RIO ACIMA, SEM MOTOR
Reabriu, depois de um profundo trabalho de recuperação, belíssimo
na sua singeleza, o claustro da Sé Velha. Agora só falta, como defende António
Mariz, eterno apaixonado por Coimbra e sua antiga catedral, escancarar, através
de um gradeamento, a opaca porta que, na Rua da Ilha, ao lado da Imprensa da
Universidade, esconde, de forma inadmissível, tamanha riqueza patrimonial.
Em peça que titulava, referindo-se às PPP, de "Pulhices
perfidamente preparadas", Filipe Luís, editor executivo multimédia da
Visão (as saudades que tenho dos tempos da hierarquia simples do diretor e
chefes de redação e secção), para exemplificar os exageros efetivamente
cometidos em termos de obras públicas, referia, não podia deixar de ser, que
"atravessar a Serra da Estrela com um túnel era uma obsessão à qual –
dizia Pedro Serra, antigo presidente da Estradas de Portugal – sempre
resistimos". Pena foi que os Serras e os jornalistas da capital deste país
não tivessem resistido e contrariado o emaranhado de autoestradas, pontes,
túneis e viadutos que se construíram à volta de Lisboa. E, um pouco, do Porto.
Com a região das Beiras, a Serra da Estrela, sem nada, a olhar de longe essas
vias e estruturas agora vazias de trânsito. Enfim, desabafos, de que não me
canso, cá da província...
Repararam nas primeiras páginas dos jornais (ditos) nacionais
que se publicaram no dia 23 de junho e que reportavam a notícia da
classificação da Universidade, Alta e Sofia como Património da Humanidade?
Chamadas mínimas no JN e no CM, ainda pequena, mas um pouco mais destacada, no
DN, e, valha-nos isso, uma bela capa – parabéns também pelos trabalhos a
propósito editados – do Público. É por estas e por outras que há jornais e
jornais... e os cada vez mais respeitados jornais de proximidade, a imprensa
local.
A Académica terá, este ano, três equipas de futebol sénior
masculino. E lembrar-me eu das dificuldades, do trabalho e empenhamento, das
influências que foi preciso mover para termos, nesse tempo, uma única equipa,
então o CAC, que mantivesse, bem alto, o histórico nome da Briosa.
Com a morte, tão prematura, de José Tavares, Coimbra perdeu um
dos seus vultos da cozinha e da restauração. Que, contudo, continuarei a
encontrar sempre que for a uma qualquer banca de peixe escolher entre um bom
robalo ou desafiante cherne, sempre que beber um excelente tinto do Douro como
aquela reserva da Quinta da Silveira cuja escolha um dia lhe recomendei e de
que teve o cuidado, e a enorme atenção, de guardar as últimas garrafas que me
reservava para quando ia refeiçoar ao Trovador.
Fui ouvir, ainda com algum prazer, (o que resta da voz de) Gal
Costa, no Choupalinho, onde recordei, aboletado em providencial esplanada de
uma marca de cafés, concertos, outros, ali, por exemplo com Maria Bethânia,
cheios de dignidade e com os espetadores confortavelmente sentados. O que me
leva a perguntar se falta ainda muito – contrariamente ao que é habitual parece
que se está à espera que passem as autárquicas! – para, assim se obstando
também aos pífios momentos pseudo sociais que bivaques como o ali montado
permitem, nos podermos encontrar, antes, no vizinho Convento de S. Francisco.
Barbosa de Melo é, oficialmente, anunciou-o o Botânico,
candidato à Câmara pela coligação "Juntos por Coimbra"; gostei de
saber, nesta cidade ainda tão pouco dada à formação em bailado, da boa
prestação de alunas do Colégio da Rainha Santa Isabel em concurso de dança
escolar em Inglaterra, também da premiada participação, no Dance World Cup, em
Brigthon, da Academia de Dança do Centro Norton de Matos; e julga-se que,
finalmente, o loteamento Jardins do Mondego vai deixar de ser o mamarracho que,
por demasiadas razões, nos envergonha.
A municipalidade, de forma justa, embora com ligeiro atraso,
atribuiu (ou há moralidade...) o grau de ouro da Medalha do Mérito Cultural ao
Centro de Artes Visuais; depois do sempre reconfortante êxito da Serenata
Monumental dos Antigos Estudantes de Coimbra, a zona da Sé Velha volta a
receber, nas noites de sexta e sábado, até setembro, muito bom, o Jazz@Quebra;
e mais de 300 barbies – se uma é demasiadamente mau, pode ser que muitas, assim,
não o sejam tanto – ficam expostas, em sucesso com certeza garantido no país
que somos... no Portugal dos Pequenitos!
António Cabral de Oliveira
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