro. Era Natal.  Bom Ano Novo.

António Cabral de Oliveira

A 19 de dezembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

João Aidos, coordenador do projeto, diz que "o Convento de S. Francisco não dá para fazer bem. Só dá para fazer muito bem". E é exatamente isso que a cidade exige em termos de programação cultural e de congressos. Se não, até eu serviria para administrar o equipamento cuja escala "sobredimensionada" para a região – Aidos o diz – mais não é, afinal, do que desafio a ganhar. Obviamente. E sem margem para qualquer dúvida!

A câmara de Coimbra desceu 81 posições no Índice de Transparência Municipal, passando da 37º para a 118º posição. Sabendo nós que a qualificação assenta apenas numa avaliação das páginas na internet, não deixa de ser verdade que preferíamos ver a nossa autarquia melhor colocada nesta (in)capacidade de disponibilizar, também no seu site, mais e melhor informação de interesse público. E é na certeza de que tudo depende, essencialmente, da " vontade política", que fica, Manuel Machado, o reparo...

O distrito volta a liderar em todos os graus de ensino – 4º, 6º, 9º e 12º anos – apresentando os melhores resultados nos exames nacionais. O que é sobretudo relevante e valioso quando pensamos em termos da capacidade de ensino instalada, da valia de professores, da qualidade dos alunos, ainda, indispensavelmente, do acompanhamento por parte dos pais. Entretanto, e na certeza de que estes rankings classificam mais os alunos do que as escolas, destaque para os Colégios Rainha Santa Isabel e S. Teotónio e para o Infanta Dona Maria.

Lê-se (em reportagem do DN) e quase não se acredita. Não é que Samer Amati, um sírio que está entre nós a fazer um doutoramento em Economia, considera ser Coimbra, o que não surpreende, o lugar português de que mais gostou. "Estive lá seis meses – diz – e lembra-me Damasco: as ruas pequenas, ruínas (?!) por todo o lado". Enquanto confessava que "sinto que pertenço a Coimbra", "sinto-me leal a Coimbra". Tal como eu, direi, mas, por Deus, por razões opostas: as avenidas largas da liberdade e do humanismo, o património construído ou imaterial, afinal a cultura, o conhecimento, os afetos, esta nossa histórica capacidade de estabelecer pontes civilizacionais.

"Senhor Reitor da Universidade de Lisboa", assim começava a presidente do Instituto Camões a sua intervenção na abertura dos trabalhos do Congresso "Língua Portuguesa, uma Língua de Futuro", que encerrou as celebrações dos 725 anos do Estudo Geral. Pobre Portugal este. Não por ele, está bem de ver. Antes, e só, pelas pessoas que o habitam, sobretudo aquelas que, investidas em altas responsabilidades, como será o caso, não se podem permitir, nunca, tamanhas gafes. Primeiro, porque nem tudo (embora quase tudo) acontece na capital; depois (e sabê-lo teria evitado o erro), porque, aqui em Coimbra, o título daquele dirigente máximo, único no país, é o de Magnífico.

Se o permitem, gostaria de me associar ao voto de reconhecimento da câmara municipal da Lousã aos vinhos do Conde de Foz de Arouce, agora classificado na nona posição do top mundial da prestigiada revista Wine Entusiast, uma distinção que em nada me surpreende, eu que ainda sou do tempo (e circunstância) em que aquele néctar, sempre delicioso, nos chegava em garrafão.

A Orquestra Clássica do Centro, parabéns, celebrou 14 anos num percurso de vida tolhido de dificuldades que, em boa verdade, dão força ao projeto; o penalista Costa Andrade proferiu a sua última aula; a Coimbra Editora, lamentável, foi declarada insolvente; Luísa Carvalho, responsabilidade imensa, é a óbvia sucessora de Aníbal Duarte de Almeida à frente da Casa dos Pobres; Jorge Brito, chefe do Gabinete de Apoio ao Investidor da CMC, é o novo secretário executivo da Comunidade Intermunicipal "Região" de Coimbra; e Cunha-Vaze a sua AIBILI, sempre na ribalta da ciência, venceu o Prémio Pfizer de Investigação Clínica.

Neste tempo ainda de advento, visitemos os tantos presépios que se prepararam, desde os Sapadores Bombeiros ao de Penela, passando pelas imagens de Cabral Antunes que voltam a estar expostas no Edifício Chiado. Um Feliz Natal para todos.

