sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A 15 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra é a melhor unidade pública do país, enquanto garante, também, a liderança em cinco agrupamentos de doenças, conclui o estudo anual da Escola Nacional de Saúde Pública. São resultados naturalmente magníficos que nos orgulham e em muito contribuem para manter elevadas as expetativas, as mais exigentes, quanto à necessidade de Coimbra continuar a ser considerada como pólo de excelência em matéria de saúde. Assim assegurando uma qualidade que queremos ver sempre confirmada por cada um de nós, mas todos, os que, e quando, tivermos de recorrer aos seus serviços...

Valerá o que valer, a classificação. Mas porque persisto na certeza de que Coimbra é a terceira cidade do país – possui um amplo conjunto de valências que, para além das "metrópoles", não encontramos em nenhuma outra –, não gostei de ver os resultados do "Portugal City Brand Ranking" (qualquer coisa parecido com melhor marca), que nos coloca, a nível nacional, numa ainda assim não totalmente lamentável quinta posição. Quanto trabalho, Deus meu, temos pela frente para afirmarmos a justeza, até garantirmos a inexistência de dúvida.

Bem sei das naturais fragilidades construtivas, também do imenso peso dos anos. Mas não deixa de ser preocupante, e muito, que – ontem a Sala Grande dos Actos, agora a capela da São Miguel – a Universidade de Coimbra continue a mostrar sinais de (recuso a denominação ruína) degradação material. Não serão, provavelmente, como afiançam, situações graves. Mas são, com certeza, sintomas...

Uma desavença política entre o anterior e o atual presidente da Câmara foi momento marcante na última reunião do executivo. Todavia não valerá a pena zangarem-se muito. É que, porventura, ambos têm razão!

Nos últimos dias do mandato de Barbosa de Melo, era a vinda de chineses. Nos primeiros (novos) dias de Manuel Machado, são os indianos e os filipinos. Tudo em favor do investimento, talvez para ver se chegamos, como clama Sansão Coelho – força e um abraço – aos 300 mil habitantes.

Aplaudo a posição reivindicativa da CCDR do Norte – de que não deixará de colher dividendos – que, ao contrário da congénere do Centro, não cala a sua contestação ao financiamento de projetos que vão ao arrepio do princípio da promoção da convergência (aquela de querer construir, a todo o transe, um novo porto em Lisboa, é supina!) em que deve radicar, mas não no nosso país, a atribuição dos fundos estruturais.

Um abencerragem, assim raro, escrevia, um dia destes, no respeitável "Público" – jornal que, mesmo nos artigos de opinião, deveria saber obstar a tais enormidades –, a propósito não interessa do quê, esta joia: "melhor fosse que ele, o Museu, ficasse em Lisboa, sendo nacional". Então para aquele iluminado, fundador, subscreve-se, do Fórum Cidade de Lx, na capital, por o ser, têm de estar sediados todos os equipamentos desse âmbito, enquanto, apenas um exemplo, Freixo de Espada à Cinta, por não o ser, não pode nunca acolher uma qualquer estrutura nacional?! E depois nós é que somos os provincianos...

A morte de Jorge Lemos, mais um amigo que parte, deixa a cidade de luto; Maria Helena da Rocha Pereira, nome maior da universidade coimbrã e portuguesa, vai ser justamente homenageada com a edição da sua obra; Helena Freitas, uma pena, depois de muita concordância e tanto desacordo meus, anunciou a suspensão da sua coluna quinzenal de opinião neste jornal; parece que andam por aí, pela região – não as abatam, por favor – empresas "gazela", jovens e com bom crescimento; muito saboroso o biscoito "Beijo de D. Sesnando" com que Carla Silva venceu, utilizando exclusivamente produtos endógenos da região, curioso concurso promovido pela Rede de Castelos e Muralhas do Mondego; e é lembrando a ação fundadora do seu primeiro diretor, Jorge Costa, que sublinho, hoje, o início das comemorações – parabéns para todos – dos (já) 25 anos da Escola de Hotelaria.

