sábado, 6 de julho de 2013

A 29 de junho ACO escreveu ...


RIO ACIMA,SEM MOTOR

Foi naturalmente enorme a emoção com que recebi a notícia da inscrição da Universidade, Alta e Sofia como Património da Humanidade. Indizíveis a alegria, a felicidade, o orgulho, sentimentos envoltos, confesso, por algum alívio. E tudo, afinal, pela coisa mais comezinha deste mundo: o reconhecimento (como muito bem dizia aquele cidadão de Granada, "achava que já era") do valor, imenso, que a nossa cidade encerra em todos os domínios, com certeza também em termos de património, material e imaterial. Saibamos agora nós, Portugal inteiro, bem aproveitar a simples existência de Coimbra.

Sendo certo que a classificação, em si mesma, pouco resolve mas muito nos responsabiliza, este é, seguramente, um momento de altíssima importância coletiva para Coimbra. Não tanto por o ser, sobretudo pelo que seria se não o fosse. E que levou a um coro, infindável, de júbilo e congratulação, da Presidência da República ao ministério dos Negócios Estrangeiros e à secretaria de Estado da Cultura, do governo à oposição, do país inteiro às forças locais. De quem esperamos, para além de palavras sempre saborosas e incentivadoras, ações concretas que celebrem, essas sim, a distinção. E de que me permito, desde já, destacar, relembrando-a – deste jeito ainda mais inadiável – a criação, em Coimbra (não o pode ser em mais nenhum outro lugar) não de um ... mas do Museu da Língua Portuguesa.

Entretanto, e ainda a propósito da reunião no Camboja, uma cópia coeva do diário de viagem de Vasco da Gama passou a integrar a Memória do Mundo da UNESCO, decisão que terá enchido de soberba a Biblioteca Municipal do Porto, depositária daquele tesouro bibliográfico. Que foi, digamos apenas assim, retirado, – não o esqueçamos nunca – do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, pela mão, de tal jeito "amiga", de Alexandre Herculano.

Com uma ponta de justificada vaidade, José Miguel Júdice apresentou, na sua – assim tornada também nossa – Quinta das Lágrimas, o 5º Festival das Artes que, desta feita, sob o tema " Natureza", vai decorrer em Coimbra de 16 a 23 de julho. Com um programa naturalmente mais curto (o primado da qualidade em detrimento da quantidade), são muitos os momentos culturalmente relevantes, designadamente, apenas alguns exemplos, as participações da Orquestra Gulbenkian e da Companhia Nacional de Bailado, a leitura encenada José Reis e o recital de piano de António Rosado. Enfim, tome o prático harmónio elaborado e, de entre a vasta oferta prevista, selecione as ações mais desafiantes. Depois, com certeza feliz por viver em Coimbra, deleite-se participando num festival que temos de continuar a merecer.

Regionalista como me afirmo, procuro sê-lo de forma tão esclarecida quanto possível. Entendo, por isso, que as direções dos vários serviços devem estar reunidas na sua capital regional, repartindo-se estruturas descentralizadas pelas principais urbes e pólos, de acordo com o princípio da subsidiariedade. Se o governo não pode ter, naturalmente, ministérios e secretarias de Estado distribuídas pelo país inteiro, também as regiões, para ganharem indispensável coordenação, não podem ver disseminados pelo território os seus centros de decisão. Tudo o que for para além disto é demagogia barata, porventura bairrismo. Ou, então, opção por formas de centralismo, tão queridas de uns quantos para manterem níveis de poder administrativo que devem estar, antes, próximos do cidadão. Dito isto, está encontrada, meu ver, a localização da sede da Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal.

Absolutamente justa a – aliás muito participada – homenagem da Liga de Amigos do Museu Nacional de Machado de Castro a Adília Alarcão, anterior diretora e grande mentora, nas últimas décadas, daquela magnífica instituição cultural; também muito merecido o tributo prestado a Emília Cabral Martins, diretora da Orquestra Clássica do Centro e “alma mater” de um projeto que não raro me questiono como ainda sobrevive, e que se deve, essencialmente, ao seu persistente empenhamento; a Universidade voltou a alcançar, muito bem, as mais altas classificações – 4 e 5 estrelas – no QS Stars University Ratings; e a PSP chamou o Centro de Inativação de Engenhos Explosivos, o CIEE, localizado em Leiria, que se deslocou à Fernando Namora para levantar, imagine-se, uma simples munição de fogo antiaéreo – isso mesmo, um banalíssimo projétil ­, assim gastando o dinheiro que não temos, enquanto (afinal o ridículo já não mata), se chegava a fechar ao trânsito, como perímetro de segurança, uma das vias daquela avenida...
 
António Cabral de Oliveira

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