Tenho vários livros favoritos, mas há um que não resisto mencionar: “Nas Montanhas Rochosas” de Ugo Mioni, com capa de Fernando Lima e tradução de Cassiano Guimarães.
A edição portuguesa é de 1960 (Colégio dos Salesianos, Estoril), com 181 páginas e custava 20$00. Não tenho o livro comigo, mas recolhi estas informações das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian . Segundo António Quadros (não deve ser o ideólogo de Salazar!), que foi quem fez a ficha de leitura, é um livro “muito recomendável”, trata-se de “Aventuras de índios e cow-boys, com muitas peripécias e com uma tradução razoável”.
Com muita pena minha, não encontrei uma imagem da capa da edição portuguesa, mas encontrei a capa duma edição italiana de 1919.
Mas porquê este livro? No meu primeiro ano do Ciclo (actual 5º ano) tive um fantástico professor de Religião e Moral, o Pe. José Ferreira. Este meu professor organizava concursos de anedotas e festivais da canção nas aulas – estávamos, ainda, no regime fascista! -, os vencedores eram eleitos por votação dos alunos. O Padre só era chamado a dar o seu voto de qualidade em caso de empate. Os vencedores eram premiados com bolos de pastelaria que poderiam ser adquiridos no bar da escola (já agora, era a Escola Preparatória Eugénio de Castro que funcionava nas bancadas do Estádio Municipal!). Além destes concursos, o extraordinário professor lia-nos, nas aulas, romances juvenis que ele próprio escolhia. Um dos livros mais marcantes foi, sem dúvida, “Nas Montanhas Rochosas”! Tratava-se das aventuras de um explorador americano, conhecido por Braço Forte graças à sua coragem , valentia e mestria no combate corpo-a- corpo. O leitor transmitia-nos toda a carga dramática e emotiva da narrativa. Lembro-me muito bem de ficarmos gelados e arrepiados com as ameaças terríveis do índio mau que ameaçava matar o nosso herói: “Braço Forte! – lia o nosso professor com a voz trémula de raiva, como quem exorciza o diabo – “Braço Forte vais morrer nas minhas mãos!”. Ou, “Pumba! – levava o nosso herói uma grande cacetada na cabeça!”, e pregava, o Padre, um grande estalo na sua própria cabeça e simulava a sua queda em pleno estrado da sala de aulas!
Nas deliciosas férias de verão seguintes, não é que fui encontrar este livro em casa! Não nas famosas estantes da Olaio da sala (a propósito, a sede da Olaio era em Alvalade, bem perto de minha casa), mas sim na estante dos livros de PL. Li e reli o livro várias vezes.
Curioso é que este Ugo Mioni (1870-1935) tem um livro cujo título é “I Sogni dell Anarchico”. Seria este autor um anarquista? Mas um dos seus livros era recomendado antes do 25 de Abril.
Ao contrário, por exemplo, de Emilio Salgari (o autor de Sandokan) que era um conhecido anarquista. E lido por um Padre nas aulas de Religião e Moral. Grande Padre José Ferreira!
A edição portuguesa é de 1960 (Colégio dos Salesianos, Estoril), com 181 páginas e custava 20$00. Não tenho o livro comigo, mas recolhi estas informações das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian . Segundo António Quadros (não deve ser o ideólogo de Salazar!), que foi quem fez a ficha de leitura, é um livro “muito recomendável”, trata-se de “Aventuras de índios e cow-boys, com muitas peripécias e com uma tradução razoável”.
Com muita pena minha, não encontrei uma imagem da capa da edição portuguesa, mas encontrei a capa duma edição italiana de 1919.
Mas porquê este livro? No meu primeiro ano do Ciclo (actual 5º ano) tive um fantástico professor de Religião e Moral, o Pe. José Ferreira. Este meu professor organizava concursos de anedotas e festivais da canção nas aulas – estávamos, ainda, no regime fascista! -, os vencedores eram eleitos por votação dos alunos. O Padre só era chamado a dar o seu voto de qualidade em caso de empate. Os vencedores eram premiados com bolos de pastelaria que poderiam ser adquiridos no bar da escola (já agora, era a Escola Preparatória Eugénio de Castro que funcionava nas bancadas do Estádio Municipal!). Além destes concursos, o extraordinário professor lia-nos, nas aulas, romances juvenis que ele próprio escolhia. Um dos livros mais marcantes foi, sem dúvida, “Nas Montanhas Rochosas”! Tratava-se das aventuras de um explorador americano, conhecido por Braço Forte graças à sua coragem , valentia e mestria no combate corpo-a- corpo. O leitor transmitia-nos toda a carga dramática e emotiva da narrativa. Lembro-me muito bem de ficarmos gelados e arrepiados com as ameaças terríveis do índio mau que ameaçava matar o nosso herói: “Braço Forte! – lia o nosso professor com a voz trémula de raiva, como quem exorciza o diabo – “Braço Forte vais morrer nas minhas mãos!”. Ou, “Pumba! – levava o nosso herói uma grande cacetada na cabeça!”, e pregava, o Padre, um grande estalo na sua própria cabeça e simulava a sua queda em pleno estrado da sala de aulas!
Nas deliciosas férias de verão seguintes, não é que fui encontrar este livro em casa! Não nas famosas estantes da Olaio da sala (a propósito, a sede da Olaio era em Alvalade, bem perto de minha casa), mas sim na estante dos livros de PL. Li e reli o livro várias vezes.
Curioso é que este Ugo Mioni (1870-1935) tem um livro cujo título é “I Sogni dell Anarchico”. Seria este autor um anarquista? Mas um dos seus livros era recomendado antes do 25 de Abril.
Ao contrário, por exemplo, de Emilio Salgari (o autor de Sandokan) que era um conhecido anarquista. E lido por um Padre nas aulas de Religião e Moral. Grande Padre José Ferreira!
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