António Cabral de Oliveira

A 8 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A Câmara Municipal de Coimbra, em mais uma medida de transcendente relevância para a cidade, talvez para celebrar os 100 dias do novo exercício, mandou juntar os dois estacionamentos do parque verde do Mondego. Fez bem. Para além de alguma poupança, sempre nos dá o exemplo de como, afinal, todas as maiorias – pelo menos enquanto não chegam os executivos homogéneos – deviam olhar, nas suas diferenças, as várias oposições na edilidade: o primado do que une, e não, sempre, o privilégio do que separa.

O presidente e os vice-presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, abrenúncio, vão ser escolhidos, pela primeira vez, através de um concurso público, entretanto já aberto. E nós a sonharmos – santa ingenuidade política! – com a eleição, sim a eleição dos nossos mais altos representantes regionais...

Foi aprovado o novo mapa judicial, com 20 tribunais extintos e outros 27 a serem transformados em secções de proximidade(?). A maioria no Centro e a Norte, a quase totalidade no Portugal profundo. Tudo e sempre contra a desertificação, em favor da melhoria da qualidade de vida dos cada vez menos que persistem em ficar…

Socialistas, depois de terem estado tantas vezes e por tanto tempo no poder sem a construírem, exigem, agora – o meu incentivo – a execução definitiva da autoestrada Coimbra-Viseu. Se hoje é o PS, amanhã será (ou seria, se, quero acreditar, as obras arrancarem entretanto) o PSD ou o CDS. Enfim, constrangimentos de uma região sem peso político e ainda afastada, embora não assim tanto, das metrópoles...

Na sequência do relatório do grupo de trabalho que sistematizou as infraestruturas de valor acrescentado – valha ele o que valer de um ponto de vista de decisão política – a Região Centro tem de fazer ouvir o seu mais veemente protesto pelo facto de não ser reconhecida qualquer prioridade (o sempre omitido Portugal profundo) aos projetos dos itinerários complementares da zona da serra da Estrela, e também o atirar para as calendas gregas da retoma da ligação Covilhã-Guarda, na Linha da Beira Baixa. E já agora, porque não se assume no documento, de forma clara e explícita – quem teme o quê?- que a ligação ferroviária para Vilar Formoso aposta, naturalmente, a partir da Pampilhosa, no melhoramento da Linha da Beira Alta?

Tem sido um fartote. Desde que as televisões nacionais (re)descobriram não a tradição inteira –  das serenatas não há sequer notícia, das Queimas apenas a contabilidade de bebedeiras –, mas apenas o que demasiados chamam de "praxe", são sequentes os diretos a partir (como gostam de dizer) de Coimbra. Primeiro, a RTP, do Gil Vicente, depois, mais brevemente, a SIC, do Santa Cruz. Ficamos a aguardar, agora, não sem curiosidade, o que – porventura apenas mais montra e conversa que não leva a lado algum – nos reserva a TVI...

Exemplar o interesse e a persistência como Hélder Abreu, primeiro à frente da junta da freguesia da Sé Nova, agora da União de Freguesias de Coimbra(!), tem vindo a procurar dinamizar , com a empenhada colaboração da Associação Formiga Rabina, o mercadinho do Calhabé. Onde estive, este fim de semana – que saudades das belíssimas sardinhadas estivais, ali tão agradáveis – para, depois dos chícharos, dos enchidos, de muitos outros produtos gastronómicos nacionais, participar, agora, no festival dos cogumelos. Uma iniciativa que, na sua imensa simplicidade, animou um espaço camarário, assim comum, cuja valorização nos deve, a todos, obrigar.

A Universidade de Coimbra – distinção que reconhece o seu trabalho na biodiversidade e ecologia, enquanto favorece a lusofonia – recebeu a primeira cátedra Unesco em Portugal no domínio das ciências naturais; as Beiras, relevante, mantêm-se como a região com menor taxa de desemprego no país; o governo, coerente, reconduziu o conselho de administração do CHUC; ao ler alguma imprensa dita nacional a propósito da última deslocação da Académica a Alvalade cheguei a pensar, à míngua de referências à equipa de Coimbra, que o Sporting tinha jogado sozinho; e, muito agradável, com um enquadramento paisagístico excelente – apreciaremos, entretanto, o serviço, a carta e a cave –, foi inaugurado novo e promissor restaurante, o Gustav, na Quinta de S. Jerónimo.

