RIO ACIMA, SEM MOTOR
O Magnífico Reitor, na sua óbvia
propensão para contas, classificava os Jogos Europeus Universitários 2016, se
se realizassem em Coimbra, como oportunidade excelente para a requalificação do
belíssimo estádio em Santa Clara. Uma empresa que, agora, mais do que nunca,
apesar das circunstâncias, nos deve motivar especialmente, para, de uma vez por
todas, embora por fases, acabarmos com aquela decrepitude que nos envergonha.
Com o apoio da cidade, é evidente, mas também do governo, que não se pode
quedar pelas bonitas palavras proferidas, a propósito daquela candidatura, pelo
secretário de Estado da Juventude Desporto (a ver vamos do que é capaz Emídio
Guerreiro, tão próximo de Coimbra), mas, sobretudo, e inadiavelmente, sob a
alçada e iniciativa da Universidade.
O desassoreamento do Mondego, do
açude-ponte à Portela, está, ninguém duvida, depois de muitos anos de projetos,
mais do que estudado. Não se entende, por isso, de todo, tantas águas passadas
sob as pontes, que não haja – neste tempo de pouca ou nenhuma construção civil
que torne aliciante o (outrora famoso) negócio das areias – plano alternativo
para a eventualidade do concurso ficar vazio. Vazio, por um lado, de
concorrentes, por outro, de capacidade gestionária. Enfim, constrangimentos de
um rio que, numa saborosa (e parcialmente ultrapassada) antiga definição de
Fernandes Martins, ao contrário dos outros que têm margens de areia e leito de
água, tem, o nosso, leito de areia e margens de água...
Confinado ao espaço que
diariamente frequento nas minhas caminhadas, depois de algumas experiências
menos significativas, foi agora a vez de um outro prédio, o n. 68 da Carolina
Michaelis, ver adotado, muito mais gritante, um arranjo minimalista na
recuperação da respetiva fachada, trabalho com certeza mais barato para os seus
proprietários, mas em absoluto descaracterizador da urbanização em que se
insere. Não acreditando que a Câmara Municipal tenha autorizado tal agressão,
receio não poder (ou será que afinal posso?) instalar na minha varanda uma
chaminé extratora de fumos que viabilize a possibilidade de poder tabaquear, na
sala que me é mais confortável, sempre prazeroso charuto.
Com ou sem cinco milhões de euros
a caminho da baixa de Coimbra, a verdade é que nenhum projeto foi anunciado
para reabilitação urbana na cidade durante a cerimónia que, com participação
governamental, decorreu, curiosamente, na CCDRC, aqui sediada. Significativo.
Pelo menos para mim...
Na sua incessante luta em defesa
do arroz do Baixo Mondego, Carlos Laranjeira – e a sua associação de
agricultores – promoveu a realização de um jantar, na Escola de Hotelaria de
Coimbra, onde foi servido, não podia deixar de ser, o nosso excelente carolino.
Um combate, que acompanho há tantos anos, em defesa de um valor económico,
naturalmente, também cultural, obviamente.
Ardeu – leio e quase não acredito
que até o sistema de deteção de incêndios esteja centralizado na capital,
enquanto me pergunto se um dia destes não acionarão os bombeiros de Lisboa,
talvez os do Porto que sempre estão um pouco mais perto – o Pingo Doce da Baixa;
o IPO demarcou-se, semanas (ou meses?) depois, de uma campanha de angariação de
donativos que tem andado por aí, à vista de (afinal) quase toda a gente; com
utilização de madeiras das obras do convento de S. Francisco – que, afinal,
apesar dos seus detratores, já serviu, brinquemos, para qualquer coisa – ficou
concluída, a tempo da época balnear, a reconstrução da ponte pedonal
Palheiros/Zorro; e houve absolvições e penas suspensas – o normal no nosso país
– no julgamento dos CTT...
António Cabral de Oliveira
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