domingo, 14 de junho de 2015

A 2 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Tinha por impensável tanto desconhecimento, tamanhas hesitações, tais incongruências. De facto, a imagem de Passos Coelho quando respondia – obrigado Fernando Moura – a questões de jornalistas, em Coimbra, sobre problemas como o IP3, a Base de Monte Real, o Metro Mondego, é inadmissível. A dificuldade em se expressar, a clara vontade de nada aqui construir, a manifestação de desinteresse político nos projetos, foi, de todo, e em definitivo, chocante. Sem se perceber muito bem o que veio cá fazer, tudo se resume, afinal, a um "não fechar de portas", se os privados quiserem fazer; também (e não sei porquê, fiquei com a ideia de sobretudo) ao "não alimentar nenhuma expetativa". Ouve-se e não se acredita. Obrigado, senhor primeiro-ministro...

Sobre o debate público que trouxe o estádio universitário, de novo, para o centro das nossas preocupações, sobram algumas, poucas, certezas: a indispensabilidade e urgência das obras de reabilitação; a imperiosa necessidade, face aos elevados custos do projeto, de integrar a estrutura na cidade; especialmente o tempo e os fundos europeus que se perderam, por inépcia ou incapacidade de se dar sequência ao que vem dos antecessores.

O preço de um T2 em Coimbra será o mesmo do Porto, e quase o dobro do de Braga. Mais caros, só em Cascais, Funchal e Lisboa. Para sermos, indispensavelmente, uma cidade maior, urge, em absoluto, também, a adoção de políticas que viabilizem a oferta de habitação a preços mais módicos. Incluindo, com certeza, programas de reabilitação urbana. Concretizando, por fim, os estudos (que, pelo tempo, devem ser imensos), da SRU...

Depois de o fazer em relação a Manuel Alegre, o executivo deliberou atribuir a Medalha de Ouro do município, também muito bem, à Polícia de Segurança Pública. Lembrando a tristeza do ano passado, em que nem no Dia a Cidade foi outorgada qualquer distinção (cheguei a recear que por ausência de personalidade ou instituição quem a merecesse), tudo ficará, assim, compensado. Em prova, evidente, de haver ainda quem lute pela urbe, de que a câmara sabe reconhecer mérito aos que, de facto, o têm.

Primeiro foi o Exploratório e o Botânico, agora o Museu da Ciência. Por decisão reitoral, Carlota Simões substitui Paulo Gama na direção. Pode ser, hoje quero ser otimista, que o Magnífico (mas não só ele), finalmente, se tenha dado conta, por inteiro, da importância de ter uma grande unidade museológica, com dimensão internacional, que mostre a História – e o futuro – da Universidade de Coimbra.

A atribuição, acertada, por parte do município, de 500 mil euros a instituições culturais – para além dos contratos plurianuais já assinados – mostra, em essência, a riqueza e a grande atividade de um setor que, distraídos ou maledicentes, mas lamentavelmente não poucos, dizem não ter expressão na cidade. Onde, contudo, temos de ser, também aí – menos atenção a festas e mais à cultura, diria –, crescentemente exigentes.

Enquanto a Biblioteca Geral da UC recebia, excelente, a "marca Património Europeu", que destaca contributos importantes para a história, cultura e integração europeias, a sua congénere municipal, e bem, celebrava o Dia do Livro permanecendo aberta 24 horas. Não sei porque faço a associação. Não fora a certeza de que o horário que nesta é celebração de efeméride, naquela devia ser de todos os dias.

Nas suas multivalências, Carlos Páscoa é, agora, antes que seja tarde, delegado do Inatel;a liquidação da Empresa de Turismo deu um notório prazer a Carina Gomes, mas quem tem razão é Barbosa de Melo quando afirma que Coimbra tem espaço – e necessidade, acrescento – para uma entidade deste género; tão depressa veio, como se foi, assim naturalmente, a ideia da Capital Europeia da Juventude; Cajó abriu, na Praça do Comércio, a "Conde Galeria"; nem o mau tempo retirou adesão e entusiasmo à Color Run; a cidade volta a receber, de 5 a 7 de maio, no Gil Vicente, a Festa do Cinema Italiano; hoje, entre flores e plantas, passeie pela Baixa; e parece que vem aí, quase nem quero acreditar, a sinalização, urbana e nas principais vias de acesso, da Coimbra Património Mundial.

António Cabral de Oliveira

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