António Cabral de Oliveira

A 1 de fevereiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Algo vai mal quando é possível que até o simples plantar de uma meia dúzia de arbustos seja notícia. Pode não querer significar nada para além disso mesmo. Mas pode ser um sinal, também, disso mesmo, do nada. E é esse não acontecer, em Coimbra, que me preocupa. Muito.

Porque é que só menos de metade dos militantes do distrito – e em Coimbra, leio ainda, apenas 14,3% – participaram na votação de Pedro Passos Coelho enquanto candidato, único, a líder do PSD? Sendo que os totais nacionais não estiveram assim tão longe da unanimidade, será porque a crise apenas atinge terras do Mondego, ou, antes, pela forma sobranceira como a administração central (veremos, por exemplo, qual a atitude do governo a que preside face à listagem do grupo de trabalho para as infraestruturas de valor acrescentado, designadamente quanto à inadiável autoestrada de ligação a Viseu e ao Metro Mondego, peça fundamental, este, para o sistema metropolitano de mobilidade) continua a tratar a cidade?

Na senda, ironizemos, do inequívoco e continuado trilhar de caminhos que com certeza levam à regionalização administrativa do país, foram agora extintas as direções regionais de Economia. A que se seguirão, já não duvidamos (são, julgo, os que faltam) os serviços descentralizados da saúde e da agricultura. Pedra a pedra, assim se desmantela o edifício construído, se derribam os bastiões últimos de um projeto político a que almejávamos – e nos tornaria mais homogéneos no nosso desenvolvimento, mais iguais a uma Europa (ainda) progressiva – mas que vícios seculares e governantes menores teimam em nos cercear...

Coimbra, nas suas responsabilidades históricas, depois de fonte, tem de ser exemplo para o país no que respeita às tradições académicas. Acabar de vez com as inadmissíveis palhaçadas que em seu nome hoje por aí proliferam – em especial nas novas universidades e politécnicos, mas, lamentavelmente, também trazidas até nós – é uma obrigação da velha academia (em particular do Conselho de Veteranos, indispensavelmente mais interventor, sobretudo na rua) que, em defesa dos ancestrais costumes, não pode, de todo em todo, pactuar com os desmandos dessa gentinha que, indigna de vestir capa e batina, mostra, afinal, e tão só, não saber viver em Liberdade.

Uma vergonha, já o escrevi e hoje reitero, o que se passa – agora a propósito da decisão judicial de adiamento do ato de posse – com as recentes eleições para a Associação Académica de Coimbra. Depois deste tempo presente que nos fustiga, que amanhãs (não são estas as gerações do futuro, e aqueles os protagonistas que irão liderar?) nos aguardam enquanto nação?!

O Supremo Tribunal Administrativo aceitou o recurso para o Constitucional para a avaliação das operações de coincineração de resíduos industriais perigosos em Souselas. Um abraço para Castanheira Barros e todos os que persistem na luta contra a aberração tamanha.

A nova geração de autarcas, com Nuno Moita na liderança, assumiu, naturalmente, o executivo da Associação de Informática da Região Centro, tendo recebido dos seus antecessores – uma verdadeira surpresa e enorme exemplo – as verbas suficientes para a já iniciada construção da nova sede da AIRC, no iParque.

Na Universidade, até já a Sala dos Capelos mete água; o meu aplauso para o projeto de continuação da variante a Eiras, que importa agora concretizar; foi criada a Associação dos Amigos do Convento de Santa Maria de Seiça, na Figueira da Foz, que, espero-o sinceramente, há de recuperar, ou pelo menos evitar a derrocada do monumento; a Estradas de Portugal anunciou que está a trabalhar – por favor deixem-na trabalhar! – para repor a circulação na estrada 110 para Penacova; ainda bem que o Turismo do Centro optou por levar à FITUR, em Madrid, a promoção do mar e não do planalto beirão; o Bairrada tinto Principal grande reserva 2009, da Idealdrinks, foi eleito por prestigiada revista italiana (a excelência dos vinhos da nossa Beira) como um dos dez melhores do mundo; e fevereiro volta a ser, muito bem, no Gil Vicente, o mês da dança.


