RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Não
concordo, de todo, com a intenção camarária de fazer instalar o Arquivo
Municipal em edifício a construir de raiz na freguesia de Eiras, em terrenos
com vocação industrial. E pergunto se não seria preferível optar por um imóvel,
no tecido urbano, entre os tantos desocupados, recuperando-o e adaptando-o para
a imperiosa necessidade de reunir a nossa documentação identitária. Estou a
pensar, apenas alguns exemplos, nos Colégios da Rua da Sofia, Convento de
Santa-Clara-a-Nova, antigo Hospital Pediátrico, as maternidades que vão deixar
de o ser, talvez especialmente no solar da Quinta das Lages. Poderá parecer que
estou sempre contra a construção do AM onde quer que seja, depois de, anos
atrás, ter defendido a sua não edificação na António José de Almeida, onde hoje
está implantado um jardim admirável. Mas, francamente, erguê-lo numa zona
empresarial, valha-nos Deus …
Éramos
poucos, demasiadamente poucos, os cidadãos que desceram à rua para exigirem a
reposição dos carris no Metro Mondego. E foi pena porque seria mais uma
oportunidade para Coimbra afirmar a sua indignidade, mostrar aos poderes
públicos nacionais que está coesa nos projetos que tem por importantes. Ainda
não foi desta que nos mobilizámos, mas é bom que os conimbricenses, sem exceção,
se habituem à ideia que só com empenhamento pessoal e esforço coletivo
alcançaremos o futuro de progresso a que almejamos.
Enquanto
o projeto de Gonçalo Byrne aguarda, no fundo da gaveta, por melhores dias, decorrem
as obras (esperemos que não apenas de) na fachada da AAC. Acreditando ainda na
indispensável remodelação profunda do imóvel, que, com certeza, não acontecerá
tão cedo, mantenhamos, pelo menos, a esperança de que na vida interna da
Associação Académica se reafirmem, no imediato, os grandes princípios e
propósitos que fazem dela a mais importante estrutura de estudantes do país. Entretanto,
duas mulheres, muito interessante, cotejam a recandidatura do atual presidente
da Direção Geral.
O
facto de o Centro ambicionar, para 2020, que a economia regional represente 20%
do Produto Interno Bruto deixa-me algo preocupado no “receio” de aparecer por
aí quem, à falta da regionalização administrativa que nos faça a todos mais
participantes na decisão política, venha invocar, qual Catalunha, sonhos de
autonomia, mesmo de independência! Mas tal não deverá acontecer porquanto, paralelamente,
o ministro Relvas, cuja remodelação tanto tarda, continua a sua sanha contra as
Regiões, e também contra os Municípios enquanto entidades autónomas, agora
através do maléfico projecto do Estatuto das Entidades Intermunicipais que
esvazia, um pouco mais, ambos.
Ainda
bem que o anúncio da fusão das duas maternidades de Coimbra e sua instalação no
edifício central dos HUC antecedeu – por pouco, é certo – a notícia de que a
Bissaya Barreto obteve a melhor classificação da Entidade Reguladora da Saúde
na área da obstetrícia. É que, se não fora assim, até poderíamos pensar que se
tratava (em boa verdade a sua extinção), de … um prémio para distinguir a
reconhecida excelência clínica…
Neste
tempo pré natalício, deparei-me, na loja Catarino, à Solum, com a mais curiosa
e porventura também mais bonita árvore de Natal do ano. Mesmo pecando eu por
eventualmente a ver sob um olhar de jornalista, ou talvez por isso mesmo, não
deixe de dar uma espreitadela para constatar como, com imaginação, se pode, sem
grandes custos, apenas com revistas e livros, afirmar o bom gosto.
António Cabral de Oliveira
Devo confessar que não gostei muito da árvore de Natal que ACO refere ...
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