sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A 6 de dezembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

A central de camionagem de Coimbra – a terceira maior do país, em movimento, servindo, semanalmente, mais de 17 mil passageiros – passou por obras de beneficiação que, em boa verdade, embora louváveis, vão pouco além de algumas voluntariosas pinturas. Construir um novo e qualificado terminal rodoviário na cidade, deve ser, com certeza, utopia minha. Mas, se calhar, ainda bem que assim é: para não provocar contraste de maior com a "belíssima" estação ferroviária, ali bem perto, sobre cujo projeto de renovação, sepulcral silêncio da REFER, continua a não haver (com a conivência da nossa quietude), nem novas nem mandadas...

Em iniciativa do Município, dos comerciantes e da Polícia, a cidade, pelo menos aquela que se interessa pelo tema – e alguma foi – analisou, em debate sempre importante, a questão da Baixa, turismo e património em segurança. Com a participação, nomeadamente, de terras outras, como Guimarães, Óbidos e Viseu, que viveram já boas experiências (e não, é certo, para colocar Coimbra no mapa, como, com bonomia, dizia um dos compartes) de requalificação dos tecidos construídos por forma a alcançar-se, nos centros históricos, uma melhor qualidade de vida urbana. Ali, em absoluto, tão necessária.

Portugal tem, entre as melhores da Europa, três escolas de Gestão. Com Coimbra fora do ranking do respeitado Financial Times, o facto não deixa, contudo, de ser relevante. Sobretudo quando olhamos – tanto que precisamos de aprender! – a realidade económica e administrativa do país.

Manuel Machado, clarinho como a água, disse, falando em "esbulho", "confisco" e "embuste", que, caso o governo insista em fusão contrária aos seus interesses – para além do que é exigível em nome da solidariedade regional, naturalmente – Coimbra sairá da Águas do Mondego, tomando posse dos bens municipais que estão na entidade de concessão. Fizessem sempre assim, e não estariam os municípios, com igual legitimidade democrática, tão subalternizados em relação ao poder central; agíssemos nós sempre de tal jeito, e a cidade não seria, como é, tão maltratada pelo Terreiro do Paço...

Continuam os acidentes, gravíssimos, em acessos a Coimbra, a norte e a sul, designadamente nas ligações a Condeixa e à Mealhada. E enquanto se pedem separadores entre as vias, mantenho, pela inversa, que a única solução para tamanhos problemas passa, não por soluções de recurso, antes, definitivamente, pela duplicação daqueles itinerários. Custará mais caro, com certeza. Mas é bom que olhemos também as imensas vantagens, sobretudo em preservação de vidas.

Ao contrário do que um dia destes se alvitrava, a Região Centro não pode vir a afirmar-se, no futuro, como um magnífico destino de enoturismo. Porque, tal como acontecia também no passado...o é já, no presente. Ou não serão o Dão e a Bairrada, vinhos tão antigos, mas também Lafões e a Beira Interior territórios privilegiados onde, desde há muito, vamos – e continuaremos a ir – de visita para, enquanto se desfruta de espaços belíssimos, bem comer e melhor beber? Poderão, as Beiras, não ser de excelência. Mas são excelentes…

Quanto mais leio sobre a valia e a importância do porto de Sines, menos compreendo, sem esquecer Setúbal, o porquê de Lisboa (e do governo, que é quase a mesma coisa) persistirem em ter um – dinheiro assim deitado não à rua, mas ao mar – na Trafaria ou no Barreiro. E espero ver como será no dia em que, mais do que Lisboa querer ter um novo porto, o Porto queira ter, (falo de descentralização, entenda-se), enseada amena, uma...lisboa.

O Centro de Documentação 25 de Abril ficou bem mais rico com o arquivo pessoal da antiga primeira-ministra Maria de Lurdes Pintassilgo, assim se cumprindo a vontade, manifestada em vida, de entrega à Universidade de Coimbra daquele vasto e importante espólio; o Banco Alimentar, com certeza significativo, recolheu 93 toneladas de alimentos na sua última campanha distrital, menos 15% do que, à semelhança do todo nacional, foi conseguido em 2013; a Unidade de Alcoologia de Coimbra, sempre mais e mais relevante, é bom que ninguém o esqueça, celebrou os seus 50 anos; e, se Deus quiser, logo pela noitinha, acendem-se, por fim, um mês depois dos centros comerciais, uma semana após todas as outras cidades...as iluminações de Natal.


António Cabral de Oliveira

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