quarta-feira, 5 de junho de 2013

A 1 de junho ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
 
O início desta semana trouxe duas belíssimas notícias para cidade. Por um lado, anunciava-se o renascimento da Linha do Oeste – na certeza de uma próxima viagem exploratória, um abraço Manuel Queiró – através da ligação entre Coimbra, Leiria, Caldas da Rainha e Torres Vedras, com três circulações diárias em cada sentido; por outro, o secretário de Estado das Obras Públicas confirmava que um dos primeiros projetos de investimento do governo vai ser a ligação rodoviária Coimbra-Viseu através, disse, de uma grande melhoria ou substituição do IP3, isto é, julgo eu, da autoestrada que entretanto, incompreensivelmente, fora suspensa.
 
Apesar do alegado empenhamento do executivo central na reabilitação urbana, até como fator de desenvolvimento económico, a ministra Assunção Cristas anunciou que o governo quer deixar "o quanto antes" a posição detida, designadamente, na SRU de Coimbra. Coisa que, é nosso convencimento, a olhar para a obra feita, pouco ou nada influenciará a recuperação do edificado da cidade. Entretanto, talvez venha a caso perguntar se a titular das pastas inúmeras não quererá deixar, de "forma pacífica e construtiva", que sejamos nós a decidir sobre a (lucrativa) questão das águas...
 
Apresentação de livros, sessões de autógrafos, espetáculos, debates, conferências, exposições, e oficina de fabrico de papel artesanal são iniciativas da (inexistente para os órgãos de comunicação social ditos nacionais, que persistem em só ver as de Lisboa e do Porto, mesmo que uma delas não se realize este ano) Feira do Livro de Coimbra. Mas ela está aí, visitei-a, não é uma alucinação minha e, apesar de tal sorte de certames, ao contrário das livrarias elas mesmas, não fazer a minha preferência, merece, amplamente, a nossa participação. Até 2 de junho, em conjunto com a do Artesanato.
 
A EDP concluiu a construção de duas novas saídas subterrâneas – seja lá isso o que for – também para melhorar a iluminação pública da Alta. Pode ser que agora, esperança nossa, deixemos de ter de levar uma lanterna quando ali nos deslocamos, e os estudantes e os residentes possam, por fim, frequentar aquele espaço urbano sem receio de incómodos ou perigos hoje evidentes. Com a subestação da Alegria ali tão perto (mas, pela demora, tão longe), faça-se luz, alegremo-nos pois.
 
O Diário de Coimbra, ao assinalar o seu 83 aniversário, destinou, bela ideia, a receita das vendas em banca ao projeto de recuperação do estádio universitário. Mas para quê, apetece perguntar, se depois vai estar encerrado aos fins de semana! E é assim que queremos ser sede dos Jogos Universitários Europeus em 2016? Valha-nos Deus!
 
Cozinhar é, para mim, desde há alguns anos, fonte de relaxamento e, sobretudo, um enorme prazer. E faço-o, sempre, beberricando de uma flute (por vezes opto por um tinto escorreito), em tempo necessariamente mais breve do que aquele que, com gosto, passei, no sábado, nas Piscinas do Mondego, na segunda Mostra Espumantes da Bairrada Cidade de Coimbra, iniciativa muito curiosa e definitivamente evidenciadora, o meu brinde, de variedade e riqueza.
 
É notório o desinteresse que os comerciantes de Coimbra manifestam em relação à sua recém criada Associação de Beneficência, entidade que visa, naturalmente, a ajuda aos seus pares mais carenciados. Com a participação de apenas duas dezenas de empresários, e no meio de muito desalento, lá elegeram como presidente, sempre esforçado, Armindo Gaspar. Se nem para eles próprios são bons...
 
Estudantes do ensino superior benzeram as pastas e rezaram para que possam encontrar trabalho; S. José festejou os 80 anos – parabéns Padre João – do seu pároco; a Câmara Municipal atribuiu, por decisão unanime, a medalha de mérito cultural ao Clube da Comunicação Social de Coimbra; os sócios da Académica OAF – é por estas e por outras que Coimbra continua a ser diferente – optaram pela SDUQ, assim recusando o projeto SAD pretendido pela atual direção; e, por fim, confesso a minha alguma dificuldade em entender que espaços da Reitoria da Universidade, agora a Sala das Armas, amanhã, porventura, a dos Capelos, estejam a ser utilizados, já nem a História se respeita, não exclusivamente para a vida académica ou atos de índole estritamente cultural.
 