António Cabral de Oliveira

A 25 de janeiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O primeiro-ministro, de visita à santa terrinha, dizendo nada de jeito quanto ao Metro Mondego, terá afiançado o seu comprometimento político apenas – afinal, depois do que, com frontalidade, responderam Carlos Encarnação e Barbosa de Melo, quem mente? – em relação à reposição da Linha da Lousã. Pelo que, desvario imenso, o troço da cidade seria para deixar cair. Lembrando o que me asseveram sobre a não sustentabilidade económica do sistema sem a componente urbana, reitero, revoltado, mas ainda expectante, a minha indignação!

Mais do que sessão de lançamento de obra magnífica, a apresentação de "O Município de Coimbra. Monumentos fundamentais", de Maria Helena Cruz Coelho, foi uma excelente lição de História, momento de exaltação do nosso imenso orgulho coimbrão. Também porque, como ali sublinhava Walter Rossa, é indispensável, coisa não pouca, "estudar Coimbra para perceber Portugal"...

Gostei do olhar esclarecido e exigente que Helena Freitas lançou – entre o que li e o que fica subentendido na entrevista – sobre o problema das repúblicas estudantis.

O projeto Ageing@Coimbra, que procura valorizar o envelhecimento ativo e saudável na região (poderá até parecer que estou a olhar por mim!), prefigura-se muito interessante e da maior relevância. Congregando parceiros de grande prestígio, apresentou, ao assinalar o seu primeiro aniversário, dois desígnios bandeira para o futuro: a integração nas redes europeias de conhecimento e inovação, com estímulo da investigação científica e alavancamento da economia em base tecnológica, e a criação do Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento, um espaço amigo do cidadão idoso a instalar, possivelmente, no antigo Pediátrico.

O centro operacional do Norte do número de emergência 112, que (como diria o senhor de La Palisse) complementa o do Sul, e faz o atendimento dos nove distritos acima de Coimbra, foi agora criado pelo governo. Na certeza de que por lá se conhece ao pormenor, como convém, o país inteiro – queira Deus que amanhã, em hora de aflição, não venham a confundir Penacova com Penamacor! – é caso para dizer que antes ali do que nas Filipinas ou coisa do género. E ainda temos o topete de nos queixarmos porque tudo vai para Lisboa e para o Porto...

Ótimo. Depois da coleção de barbies (e são às centenas) em exposição no Portugal dos Pequenitos, parece que agora vamos ter, sob os auspícios e boas influências da Fundação que investiga e divulga a temática inesiana, uma daquelas "gentis figurinhas" ataviada de Inês de Castro. O pior é se Pedro, o Cruel, mas também o Justiceiro, derrama sobre nós, de novo, a sua ira...

Leio que os chamados "picanços" na Boavista, na ponte Rainha Santa e na circular externa – com excessos de velocidade e sequente condução negligente e perigosa – são um fenómeno identificado há algum tempo pela PSP de Coimbra. Pôr-lhes cobro, ao invés de outras rotinas aparentemente mais acessíveis e legalmente lucrativas, parece, no entanto, ser tarefa difícil, talvez mesmo impossível!...

A Câmara Municipal afirma a intenção de se candidatar a Capital Europeia do Livro, ideia perfeitíssima desde que tal não estorve, antes favoreça, a pretensão de sermos, lá mais para a década 20, Capital Europeia da Cultura; muitos, de todos os quadrantes, manifestaram-se, muito bem, agora em Coimbra (era escusada a colagem a Lisboa), em defesa da constituição, da democracia e do estado social; as universidades classificadas pela UNESCO acolheram, obviamente – esperemos que não seja apenas mais um grupo de entre os tantos que já integramos – as antigas Escolas de Coimbra; Sampaio da Nóvoa foi o vencedor do Prémio Universidade de Coimbra; fui, prazenteiro, celebrar com Júdice e sua equipa o primeiro aniversário do Loggia, no Machado de Castro, restaurante que, depois da qualidade, parte agora em busca da excelência; e Almalaguês, em festa, celebrou (a minha imensa simpatia por esses agentes de tão genuína manifestação de arte popular) o I Encontro de Gaiteiros.


