RIO
ACIMA, SEM MOTOR
A
construção da autoestrada Coimbra-Viseu, com estudos que apontam para fluxos de
tráfego consideráveis, é, para o presidente da Estradas de Portugal, “uma ideia
certa no momento errado”. O que implica que, as mais das tantas AE que por aí
se rasgaram, sobretudo à volta de Lisboa e do Porto, mas sempre, sempre, bem
longe de Coimbra, tenham sido, agora com valores de trânsito irrelevantes,
ideias erradas em momentos certos. E quem responde por tamanho dislate, quem
devemos chamar à responsabilidade pelos erros cometidos – e premeditados – de
absoluta carência em algumas regiões, de excesso de oferta nas mesmas áreas de
sempre, ambas em absoluto prejuízo do correto e harmonioso desenvolvimento do
país?
Os
resultados que colocam o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra no
segundo lugar da avaliação que a Escola Nacional de Saúde Pública faz dos
hospitais do SNS, bem como a certeza de cinco dos seus serviços serem
considerados os melhores em Portugal, são, evidentemente, fator de enorme
regozijo e imensa tranquilidade para todos nós, talvez em especial para a
Região Centro, que aquela unidade de referência serve de forma mais próxima. E
isto, valham o que valerem os índices, sejam quais forem os critérios (que
alguns dizem científicos, outros aleatórios, embora, não o esqueçamos nunca, motivados
mais por interesses pessoais ou corporativos do que de serviço público) que lhe
servem de matriz. Entretanto (mas como, questiono-me) os responsáveis dos CHUC
almejam agora alcançar o primeiro lugar da ordenação, pesem embora os
anunciados cortes em camas e em pessoal, que se querem, dizem, de pelo menos
oito por cento…
A
Universidade do Minho afirma ter como grande projeto de futuro a dez anos o seu
crescimento para os 25 mil alunos, entrando também assim, sustenta, para o
ranking das três maiores Escolas portuguesas. Privilegiando, somos levados a
pensá-lo, a quantidade em detrimento da qualidade, esta é, afinal, a forma,
olhando para a realidade nacional, de, na sua limitada visão, ultrapassar a
Universidade de Coimbra. Pelo menos, deseja-o, em número de alunos, não tanto,
receamos nós, em resultados científicos alcançados. Santo país este onde nem ao
mais alto nível do saber – é pelo menos esse o entendimento que temos de ensino
superior – consegue ser uma lição!
Parece,
indica-o um estudo agora divulgado, que os portugueses estão a consumir mais na
alimentação e menos em produtos de higiene. Neste tempo, limitador, de crise
profunda, empenhemo-nos para que, assim mais gordos e mais porcos, não venhamos
também a ficar mais feios e maus…
Já
alguma vez imaginou, mesmo conhecendo, como conhecemos, a sua similar de
cebola, uma compota de pimentos vermelhos? Eu confesso que não, mas deixe que
lhe diga que é qualquer coisa de excelente, de muito bem conseguido em termos
gustativos. Encontrei-a em ocasional prova, como tantas outras por que passo,
nos Vícios Campestres, no Coimbra Shopping, uma lojinha gourmet que nasce do
esforço, sempre louvável, de quem se empenha na procura ativa de alternativas
ao desemprego que por aí grassa, e onde tomei contacto com aqueles pequenos
boiões produzidos por um outro jovem, lá para as bandas da Serra da Estrela,
também ele a encontrar na sua nova empresa um melhor projeto de vida. Uma
delícia, nossa, feita em Portugal.
Um
dia destes, ao olhar a toalha líquida que nos enriquece enquanto cidade,
lembrei-me do assoreamento do Mondego e dos problemas e riscos, velhos e
relhos, que a situação acarreta, e que não fazem, de todo, qualquer sentido,
porquanto, asseguram-nos, a venda dos inertes a retirar cobriria os custos dos
trabalhos de limpeza do rio e da sustentação dos muros das suas margens. Para
que nos serve, afinal, o poder municipal – e a questão já se arrasta desde há
vários mandatos autárquicos – se não é capaz, apesar de sempre anunciado
empenhamento, de a resolver? Mais do que dificuldades técnicas ou financeiras,
eis-nos, antes, confrontados, sejamos frontais, com uma enorme incapacidade
política da nossa Câmara!
Como
o mundo não acabou, ao contrário do que vaticinaram os Maias, mas Carlos
Fiolhais contradiria – é sempre bom que sejam académicos de Coimbra a afirmarem
a cientificidade das coisas – para todos, um Santo ou Feliz Natal.
António Cabral de Oliveira
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