sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A 6 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Feitas as romarias, as festas, as feiras e as marchas, acabadas as férias, é tempo de Coimbra, a câmara municipal, mas também todos nós, começarmos a olhar, de outra e mais exigente forma, a cidade, a sua governação. Inadiavelmente...

O ministro Poiares Maduro terá dito, na Lousã, que o projeto Metro Mondego é "incomportável" para o país. E (a olhar para os números!) os de Lisboa, Porto e Sul do Tejo, não? Para titular da pasta do "desenvolvimento regional"...não está, convenhamos, nada mal!

Sobre cultura, li, um dia destes (Visão, n. 1119), uma entrevista com o vereador do pelouro do município do Porto. Que diferença, Santo Deus, em objetivo e projetos...

Primeiro, com justificação no maior número de quilómetros – a Europa pagava a metro – desviaram, a sul, os fluxos automóveis construindo a A23. Depois, fundamentados em nada de tecnicamente válido (mas tão somente nos votos ali mais abundantes) afastaram, a norte, o tráfego rodoviário para a inconcebível A25. Agora querem (ou pretenderiam, alguns) truncar a única via, ao centro, com ocupação inteligente do território, a linha da Beira Alta, inventando uma nova ligação ferroviária de Aveiro a Viseu. Entretanto, enquanto Coimbra parece começar a acordar da letargia política que permitiu tais desmandos, tamanhas agressões, a Refer está, muito bem, autorizada a iniciar as obras de modernização das linhas do Norte, Oeste, Douro e Minho, ficando a faltar – porquê?, apetece perguntar – nem mais, a que nos liga a Vilar Formoso.

O antigo Gabinete de Física Experimental da Universidade de Coimbra foi nomeado Sítio Histórico Europeu, único no nosso país, o segundo na Ibéria. Um reconhecimento, enorme, que, afinal – quem não se lembra da Europália? – deverá ser visto como natural. Pena é a "política" museológica da UC. Mas isso deve ser falta, agora, das luzes científicas do século XVIII...

O projeto do Museu Nacional de Machado de Castro, de Gonçalo Byrne, recebeu uma das mais antigas e prestigiadas distinções em arquitetura, o prémio Piranesi/Prix de Rome, pela harmonização do contemporâneo com um edifício histórico com dois mil anos. Pode ser que o galardão – absolutamente fantástico, como dizia Ana Alcoforado, e que sobremodo valoriza também Coimbra – sirva para expurgar, em definitivo, as vozes dos tantos profetas da desgraça que na cidade, de muitos e tão definitivos saberes, sempre se fazem ouvir quando se realiza, ou quer concretizar, seja o que for.

De acordo com o relatório de gestão e contas da Universidade de Coimbra, convenientemente divulgado em tempo de férias, é generalizada e significativa a quebra nas suas atividades – estamos bem, pois! –, designadamente ao nível do Gil Vicente, do palácio de São Marcos, do estádio universitário, do Exploratório, também do Museu da Ciência. O único valor positivo foi o das visitas à universidade, que aumentaram 19%, mas tal (quando as novas são boas...) já o Reitor tinha anunciado.

Depois da queda de uma ramada de pinheiro imponente, na Solum, sobre dois automóveis, o meu maior receio é que a ocorrência venha a acicatar os ânimos daqueles que, incomodados com as árvores, magníficas, em bom tempo plantadas por Mendes Silva, advogam, seja por que razão for, o seu corte. Sem, sequer, como recorrentemente tem acontecido, se cuidar da substituição impreterível.

Estava muito esperançado que o Gin tasting 2014, organizado pela Essência do Vinho, chegasse, por fim, a Coimbra. Afinal, uma pena, ainda não foi este ano (a extensão foi apenas a Lisboa), o que nos obrigará, um dia destes, a uma ida, valha-nos ser na região, até Leiria.

O União de Coimbra vai ser clube satélite do União da Madeira?! A ver se consigo entender...

António Cabral de Oliveira




Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.