António Cabral de Oliveira

A 18 de janeiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Sem capacidade para ultrapassar, ainda, um problema criado por inépcia da reitoria da Universidade, pela falta de força política do ministério da Educação, pela avidez de dinheiro vivo por parte das Finanças – a cedência, afinal naturalíssima, do terreno para a nova variante à João das Regras, a nascente do estádio universitário, a par da instalação, não menos natural e lógica, da faculdade do Desporto na escola Silva Gaio – o município de Coimbra viu-se obrigado a retomar o processo de reconstrução da antiga avenida da Guarda Inglesa, sem ter em inteira linha de conta o projeto do convento de S. Francisco, deixando adiado o regresso ao desfrute pleno do Rossio de Santa Clara. Tudo uma enorme e lamentável pena...

A direção regional de Economia do Centro está sem liderança há um ano. Depois do disparate partidário da deslocalização da sua sede (mas não dos serviços, aqui instalados em edifício para tal fim especificamente construído) para Aveiro, esta indefinição é – tem, por óbvio, de ser olhada assim –, mais uma machadada para descredibilizar o processo de regionalização administrativa do país. O que me leva a pensar, permita-se o absurdo, se o melhor, por falta de vocação do Estado, o melhor não seria, neste Portugal do faz de conta, privatizá-la. Podia ser que, de tal jeito, algum chinês se quisesse juntar a nós, aos milhões de nacionais que anseiam pelo concretizar dessa sempre adiada promessa política, constitucionalmente consagrada, o "dever de regionalizar" de que fala Diogo Freitas do Amaral.

O projeto de reabilitação urbana da Alta, que prevê intervenções na ordem dos 50 milhões de euros, foi o vencedor do prémio IHRU 2013. Agora que já temos, e publicamente distinguido, o "programa estratégico" que demonstrou "maior profundidade de conteúdo", vamos ao mais fácil – valha-nos a ironia –, a materialização do assim excelente plano!

Um jazigo, na Conchada, para a Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa para colocação de escolares notáveis, desde logo Luiz Goes, acho bem. Mas acharia ainda muito melhor se, sublinhando embora a ideia daquela entidade, a Câmara assumisse, ela própria, a criação de um monumento funerário para servir, na justa medida da dimensão municipal, e num conceito mais amplo, como panteão local.

Depois dos problemas em Santa Clara-a-Nova, designadamente ao nível dos claustros e de altares atacados por térmitas, agora é a notícia da Igreja da Graça que, a necessitar de obras, está encerrada há dois anos. O que me leva a questionar, embora seguramente sem razão, sobre se os legítimos e ciosos proprietários de tão valiosos patrimónios, nas elevadas responsabilidades sociais que lhes estão cometidas, tudo têm feito para a sua preservação e perfeito usufruto comunitário.

Olhando, um deleite, a palmeira salva na rotunda Jorge Anjinho, deixo afirmada uma palavra de muito apreço e reconhecimento pelo trabalho, empenhado, que os serviços camarários têm vindo a concretizar na tentativa desigual de combater o escaravelho vermelho que, parece, nos quer levar todas aquelas tão significativas e benquistas plantas arborescentes.

Fui, com prazer, degustar a nova cerveja Dux, artesanal, produzida em Coimbra. Que se junta à já conhecida Praxis, assim reforçando antiga auréola quanto à nossa excelente capacidade cervejeira. Projeto ainda recente, com caminho para caminhar, mas também ela (gostei sobretudo da weiss) muito agradável, é caso para dizer, na exigência de ambas – e com muito gosto o faço –, sai uma Praxis e uma Dux, por favor...


Primeiro afastado, agora coberto de ouro, um abraço para Duarte Nuno Vieira; foi luzida e participada a embaixada que o Metro Mondego, em protesto (pela demora da sua concretização) levou a Lisboa, à residência do primeiro-ministro; o Magnífico Reitor, que tornou a Macau, de tanto mirar, agora, terras do oriente, receia-se ainda fique com os olhos em bico; a edilidade aprovou, por acertada proposta de José Belo, a inscrição do nome de Vasco Gervásio na toponímia coimbrã; o Teatrão celebra, ao longo de todo o 2014, parabéns, o 20º. aniversário; e Mário Nunes foi justamente homenageado pela "sua" Previdência Portuguesa.

