RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Estou
preocupado, estou verdadeiramente muito preocupado com a Candidatura da
Universidade de Coimbra a Património Mundial da Humanidade. Atrasado, o
processo só agora parece querer avançar substantivamente. A cidade ainda não
foi motivada para a iniciativa (e não o será com os painéis, pouco apelativos,
por aí disseminados); o país, na lógica a que permanentemente condena Coimbra,
assobia, invejoso, para o lado; além-fronteiras, o espaço que realmente nos
considera, não está a ser suficientemente trabalhado, designadamente ao nível
da itinerância de prestigiados embaixadores das Escolas, que deveriam estar já
a percorrer todas as sedes de influência. E se Coimbra perde esta oportunidade
singular, então, estamos convictos, será a machadada final nos nossos grandes propósitos
de futuro…
Os
recentes acidentes com bombeiros, que provocaram, na região, um enorme e
intolerável número de mortes e feridos, deixam-nos perplexos e, sobretudo,
derribados. Porque estas são circunstâncias demasiado sérias e graves,
lamentavelmente recorrentes, que podem, mas não devem acontecer. E que têm de
ser o enquadramento de fundo para analisarmos, responsavelmente, o que, com
certeza, está mal na problemática do combate ao fogo florestal. Onde, em
absoluto, não pode continuar tudo como está. Para não voltarmos a perder,
amanhã, alguns dos nossos melhores…
A
adesão de Coimbra à Semana Europeia da Mobilidade – um bom propósito sem
qualquer vantagem concreta – incluiu, designadamente, a “inauguração” de um
corredor bus na Fernão de Magalhães. Se já se inaugura um simples risco pintado
no asfalto, para o que nos guardará, ainda, a crise?!
Uma
palavra, esta de grande satisfação, para a atividade do serviço de
transplantação hepática dos CHUC, pela extraordinária valia do trabalho que ali
se volta a desenvolver, também pelos ambiciosos projetos a que se propõem. Em
prova evidente, releve-se, da excelência que, mau grado as malfeitorias que se
querem impor, os hospitais de Coimbra continuam a assegurar.
Pedro
Machado, em longa entrevista a este jornal, para além de procurar justificar o
injustificável quanto à deslocalização da sede da Região de Turismo – coisas
para si, mas só para si, menores – diz que Coimbra, efetivamente desconsiderada
no seu estatuto de capital regional, era “buraco negro” na estratégia da
Turismo Centro de Portugal. Agora, de novo com a aclaradora participação
coimbrã, ficamos à espera que o turismo regional (com dívidas tamanhas e
insuficientíssimos resultados promocionais), passe por um pouco mais do que
rotas de caprinos ou festivais de peixe. Localmente importantes, com certeza, mas
também iniciativas menores (de que já ouvíamos falar, imagine-se, 30 ou 40 anos
atrás) para quem, necessariamente exigente, tem de ambicionar ir mais, muito
mais longe.
Com
a morte de Luiz Goes, a Canção de Coimbra ficou imensamente mais pobre.
Calou-se a voz enorme que sempre recordaremos quando, livre e arrebatadora, silenciou,
na Sé Velha, em 79, os poucos que queriam contrariar a recuperação das
tradições académicas, tentando boicotar a serenata monumental. Para ele que,
raro entre os maledicentes, ousou afirmar que “Coimbra é formidável por 30 mil
razões”, o meu muito sentido e respeitoso preito.
António Cabral de Oliveira
Mais uma vez, muito boa!
ResponderEliminarUma maneira simpática de sabermos notícias de Coimbra... espero que continuem a ser publicadas (também) na Maré Cheia!
Nem de propósito, acabei de editar outra.
Eliminarbjinhos de Coimbra,
T