sábado, 14 de novembro de 2015

A 19 de setembro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Com a chegada dos caloiros, e face às novas interpretações do que chamam praxe, a quase barbárie voltou à cidade. E é ver, uma outra vez, o conjunto de indignidades, as tormentas por que passam aqueles a quem deveriam ser dadas, antes, civilizadamente, as boas vindas. Em caloroso acolhimento por estarem a estudar em Coimbra. Entretanto, com tais leituras das "tradições", definitivamente intoleráveis, alguém, universidade e politécnico, sobretudo estruturas académicas, tem de tomar as rédeas da situação para por termo a tão alarve incivilidade.

Parece que alguns autarcas social-democratas tiveram dificuldade em se conformar com a decisão do ministro Poiares Maduro de não encabeçar a lista de Coimbra da coligação PSD/CDS às próximas legislativas. Pelo "trabalho desenvolvido", diziam, por "uma lógica de grande diálogo, proximidade e atenção aos problemas e especificidades da região". E deve ser seguramente por isso, tenho para mim, pela intervenção direta do ministro do "Desenvolvimento" Regional, que, para além do atual "revigoramento" da instituição municipal, temos já "resolvidas" todas as grandes questões com que nos vimos debatendo desde há anos. Sem deixar saudade (o que fez, em boa verdade, por estas terras?), regressará a Florença, à vida académica. De onde, se calhar, nunca deveria ter saído. Felicidades, pois.

Uma auditoria solicitada pela Agência de Promoção da Baixa de Coimbra fez – e ainda bem que, afinal, era eu que andava enganado! –, uma avaliação positiva do setor. Contudo, aconselhava horários pós-laborais; a abertura aos fins de semana; a atualização e modernização da imagem e de alguns conceitos de negócio. E ainda (daqui a pouco a culpa do desaire económico e da decrepitude não é dos comerciantes, é antes do município) defendia como pontos de melhoria uma maior oferta de estacionamento(?), mais caixotes de lixo e ecopontos, e intervenções em espaços visivelmente degradados. Enfim...

De acordo com um estudo recente da Turismo Centro de Portugal – agora eleita, parabéns Pedro Machado, como a melhor região nacional –, Coimbra é, por enorme maioria, naturalmente, a cidade mais identificada quando se fala do território beirão. O que também acontece quanto aos pontos de atração, a Universidade, e nas tradições e costumes, com a Queima das Fitas. Sabendo-se bem que estes trabalhos valem o que valem – e, não raro, muito pouco –, dá, de novo, para questionar, a propósito, sobretudo por tamanhas evidências também turísticas, porque não está, então, a sede daquela estrutura regional em Coimbra? Onde, por óbvio, devia ter permanecido, acrescente-se.

Coimbra, diz-se generalizadamente, é uma terra que cuida mal das suas memórias. Talvez também por isso gosto de pensar (presunção e água benta...) que a croniqueta poderá, de algum jeito, ficar a retratar, em letra de forma, guardando-a, relativa a determinado espaço de tempo, um pouco da vida da cidade. Mas o que não deixará, com certeza, de se constituir em repositório excelente do muito que por aqui acontece é o trabalho fotográfico e em vídeo que Diniz Alves vem produzindo no âmbito – agora, felizmente, num olhar um pouco mais alargado, para além da vida autárquica –, de uma sua colaboração com o município. Técnica, estética e documentalmente relevantes. Já hoje, com certeza. Mas sobretudo para as gerações vindouras. Um abraço, pois.

Para aí uns trezentos anos depois – permita-se o exagero após tão longa demora – , veio finalmente abaixo a ruína que estrangulava a ligação da rua das Parreiras com a Bernardo de Albuquerque; a Águas de Coimbra continua a ser – mas até quando depois das mexidas ditadas pela "corte" lisboeta? – empresa líder na satisfação do cliente; a nossa cidade, valham-nos personalidades como Duarte Nuno Vieira, será sede da Academia de Medicina Legal e Ciências Forenses dos PALOP; e, que mal pergunte, e à atenção do Gil Vicente, a Festa do Cinema Chinês, que está a decorrer em Lisboa, não poderia, em caminhos de descentralização cultural (à semelhança da francesa, aprazada para os dias 6 a 10 de outubro), ter uma extensão a Coimbra?

António Cabral de Oliveira

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