António Cabral de Oliveira

A 11 de janeiro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Luís Marinho, presidente da Assembleia Municipal, a propósito da criação de uma comissão para acompanhar a obra do Convento de S. Francisco (de onde recordo eu esta coisa das comissões?) disse, lapidarmente, lamentando-o, que "em Coimbra tudo o que é grandioso começa por ser um caso e acaba como um elefante branco". Sábias, mas tão pouco escutadas, palavras...

O Instituto Nacional de Medicina Legal – sediado, importa não o esquecer, por tão raro, em Coimbra – vai ser dirigido, pela primeira vez, não por um médico e professor universitário daquela especialidade, antes por um juiz. Até aqui, tudo bem, pois deverá haver razões para a nomeação. Mas, e se um dias destes me põem, a mim, como ministro da Justiça?! Valha-nos Deus...

O Metro Mondego é, com certeza, um projeto fundamental para a mobilidade de Coimbra e para a afirmação regional da cidade. Os Serviços Municipais de Transportes Urbanos, orgulho autárquico desde há tantos anos, são peça indispensável para as deslocações internas, para a qualidade de vida das populações. Daí, percebendo-a embora, a apreensão com que tomei conhecimento da disponibilidade de Manuel Machado para uma integração destes naquele, a alguma angústia pelo receio, seguramente improvável, de não termos um e podermos perder o outro. Mas, quero crer, tudo se há de consertar em favor da melhoria do sistema, do desenvolvimento da região, dos interesses da cidade. E os consensos anunciados, as palavras do presidente da CCDRC quando considera o metro, pensando em apoios comunitários, como "projeto absolutamente vital", são, indubitavelmente, impulsos relevantes.

Enquanto o mar, de quando em vez, se lembra – como há muitos anos me dizia uma peixeira de Buarcos – de vir reclamar o que é seu, empresário hoteleiro do parque verde do Mondego questiona a viabilidade do negócio à beira rio. Verberando, também eu, a causa próxima das cheias (erros urbanísticos, é certo, sobretudo os interesses instalados em torno da Aguieira), ainda bem que aqueles equipamentos não são de apoio a...praias. É que, pelo menos aqui, olhos repousados no Choupalinho, não há, não se fazem ondas...

Por falar em água, a ponte pedonal que serve, designadamente, a praia fluvial de Palheiros, voltou, à semelhança do que aconteceu no passado inverno, a ir Mondego abaixo. Perante a repetência do caso e a impossibilidade (?) de criar a passagem com uma estrutura mais perdurável, não poderão, ao menos, atar-lhe um baraço para depois, aquando das descargas da barragem, a puxarmos para arriba?! É que de 40 em 40 mil euros anuais...

Gostei de ir, um dia destes, à apresentação pública de uma nova empresa ligada ao turismo e à cultura, a "Endlessenses", sobremaneira em razão da decisão e entusiasmo em duas conimbricenses, apaixonadas por Coimbra (tudo raro entre nós), assumirem o risco de empreender. Muita sorte na atividade – é notável, para além da literatura, o que já se faz em redor de Pedro e Inês, ao nível, com grande qualidade, de pastelaria, doces, chocolates, bebidas, sabonetes, perfumaria – e que o exemplo, bem precisamos, seja reiteradamente seguido.

Vão finalmente iniciar-se, muito bem – o que é feito do projeto há anos elaborado para a Fonte do Castanheiro, ali à Arregaça? – os trabalhos de renovação do bairro de Celas; a universidade inaugurou a primeira de um conjunto de plataformas tecnológicas que serão suportadas, claro está, por dinheiros do QREN (a afirmação reitoral que li sobre a UC não ter como objetivo "ser a melhor de Portugal", antes afirmar-se como "relevante em termos internacionais", deve estar, quero acreditar, pelo menos descontextualizada); Marques Leandro, os meus respeitos, depois de tantos anos ao serviço da ARCIL, na Lousã, deixou a direção daquela benemerente instituição; Mário de Carvalho venceu, com o livro de contos "A liberdade de Pátio", o Prémio Literário Fundação Inês de Castro, enquanto o poeta Gastão Cruz recebia o Prémio de Carreira; e a Brigada de Intervenção mantém, estimável, o concerto de Ano Novo, no Gil Vicente, no próximo dia 16, com a Banda Sinfónica do Exército.


António Cabral de Oliveira