segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A 13 de outubro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
As campas do cemitério de Souselas – será premonição ou simples acaso? – apareceram, de novo, cobertas de um pó esbranquiçado proveniente de descarga poluente da cimenteira. Talvez seja um outro aviso para não esquecermos (bem pelo contrário, lembrarmos sempre) a luta perdida contra a única grande aposta “estruturante” governamental para a região de Coimbra: lixo tóxico em vez de equipamentos de desenvolvimento económico e progresso social. E, também, para recordamos aqueles que, ao arrepio do bem-estar colectivo, privilegiaram, então, conveniências pessoais, e têm, ainda, a desfaçatez de se passearem, publicamente, mesmo em cerimónias oficiais, por aí…

Numa cidade em que quase não há opinião publicada em que valha muito a pena atentar, reconfortou-me ler a oposição exigente, frontal e corajosa de Norberto Canha, revoltadíssimo, e bem, contra o fecho, por parte do Bispo da Diocese, do Seminário Maior de Coimbra. Cortando a direito, como a tanto obriga a verticalidade do respeitável Professor – coisas de diferentes eras, parece –, zurziu forte já que D. Virgílio Antunes, de facto (e para além das hierarquias), sem delegação do povo diocesano, não deveria, nunca, encerrar uma instituição com quase 250 anos de História, mesmo que com tal se procurasse beneficiar outra entidade, com certeza respeitável, a Universidade Católica, que, recorde-se, nunca quis instalar qualquer polo na universitária Coimbra.

Está completo o Conselho Consultivo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, órgão que integra, reconheça-se, uma maioria de nomes de insuspeitado prestígio. Que se espera possam contribuir, com os seus diversos saberes, para uma melhor ação das diversas unidades do imenso CHUC. Influenciando, positivamente, a decisão, como naturalmente se espera, mas não interferindo, de facto, na sua gestão, que, em exclusivo, deve ser garantida internamente.

Quando a Presidente da Agência Nacional para a Gestão do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (valha ao menos a certeza de que tamanho não falta ao título da senhora!) desafiou Coimbra a tornar-se, a par de Lisboa e do Porto, numa Cidade Erasmus, estava, não duvidamos, a querer mostrar-se simpática para connosco. Mas se Coimbra não é já espaço marcante no panorama dos programas internacionais de mobilidade de estudantes, que outra cidade o será? O que não inviabiliza, contudo, antes exige, renovados e permanentes empenhamentos para se ir mais além, sobretudo quando são cada vez menos os alunos nacionais que acedem à universidade.

Organizado por não interessa que raiz partidária, decorreu, em Coimbra, um debate sobre a cidade. Fica a referência, naturalmente elogiosa, na certeza da importância de todos nós analisarmos, interventivamente, o futuro colectivo da antiga urbe. Mas, Helena Freitas, aquela ideia de fazer substituir uma horrível estação de autocarros por um horripilante e inimaginável parque de estacionamento num dos mais nobres (e graças a Deus, apenas precariamente aproveitado) espaço, foi mesmo sugerida?!

Em iniciativa absolutamente saborosa – aqui na verdadeira acepção da palavra -, decorreu, com grande dignidade, este ano ao longo de três dias, a Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra, dando, de novo, na esteira aliás da melhor tradição da força militar sediada no antigo Convento de Sant’Ana, também bom uso civil às instalações da Brigada de Intervenção; concretizando desiderato antigo, o Jazz ao Centro apresentou o seu novo espaço de programação cultural, o Salão Brazil, em plena baixa da cidade, em prova de inequívoca vitalidade apenas contrariada pela suspensão da revista Jazz.pt que, lamentavelmente, mais por colectiva culpa nossa do que sua, não conseguiu sustentar; e a Assembleia Municipal de Coimbra deliberou, convenientemente, e por unanimidade, - mas será que, para além das conjunturas políticas, vamos desperdiçar a oportunidade (por muito que se discorde do conteúdo da proposta), para se redimensionarem autarquias insustentáveis como o são, no miolo histórico, a Sé Nova, Almedina e S. Bartolomeu? – não se pronunciar quanto à pretensão governamental de redução do número de freguesias.
António Cabral de Oliveira

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