domingo, 26 de outubro de 2014

A 20 de setembro ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Maurício Marques terá recebido, da parte do governo, a garantia de que, a muito curto prazo, será concretizada a nova estação ferroviária de Coimbra, "mais funcional e com melhor capacidade intermodal". Num tempo em que duas ou três recentes idas à estação de Aveiro me provocaram uma sadia inveja, continuo a aguardar, não por novos recados, sequer planos, antes pelo início dos trabalhos de construção. Recordando, entrementes, que a Refer, recentemente, se tinha comprometido a apresentar o projeto até julho (deste ano, é óbvio!), também que a cidade e a região recusam um qualquer arremedo de obra, antes exigem uma estrutura âncora para o seu desenvolvimento que responda às necessidades do presente, sobretudo às demandas do futuro.

O Conselho Geral da Universidade de Coimbra deu início ao processo de eleição do próximo reitor, que deverá ocorrer em fevereiro próximo. Em valor da tradição, "tudo como dantes, quartel general em Abrantes", ou será que já alguém faz contas...para deixarmos de fazer, sobretudo, contas?...

Aparentemente nostálgica do passado – o anterior executivo aprovou, o atual materializou – a câmara municipal restituiu a circulação automóvel em Santa Clara e na Guarda Inglesa à sua antiga fórmula, com trânsito em ambos os sentidos. Incapaz, sem a indispensável (ainda tardará muito?) colaboração da universidade, de concretizar a melhor solução viária através de uma artéria a nascer no interior do estádio, junto do pavilhão 1, assim se adia a devolução do Rossio a exclusivo uso pedonal, assim se vai deitando, já o escrevi e reitero, dinheiro à rua.

Ao contrário do anúncio ("duas entradas para uma saída feliz", lembram-se?) dos Armazéns Grandella, o parque de estacionamento do convento de S. Francisco devia ter, antes, uma entrada para duas saídas felizes. Mas não. O acesso único far-se-á ao nível da avenida, a saída através de rampa que nasce lá nos fundos, e obrigatoriamente em direção a Bencanta, até se inverter a marcha na rotunda mais próxima. Uma pena, pois, não haver, para além daquela escapatória para norte, outra no sentido do Portugal dos Pequenitos. Mas numa cidade onde no edifício das Químicas se esqueceram dos ácidos quando fizeram as tubagens; os autocarros não entram no estádio por causa dos aparelhos de ar condicionado; a ponte Rainha Santa, com aquela dimensão, privilegia não a circulação externa mas o centro da urbe, que mais poderíamos esperar?...

Não posso estar mais de acordo com Manuel Machado quando decidiu a não adesão de Coimbra à Semana Europeia da Mobilidade (ou Dia Europeu Sem Carros, o que seja). Sustentando, muito bem, que o que a cidade quer são novos autocarros e o Metro Mondego – e para ambos a administração central está-se nas tintas – é caso para acrescentar que folclore só o de raiz etnográfica, e genuíno!

Como o comprovam os pedidos feitos pelo presidente do município de Viseu aquando da recente visita do primeiro-ministro, Coimbra está sozinha na reivindicação da autoestrada de ligação entre as duas cidades. Será que Fernando Ruas não poderia explicar qualquer coisa sobre a região a Almeida Henriques, nem que seja fazendo-lhe um desenho?...

Como a Universidade de Coimbra não tem, sozinha, a verba de 150 mil euros para renovar as cadeiras do Gil Vicente, os responsáveis daquele teatro académico, com certeza desesperados, pediram ajuda à cidade. E embora julgue inacreditável a situação – não é isto bater no fundo? – serei o primeiro a adquirir um bilhete solidário, por exemplo de dez euros, para espetáculo imaginário, em gesto que corporize um agradecimento, seguramente por parte de muitos de nós, pelo tanto que o TAGV vem fazendo em prol da cultura.

Gosto de beldroegas. Mas prefiro-as, receita alentejana, numa boa sopa, não nos passeios de tantas ruas da nossa cidade. Onde, inadmissível, crescem, ainda, ervas altas e imensas, a transformarem os espaços – exagere-se para sublinhar – numa quase selva que ninguém capina.

O Confirmado de 1991, um baga que a Adega de Cantanhede ressuscitou das suas caves, é, na exigente ótica do Mundus Vini, este ano, o melhor vinho tinto de Portugal. Tão só! Parabéns imensos.


António Cabral de Oliveira

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