Segue o texto da primeira edição de «Rio acima, sem motor».
RIO ACIMA, SEM MOTOR
Toda a gente, designadamente o
Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, quer o projeto do Metro Mondego cada
vez mais irreversível. Mas, para o ser, o melhor não seria colocar outra vez –
até pelo seu significado – os carris no abandonado corredor? Tecnicamente,
dizem, sem Parque de Máquinas, não haverá metro. E sem carris, há?
A Secretaria de Estado
da Cultura tem vindo a patrocinar o Festival Grande Orquestra de Verão,
enquanto “festa da música sinfónica”, baseada na alegada justificação de descentralização
cultural e de diversificação de públicos. Francisco José Viegas reforça-nos,
assim, imensa amargura pelo esquecimento a que votou o Festival das Artes de
Coimbra, uma iniciativa, parece, absolutamente centralizada e para públicos
mais do que habituados a bons programas de música…
A inauguração, no
Coimbra Inovação Parque, de uma fábrica da área da nanotecnologia, foi, de
facto, como disse o Presidente da República, “ sinal importante de confiança na
capacidade dos portugueses para vencer as atuais dificuldades”. Já o mesmo não
poderemos dizer dos responsáveis políticos locais quando ali vemos os tão
esparsos investimentos em construção, quando nos deparamos com o verdadeiro
matagal nos passeios, que não foi cortado, sequer, para a inauguração
presidencial. Faltará ainda muito para se entregar a efetiva gestão do Parque a
quem tem sobejas provas dadas em outros institutos?
Bom senso, educação,
respeito, princípios e valores, seriam o suficiente para uma sadia preservação
da praxe e das tradições académicas que, recorde-se, nos idos 80, uma dúzia de
pessoas nos empenhámos em recuperar em Coimbra. Sem se permitirem atitudes
próprias de gente menor, recorra-se à praxe com sanções simbólicas e dêem-se as
boas-vindas aos caloiros que agora aqui chegam, mostrando-lhes, desde logo, que,
para além de virem frequentar a melhor universidade portuguesa (também de
acordo com o último e prestigiado ranking mundial), Coimbra é, pelo menos,
diferente. Senão, não…
Entretanto, ouvir a
entrevista de Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, à RTP, foi
constatar a inteira dimensão de um universitário, no seu mais verdadeiro
sentido, imbuído pelas imensas e superiores responsabilidades que lhe cabem e
que o País, por essa condição singular, lhe demanda. Quando, próximo de nós, se
privilegia, quase em exclusivo, a pequenez das contas e a ausência de atitude
sustentada e exigente em defesa dos superiores interesses sequer da Escola, só
nos poderia sobrar – e sobrou – um sentimento de imensa (mas sã) inveja. Quem
é, afinal, Magnífico?!
Apostilha:
Com este retorno ao jornalismo de opinião, cumpre-se, tantos anos depois, a
vontade de uma intervenção livre em prol de Coimbra e da Região, também a
promessa, a antigos leitores, de um regresso…
António Cabral de Oliveira
"clap, clap, clap"! Bravo tio! :)
ResponderEliminarMuito bom!
Grande regresso! E, desta vez, também em suporte digital! Lembro-me bem das crónicas de sábado à tarde numa emissora de rádio (seria RDP?)... que, invariavelmente, coincidiam com o nosso primeiro prato dos almoços familiares!
ResponderEliminarDesconhecia estas crónicas mas gostei de ficar a conhecer!
ResponderEliminarEm grande Toninho.
ResponderEliminarAbraço