António Cabral de Oliveira

A 12 de dezembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Se se está a fazer um investimento na reabilitação da Linha da Beira Alta, e se há um eixo que hoje está a ser usado e pode ser transformado, é urgente ter essa resposta e colocar a obra em curso", disse, pleno de bom senso, o presidente do município de Mangualde, João Azevedo, também líder do Conselho Regional do Centro. Exatamente o mesmo autarca que poucos dias atrás se tinha regozijado com o anúncio de aplicações financeiras naquele corredor ferroviário – que liga a Linha do Norte a Espanha, da Pampilhosa a Vilar Formoso – designadamente ao nível da abertura de procedimentos pré contratuais relativos à realização de estudos prévios e de impacto ambiental e projetos de execução. Pode ser que a coisa, finalmente, sem megalomanias estapafúrdias, agora vá. Em favor do equilibrado desenvolvimento da Beira e do país.

O Convento de São Francisco abre, anunciava-se há dias, (afinal, Manuel Machado, bem após qualquer concerto de Ano Novo), em abril. Depois de muitos atrasos, mais um protelamento. Nesta cidade onde o adiar continua a ser caraterística histórica, peculiar e nefasta. Como acontece com as tantas obras da responsabilidade da administração central que aguardam concretização, de que o Metro, a nova estação ferroviária ou a ligação em autoestrada para Viseu são apenas alguns exemplos; ou com os trabalhos de âmbito municipal cujo início nunca mais acontece, nomeadamente, recordo, o Terreiro da Erva, a avenida central, a nova via da Conchada à Sofia, pelo Carmo, ou nunca mais acabam, de que é paradigma a ligação da Alta à Baixa pelo Botânico...

A Universidade de Coimbra acaba de ser considerada como uma das 100 mais influentes do mundo, de acordo com o Wikipedia Ranking of World Universities. Única de língua portuguesa, a lista, onde ocupa a 98ª posição, integra, liderada por Cambridge, 1025 instituições. Em prova provada, assim, de bom desempenho científico que, pelo menos no plano internacional, continuam generalizadamente a reconhecer-lhe.

Leio e quedo-me estupefacto. Não é que Coimbra perdeu para Gondomar a condição (ou título, ou circunstância, o que seja) de Capital Europeia de Desporto? Isto mau grado o apoio da secretaria de Estado do Desporto e Juventude, de deputados europeus e da maioria das federações nacionais e de associações responsáveis por modalidades, incluindo o Comité Paraolímpico de Portugal e, até, do presidente do Comité Olímpico Português. Seguramente não por carência de equipamentos e estruturas, que não faltam por aí, a derrota da nossa candidatura só pode ter resultado, assim, não por falta delas, antes, desta feita, por uma overdose de influências. De empenhos político-desportivos, diria...

A ReFood é uma excelente iniciativa de voluntários que, dando bom aproveitamento ao que seria desperdício, garante, agora também em Coimbra, a recolha, no final de cada dia, de comida preparada e não servida em restaurantes, cafés e pastelarias, distribuindo-a a quem precisa. Aos que doam e a quem se doa, o obrigado, indispensável, da comunidade.

De quando em vez anunciam-se obras na Estrada da Beira, no troço entre Tábua/Oliveira do Hospital e o limite do distrito de Coimbra. Como agora voltou a acontecer. Mas pode ser que desta feita, quando se noticia a adjudicação da empreitada, seja mesmo de vez. Para minorar, um pouco, as imensas dificuldades de mobilidade daquelas terras serranas. Impasse que, contudo, só ficará suficientemente resolvido quando – mas quando, Senhor! – se continuar o IC6 para a Covilhã, se concluírem simultâneos trabalhos de construção do itinerário complementar 7, em direção à Guarda, por Seia e Gouveia.

Os bombeiros voluntários de Brasfemes receberam, justamente, a Medalha de Ouro do município; em projeto renovador, Manuel Porto sucede a Rui de Figueiredo Marcos na presidência do CADC; o Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo – o projeto lá vai indo, Pedro Machado – vai ser, em 2016, em Aveiro; e está difícil uma deliberação sobre os horários de funcionamento dos bares e discotecas, decisão que voltou a ser adiada, esta semana, pelo executivo camarário.

