sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A 12 de julho ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Perante o incompreensível alheamento da cidade, e ao contrário da vereadora da Cultura, estive no Machado de Castro, no passado sábado, para, na sequência da muito meritória (mas no caso insuficiente) iniciativa "Tesouros Partilhados", acolher – temporariamente e por empréstimo, imaginem! –, a rica e belíssima Cruz de D. Sancho I, também para tentar encontrar resposta para a questão, com que fui repetidamente confrontado aquando do último Dia dos Museus, sobre a localização, ali no MNMC, da peça. E porque continuo insuficientemente esclarecido, pergunto ainda: se, há exatamente 800 anos, o nosso segundo rei mandou fazer aquela alfaia litúrgica, declarada, concreta e especificamente para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, alguém me poderá explicar porque está ela no Museu de Arte Antiga, em Lisboa?

Na cerimónia celebradora do Dia do Município, gostei do discurso, rigoroso e abrangente, de Manuel Machado; aplaudi de ambas as mãos, relevantes, os protocolos ratificados com a APPACDM e a Escola Nacional de Bombeiros; e cansou-me a repetição, outra vez, de anúncios e atos sobre a abertura da mata do Botânico. Em paralelo, fiquei com a certeza de que a exposição fotográfica "Coimbra vista por Varela Pécurto" – um abraço de enorme respeito e amizade –, ali, na em boa hora recuperada Sala da Cidade, ou em qualquer outro local de semelhante dignidade, merece, deve poder ser vista...e admirada por todos nós, não apenas até 13 de setembro, mas permanentemente. Para, assim olhando o passado, melhor construirmos o futuro!

Observo a infografia que ilustra uma peça jornalística sobre a vaga de deslocalizações, para o nosso país, de serviços e centros de inovação de multinacionais – que já criaram mais de 10 mil postos de trabalho – e, quanto a centros de serviços partilhados, conto um no Fundão, Tomar e Elvas; dois em Braga, Viseu e Évora; quatro no Porto; e 22 em Lisboa. Coimbra...não consta. Significativamente!

PSD, CDS e PCP (que persiste no comboio) votaram contra um projeto que apontava para a finalização do Metro Mondego, o que nos leva a ficar gratos a quem, na AR, nomeadamente os deputados do círculo, defende, destarte, com ou sem declaração de voto, os desígnios partidários e não os do país real que os elegeu. Enquanto isso, o secretário de Estado dos Transportes garantia que não haverá nem um euro para o metro de Lisboa se não houver igual aposta no do Porto, o que, face a tanta preocupação de igualdade no tratamento, de equidade, obriga a outro agradecimento de Coimbra...agora pela marginalização permanente!

Fui amesendar, neste entretanto, a três restaurantes, de grande simplicidade, onde, em todos eles, sem exceção – Adega da Portela, Sereia do Mondego e D. Elvira – e para além de algumas limitações em termos de espaço e de serviço, me foram apresentadas muito boas refeições, de inatacável qualidade quanto a produtos e confeção. E, a propósito da habitual lengalenga de que não há bons restaurantes em Coimbra – também certo do quanto bem se refeiçoará em tantas casas da nossa cidade – , dei comigo a pensar se a divergência de opiniões será devida a limitação minha, ou, pela inversa, à elevadíssima exigência de outros palatos. Ou, porventura mais certo, à pouca ou nenhuma frequência de tais estabelecimentos por parte dos muitos que, generalizadamente, os criticam...

Ao invés de tantos de nós, que só lhe apontamos defeitos, sete publicações italianas e alemãs, evidencia-o estudo da Cision, destacaram Coimbra, o seu património construído e gastronómico, enquanto destino turístico.

Por uma vez, o presidente do município de Viseu tem razão: a linha da Beira Alta não é alternativa à ligação a Espanha - ela é, e bem, a ligação ferroviária a Espanha; a AAC, sejamos sérios, parece recear que o aumento de 2,14 euros por ano (dois finos, três bicas?) no valor da propina afaste novos alunos da universidade; Ana Alcoforado foi, naturalmente, reconduzida no cargo de diretora do Museu Machado de Castro; morreu Delgado Domingos, os meus respeitos, que tanto se bateu contra a opção nuclear e a coincineração; uma empresa de Coimbra amplia para 14 – pena não incluir, uma atençãozinha, a nossa cidade – a sua oferta de guias turísticos para telefones inteligentes; sei bem que é um simplicíssimo pormenor, mas tenho pena que nem todos os autocarros dos transportes urbanos ostentem, nestes dias festivos, o singelo par de bandeirolas com as cores nacionais e da cidade; e, participada e respeitosamente, a imagem da Rainha Santa, em procissão, regressou, por três dias, ao centro histórico da urbe de que é padroeira.

António Cabral de Oliveira

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