António Cabral de Oliveira

A 25 de maio ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR    
São já conhecidos, finalmente – quanto delongam as coisas em Coimbra! – as personalidades, quase todas, que integram os novos corpos sociais do IParque. E se em relação ao órgão consultivo os nomes indicados merecem natural aplauso, já a administração me deixa (digamos apenas assim) algo apreensivo, constrangimento que, espero sinceramente, o breve prazo, afinal, contrarie. De facto, ao olhar, conjunto de coisa nenhuma, que desperdício no seu desértico desaproveitamento, a infraestrutura de Antanhol, resta-me a expetativa de ser competência daquele conselho, aliás muito próximo das instituições da cidade que operam na área tecnológica, "definir e orientar a estratégia da sociedade" e, ainda, a aproximação estabelecida com o Instituto Pedro Nunes.
 
O Museu Nacional de Machado de Castro não ganhou o Prémio Museu Europeu do Ano, distinção que a sua diretora já nos tinha referido, atendidas as circunstâncias, como imensamente difícil. Entretanto, ninguém retira ao MNMC a excelência e, sobretudo, a certeza do orgulho com que Coimbra o olha. É que, como ficou sobejamente comprovado no passado dia 18, (quase) todos nós gostamos muito, muito, dele.
 
Enquanto se preocupa com o viveirismo – olá Ceira, olá Semide – e exportações, parece que o Magnífico Reitor quer fechar a Universidade de Coimbra de 10 a 25 de agosto. Sem me debruçar, sequer, sobre questões – e imensos danos sequentes – como as visitas turísticas ou, sobremodo, o encerramento da Biblioteca Geral, atento, apenas, no valor, absolutamente irrisório, que se pretende poupar: 100 mil euros, 20 mil contos de reis para os que ainda (ou já?) fazem as contas em escudos! Ao que nós chegámos...
 
Regressando às Escolas, a Candidatura da Universidade, Alta e Sofia a Património da Humanidade parece estar, finalmente – esperemos, e queremos acreditar que ainda a tempo – a mexer-se. Esta semana, depois de apresentada (!) na Assembleia da República, uma delegação reuniu em Paris com o embaixador de Portugal em França, nosso representante junto da UNESCO.
 
Cidadã empenhada no desenvolvimento e qualidade de vida da terra que, como eu, escolheu para nela viver, Helena Freitas lamentava, em artigo de opinião, e bem, que Coimbra não tenha um diagnóstico, nem sequer retrato fidedigno, da diversidade biológica que acolhe, necessariamente muito rica, quando se atenta, diz, na valia e dimensão das suas áreas verdes. E criticava, de forma com certeza não menos justa, a limitação da política municipal a serviços mínimos e apenas reativos. Lembrando eu, embora, pelo menos uma edição da autarquia sobre parques e jardins, dou, entretanto, de novo, comigo a pensar: mas será que a Universidade, aqui sediada há tantos séculos, os seus departamentos competentes – e pergunto-o à professora –, não poderia ter dado já à urbe contributo essencial para estar traçado, hoje, e permanentemente atualizado, assim tão importante rastreio?
 
A Câmara vai concessionar a recolha de lixo e a limpeza urbana por, alega, graves problemas de recursos humanos, dificuldade que, seguramente, parece intuir-se, não acontecerá com os privados. É por esta e por outras que um dia destes começamos, mesmo os mais municipalistas, a questionar-nos sobre a necessidade da existência das autarquias: assim como assim, para contratar serviços, qualquer pequena empresa é suficiente, e os impostos locais, esses sempre podem sem cobrados, também, pelas finanças...
 
Morreram, as minhas homenagens, Costa Lobo, urbanista da Coimbra onde nasceu, e José Cabeças, antigo presidente do município de Góis e da direção regional de Saúde; foi bonita a Festa da Planta e da Flor, que deveria repetir-se mais amiudadamente, manter-se talvez mesmo em permanência na Baixa; é tamanha a crise de valores que, estamos mesmo a bater no fundo, até roubaram o cebolo plantado pela Casa dos Pobres; o transporte de droga (ou pelo menos a sua tentativa) para o interior da penitenciária – agora, e lembro o projeto adiado da nova cadeia, a bater recordes de sobrelotação – por parte de namoradas de reclusos deve ser, tantos os casos, depois das fotocópias, a única atividade em alta na cidade.
 
Teve ontem início, no Parque Verde e no Manuel Braga, prolongando-se até 2 de junho, a Feira do Livro (e a do Artesanato). Frequente, leia livros, e como a propósito costuma acrescentar o radialista António Macedo, também jornais...

