quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A 27 de outubro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Foi em ambiente de “memória e respeito”, nas palavras do Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, que o Exército Português celebrou o seu Dia, com uma homenagem, singela mas digníssima, na Igreja de Santa Cruz, a Dom Afonso Henriques, seu patrono. E ali dei comigo a pensar que todos e cada um de nós deveria poder aceder a momentos como aquele, em que um frémito de orgulho pátrio nos invade, sentimento a que temos indispensavelmente de ancorar o nosso querer para ganharmos forças e levar de vencida as razões do opróbrio que nos constrange quando olhamos o estado a que deixámos chegar a Nação.

Património e Reabilitação Urbana foi tema de relevante iniciativa que serviu para o presidente da Câmara dizer que recuperar o centro histórico da cidade “custa dinheiro, mas não assim tanto”, e, mais, que “recuperar casas e bairros é recuperar a alma coletiva”. Entretanto, em jantar no Clube dos Empresários, o presidente da CCDRC afirmava que o “Jessica”, programa de reabilitação urbana com taxas de juro generosas a 20 anos, tem “80 milhões para o Centro”, para os quais “não há nenhum contrato celebrado até agora”. A ser assim, e julgando eu estarmos todos a falar do mesmo, apetece perguntar porque não está aí, pujante, a afinal barata e com financiamento assegurado, revitalização do casco histórico da urbe! Será que às sentidas palavras de Barbosa de Melo e às esclarecedoras asserções de Pedro Saraiva se sobrepõe, avisada, a conclusão de Celeste Amaro, logo no início do certame, quando sublinhava, apelando a um compromisso entre todas as entidades envolvidas, que “muitas jornadas destas não dão em nada?” Em Viseu, para o ano, saberemos o quanto conseguimos avançar…
Bem interpretando o sentir da tertúlia que o Lions está a promover sobre a baixa e a candidatura da universidade a património mundial, Carlos Cidade propôs, na reunião camarária desta semana, a transladação dos restos mortais de Luiz Goes para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Cruz. Também sem sabermos se e como será possível o desiderato – a que juntamos, concordante, a nossa voz –, importa, faltou dizê-lo, ou pelo menos não o lemos em lugar algum – agora os jornalistas, ao contrário do que acontecia no meu tempo, já não acedem a todas as sessões da edilidade – precisar, em abono da verdade inteira, que foi Nuno Encarnação quem sugeriu a ideia a Carlos Carranca que, por sua vez, proclamando-o alto e bom som, a trouxe àquela assembleia.

Que bem está a Orquestra Clássica do Centro, que fui ouvir, deliciado, em concerto de abertura dos VI Encontros Internacionais da Guitarra Portuguesa. Mas estranhei (e tanto não quererá significar, não significa com certeza, de forma alguma, desinteresse) a ausência da Câmara Municipal na iniciativa. É que, como nunca, nestes tempos difíceis, temos de nos capacitar, todos, de que o apoio à cultura é postura indispensável para sairmos desta crise nacional. Em colaboração, vinda necessariamente de municípios e instituições oficiais, também da sociedade civil, sem a qual poderemos vir a comprometer a música erudita da e na nossa região.
Esta semana voltei ao teatro para estar, na Cerca de S. Bernardo, com a minha dileta Escola da Noite que, com a qualidade felizmente habitual, tem em cena, imperdível, a peça “Nunca estive em Bagdad”. Entretanto, em termos teatrais, tenho ainda de ver, não nos esqueçamos, “Os últimos dias de Emanuel Kant”, que a Bonifrates apresenta no seu estúdio da Casa da Cultura, igualmente “Um grito parado no ar”, que o Teatrão leva ao palco na Oficina Municipal, no Vale das Flores.

Em paralelo, para continuar a falar em cultura – o tal setor, lembram-se, onde, segundo alguns, nada acontece em Coimbra – referência, agora cinematográfica, para a já tradicional e excelente Festa do Cinema Francês, a decorrer, até ao final do mês, no Gil Vicente, isto enquanto se anuncia, para 9 a 17 de novembro, o festival Caminhos do Cinema Português, única mostra exclusivamente nacional.
Linhares Furtado, pioneiro em transplantes hepáticos em Portugal, assinalou, imenso orgulho nosso, 20 sobre a sua primeira intervenção nos HUC; a tertúlia Fausto Correia lembrou, no Trianon, o político que tanta falta faz ao seu PS, outrossim à nossa cidade; Boaventura de Sousa Santos, em reconhecimento do mérito científico, vai ser distinguido pela Universidade de Brasília com o título de Doutor Honoris Causa;  Francisco Amaral – um abraço – foi justamente homenageado pela Escola Superior de Educação onde, há uma dúzia de anos, vem coordenando o estimulante projeto televisivo ESAC TV; e a morte de Patrocínio Tavares, os meus respeitos, tornou bem mais pobre o empresariado de Coimbra.

António Cabral de Oliveira

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