domingo, 14 de junho de 2015

A 23 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Quando as capitais dos distritos se limitarem a ser meras "Lojas do Cidadão", os municípios ficarem reduzidos a pouco mais do que "Espaços do Cidadão", e as freguesias forem apenas, também do "cidadão", balcões – tudo, seguramente, sempre em favor do acesso rápido e generalizado aos serviços da administração pública e não, cruzes canhoto, enquanto medida para centralizarmos ainda mais – , talvez olhemos, então, com certeza perplexos, para Lisboa, cidade-país. E, depois das inúmeras festas que alegremente fizemos Portugal fora, choremos, muito por culpa de tanta negligência nossa, amargas lágrimas de...crocodilo. Sobre o leite derramado!

Estão consignados os trabalhos – desfazer o nó górdio lhe chamava, com propriedade, Manuel Machado – de conclusão, finalmente, do (também a extensão do nome dá bem conta da dimensão da obra magnífica) Centro de Congressos e Espaço Cultural de S. Francisco. No valor de quase oito mil milhões de euros, a empreitada tem de estar concluída dentro de 150 dias, data em que – com ou sem celebração, antes, ali, como desafiava o presidente, do 5 de outubro, dia da implantação da República em 1910, também da Fundação de Portugal em 1143 – lá estarei para franquear, com inusitado aprazimento, portas de futuro da cidade, região e do país.

A centralização está de tal forma enquistada no nosso pensamento que até dirigentes políticos e económicos de Poiares e da serra da Lousã – a propósito de uma nova ligação rodoviária de Penacova à A13, pela margem esquerda do Mondego, ideia já preconizada e entretanto abandonada pelo presidente de Viseu, e que, espero, em tempo possa vir a ser construída – defendem, logo eles, vizinhos e tão umbilicalmente (digamos apenas assim) ligados à cidade, que, hoje em dia, para muitos, Coimbra...é um ponto de passagem!

Carlos Cidade pagou, de forma voluntária, 1500 euros ao Estado, suspendendo assim um processo-crime que tinha pendente por ter substituído trabalhadores da recolha de lixo durante uma greve. "Cumpri a minha obrigação ao pagar. E a cidade, nos quatro dias da greve, esteve limpa", diria. Saiu-lhe caro. Mas gostei de ouvir, e anoto, a preocupação maior, afinal, do autarca: servir Coimbra e a sua população. Muito bem.

O escultor Alves André, entre nós já muito representado – busto de Cabral Antunes, na Sereia, a tricana e a guitarra, em Almedina, a Irmã Lúcia, junto ao Carmelo –, dizia, há dias, em entrevista, que lhe falta ainda criar uma grande peça na nossa urbe. Não sei se estaria a pensar na estátua equestre que Coimbra deve a D. Afonso Henriques, Rei Fundador que fez a cidade capital do reino, e aqui quis ser sepultado. Mas eu estou. E quanto gostaria que Manuel Machado e a municipalidade me acompanhassem nestas cogitações.

"Não tem sido fácil", reconhecia a vereadora Carina Gomes sobre a concretização desse projeto antigo (porque será que outras cidades, também com instituições de diferentes regimes e diversas tutelas conseguem e nós não?) que é a criação, em Coimbra, de um bilhete turístico único. Mas parece que a coisa, agora, vai. Tem de ir, diria eu. Com todos, ou apenas aqueles que o desejarem...

Porventura com programação excessiva – sobrará tempo ou oportunidade para folhear, passar sequer os olhos pelas letras deste ou daquele autor? – foi anunciada uma grande iniciativa cultural, de 30 de maio a 7 de junho, no parque Manuel Braga, com artesanato, gastronomia, artes plásticas e performativas, indústrias criativas, música e, ainda…feira do livro.

A Noite e o Dia dos Museus foram – uma pena não o ter sido também no nacional Machado de Castro, com os funcionários em greve às horas extraordinárias – uma participada festa na cidade; em terra, dizem, sem vida empresarial, a Coimbra Genomics foi distinguida como a segunda maior promessa europeia de entre as PME's na área das soluções eletrónicas para os cuidados de saúde; mais de um mês depois da data da sua fundação (7 de abril de 1889), os Bombeiros Voluntários de Coimbra lá celebraram, parabéns, 126 anos de vida; a Académica, um abraço José Viterbo, bem no declinar do campeonato – até quando este permanente sofrimento? – garantiu a permanência na primeira liga; e, por ocasião do seu 85º aniversário, celebremos, hoje, tantas vezes criticado, mas cada vez mais e mais indispensável, o "Diário de Coimbra".


António Cabral de Oliveira

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