RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Apesar da vitória moral com que
sempre nos queremos consolar, Coimbra perdeu para Zagreb (já agora, senhor
presidente, e a propósito, a "cidadezinha" que referia ter jogado
naquele campeonato era a nossa?) a realização dos Jogos Europeus Universitários
2016. Pode ser que o amargo da derrota – foi disso que efetivamente se tratou,
com efeitos negativíssimos para todos – nos ajude, coletivamente, a nível
nacional, a arrepiar caminhos. Fala-se de geopolítica. Acredito que sim. O problema
não terá sido tanto o da qualidade da nossa candidatura. É, com certeza, muito
mais, o do estado a que deixámos chegar este país.
Como resposta aos objetivos da
estratégia nacional entretanto traçada, a Universidade do Porto aposta no seu
Pólo do Mar, em construção entre Leça da Palmeira e Leixões, através de núcleos
de biotecnologia e engenharias, que alocará mais de 500 investigadores. Da
Universidade de Coimbra – que acolhe o IMAR e o CEF, dois centros de investigação
de reconhecida qualidade –, da sua aposta em tão determinante setor,
designadamente através de extensão, naturalíssima, à Figueira da Foz, não há
qualquer notícia. Isto enquanto, a propósito dos peixes e mariscos
ultracongelados à venda nas nossas grandes superfícies, vindos de todo o mundo,
mesmo das mais recônditas paragens, recordo palavras de João Quadros: o que não
pouparíamos se Portugal tivesse mar...
Na gastronomia, o leitão, nas
tradições e costumes, a Queima das Fitas, nos monumentos, a Universidade de
Coimbra, na praias, a Figueira da Foz, estas, de acordo com uma investigação
sobre a imagem de marca e notoriedade do Centro de Portugal, realizado por
(obviamente insuspeita) empresa de Aveiro, as principais valias turísticas
desta Região das Beiras. O estudo foi desenvolvido durante a Bolsa de Turismo
de Lisboa, e nele se releva, ainda, apenas uma curiosidade, que os inquiridos consideram
(também obviamente, acrescento eu) Coimbra como a cidade mais importante da
região, com 31%, seguida de Aveiro, com 11%. Afinal, conclui-se, não estamos
assim tão mal vistos aos olhos dos portugueses...
Para o maestro diretor do
concerto comemorativo dos 500 anos da Biblioteca Geral da Universidade de
Coimbra, a iniciativa – no próximo dia 15, no Pátio das Escolas, com a
interpretação da sinfonia n. 9 de Beethoven e uma "massa coral" de
150 vozes (Orfeon Académico, Coro Inês de Castro e Coro Misto), a que se juntam
50 músicos da Orquestra do Norte – "vai ser genial". Genial seria,
permito-me corrigir, se, bem aproveitando o que de bom temos na cidade, em vez
dos intérpretes migrados, se fizesse ouvir a nossa Orquestra Clássica do
Centro. Mas que, provavelmente... não conhece a famosa composição do compositor
alemão!
Trinta, ou mais, já nem consigo
lembrar, anos depois de construída – e mais vale tarde do que nunca –, a
Teófilo Braga lá teve finalmente direito a ver pintada sinalização horizontal
no pavimento. Com a iluminação pública um pouco (embora insuficientemente)
melhorada, só ficamos à espera, para a olharmos como uma verdadeira artéria
urbana, do arranjo do passeio do lado da Escola de Hotelaria e, já agora, da
plantação de árvores que substituam as entretanto derrubadas.
O presidente da Câmara, na sua
proverbial bonomia, diz-se agora enganado pelos CTT quanto às estruturas da
empresa em Coimbra; preocupantes, pelo menos para mim, as recentes referências,
na comunicação social, à nossa empresa almirante nas novas tecnologias; a
Brigada de Intervenção, resquício último (embora relevante) da presença militar
em Coimbra, comemorou o seu sétimo aniversário; o Grupo Fado ao Centro venceu o
Prémio Edmundo Bettencourt, atribuído pela Câmara Municipal; o Jazz ao Centro,
no seu Encontro Internacional, trouxe à urbe – magnífico o espetáculo de Evan
Parker em Santa Clara-a-Velha – uma bela programação; e hoje, não nos
esqueçamos, realiza-se no largo da Sé Velha, imperdível, a sempre excelente
Feira Medieval.
António Cabral de Oliveira
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