RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Continuo
sem entender porque é que todas as raras obras que considero terem dimensão
ajustada a uma Coimbra de futuro são sempre classificadas por alguns – não
poucos, infelizmente – como “elefantes brancos”. Serei eu “grande de Espanha”,
ou será, antes, (a Casa da Cultura/Biblioteca Municipal, apenas um exemplo, não
é hoje equipamento já insuficiente?) falta de ambição por parte daqueles?
Vem
isto a propósito da adaptação do Convento de São Francisco a espaço cultural e
de convenções, uma obra formidável (não me ocorre adjetivo mais eloquente), ali
na margem esquerda, cuja compra, não se reescreva a história, se deve,
personalizando os executivos, a Mendes Silva e não a António Moreira, apesar de
ter sido este quem, de facto, a pagou. Ao abrir novos e (com certeza) ditosos
horizontes à vida cultural e económica da região, São Francisco é, sem questão,
uma excelente aposta da Câmara Municipal, que há de saber organizar de forma
exigente e capaz a sua gestão e dinamização. E que os cidadãos de Coimbra têm a
obrigação de saber bem usufruir, seja enquanto espaço de utilização social,
seja em simples visita…
Por
falar em cultura, Coimbra, para além da sua ampla oferta habitual, foi palco de
um vasto conjunto de atividades que, em manifestação, justa, contra os cortes
nos apoios governamentais, serviram para reivindicar auxílios indispensáveis
para se evitar a asfixia. Se, por um lado, importa acompanhar os agentes
culturais da cidade nesta sua luta, há, por outro, que assumir, sejamos
utópicos, que a cultura tem de caminhar, cada vez mais, para uma autonomia
financeira. Com o contributo insubstituível da efetiva participação nos eventos
dos muitos que continuam a dizer que em Coimbra não acontece nada … mas que, em
boa verdade, não encontramos em qualquer programa cultural.
Quando
o próprio comandante se enleva por, li, se sentir “a ganhar, aos poucos, a
confiança dos seus agentes”, parece que algo continua mal na Polícia Municipal
de Coimbra, uma estrutura, não o esqueçamos em circunstância alguma, que só
existe para servir a população. Naturalmente hierarquizada, é, por o ser - e
por bem se saber a diferença entre mando e comando -, que não percebo, de todo,
estas, chamemos-lhe assim, confidências …
A
Associação Nacional de Municípios Portugueses, entidade tão cara à cidade onde
está sediada, vive um momento histórico de lamentável e preocupante turbulência
política. Consequência direta da crise financeira que se abate sobre o país,
também porque é terrível a aproximação do ocaso depois de longos ciclos de liderança
no poder autárquico, urge ultrapassar rapidamente tais dificuldades, sempre em favor
de uma casa fundamental para a existência de um poder local digno e autónomo,
indispensável ao bem-estar e ao progresso dos cidadãos.
Morreu
Santana Maia – as minhas homenagens sentidas -, médico prestigiado que a sua
classe profissional quis Bastonário, cidadão ilustre que, também enquanto
Vice-Presidente da Câmara, Presidente da Assembleia Municipal e Governador Civil
de Coimbra, dignificou, em tempos outros, uma outra forma de estar na política.
Por igual docente da Faculdade de Direito, Joaquim Sousa Ribeiro sucede, no
elevado cargo de Presidente do Tribunal Constitucional, a Rui Moura Ramos,
também daquela Escola, eleição que, honrando Coimbra, haverá de reiterar anteriores
padrões de excelência. Para concluir, também na promoção turística no estrangeiro
o Centro desapareceu do mapa, com as Beiras, bem como todo o restante espaço
físico nacional, a serem substituídos, que mais poderia ser, por … Lisboa e
Porto. Mas que regionalização turística é afinal esta que, agora, dizem, se
estará a concretizar?!
António Cabral de Oliveira
6 de outubro de 2012
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