António Cabral de Oliveira

A 5 de dezembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Calcanhotto as abriu, Adriana as encerrou, as celebrações dos 725 anos da Universidade de Coimbra, com um espetáculo, com certeza belíssimo, na Biblioteca Joanina. Mas antes tinha havido, tão absolutamente relevante, um congresso internacional para afirmar o futuro do nosso idioma. Onde, para além de tudo o que de importante ali aconteceu, não se prometia, nem sequer se demandou, uma pena, a criação, obviamente em Coimbra, do Museu Português da Língua Portuguesa. Talvez amanhã...

O anterior ministro da Saúde recuou na intenção de proceder ao encerramento total das urgências no Hospital dos Covões – entretanto já fechadas à noite – corrigindo, assim, erro até publicado em Diário de República. E, para tirar água do seu capote, remetia para a ARS Centro a deliberação! sobre horários e tipologia daquele serviço. Lembrando o alerta da Ordem dos Médicos sobre a incapacidade dos HUC receberem todas as emergências da Beira, preparemo-nos, contudo, para o pior. E não estou, acreditem, a ser pessimista.

Prefigura-se ultrapassada, no imediato, a talvez maior dificuldade que se levanta, entretanto quase concluído, ao Convento de São Francisco: a gestão de uma magnífica, imensa e desafiante Casa de (exatamente por esta ordem) Cultura e de Convenções. Mantém-se, pelo menos por agora, sem surpresa, João Aidos, reforça- se a estrutura com uma equipa de projeto constituída por técnicos municipais. Enquanto se acrescenta, julgo que bem, um Conselho Consultivo com origem na comunidade. E assim, defendendo também eu um concurso público internacional para o cargo de diretor, de preferência ganho por um português, ficamos à espera de soluções não temporárias, também de elementos mais concretos que nos permitam, desejavelmente, antever uma exigente e indispensável aposta na qualidade cultural, no dinamismo empresarial.

Estão, por fim, concluídos os trabalhos de arranjo do acesso norte à estação de Coimbra B, ou apeadeiro velho, que se mantém, absolutamente inadmissível, a vergonha a que Manuel Machado, cheio de uma imensa razão, voltou a dizer sonoro "basta". E ficou bem melhor, com outra dignidade, aquela porta da cidade. Só não percebo – e não é embirração minha, antes mera constatação do facto – esta teimosia camarária em não fazer incluir nas suas novas realizações, pequenas (mas não menos importantes) que sejam, a obrigatoriedade de plantar...uma árvore que fosse. Ali, para além de flores, e outra vez, nenhuma!

De entre os 17 ministros, António Costa, escolheu, de Coimbra, embora emprestada a Viseu, Maria Manuel Leitão Marques. E para os 41 secretários de Estado, lá encontrou dois dirigentes com alguma ligação ao nosso território. Tudo, sem dúvida – ainda por cima este é, tanta gente, um dos maiores governos de sempre! –, em seguro abono da enorme consideração em que o novo primeiro ministro tem a cidade daquele que foi o seu mandatário nacional, em prova evidente, também, ou assim parece, de imenso apreço pela qualidade política dos socialistas destas bandas. 

Está formalizada a comissão para os Jogos Europeus Universitários, que vão decorrer em Coimbra, em Julho de 2018, com a participação de mais de cinco mil atletas estudantes de 250 escolas europeias. Definidas, designadamente, responsabilidades nos transportes, refeições, alojamentos, aguardamos uma clarificação sobre os indispensáveis trabalhos de reabilitação de todo o estádio universitário. E não apenas – nesta oportunidade de facto única – nos dois pavilhões já em obra.

Coimbra voltou a ser generosa (mas ainda um pouco menos do que os tão generosos voluntários que lhe dão corpo) para com o Banco Alimentar; José Manuel Pureza, muito oportuno, perguntou ao novo governo sobre o Metro Mondego e os compromissos políticos assumidos; morreu, autarca justamente respeitado, Jorge Bento; integrando o espólio de mais e mais de 3 mil livros que ofereceu ao município, Eduardo Lourenço tem uma sala com o seu nome na Casa da Escrita; abomino estas ameaçazinhas de irem "para outros locais onde sejamos melhor recebidos", como, lamentavelmente, agora fez o diretor do Festival Caminhos do Cinema; e, com decorações festivas singelas, mas mais bonitas, o presidente ligou o interruptor...e fez-se luz natalícia na baixa da cidade.

