domingo, 26 de outubro de 2014

A 25 de outubro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Fui ao novo "jardim" da Solum de Baixo – assim designávamos, antigamente, a expansão urbana, a nascente, do velho bairro – para me passear por passeios imaginários (apesar de já debuxados e até iluminados), cheirar os "relvados" há pouco cortados, apreciar canteiros que rescendem a flores inexistentes, descansar à sombra de árvores ainda não plantadas. Uma pena o estado de abandono em que se mantém aquele espaço, ali na Jorge Anjinho, junto da moderna escola, apenas à espera de um pequeno investimento, feito desejavelmente com meios próprios, pela câmara ou pela junta de freguesia (ou ambas), a permitir a sua valorização e entrega ao inteiro usufruto da comunidade...

A Universidade de Coimbra, excelente, é a preferida pelos estudantes brasileiros quando vêm estudar para Portugal. Para otimizar, desejavelmente, o quadro, pode ser que o resultado das eleições de amanhã no Brasil dite uma nova política que, em português, nos reaproxime, ou, pelo menos, não nos continue a afastar. Porque, cada vez mais, vemos Terra de Vera Cruz – a História que foi comum, a Língua que já o foi mais – não como um país irmão, antes como...um país primo, e afastado, em terceiro ou quarto grau!

Não desgosto do projeto camarário de uma linha de elétricos Lages-Alegria, sobretudo se prolongada, pela margem do Mondego, no sentido da Boavista-Portela. Mas gosto muito mais de uma outra que, com pouco menos de dois quilómetros, e perfeitamente integrada na rede urbana de transportes, faça a Alta universitária/Praça da República, assim servindo, privilegiadamente, o ano inteiro, para além do turismo, o acesso dos estudantes às Escolas. E viabilizando, ainda, coisa não despicienda, a retirada, dali, de muito do tráfego automóvel.

Fui um dia destes visitar, na Praça do Comércio, a 'chronospaper', curiosa oficina de livros, seus restauros e encadernação, onde, naquele ambiente delicioso, gostei de ouvir os proprietários falar da loja e do futuro, da vontade de concretizar novos e mais amplos desafios. E fiquei a pensar na importância de uma política municipal que apoie a preservação, e são já tão poucos, de estabelecimentos comerciais históricos e imperdíveis para Coimbra – prestemos atenção ao trabalho de Rui Moreira – de que é paradigma (e não a refiro, para além do seu valor e fantástica beleza, por mero acaso) - a farmácia Nazareth.

A cidade e a comunicação social parece terem embandeirado em arco com a atitude (afinal apenas louvável) dos que se empenharam, muito bem, em acabar com a selvajaria estudantil do lançamento ao Mondego, depois da latada, de carrinhos de supermercado. De exaltar seria, isso sim, era que as instituições académicas, pura e simplesmente, e de uma vez por todas, vedassem – também cuido que, na medida do possível, deve ser proibido proibir – a sua utilização nos cortejos.

Para além das quebras que todos registaram, o Museu de Aveiro foi, no primeiro semestre do ano, dos tutelados pela SEC, o mais visitado na Região. Pode ser que assim todos nos convençamos, depois da maledicência lamentavelmente habitual, que políticas regionais com epicentro em Coimbra, só por o serem, não são – bem pelo contrário – prejudiciais para os nossos interesses coletivos, no caso no campo da cultura. E não justificam, de todo, intentonas de fuga para norte ou para sul, antes nos devem fortalecer como território – as Beiras – coeso e em harmonioso desenvolvimento económico e social.

Enquanto continuamos, ensurdecedor silêncio, à espera de novas sobre a autoestrada Coimbra-Viseu, muitos têm sido os acidentes que continuam a ocorrer no IP3. Se o problema não é, de certeza certa, associável – não o admito sequer! –, à dimensão e qualidade da via, a que se deverá ele?

Manuel Machado mostrou-se satisfeito com o primeiro ano do seu novo mandato; a figura histórica de D. Sesnando, e seu legado na formação da "Coimbra, Cidade Aberta", foi tema de relevante congresso; a urbe, honraria nossa, recebe este fim de semana o Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses, que, permitam-me repeti-lo, muito gostaria abordasse a instalação, na cidade, do seu Museu Nacional; e, seguindo a sugestão de António Vilhena, fui, em boa hora – faça o mesmo –, visitar as três exposições que aconselhava em crónica recente: pintura, no Museu Chiado; escultura, na Casa Municipal da Cultura; e fotografia, na Sala da Cidade.


António Cabral de Oliveira

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