sábado, 14 de novembro de 2015

A 10 de outubro ACO escreveu …

RIO ACIMA, SEM MOTOR

No confronto das (ex) vices reitoras, Margarida ganhou a Helena. E assim – o que, olhando a História recente, também não nos garantia, por muito justificada que seja, qualquer atenção particular – Coimbra terá perdido, dizia-se pelo menos, uma ministra e uma secretária de estado. Veremos, de seguida, o que nos reserva o futuro depois das generalizadas, e tantas, promessas eleitorais lidas e ouvidas.

O secretário de estado da Cultura disse à Orquestra Clássica do Centro que, para não "pôr em causa" a Filarmonia das Beiras, sediada em Aveiro, "não houve, não há e não haverá" qualquer apoio para aquela formação de Coimbra. E aconselhava a "que procure apoio" a nível local – temos todos a responsabilidade de saber encontrar alguma resposta – para vencer as dificuldades, essas que o governo, sobejamente, faz suprir em Lisboa e no Porto, cidades onde só uma das suas orquestras tem mais músicos que as duas da nossa região. Um espanto de equidade!

Leio, a propósito do último naufrágio na Figueira da Foz – cujas operações de socorro foram muito vivamente criticadas pela demora e ineficácia –, que "o comandante regional da Polícia Marítima do Douro (!) assegurou que foram utilizados todos os meios...". Mas lá de tão longe, a partir do Norte, e em boa verdade, avalia e assegura o quê?

São diferenças, assim imensas do ato de fazer cultura. Enquanto o trabalho de criação permite confortos como o charuto numa mão a bebida na outra, o de execução obriga ao uso, nas mãos ambas, que o digam os sapadores bombeiros, da motosserra. Ali, no Antigo Refeitório Crúzio, agora Sala da Cidade, a caminho de voltar a ser, e muito bem, amplo e desafogado espaço. Durante a "reconstrução" de estruturas anteriores, concretizada, em labor de "dimensões faraónicas" – passe o enorme exagero – que Cabrita Reis, em "desconstrução criativa", seja, lá empreendeu em nome da Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, a decorrer de 31 de outubro a 29 de novembro.

Só de janeiro a agosto deste ano o número de turistas que visitaram a Universidade de Coimbra aumentou em 25%, com particular destaque para os franceses, brasileiros e italianos. E nos últimos dois anos, o crescimento foi, notável, na ordem dos quase 50%. E como ficará diferente e melhor a cidade quando, no seu casco histórico, conseguirmos retirar o mais do estacionamento da colina do saber, animar culturalmente a alta, vivificar a baixa.

Com alguma frequência – felizmente diria –, vamos encontrando alunos do Conservatório de Coimbra que fazem ouvir a sua arte em breves (ou nem tanto) intervenções musicais. Como ainda há pouco aconteceu, uma delícia, com um duo de harpa e violoncelo, no ambiente fantástico de Santa Clara-a-Velha. Sorte, imensa, a da nossa cidade, em ter dentro de portas tal escola. A que só falta, agora, garantir uma maior continuidade às interpretações públicas – e porque não também nas nossas festas familiares? – dando oportunidades quer aos alunos, quer, ainda, com tão poucos apoios institucionais, aos instrumentistas entretanto já formados. Ajudando-os a crescer, a sobreviver. Um abraço Manuel Rocha.

Quase uma contradição, desclassificado nas suas funções, lamentavelmente, o Seminário Maior de Coimbra, congratulemo-nos, tem iniciado o processo de...classificação pela Direção Geral do Património Cultural!

Decorre, este fim de semana, no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, relevante e imperdível, a Feira do Património de Coimbra, que tem como país convidado os Emirados Árabes Unidos e integra vasta e diversificada programação; em sensibilização contra a cegueira, a estátua do "mata frades", no Largo da Portagem, vai estar – é bem feito, dirão, mauzinhos, uns tantos –, de olhos vendados; gostei das exposições de pintura de Luís Durdil e Helena Dias, no Edifício Chiado, e de João Teixeira, na Casa Municipal da Cultura; na senda da limpeza de mamarrachos, chegou, bem, a hora de deitar abaixo (para um recanto ajardinado?), as bombas de gasolina que existiram na Bernardo de Albuquerque; e Coimbra, ora eis, é vice campeã nacional de, imagine-se, matraquilhos..

António Cabral de Oliveira

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.