António Cabral de Oliveira

A 28 de novembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Segundo a AICEP, na sua procura de negócios competitivos para a globalização da economia portuguesa, há investidores norte-americanos, alemães, franceses, sauditas, suecos e suíços a estudar a possibilidade de transferirem centros de serviços para o nosso país. E embora Lisboa e o Porto continuem a ser as regiões mais atrativas para estes investimentos, há uma procura crescente, enfatiza, para outras zonas, como Braga, Aveiro, Évora e Fundão. Sobre Coimbra, nada. Mas pode ser que um dia destes, depois de lerem, editada pela câmara municipal, a (bela) brochura "Coimbra, descobrir e investir", nos encontrem...neste fim do mundo (sob o ponto de vista empresarial) em que estamos transformados!

Fui, estive, representei, dizem, muitas vezes repetindo informações do presidente, uns a seguir aos outros, os vereadores da maioria. Parece uma agenda social. Poderíamos julgar, não raro, nos períodos de antes da ordem do dia, estarmos numa, sem ofensa para esta, pequena junta de freguesia. Mas não. Trata-se das reuniões quinzenais do executivo autárquico de Coimbra. Santo Deus! Deixemos as minudências e empenhemo-nos, essas sim, nas grandes questões que, para um melhor devir da cidade, devem preocupar a câmara. Sem perdas de tempo.

Um dia destes fui ver as obras que decorrem na Sociedade de Cerâmica Antiga de Coimbra, no Quintal do Prior, ao Terreiro da Erva, e fiquei deliciado. Recordando a velha oficina – ainda ali adquiri muito curiosas peças – é notável o trabalho de recuperação em que os jovens proprietários se empenham, também belíssimo o projeto em execução. De um lado a zona de laboração, do outro uma cafeteria de apoio à imensa vocação turística do empreendimento. Tudo magnífico, com certeza. E a pedir brevidade no início dos trabalhos de reconversão da praça, a exigir imediata solução para o erradicar dos problemas de droga evidentes nas imediações. A fim de darmos, sem delonga, outra dignidade e qualidade de vida a um espaço precioso da nossa cidade.

Lutando contra Gondomar, e depois de Guimarães, Maia, Loulé e Setúbal – bem se vê, assim, a dificuldade da coisa – Coimbra poderá ser, no ano da graça de 2017, em Portugal, a quinta Cidade Europeia do Desporto. Delegações do país e do velho continente estiveram entre nós e, após visitas, reuniões e encontros lá aprovaram a candidatura ao evento. Que, assim, uma farturinha, poderá anteceder os EUSA-Jogos Europeus Universitários 2018. 

Já terá até nome – Museu do Conhecimento e da Medicina – um futuro espaço museológico que reúna, na cidade, o seu grande espólio histórico na área da saúde. E acho muito bem. Desde que incluído no Museu da Ciência. Para ganhar escala e, sobretudo, não contribuir para a existência, como tanto gostamos, de mais uma "quintinha"…

Boticas, vila transmontana, quer plantar, naquele município, excelente ideia, uma árvore por cada habitante. Serão, leio, 5.750 carvalhos. Um invejável exemplo para todos  nós, a começar por Manuel Machado, ele que, julgo ainda, continua a gostar de árvores. E já nem digo, para Coimbra, 150 mil exemplares. Bastam-nos, talvez, 15 mil, 1.500, porventura, até, só 150. Mas árvores novas, pujantes de vida, aí pelas ruas e praças da cidade. Por mim, ajudo a plantar uma. E a cuidar dela.

Luzes sobre a Baixa, depois do êxito que a câmara considera terem sido as anteriores edições, regressa neste Natal e Fim de Ano com um programa imenso e englobante, onde tudo parece caber, designadamente iluminações, presépio, pinheiros natalícios, animação, desporto e, até, na noite de São Silvestre, um espetáculo piromusical sobre o rio Mondego.

Em demonstração de profundo interesse e enorme vitalidade democrática, um quarto dos estudantes inscritos nos cadernos elegeu, por histórica maioria (87,6%), José Dias novo presidente da AAC; João Palmeiro preside ao Conselho Geral do Instituto Politécnico; Carina Leal, parabéns, venceu o Prémio de Jornalismo Adriano Lucas; e os Caminhos do Cinema Português, empenhados em tarefas de promoção e conhecimento, trazem até nós, é só selecionar e ver, sem pipocas, uma imensidão de quase 200 de filmes.

