sábado, 6 de julho de 2013

A 8 de junho ACO escreveu ...


RIO ACIMA, SEM MOTOR
Apesar da vitória moral com que sempre nos queremos consolar, Coimbra perdeu para Zagreb (já agora, senhor presidente, e a propósito, a "cidadezinha" que referia ter jogado naquele campeonato era a nossa?) a realização dos Jogos Europeus Universitários 2016. Pode ser que o amargo da derrota – foi disso que efetivamente se tratou, com efeitos negativíssimos para todos – nos ajude, coletivamente, a nível nacional, a arrepiar caminhos. Fala-se de geopolítica. Acredito que sim. O problema não terá sido tanto o da qualidade da nossa candidatura. É, com certeza, muito mais, o do estado a que deixámos chegar este país.
 
Como resposta aos objetivos da estratégia nacional entretanto traçada, a Universidade do Porto aposta no seu Pólo do Mar, em construção entre Leça da Palmeira e Leixões, através de núcleos de biotecnologia e engenharias, que alocará mais de 500 investigadores. Da Universidade de Coimbra – que acolhe o IMAR e o CEF, dois centros de investigação de reconhecida qualidade –, da sua aposta em tão determinante setor, designadamente através de extensão, naturalíssima, à Figueira da Foz, não há qualquer notícia. Isto enquanto, a propósito dos peixes e mariscos ultracongelados à venda nas nossas grandes superfícies, vindos de todo o mundo, mesmo das mais recônditas paragens, recordo palavras de João Quadros: o que não pouparíamos se Portugal tivesse mar...

Na gastronomia, o leitão, nas tradições e costumes, a Queima das Fitas, nos monumentos, a Universidade de Coimbra, na praias, a Figueira da Foz, estas, de acordo com uma investigação sobre a imagem de marca e notoriedade do Centro de Portugal, realizado por (obviamente insuspeita) empresa de Aveiro, as principais valias turísticas desta Região das Beiras. O estudo foi desenvolvido durante a Bolsa de Turismo de Lisboa, e nele se releva, ainda, apenas uma curiosidade, que os inquiridos consideram (também obviamente, acrescento eu) Coimbra como a cidade mais importante da região, com 31%, seguida de Aveiro, com 11%. Afinal, conclui-se, não estamos assim tão mal vistos aos olhos dos portugueses...

Para o maestro diretor do concerto comemorativo dos 500 anos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a iniciativa – no próximo dia 15, no Pátio das Escolas, com a interpretação da sinfonia n. 9 de Beethoven e uma "massa coral" de 150 vozes (Orfeon Académico, Coro Inês de Castro e Coro Misto), a que se juntam 50 músicos da Orquestra do Norte – "vai ser genial". Genial seria, permito-me corrigir, se, bem aproveitando o que de bom temos na cidade, em vez dos intérpretes migrados, se fizesse ouvir a nossa Orquestra Clássica do Centro. Mas que, provavelmente... não conhece a famosa composição do compositor alemão!

Trinta, ou mais, já nem consigo lembrar, anos depois de construída – e mais vale tarde do que nunca –, a Teófilo Braga lá teve finalmente direito a ver pintada sinalização horizontal no pavimento. Com a iluminação pública um pouco (embora insuficientemente) melhorada, só ficamos à espera, para a olharmos como uma verdadeira artéria urbana, do arranjo do passeio do lado da Escola de Hotelaria e, já agora, da plantação de árvores que substituam as entretanto derrubadas.

O presidente da Câmara, na sua proverbial bonomia, diz-se agora enganado pelos CTT quanto às estruturas da empresa em Coimbra; preocupantes, pelo menos para mim, as recentes referências, na comunicação social, à nossa empresa almirante nas novas tecnologias; a Brigada de Intervenção, resquício último (embora relevante) da presença militar em Coimbra, comemorou o seu sétimo aniversário; o Grupo Fado ao Centro venceu o Prémio Edmundo Bettencourt, atribuído pela Câmara Municipal; o Jazz ao Centro, no seu Encontro Internacional, trouxe à urbe – magnífico o espetáculo de Evan Parker em Santa Clara-a-Velha – uma bela programação; e hoje, não nos esqueçamos, realiza-se no largo da Sé Velha, imperdível, a sempre excelente Feira Medieval.
 
António Cabral de Oliveira

 

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