VI) A Mana e os Carvalhos
Ainda hoje - e a realidade actual é uma ténue sombra das dinâmicas de outrora - paira sobre a Risca-Silva a nebulosa dos "Primos Carvalho". Quantos são? Muitos! De onde provêm? Sobretudo (porque ainda há ainda mais um par de ramos, mas já mais distantes) de dois casamentos celebrados entre primos em duas gerações consecutivas. Confuso? Certamente. E a isto há que somar o facto de cada casal ter gerado numerosa prole - que, por sua vez, se foi multiplicando. Mathias de Carvalho, Carvalho Mathias, Mathias de Carvalho Pedroso de Lima, Monteiros Madeira de Carvalho, Beleza de Carvalho, ou simplesmente Carvalho .... todos provindo de um mesmo tronco!
O primeiro destes casamentos foi o de José Joaquim de Carvalho ("Sénior", como por vezes aparece nos papéis notariais poiarenses, ou, em família, o "Tio Carvalho velho") com a sua prima Maria de Jesus P.L.. Esta era a única irmã do Capitalista Mathias P.L., tendo herdado o nome e apelido da progenitora de ambos.
Nada parecia indicar que Mª de Jesus viesse a casar. Dobrados os 35, eram raríssimos os casos de mulheres que acalentassem tal esperança. Herdeira de alguns bens, podia viver (ainda que sempre agrilhoada ao espartilho legal que a Direito de então impunha às mulheres) com relativo desafogo no pacato meio onde nascera. O primo, José Joaquim de Carvalho - muito próximo de Mathias P.L. (como que desde cedo enveredou numa série de aventuras comerciais que se vieram a revelar extremamente lucrativas) - era presença regular na Casa da Risca-Silva.
Não se sabe se intencionalmente, e sem se saber se o enlace estava sequer projectado, certo é que os dois casam, um tanto à pressa e já tardiamente. E é certo, também, que alguns (não os da praxe) meses volvidos nascia o primeiro dos vários filhos do casal.
É provavelmente após casar que Mª de Jesus se instala na morada familiar herdada pelo marido - um casarão não muito afastado da Casa da Risca-Silva que, por se achar implantado no meio da localidade, se dizia estar em pleno "lugar". Por esta razão, os Tios Carvalho ficaram sendo também conhecidos como "os Tios do Lugar" - designação que foi "herdada" pelos seus filhos solteiros.
O pouco que se sabe acerca de Mª de Jesus P.L. prende-se com a sua maneira de ser, que pouco diferia da dos seus irmãos rapazes. Amando - intensamente, e com igual fervor - a religião e o capital, foi piíssima paroquiana e protectora da Capela das Necessidades e, juntamente com o marido, riquíssima proprietária em Poiares.
Extremamente ciosa dos seus bens e parca no consumo dos rendimentos que deles auferia, dando vida ao mote de vida do seu querido mano Mathias (todavia ainda um pouco mais pio e mais rico, sendo, por isso, um exemplo familiar) - "quem guarda, acha" - também não escapou a ser considerada sumítica. Sumítica? Poupadinha? Não será tudo uma questão de ponto de vista? Mª de Jesus P.L. certamente acharia que sim.
Mais uma gloriosa página das Bio-Light!
ResponderEliminarSem querer inventei uma marca comercial:
Bio-Light tonifica a alma e o cérebro, nas calmas!