António Cabral de Oliveira

A 21 de novembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

"Língua portuguesa, uma língua de futuro" é, na sua cidade fundadora, o título, desde logo significativo, do congresso que encerra, de 2 a 4 de dezembro próximo, as celebrações dos 725 anos da Universidade de Coimbra. E que, também com algum significado, pré-inaugura, junto ao Mondego das "serenas" e "doces e claras águas" que Camões cantou, o Centro de Convenções e Espaço Cultural. Mas o que hoje deixo relevada é a enorme esperança – quase diria expetativa – que, quem de direito, anuncie, por coerência, a criação, aqui, na primeira capital do antigo reino, do Museu Nacional da Língua Portuguesa. Porventura em Santa Clara-a-Nova ou no edifício do Seminário Maior, onde seja. Talvez com um núcleo inicial ali mesmo, no Convento de São Francisco. Em Coimbra, indispensavelmente.

Já há, na autoestrada, e muito bem, uma placa que sinaliza a aproximação a Lorvão. Ao contrário do que continua a acontecer com a (não) informação sobre Coimbra Património da Humanidade. Mas, enfim, também se compreende. É que o mosteiro do vizinho município de Penacova será do ano de 878, a classificação da Universidade, Alta e Sofia...só de há pouco mais de dois anos. Temos, pois, tempo!

Dos residentes na Região Centro, 69% estão – mesmo mais do que antes – satisfeitos com a sua vida, diz o barómetro promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento. A par do natural regozijo de Ana Abrunhosa, duas interrogações, contudo, nos assaltam: seremos, os beirões, pouco exigentes, ou o nosso permanente "vamos indo" é atavismo de que ainda não nos livrámos também neste belíssimo território? Por mim, acredito absolutamente, a resposta está na qualidade, no bem-estar de que, por aqui, de facto, usufruímos.

A Comunidade Intermunicipal de Coimbra quer promover o espírito empresarial (nos seus 19 municípios) através de iniciativas em rede que garantam suportes à dinamização de incentivos, de estímulo e apoio ao empreendedorismo qualificado e criativo. Que, olhando o nosso tecido económico, reconheça-se, bem precisos são. Queira Deus, contudo, que não seja, quase um milhão de euros, dinheiro deitado à rua...ou dado a outros desperdícios!

Parece que o comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação terá ficado surpreendido com a realidade que encontrou no Biocant. Não sendo de esperar que Carlos Moedas conhecesse todos os parques de ciência, o que sejam, da Europa inteira, já o mesmo não diria e relação aos do seu país. Talvez se Cantanhede fosse em Lisboa ou no Porto...

Gostei de ler, dias atrás, em justa homenagem do DC, a última crónica que Aníbal Duarte de Almeida tinha enviado, antes do seu passamento, para o jornal de que era colaborador desde há 70 anos. E que, depois de recortada, vou guardar. Não para lembrar o velho Amigo, antes para não esquecer o título " Coimbra e os seus escritores", que a encima. E, a propósito, reafirmar a incapacidade da cidade em fazer valer sequer a sua História, dedicando-lhes, por exemplo, um jardim. A tantos, quase todos eles, os nossos mais notáveis homens das letras, que calcorrearam estas velhas ruas. Com os seus bustos, os livros numa pequena biblioteca temática, ainda, porventura, como agora parece usar-se, um centro interpretação de tão relevantes vidas e obras.

Coimbra quer ser a melhor universidade de língua portuguesa do mundo, disse, cheio de otimismo, mas também de razão, o vice-reitor Luís Filipe Meneses; a delegação da Cruz Vermelha, magnífico exemplo de cidadania, tem 21 novos voluntários; serão apenas duas (sinal de crise na participação democrática?) as listas candidatas às eleições na Associação Académica; o embaixador dos EUA visitou a cidade e, com certeza informado das declarações de Moedas, elogiou a tecnologia aqui produzida; a nossa Queima das Fitas continua a ser, pois claro, o melhor festival académico; na Assembleia Municipal, a abstenção da CDU lá viabilizou o Orçamento e as Grandes Opções para 2016; e Coimbra é uma das cidades que no próximo dia 29 vai integrar a Marcha Mundial do Clima – marchemos, pois – para exigir aos políticos, reunidos na Conferência de Paris, decisões concretas.

