quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A 15 de dezembro ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
A diretora do Machado de Castro não foi parca nos adjetivos encomiásticos a propósito da reabertura daquele Museu Nacional: “coleções riquíssimas”, “peças fundamentais”, “referência da museologia portuguesa”, “projeto exemplar”, “o grande museu da escultura nacional”, a Capela do Tesoureiro a “proporcionar momento único e emocionante”, enfim, o “sublime enquadramento” alcançado por Gonçalo Byrne. E quando se poderia recear algum pecadilho por exagero, não é que, logo após breve visita (Deus meu, quanto de tão belo para se apreciar, demoradamente, em instalações superlativas), se concluía que Ana Alcoforado (as minhas homenagens, também, e naturalmente, para Adília Alarcão) tem, afinal, razão inteira! A magnificência a orgulhar Coimbra.
As circunstâncias, dramáticas, em que ocorreu a morte de José Guerra – um acidente brutal absolutamente inadmissível – foram um enorme murro no orgulho coimbrão. E é impressionante como, para além do seu exemplo de vida, também no seu passamento Guerra nos tenha querido deixar uma mensagem, uma chamada de atenção para os imensos pequenos grandes pormenores – desde logo a ausência de um suficiente muro de proteção, designadamente para invisuais – que fazem de Coimbra uma cidade afinal não tão inclusiva quanto julgávamos e, por certo, todos desejamos. Mais do que sempre oportunas iniciativas de sensibilização, como o foram as recentes “por Coimbra às cegas”, de um grupo de estudantes, ou a aceitação, por parte de técnicos da Câmara Municipal, de desafio da ACAPO para andarem pela urbe de olhos vendados, quanto trabalho nos aguarda, quanto empenhamento cidadão se nos exige…
Não fora a excelência da atividade cultural da Escola da Noite – desculpem a recorrência do tema, mas a culpa não é, de todo, minha – e quase poderíamos dizer que a sua existência já se justificaria só para nos proporcionar, promovendo-os, espetáculos como aqueles a que a cidade assistiu no findar da passada semana. De facto, a presença do brasileiro Grupo TAPA, de São Paulo, e a apresentação da peça “Doze Homens e uma Sentença”, constituíram, a meu ver, um dos momentos altos da história recente, aliás muito rica, do teatro em Coimbra. Excelente, já se sabia, o texto de Reginald Rose, magnífica, agora, a teatralização, as interpretações que garantiram momentos de sublime encantamento. Um abraço obrigado, gente, nesta nossa língua comum, para o lado di lá, e de cá…
O presidente da Federação Distrital do PS, reitera, em artigo de opinião, vontade (política?!) de voltar a afirmar Coimbra como terceira cidade do país, projeto que até poderia ter alguma valia… se a urbe o não fosse já, evidentemente. Entretanto, porventura para não lhe ficar atrás, um alto dirigente da Câmara Municipal, a propósito da aprovação do novo PDM, disse que Coimbra pretende “reivindicar o seu papel de capital da Região Centro”, uma exigência definitivamente abstrusa já que nem o mais empedernido detrator da cidade ousaria, sequer, questionar a sua manifesta liderança regional. Com tais responsáveis, para que precisa Coimbra de inimigos?
Um despacho do Secretário de Estado da Saúde ordena (nem mais!) a redução do número de camas nos hospitais do SNS – obviamente incluídos os de Coimbra –, medida que, com certeza, e quem sou eu para o questionar, há de contribuir, em muito, para melhorar a saúde no nosso país. Entretanto, aposto, para o ano, os serviços de estatística vão aumentar a esperança de vida dos portugueses, tendo em vista, também … idêntica melhoria das nossas aposentações!
A ACIC, a braços com um passivo imenso – como é possível tamanho trambolhão de entidade ainda há poucos anos financeiramente tão sólida? – procura alcançar um programa de recuperação que viabilize a sua continuação como estrutura representativa do tecido empresarial de Coimbra; Joana Amaral Dias, respondendo a inquérito de jornal, especificava que em Coimbra, onde fez todo o seu percurso académico, encontrou grandes professores que a “ensinaram a pensar”, um reconhecimento que, vindo de voz geralmente contestatária, comprova ser o ensino de excelência uma das principais vocações da cidade; a Região Centro, sustenta-o uma investigação da UC, come carne de porco e de aves de qualidade (se o frango está, assim, bom, então é porque, nestes tempos de crise, é o pobre que está doente); e Manuel Machado, coisa intrigante, até pela aceitação, foi oficialmente indicado pelas estruturas partidárias como candidato socialista à Câmara Municipal de Coimbra.
Entretanto, é Natal, e visitar o presépio dos Sapadores Bombeiros faz já parte das nossas tradições…
António Cabral de Oliveira

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.