António Cabral de Oliveira

A 18 de maio ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR    
Capaz do melhor e do pior, está visto, a Universidade de Coimbra foi classificada pelo "QS World University Rankings", para além de a posicionar no top 200 a nível mundial em ambas as áreas, como a melhor portuguesa em direito e uma das três melhores na engenharia civil (parabéns para as duas Faculdades), isto enquanto, entre as seis ali referenciadas, surge em último lugar do Ranking CWTS, publicado pela Universidade de Leiden. Perguntando-me como é possível, valham eles o que valerem, que as Escolas de Coimbra não surjam sempre, necessariamente, em lugar destacado neste tipo de classificações, fico a pensar o que andam afinal a fazer, nas suas imensas responsabilidades científicas, tantos dos membros da nossa comunidade universitária...
A cidade celebra hoje o Dia Internacional dos Museus – e é a única que o faz em conjunto – com o projeto "Coimbra – Rede de Museus", que reúne, através da troca de peças, mas também de um vasto conjunto de iniciativas, dia e noite, ainda ao longo do ano, dez unidades que entretanto assinaram um protocolo agregador. Tome-se, pois, o roteiro, e vamos, urbe fora, comemorar...
Continuo a não conseguir alcançar o interesse comunitário da colocação dissimulada de radares, em viaturas descaracterizadas, na circular externa Coimbra, uma via cuja tipologia e ausência de sinistralidade relevante aconselhariam um limite de velocidade naturalmente superior aos risíveis (e quase impossíveis de cumprir) 70 km/hora previstos. As patrulhas estarão, evidentemente, a agir pela Lei. Mas estarão a fazê-lo, também, pela Grei?
Bombeiros testaram, através de um simulacro, os sistemas de segurança dos HUC. A avaliar pelas declarações finais dos responsáveis, parece tudo ter corrido de forma perfeita. O que poderá não acontecer, receamo-lo, se, para além da excelência do pessoal e da boa qualidade do equipamento já disponível, os bombeiros tivessem de combater o "incêndio" não no quinto, mas no décimo segundo piso...
A Quinta das Lágrimas apresentou a sua nova carta para os tempos quentes que se aproximam, uma cuidada e saborosa ementa, muito na linha do Chefe Albano – particularmente bons o rodovalho com molho de verdelho da Madeira e as cerejas do Fundão com gelado de canela –, bem acolitada por vinhos da (também nossa) Ideal Drinks, aqui com particular destaque para um Colinas tinto, reserva de 2008, que, confirmava-nos a sua enóloga Agostinha Marques, vai ainda evoluir em garrafa. Enfim, uma jornada gastronómica sem ostentações de maior, corretamente servida pela equipa do Arcadas, e que, apesar da ausência de Miguel Júdice, poderá querer significar empenhamento na reconquista, que Coimbra e as Beiras apreciariam, da, este ano lamentavelmente perdida, e talvez assim apenas cadente, estrela Michelin...
Embora não haja pessoas insubstituíveis, há algumas que o são mais do que outras, como acontece com Pedro Rocha Santos, fundador e sempre presidente do JAAC, que, dez anos depois, deixa agora o cargo para o seu ex-vice, José Miguel Pereira, outro nome que dá garantias de futuro qualificado a uma instituição que promove, de 30 de maio a 1 de junho, o novo festival Jazz ao Centro, este ano, em programa rico e variado, designadamente com o saxofonista Evan Parker, a garantir, seguramente, belíssimos espetáculos.
O correio normal enviado de Coimbra para Coimbra, imagine-se, vai ter de ir a Lisboa para, depois... aqui regressar! Confuso? Não, apenas – haja quem mo explique – o resultado da transferência para a capital (enquanto não vai para Madrid) de parte dos serviços até agora realizados pelo Centro de Produção e Logística do Centro, em Taveiro. Absolutamente impensável e inadmissível... a não ser no que resta deste país!
Manuel Machado apresentou, oficialmente, a sua (re)candidatura à Câmara; a Académica lá garantiu – sempre o mesmo sofrimento, que nem a habituação cauteriza –, na penúltima jornada, a permanência na Liga de futebol; a rotunda do Almegue, junto à Escola Agrícola (acho bem porquanto, mais do que uma dificuldade, é um perigo abordá-la), vai ser semaforizada; e o Estado, antes tarde do que nunca, quer classificar como de interesse nacional o conjunto – onde é que nós já ouvimos falar dele? – Universidade, Alta e Sofia...
António Cabral de Oliveira