António Cabral de Oliveira

A 14 de novembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Delicio-me, sempre que vou à esplanada do Loggia, no Museu Machado de Castro, com a vista sobre os telhados da Alta que, em direção à Sé Velha e ao rio, dali se alcançam. Mas, lembrando um determinado programa que tinha como propósito instalar, ali, exclusivamente, o acesso por cabo, continuo, amargurado, apesar do esplendoroso sol deste verão de S. Martinho, a olhar as inadmissíveis antenas de televisão que, teimosamente, poluem a paisagem património mundial...

O índice de satisfação pedagógica, de acordo com os seus alunos, coloca a Faculdade de Medicina de Coimbra, de entre as oito escolas (do continente) avaliadas, no último lugar. Evidentemente, Duarte Nuno Vieira, que não se trata de qualidade pedagógica. Mas o resultado não deixa, contudo, com alunos a mais ou tutores (especialistas) a menos – ou nem uma coisa nem a outra –, de ser preocupante.

Já chegaram ao nosso país os primeiros refugiados, uma dezena para Penela. Dando-lhes as boas vindas, importa estarmos preparados, uns e outros, para, mutuamente, no respeito pelas diferenças, sabermos enfrentar medos naturais dos que cá estão, os receios dos que chegam. Por Deus ou por Alá, ateus ou agnósticos, vamos, com certeza, todos, reafirmar os nossos desígnios, sublimar os valores do humanismo.

Coimbra (130.3) mantém uma posição cimeira em termos de poder de compra, ocupando a quinta posição, logo depois de Lisboa (207.9), Oeiras, Porto e Faro. Com uma assim imensa diferença em relação à capital, onde tudo acontece, com ainda maior divergência em relação aos mais pobres, situados, na sua esmagadora maioria, está bem de ver, no interior das regiões Centro e Norte.

Na sua passagem pela cidade, Carlos Moedas, comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, referindo-se a uma "economia baseada na inovação e conhecimento" que alie o investimento público com o privado (que é precisamente, disse, o que aqui se faz), considerou "Coimbra um grande exemplo de excelência" que, especificaria, deve ser replicado. De preferência, olhando o nosso paupérrimo panorama empresarial, em Coimbra, acrescento...

Preambular, ou sinal, qualquer que ele seja, de adiamento ainda desse projeto maior que é a criação do bilhete único turístico-cultural – Carina Gomes explicitará sobre o andamento, dizem-me quase concluído, do processo – a Universidade e o Portugal dos Pequenitos assinaram um acordo, temporário, para a criação de uma entrada conjunta nas duas instituições. Com redução de custos, visando um melhor aproveitamento de sinergias. Enquanto se procura contribuir, fundamental, para que os turistas pernoitem em Coimbra. Que não pode, de todo, continuar a ser uma cidade de passagem.

Com a conclusão do último bloco de rega do vale principal do rio, está terminada, finalmente, uma fase importante do aproveitamento hidroagrícola do Baixo Mondego. Ficam agora a faltar, com promessa da ministra da Agricultura de avançar com os respetivos projetos, os rios Pranto e Arunca. Queira Deus. Para darmos por encerrada uma saga, imagine-se (é obra, diria o nosso povo), de quatro...dezenas de anos!

É nos pormenores da tessitura urbana, nas pequenas (grandes) obras, que Manuel Machado é quase inexcedível. Como aconteceu com o remate da rua Infantaria 23 com a alameda Júlio Henriques, em frente da Casa Museu Bissaya Barreto, também com o passeio nascente da Elísio de Moura. E já agora – mas não para ser feito antes de concluído o da Jorge Anjinho, junto à nova escola – , não será altura para se concretizar o pequeno jardim previsto para o terreno em frente do comando da Polícia?

O CHUC, muito bem, reativou o programa de transplantes com dador vivo e sequencial de fígado; Temsa é, imagine- se, a marca dos (apesar de tudo) novos autocarros que os SMTUC agora adquiriram; a Estudantina, melhor seria quase impossível, venceu cinco dos oito prémios de um festival internacional de tunas, no Porto; a queijaria Licínia, ali em Cotas-Soure, faz – e eu mortinho por o provar – o melhor queijo fresco de cabra; e se a câmara não deita a mão ao descalabro, tal a sanha destruidora, um dia destes a Solum antiga não tem uma única árvore em pé.

António Cabral de Oliveira